AMOR ANIMAL por Rose SaintClair e Sylvie
Égua Andaluz
Patrícia
— Dona, nunca vi uma “muié” tão perfumosa na vida – Aquelas palavras ditas ao meu ouvido fizeram meu corpo se acender como um pavio daqueles de desenho animado. Na verdade, acho que nunca fiquei excitada com apenas poucas palavras e um corpo forte junto ao meu. “Patrícia, PUTA MERDA! Isso só pode ser carência!”.
— Tira esse trambolho agora, preciso ir – Falei com a voz mais controlada que eu conseguia, mas na verdade, eu queria mesmo era encher aquela desaforada de tapas, arranhões, mordidas, beijos... oi?
— Desculpa eu, mas a senhora é mais gostosa que jabuticaba madura... Ô, delícia!!! – Ela fungou no meu pescoço como se eu fosse uma qualquer e ainda me deu uma mordida de leve... UMA MORDIDA DE LEVE... AI QUE ÓDIO!
Minhas emoções eram uma bagunça. Tudo estava completamente misturado. Ódio e tesão. PUTA MERDA PATRÍCIA! Tesão? Por uma mulher? E ainda por cima essa mulher! Ela tem uma cara de safada! Deve ter um rabo de saia em cada fazenda da região!
Fugi daquele corpo e entrei no carro e sai cantando pneu. Estava transtornada. Ainda sentia os seios firmes nas minhas costas e o hálito quente, o perfume amadeirado, a boca no meu pescoço, a mordidinha de leve... ahhhh, PUTA MERDA! A mordidinha de leve... “PUTA MERDA, Patrícia! PUTA MERDA!”.
Cheguei na fazenda e fui direto para o meu quarto. Nem quis falar com ninguém. O que tá acontecendo comigo? Eu preciso falar com a Dra. Verônica, minha psicanalista. Faz um ano que eu a visito em segredo, e por causa dela eu percebi várias coisas sobre a minha vida. Ela está me ajudando a me encontrar e a descobrir quem eu realmente sou e não a máscara que eu construí durante toda a minha existência para agradar os outros.
Verônica me fez perceber que não era minha culpa não sentir desejo pelo Maurício. Ela me ajudou a ver que uma bolsa cara não desculpava uma costela quebrada. Ela me mostrou que eu casei com alguém que usava a mesma lógica da minha mãe... Assédio mental, abuso, inferiorizar o outro e, por fim, violência.
— Verônica? Desculpe te incomodar a essa hora, sei que você já acabou o expediente... – Liguei do telefone fixo do quarto, não queria que soubessem que meu celular estava funcionando.
— Paty? Oi! Tudo bem! Arthur resolveu me dizer que tinha uma maquete para entregar amanhã para a aula de artes, e estamos aqui colando palitos de dentes – Ela disse rindo e eu ri também. O filhinho dela era uma graça e sempre aprontava dessas.
— Eu preciso te contar umas coisas que aconteceram comigo e não sei o que pensar... – Relatei a ela tudo desde que cheguei a cidade. Meus dois encontros com a peoa safadona. A reação do meu corpo a ela, coisa que nunca havia acontecido com ninguém, principalmente após o estupro.
Depois do que Maurício fez comigo, até mesmo um toque inocente já fazia eu me retrair. Mas com a loira não foi assim. Seu toque me dava tesão e raiva. Ódio pelo sorrisinho malicioso.
— Patrícia, eu já falei para você uma vez... Tudo o que você precisa é um ambiente saudável, carinho, compreensão e amor. A partir disso você vai se conhecer: O que te move? O que te faz feliz? O que você deseja? O que te dá tesão? Quem é a Patrícia?
— Eu... Eu não sei... Eu não sei...
— Converse com a sua vó. Conte sobre tudo... Tudo o que aconteceu. Ela deve ser sua melhor amiga! Eu tenho certeza que ela o será, por tudo que você já me falou dela. Cure as feridas. A partir daí você vai começar a se conhecer.
— Mas o que eu sinto quando aquela mulher me toca? O que significa?
— Significa que você é uma pessoa normal de 28 anos que está se conhecendo, que está aprendendo o que gosta, que tem tesão, que é saudável...
— Ela é linda, eu acho que ela está zoando da minha cara, não vejo uma mulher dessas interessadas de verdade por mim...
— Patrícia, se olha no espelho, menina! Você é linda! E não estou falando para você recitar aquela baboseira do mestre de araque, que aliás fui contra você ir...
— Minha sogra insistiu...
— Você é linda Paty e não adianta eu, sua vó, sua tia, a peoa e até mesmo Alfredo falar... – Rimos — Você tem que acreditar que é realmente linda.
— Mas ela é safada demais... E talvez nem a veja...
— Paty, não é para você casar com ela! Experimenta mulher! Mal não faz!
— Mas... Mas não é cedo, depois do que aconteceu?
— Só quem pode falar isso é você. Cada pessoa reage diferente. Não se rotule, Paty. Você ficou sua vida toda se rotulando e vivendo dentro de uma caixa. Seja quem você quer ser!
Ficamos conversando mais um pouco. Depois deitei na cama e acabei pegando no sono. Será mesmo que a peoa acha tudo aquilo de mim? Ela me fita com um fogo no olhar que me faz acreditar no que diz... Que faz eu me sentir desejada.... Que me excita como nunca antes... Fechei os olhos e me lembrei do corpo atlético da loira, a pele bronzeada do sol, as mãos ásperas pela lida do campo, o cheiro amadeirado... A boca... Nossa que boca era aquela? Que falava tantas asneiras, mas que eu tinha vontade de calar com beijos! Por alguns instantes eu quase ouvi a voz da minha mãe falando: “Deixa de ser ridícula, Patrícia! Ninguém vai dar em cima de você. Se enxerga, garota!”. Ou Maurício dizendo: “Amor, não vamos ser hipócritas, você não é gostosa, mas até que é bonitinha!”. Uma lágrima solitária rolou pelo meu rosto e acabei adormecendo.
A noite chegou e vovó, preocupada, foi me procurar.
— Tudo bem, amor?
— Enxaqueca, vó – Inventei alguma coisa apenas para deixar a conversa para depois, ainda não estava preparada para falar tudo para vovó.
— Pobre bicho! A vó cuida de ti! Pode deixar que o Alfredo dorme com a gente. Já tomou remédio?
— Tomei sim, vó.
— Então depois a Nadir te traz uma comidinha leve.
— Vó? Alguém ligou?
— Tua mãe e o canalha. Falei que não sabia onde você estava. Amanhã a gente vai no Ramiro e arruma tudo isso de uma vez – Vovó me beijou na testa e foi em direção à porta.
— Vó?
— Precisa de mais alguma coisa, filha?
— Eu te amo.
— Eu te amo mais, Patyta. – Ela diz fechando a porta e lágrimas encheram meus olhos. Eram lágrimas de alívio por estar ali em segurança, eram lágrimas de tristeza por nunca ter tido pais de verdade, eram lágrimas de raiva por ter me deixado levar todos esses anos em uma relação abusiva e fazer tudo o que aquele canalha queria...
No outro dia minha avó me levou até o seu advogado e expôs meu caso. Morri de vergonha pelo modo que vovó contou tudo a ele. Dona Carolina não tinha “papas na língua” e sempre ia direto ao ponto.
— Ramiro, eu nunca fui com a cara daquele playboyzinho de merd*, todo engomadinho, sempre de gel no cabelo, sorrisinho no rosto, se fazendo de bom moço. Parecia aqueles bonequinhos que não tem piru...
— Vó!!! – Eu não sabia onde me enfiar mais o homem parecia conhecer bem a vovó pois apenas ria para ela.
— Como é o nome mesmo, Paty? Você tinha um monte daqueles bonequinhos! Tinha a loirinha e o sem piroca!
— Barbie e o Ken, vó.
— Isso, Ken! Parecia esse tal de Ken – O homem me olhava compreensivo e deixava vovó extravasar a sua raiva. – Te juro, se eu encontro aquele galalau na minha frente... Eu chuto tanto aquelas bolas que vai ter que buscar lá em Brasília... E ele teria que trocar o nome dele pra Ken mesmo!!! – Vovó se exaltou no final.
— Calma, vó. A senhora já tá ficando vermelha.
— Tá certo! – Vovó respirou fundo. – O que pode ser feito para que minha neta nunca mais tenha que ver a cara daquele canalha?
— Bom... Um dos empecilhos para entrar com uma medida restritiva é que a sua neta não fez um boletim de ocorrência quando sofreu os abusos – Os olhos azuis me fitavam com empatia e eu me senti confortável em me abrir com ele.
— Eu tive medo, Ramiro – Segurei a mão da vovó. – O assédio que eu sofria era emocional no início, mas eu não notava ... achava que ele tinha razão, até porque mamãe dava força a ele....
Enfim... Eu me abri e contei tudo. Maurício sempre dava um jeito de me inferiorizar e, como eu sempre me senti assim, eu aceitava. Mamãe o apoiava e papai não emitia opinião. Quando iniciaram as surras ele sempre pedia perdão, me dava um presente caro e fazia uma guerra psicológica tão grande que eu via como se realmente fosse a culpada. Ele sempre me forçava ao sex* e eu cedia, mesmo sem ter vontade. O prazer foi sendo escasso com os anos. Na verdade, acho que apenas senti prazer no início do nosso relacionamento.
Segurando a mão da minha avó contei tudo. TUDO. Até mesmo a gota final. O fatídico dia em que disse NÃO e ele me bateu até eu ficar desacordada e me estuprou. A primeira e última vez. Vovó não segurava mais as lágrimas e chorávamos abraçadas. Até mesmo Ramiro limpava os olhos lacrimejantes.
Saímos do escritório após Ramiro me abraçar fortemente com a promessa de que faria de tudo para que eu não precisasse mais ficar frente a frente ao meu futuro ex-marido.
— Eu vou matar aquele filho de uma puta! – Vovó falava enquanto tomamos um suco de maracujá no bar do Jorjão.
— Vó, por favor... Não faça nada! – Eu tentava acalmá-la — Não quero te perder! E não conte a Zefa senão é capaz dela pegar um ônibus e ir atrás dele.
— Filha, só de imaginar você sozinha...
— Vó, tô aqui agora! Fica tranquila! Não vou sair tão cedo do seu lado. Até tô pensando em abrir uma clínica especializada em Pet na cidade. O que a senhora acha, vó? Acha que tem mercado? – Mudei o foco da conversa.
— Acho sim! O que mais tem nessa região é dondoca mulher de fazendeiro cheio desses “Alfredos” a tiracolo. Vou te falar uma coisa... Eu fazia brincadeira com isso... Mas depois de conhecer o Alfredo, até me deu vontade de ter um “Alfredo pra chamar de meu”.
— Apoiadíssima, até porque eu estou quase perdendo o “meu Alfredo” pra Zefa. Mas voltando, vó, a minha ideia é ser bem diferente do que tem aqui na cidade, com produtos diferenciados.
Aproveitamos que estávamos na cidade e vovó me mostrou um dos seus imóveis que poderia ser usado para minha clínica. O casarão era na rua central e com poucas reformas seria perfeito. Ao lado havia uma grande academia de ginástica que minha avó disse que a doutora Lorenza frequentava alguns dias por semana. “Deve ser hidroginástica! Sopa de velhinha. Grupo de terceira idade!” pensei rindo.
Uma coisa que eu tenho notado na cidade é que todo mundo tem um grande carinho e respeito pela doutora Lorenza e sempre contam os “feitos” dela. “Essa velhinha deve ser maravilhosa! Tô louca pra conhecê-la! Acho que vou aprender muito com ela!”
Sexta-feira fui até Campo Grande para validar meu CRMV e poder atuar no estado. Na cidade aproveitei para ver alguns fornecedores, e outros iria usar os de São Paulo mesmo. Eu estava muito feliz com o rumo que minha vida estava tomando. Vovó me emprestou o dinheiro necessário para o início da clínica. Na verdade, ela me deu até a mais do que eu precisava, mesmo contra a minha vontade.
No sábado peguei a criançada da fazenda para me ajudar e tratei todos os cães e gatos. Demos banho, remédio para vermes, pulga, carrapato, fiz exame médico, anotei dados... Bom... “Barba, cabelo e bigode”. Eu tinha até mesmo comprado várias lantejoulas para colocar neles para dar um brilhinho! No final do dia estava esgotada, mas realizada!
Vovó e tia Zefa chegaram da “matinê dançante”. As duas estavam em um love só! Parecia sair arco-íris dos olhos das duas! Como eu sou lerda! Puta merd*! Elas são tão fofas juntas! Como eu nunca reparei! A tia Zefa é toda tímida, mas é cheia de cuidados com a vovó. O mais bonitinho é quando vovó dá um beijinho na tia que fica completamente vermelha. Fofo!
— Filha, pena que você não foi! Lorenza tava lá com Bastira! Lorenza passou o rodo nas velhinhas! Dançou com todas! – Já percebi que a doutora Lorenza é do time da vovó.
— Ah, pena mesmo. Queria conhecê-la.
— Mas amanhã tem churrasco e elas vão vir – Tia Zefa diz enquanto senta no sofá e eu deito no seu colo.
— Tia, aproveita que não tá fazendo nada e faz cafuné aí?
— Mas é abusada! Olha isso, Carolina?
— Certa ela! Vou ver um lanche pra gente. Fiquem aí que já volto.
No domingo pela manhã acordei antes do sol nascer. Queria ir até o riachão e fotografar com a luz do raiar do dia. Tonho já estava me esperando e quando chegamos eu disse que ele poderia voltar que eu ficaria bem. “PUTA MERDA! Que lugar maravilhoso!”. Eu fiquei várias horas fotografando aquela paisagem maravilhosa. Aquele ali era um pedaço do paraíso. “Será que vovó deixaria eu morar aqui?”. O problema é o acesso porque a estrada não é muito boa. “Bom, vale a pena perguntar. Casa já tem. Uma reforma ficaria legal. Tá morar não, mas passar um final de semana com o Alfredo! Que sonho!”
Olhei para o relógio e vi que era hora de voltar. Tonho tinha deixado a Geralda presa em uma árvore e tinha um toquinho para que eu pudesse montar nela sem problemas. Tudo corria bem até que Geralda resolveu ter seu dia de rebeldia. Eu puxada as rédeas para a direita e ela ia pra esquerda. Eu tentava fazer ela parar e a equina rebelde continuava caminhando fazendo a egípcia como se não fosse com ela. Eu a fazia ir para esquerda ela ia pra direita. “PUTA MERDA! ONDE ESSA LOCA TÁ ME LEVANDO”. Num desespero puxei com mais força as rédeas e quase que deixei cair a minha bolsa. Lógico que agarrei a bolsa com a câmera e deixei cair as rédeas. Sem saber o que fazer, fiquei agarrada na crina da Geralda como um carrapato. A filha de uma égua se sentindo livre resolveu comer uma plantinha verde.
— Geralda, miga sua loca, ajuda eu! Puta merd*, Geralda! Cadê a cumplicidade feminina? – A égua continuava comendo calmamente a graminha verde que nem parecia tão apetitosa. Olhei para baixo e me deu vertigem. Se não fosse tão alto eu me jogava daqui de cima! Mas do jeito que eu sou desastrada sou capaz de quebrar o pescoço! Imagina a notícia: neta desastrada cai do cavalo e morre, mas salva a câmera! – Geralda, vai para a sombra pelo ao menos! Geralda, Geralda assim você me mata, ai se eu te pego ai ai... ai se eu te pego! Geralda, Geralda...– Comecei a cantar uma música sertaneja, que eu nem ao menos gostava, mas de tanto que a ouvi nesses últimos dias já tinha decorado.
O Sol já começava a castigar a minha pele e eu não tinha levado nem água, nem chapéu, nem celular, nem nada... PUTA MERDA! Já estava me sentindo aqueles beduínos no deserto... Se arrastando... Água.... Água... Quando vejo um cavalo a galope e começo a gritar. Era Tonho que veio me buscar a pedido de minha avó! Gente, fiquei tão feliz que quase beijei o homem na boca. Para não dar problema ele pegou as rédeas da Geralda que se fez de boa moça e o seguiu como se nada tivesse acontecido. “Vagabunda! Sem cenoura pra você!”.
Chegando na casa grande fui logo para o meu quarto e tomei um longo banho. “Vou ter que conversar com Geralda! O que ela tá pensando... poxa, cara, achei que éramos amigas”. Comecei a rir da minha tosquice e tenho certeza que Tonho iria contar a todos o que aconteceu. Coloquei um vestido curtinho leve e um chapéu florido porque o calor estava insuportável. “Gente do céu, mas como é quente nessa terra!”.
Sai e fui para atrás da casa onde estavam fazendo o churrasco. Na verdade, era só procurar a grande nuvem de fumaça em uma churrasqueira improvisada.
— Bom dia, vamos ter churrasco ou o novo papa foi eleito? – Falo para tia Zefa e pra outra pessoa que estava encoberta pela fumaça branca, que se vira e eu vejo que é aquela peoa safada que não sai da minha cabeça. — Posso saber o que você está fazendo aqui? – Falei irritada para aquela criatura que abriu um sorrisinho debochado.
— Filha, isso é jeito de falar com a Dr. Lorenza? – Vovó falou do outro lado da churrasqueira.
— Como é? – Falei sem perceber e vi que a veterinária também estava sem palavras.
— Lorenza, essa é minha netinha Patrícia.
Não se fazendo de rogada, a safada daquela ridícula que se fez de peoa, me puxou para um abraço apertado com direito a beijo no cangote. Senti o seu perfume, intenso, gostoso... Me arrepiei toda com o seu toque e ela percebeu abrindo mais ainda o sorriso malicioso.
— Prazer – Ela disse com a voz rouca.
— Não posso dizer o mesmo – Falei ríspida.
— Paty, o que é isso? Lorenza, desculpe, essa menina não anda a mesma esses dias! – Vovó ainda por cima me ralhou na frente dela.
Sai de perto da churrasqueira antes que desse uma resposta malcriada! Então a doutora Lorenza que todos veneram é a peoa safada e gostosa... “Oi? Gostosa, Paty? Sério?”. Fui ver o Bruno e o Marrone e pensei em tudo que a Verônica disse e tudo o que eu sinto. Acho que ela tem razão em eu me abrir para novas pessoas. “Mas essa Lorenza é safada demais!”
Quando voltei Tonho estava contando como me encontrou. Todos riam de quase se mijar nas calças. Eu fiz cara de paisagem e Zefa me abraçou começando a contar de coisas engraçadas da minha infância. “Ótimo. A sessão MICOS DA PATY iniciou!”. Meu constrangimento era palpável, mas não quis ser grossa porque titia já estava alegrinha por causa da pinga.
— A doutora Lorenza disse que você achou que ela fosse uma peoa, Paty – Tia Zefa falou gargalhando entre um “Mico da Paty” e outro. Olhei para Lorenza que estava virando a carne. A mulher tirou uma fatia com uma faca, provou e passou a banha na própria bota! “QUE NOJO!”– E ainda por cima disse que ficou falando tudo errado pra você achar que era mesmo. Como era mesmo, Lo?
— Deixa para lá, Zefa – A mulher foi até a bica d´água que margeava toda lateral da varanda e mergulhou a cabeça para tirar o suor que escorria. Minha tia continuava tagarelando. O calor já era infernal e, perto da churrasqueira, era mais ainda. Eu olhava hipnotizada para as gotas de água que ensopavam seu colo e deixavam sua camiseta grudada ao corpo. Engulo em seco quando vejo Lorenza chacoalhar os cabelos loiros e colocar novamente o chapéu. A camiseta salientava os seios rijos e, quando olho para seu rosto, vejo que ela notou para onde meus olhos estavam fixos. Abrindo um sorriso a loira volta para perto do fogo. Tia Zefa agora contava para todos quando eu resolvi andar pelada, durante todo um verão, dizendo que eu era índia.
— Mudando de assunto, Patrícia – Lorenza disse e eu quase a beijei por causa disso! “Ok, não seria apenas por causa disso!” — Carolina me disse que você é veterinária de pequenos animais. Então, eu estava pensando se você poderia me ajudar em um dia de castração. Será na Fazenda Rio Negro na quarta-feira.
— Mas eu não tenho prática em grandes animais.
— Desculpe, não expliquei... É que em dia de castração eu castro até a gataiada e a cuscarada. Se você for me ajudar será bom demais!
— Ah, sendo assim... Eu aceito – E aconteceu uma coisa que fez meu coração errar uma batida. Ela me deu um sorriso largo, sem malícia... Eu podia dizer que... Quase juvenil... Meu peito esquentou e uma sensação boa tomou conta de mim.
— Mas não desconversa não, Lorenza, que você também tem seus causos! – Tia Zefa achou outro Cristo. – Lembra Carolina? Lembra quando a Lorenza fez uma serenata pra você? Ela era pititinha. Sumia atrás da viola! Veio aqui com uma rosa na mão cantando “Beijinho Doce” das Irmãs Galvão.
Lorenza pigarreou e tomou um gole da pinga ficando mais vermelha que o pescoço da galinha garnizé que andava solta por ali. “Então, a poderosa doutora safada crushava minha avó? Humm, bom saber!”
— Carolina é linda demais da conta! – Lorenza diz toda galanteadora beijando as mãos da minha vó, bem na hora que dona Nadir chega com uma outra senhora trazendo as saladas.
— Paty é cuspida e escarrada Carolina quando jovem! Cuidado hein, Paty? Essa dai pega e não se apega! – Tia Zefa já falava demais. Como se eu fosse linda! Só a titia mesmo! – Não vai cair na lábia dela não!
— Pode deixar, Zefa, que eu não deixo! – A senhorinha falou — Filha, sou a Bastira, mas me chama de Bá. E se precisar eu dou umas palmadas nessa daí! – A velhinha fez que pegaria as tamancas e Lorenza se escondeu atrás da tia Zefa.
— Mas aqui a Lorenza não tem chance! Essa aqui não gosta da fruta! – Vovó falou e a veterinária me olhou novamente com aquele jeito safado levantando uma sobrancelha.
O churrasco transcorreu em clima de brincadeira e Lorenza não me dirigiu mais a palavra diretamente, mas sempre que eu a olhava ela estava me fitando maliciosamente. Eu não sabia o que estava sentindo em relação a isso. Às vezes, eu estava gostando dessa atenção. Às vezes, me irritava. Às vezes, me irritava por ela não me dar atenção. “Puta merd* Paty! Tu tá mais indecisa que camaleão em frente a um arco-íris! Puta merd*!”.
— Filha, leva a Lorenza pra ver o Bruno e o Marrone – Vovó pediu.
— Bruno e Marrone?
— Os cordeirinhos!
Fomos em silêncio até as baias onde estavam meus bebês e sua mamãe ovina. Lorenza entrou na baia e os examinou achando todos muito bem.
— Dona... – Ela riu e eu acabei rindo com ela. – Desculpe, não resisti. Paty, tudo bem. Sua vó me contou que você está se separando, e que estes dias não estão sendo nada fácil para você – Disse parando na minha frente.
— O que mais ela contou? – Falei com medo de que vovó tivesse falado mais do que devia. “Será que vovó contou do abuso?”.
— Só isso, tem mais? – Ela me olhava desconfiada.
— Não – Ela se aproxima e eu sinto o cheiro de fumaça e pinga misturado com o seu perfume gostoso. Achei que seria repugnante, mas vindo dela não era.
— Mas uma coisa é verdade... Você é gostosa demais da conta morena... – Lorenza fala baixo com sua voz enrouquecida me imprensando na parede da baia colocando uma perna no meio das minhas. Não penso em nada e levo minhas mãos até sua cintura apertando, sentindo o quanto seus músculos eram definidos. Suas mãos se apoiam na parede, uma de cada lado do meu corpo. Abri os lábios desejando o seu toque. Suspirei baixinho e senti meu sex* pulsar. “Puta merd*, Patrícia! O que é isso o que você tá sentindo?”. — E eu tô louca... – Ela pressionou sua coxa contra meu sex* e eu gemi — Louquinha pra te provar... Porque você deve ser doce... Doce... – Mais uma pressão e mais um gemido — E eu tô louca pra te comer bem gostoso... – Suspirei baixinho.
— Paty! – Vovó me chama fazendo nos duas nos soltarmos como dois adolescentes pegos no flagra. Corro para fora da construção com o coração aos pulos. Não sabia o que estava acontecendo comigo. Minha calcinha estava molhada sem ao menos um toque. — Nadir mandou chamar! O doce de caju e a queijadinha tão sendo servido. Você vem, Lorenza?
— Claro. Sou louca por coisas doces... – Ela me olha lambendo os lábios e eu sei que ela está dando uma indireta para mim.
Enquanto comíamos o doce, Lorenza lambia a colher me olhando descaradamente e aquilo... PUTA MERDA... Fazia eu me derreter, fechava as minhas pernas pressionando-as para aplacar um pouco a pressão que eu sentia, acho que eu poderia goz*r ali, na frente de todos se ela continuasse fazendo aquilo.
— Zefa, me diz uma coisa – Bastira fala enquanto olhava um cachorro que roía uma costela de carneiro. — Por que diabos os cachorros daqui viraram tudo indiano? Tudo com pedrinha na cabeça? Vai ter carnaval?
Naquela noite eu não conseguia dormir. Alfredo estava deitado no travesseiro ao meu lado e roncava. Eu me revirava na cama e não conseguia pregar o olho. Fui até a escrivaninha do quarto e abri meu notebook procurando o nome da Lorenza nas redes sociais. Encontrei várias postagens sobre a Dra. Lorenza Romagna PHD em Genética Animal. “Chiquérrima!!”. Pedi amizade em uma rede social. Segui em outra. Olhei várias fotos em outra.
Comecei a ver vídeos de palestras dadas por ela para um fórum de Genética Animal nos Estados Unidos. Lorenza estava vestida com um conjunto extremamente elegante de calça social e camisa. A mulher falava em um inglês fluente sobre as novas técnicas de fertilização em bovinos. A palestra era do início desse ano e os cabelos loiros estavam soltos e um pouco mais curtos.
Fiquei escutando e observando a segurança e o carisma da veterinária. O jeito de falar, de andar... “Como você pode ser tantas Lorenzas diferentes dentro de uma mesma? Como você pode ser safada, arrogante, fofa, querida, competente...?” Coloquei os fones de ouvido para escutar a sua voz melhor e fechei os olhos. Lembrei das vezes em que ela me segurou junto ao seu corpo, o seu cheiro, os seus seios durinhos, a sua boca na minha pele... “Qual seria o seu gosto? Como seria o gosto de uma mulher?” minhas mãos começaram a ganhar vida própria apertando o meu seio gostosamente.
Lembro de hoje mais cedo e da pressão gostosa da sua perna no meu sex* e as sensações voltam imediatamente. A voz no meu ouvido, aquela mesma voz falando safadezas, a minha mão encontrando o meu clit*ris tão necessitado... A voz ao meu ouvido, falando sobre coisas que eu não queria entender agora, mas que eu só queria que fosse a mesma que me dizia: “Você é gostosa demais da conta, morena... – Meus dedos se moviam mais rápido, como eu queria acreditar nessas palavras... Meus gemidos eram audíveis, eu mordia meus lábios, minha respiração se acelerava cada vez mais — E eu tô louca... – Puxei meu mamilo dolorosamente — Louquinha pra te provar... Deve ser doce... Doce – Eu estava no limite, quase... Quase lá... — E eu tô loca pra te comer bem gostoso... – G*zei intensamente nos meus próprios dedos ouvindo a voz de Lorenza falando em inglês sobre fertilização bovina.
Suspiro e tiro fone de ouvido sem saber o que aconteceu. Sem saber o que estou sentindo. “Eu não posso me deixar levar por essa mulher! Todo mundo diz que ela é safada! Não posso! Ela só deve querer brincar comigo... é isso...”. Ouço um gemido forte vindo do outro quarto e um barulho de tapa!
— Vem, Zefa! Mais forte, cavalga a sua égua andaluz! Ahhh... – E mais um gemido. “PUTA MERDA! AHHH NÃÃÃOO VÓÓÓÓÓ!”. Vou para a cama e coloco os fones de ouvido caindo no sono rapidamente.
Fim do capítulo
Oi suaslindas!
Turubom? Turubem?
Todo mundo cantando: Geralda. Geralda assim vc me maaata....
Falem aqui, nos contem o que estão achando?
Beijão
Rose e Sylvie
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Kairavieira
Em: 23/11/2018
Essa Lorenza não existe????????????????????, tinha que ter vindo da imaginação de vcs, desconfio que seja de aoguea acolá????.
A bicha eh pior que pancada no cotovelo, mas cada dia mais me apego mais a essa criatura chucra??’? .
Já te falei, a missão dela na Terra eh tirar o juizo da PatriPat.
Resposta do autor:
Safada demais!
mas nunca se apegou! Nem se apaixonou por isso é desse jeito!
Beijao
Rose
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SPINDOLA
Em: 19/11/2018
Caras autoras
Que história mais divertida e gostosa de ler. Adoreiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
Amei a Lorenza. Ela e a Paty juntas são maravilhosas, uma pena não ter um capítulo por dia, só um por semana dá uma ansiedade e gostinho de quero mais.
Parceria perfeita meninas.
Bjs
Resposta do autor:
Paty você quer nos ver DESMAIADA!
Jogadas aos seus pés (voz de cazuza)
Completamente destrambelhadas só pra escrever né? kkkkkkkkkkkkkkkk
Agora sem brincadeiras, seria um sonho a gente poder manter um cap por dia hahahaha
beijocas
Rose
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Darth_moon
Em: 16/11/2018
Vale leitora nova por aqui ?? ahahahahahah
Pq eu demorei tanto pra encontrar esse site?
Fiz minha inscrição loguinho pra pode di comenta aqui!
Tô apaixinadinha na história, a forma como é escrita me agrada demais demais, e vocês estão de parabéns (não que eu seja alguma expert ahahaahaah).
Como eu gosto de histórias com uma boa provocação..ai ai..bom dimais da conta...
Além disso um humor e um drama na medida certa....
Volto nos próximos capítulos.
Parabéns pelo arraso meninas.
Beijo
Resposta do autor:
MigaSUaLoka mas é lógico
Vale e vale muito!
Desculpe a demora em responder!
Acho que essa semana teremos extra hehehehhehhe
Uma dica pra vc, as autoras que você curtiu no Lettera favorite, que é enviado uma notificação dizendo quando tem atualização!
Beijão e seja MUITO bemvinda!
Rose
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Jeanny1
Em: 16/11/2018
Demais esse capitulo. Geralda mostrando que quando ela quer pastar nem mesmo Paty faz desistir.
Que isso Vó Carol e Zefa não perdem tempo.kkkkkkkkkkkkkkk
Tenho em mente que elas vão dar alguns conselho para Paty dar uma bela Chave de BTC :)
Já estou até imaginando a primeira cena de sexo das duas. Vcs (Silvie e Rose) nessa cena vão apagar fogo com gasolina.kkkkkk
Resposta do autor:
Cara, tá calor aqui?
kkkkkkkkkkkk
beijooo
Rose
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Rosangela451
Em: 15/11/2018
Eita que fogo tem essas vovós. ...
Entao espero que lorenza não magoe Paty....
Não confio muito nessa loira
Beijos
Resposta do autor:
Lorenza nao vai
mais certo que a paty faça ela hahahahha
beijioi
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HedaWarrior
Em: 15/11/2018
Não sei o que foi melhor nesse capítulo, se foi o Geralda, Geralda... ou Égua Andaluz!!!! Hahahahahahaahahahahahhahahaha to rindo demais aqui hahahahahahahahahahaha genteeeeee!!!!
Vó Carol e Zefa não brincam em serviço u.u hahahahahahahaha adoreiiiiii!
Agora Lorenza é muito cafa... sabe direitinho como seduzir uma mulher, sabeeee tudoooo... Alô Paty cuidado mulheeeer hahahahaha.
So espero de coração de a Lorenza não magoe a Paty... ela ja sofreu demais...
Descobrir que a Lorenza crushava a Vó Carol foi muito engraçado, teve um capítulo que meio deixou no ar isso... hahahaha
Meninas vcs são fantásticas, cada capítulo vcs me surpreende e eu fico eufórica pelo próximo..
Ta muito fodaaaa isso aqui!
bjoooorz!
Resposta do autor:
Oie Mel salindaaa
kkkkkk geralda fazendo a egipcia pra paty kkkk
beijooo
rose
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NayGomez
Em: 15/11/2018
Kkkkkkkkkkkkkkk esse conto me mata de tanto rir, a Paty falando da Mordidinha de leve, ela estava indignada com a mordidinha de leve kkkkkkkkk. Loren cara de pau safada, tenho medo dela magoar a Paty, e bichinha já sofreu tanto, ainda vai se encantar por uma cafajeste igual a loren. Bom obg por mais um cap.
Obs: não foi dessa vez que o beijo saiu... Kkkk tô no aguardo ..
Resposta do autor:
Oieee
Lorenza nunca se apaixonou. E as mulheres que ela pega sabem bem onde estão entrando hehehehhehhe
Mas com a PAty ela vai ter que rebolar....
Mais fácil ela sair sofrendo kkkkkkkkkk
beijao
Rose
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