Capítulo 1 - Cidade do México
O sol estava tão forte naquele dia. Fernanda acabara de chegar no México, sendo recebida por um belo dia de verão. Fernanda caminhava pelas ruas do centro da Cidade do México, procurando pelo endereço da pousada em que iria se hospedar. Rapidamente conseguiu encontra-la e foi recebida por uma equipe extremamente prestativa e atenciosa.
Fernanda estava no México para uma temporada. Formada em Economia, era sócia de uma empresa de Gestão Financeira e Investimentos, além de desenvolver trabalhos como coach para grandes empresas do setor. Após um ano tumultuado, com o término de um noivado de quatro anos, precisou mudar de ares, se aventurar. Como às vezes tudo conspira a favor, em meio a uma separação traumatizante e divisão de bens adquiridos em conjunto, surgiu a oportunidade de participar de um processo seletivo para ingressar em um curso de MBA em gestão pública e finanças na Universidad Nacional Autónoma de México, no qual foi aprovada.
A partir daquele momento, Fernanda voltou todas as suas atenções a este novo projeto, visando focar no desenvolvimento da sua carreira e, mais do que isso, explorar novas culturas e integrar-se com todas as belezas naturais proporcionadas por este belo país. Como uma aventureira nata, Fernanda não vi a hora de mergulhar nos cenotes de Tulum, visitar as ruínas de Cubá, as belas praias de Cancun, o sítio arqueológico de Yucatan, entre outras tantas maravilhas para uma verdadeiramente imersão na cultura local e aproximação com a natureza, da qual tanto gostava.
Outra coisa não menos importante, era o amor pelo surf, corrida e natação. Sabia que passando dois anos na Cidade do México, ficaria relativamente perto de muitos locais para onde poderia viajar, sobretudo para explorar os “suéis” do mar do Caribe.
Após fazer o check-in na pousada, decidiu sair para conhecer um pouco da cidade. Ainda era cedo, o sol estava forte e havia um pouco de vento. Fernanda caminhava pelas ruas do Centro Histórico admirada com a riqueza histórica e cultural do lugar. Em pouco tempo de caminhada, pode conhecer a Catedral Metropolitana da Cidade do México, o Palácio Nacional, Museo de la Inquisicion, descobriu uma centena de igrejas católicas e até mesmo um hospital, caso um dia precisasse. Apesar da formação em exatas, possuía uma sensibilidade apurada para assuntos culturais e artísticos. Tanto por conta disso, deparou-se apreciando todas as obras expostas no Museo Archivo de La Fotografía, absorta e sentindo uma felicidade extrema por aquele primeiro contato com a cidade. O encantamento era tão grande que se quer notou-se sendo fotografada.
Somente após alguns minutos saiu do transe em que se encontrava e pode observar uma mulher magra e alta, de cabelos castanhos e compridos, rindo para sua expressão de incerteza e curiosidade, quando ainda recebia alguns cliques direcionados da lente da câmera manipulada pela mulher. Neste momento, Fernanda sentiu a necessidade de se aproximar, até mesmo porque precisava de uma explicação do motivo pelo qual aquela desconhecida se atrevia a tirar fotos dela de forma tão descarada.
Quanto mais se aproximava da mulher, mais arrependimento sentia da decisão tomada. Isso porque Fernanda tinha uma dificuldade incrível de interagir com pessoas desconhecidas, beirando a antipatia devido a sua timidez. Mas, mais do que isso, porque percebeu que a mulher era maravilhosamente bonita.
A mulher acompanha a aproximação de Fernanda com um sorriso estampado no rosto e tentando desvendar o que a expressão da outra significava. Estava ali tirando algumas fotografias quando se deparou com Fernanda. Logo de cara percebeu que ela era estrangeira, pela forma como passeava curiosa pelo salão, o jeito diferente de se vestir, mas principalmente pelo boton do Brasil que decorava sua mochila. Poderia apenas se tratar de uma mexicana apaixonada pelo Brasil? Claro! Por que não?! Contudo, a fotógrafa inconveniente tinha certeza que ela tinha um ar e uma energia que não era dali e isso a atraiu.
Quando Fernanda finalmente parou em frente a mulher desconhecida, o sorriso da fotógrafa morreu, dando lugar a uma expressão de insegurança, que poderia ser traduzida pela outra como timidez, caso não estivesse fazendo um errado julgamento daquela que até então nunca vira na vida. Valentina, a fotógrafa inconveniente, sentiu naquele momento que de fato tinha razão, ela não era dali. A vibração dela era diferente de tudo e todos com quem já tinha tido contato ali. Pelo menos foi assim que ela se sentiu, obviamente sem entender a razão, mas a fez sentir-se desconcertada e intrigada na presença da outra.
- Olá! Tudo bem? Por acaso você está tirando fotos minhas? _ Fernanda foi direta, preferindo não fazer rodeios. Afinal, era só isso que gostaria de saber.
- Olá! Perdoe-me por sido inconveniente. Me chamo Valentina, estou cursando Fotografia e costumo vir aqui tirar fotos das obras. Acabei tirando fotos suas porque achei interessante a forma como você estava interagindo com o material exposto. Você realmente parecia estar apreciando toda a história aqui contada através de fotografias. Diferentemente de muitos turistas que vejo por aqui passar apressados, somente parar ver do que se trata o local. _ respondeu da forma honesta possível. Imaginando que uma resposta curta poderia passar uma impressão ruim.
- Muito prazer, me chamo Fernanda. Interessante a sua percepção. Realmente gosto muito de história, de artes, principalmente fotografia e estou achando o máximo. Mas, não me leve a mal, o que fará com as fotos? Desculpa, mas não me sinto à vontade tendo uma pessoa desconhecida tirando fotos minhas. _ Fernanda foi enfática.
- Entendo. Você está coberta de razão. Apago todas na sua frente, se assim preferir, mas acho que você iria se arrepender. Ficaram lindas. _ Valentina resolveu arriscar.
- E o que iria fazer com elas? _ insistiu Fernanda.
- Acervo pessoal. Realmente não faço nenhum uso do material que capto em momentos como esse. Somente guardo, até mesmo para verificar a minha evolução. Caso a intenção fosse fazer parte de algum portfólio, trabalho ou qualquer outra coisa, pode ter certeza que eu conversaria com você antes. Questão de ética. Posso te mostrar as fotos que tirei de você? _ sugeriu Valentina.
- Por favor! _ respondeu Fernanda já extremamente curiosa com o resultado, visto que adorava se fotografar.
Valentina convidou Fernanda para um café e assim passaram por algum tempo conversando enquanto analisavam as fotos tiradas pela primeira. A interação foi extremamente agradável e Fernanda conseguiu deixar a timidez de lado e estabelecer um diálogo leve, obviamente motivada pela forma como Valentina a fez se sentir à vontade. Algumas vezes a conversa se tornava engraçada, pois Fernanda ainda tinha algumas deficiências no seu vocabulário em espanhol e desconhecia várias palavras usadas pela mexicana.
Fernanda descobriu que Valentina nasceu e cresceu na Cidade do México e que além de cursar fotografia era modelo fotográfica. Tal informação não deixou a brasileira, gaúcha, nascida em Porto Alegre, nenhum pouco surpresa. A beleza da outra era notória e analisando mais de perto, os olhos azuis e a boca carnuda eram só um upgrade que funcionava muito bem com o restante do conjunto.
Fim do capítulo
Olá meninas,
Essa é a minha primeira história postada aqui no Lettera. Desde a adolescência tinha a escrita como um hobby, porém o decurso natural da vida adulta acabou me deixando longe das histórias. Peço que quaisquer erros textuais e demais feedbacks sejam relatados. Isso realmente vai me ajudar muito a sentir a temperatura e melhorar o que for necessário.
Um abraço e espero muito que curtam e podem falar se não curtir. =D
Beijos.
Crislax.
Comentar este capítulo:
Cma24
Em: 23/01/2019
Olá!
Comecei a ler por causa do México, já que vou pra lá mês que vem, e acabei curtindo a história até aqui, pois é envolvente e parece que terá mtas reviravoltas.
Tbm gostei das personagens.
Aguardo ansiosa pelos próximos caps.
Resposta do autor:
Olá, que bacana!
O México foi escolhido para a história porque também é meu próximo destino ????.
Fico feliz que esteja gostando e espero que continue acompanhando.
Beijos!
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]