AnaLu

— Eu não me importo, vida!

— Como assim? Eu te falei que comi a minha madrinha e você reage como se eu dissesse alguma obviedade! Como se eu tivesse falado que peguei um taxi.... comprado pão...

— Vida... – Aline se aproxima e me abraça. – É assim que eu funciono. Assim é o meu jeito. Eu tenho um pouco de ciúmes sim, mas da sua devoção por ela. Não tenho ciúmes por você trans*r com ela. Até fiquei com tesão... será que ela topa que a gente...

— Pára, Aline! Velho... cara... você me deixa confusa.

— Vidinha... não é confusão nenhuma. Eu amo você e quero ficar com você. Quero ter uma vida com você. Nós duas juntas. Cumplices e mais ninguém. E para mim, trans*r com outra pessoa que te atraia é apenas sex*. Eu não dou tanta importância para isso.

— Line... eu acho que não funciono assim velho.... eu tô muito confusa. Melhor a gente não ter nada além de amizade... sei lá... – aquela mulher era muito evoluída pra mim. Eu entendo o que ela quer dizer, mas esse tipo de relação não é o que eu quero pra mim.

— Nalu, tenta por favor? Eu quero você....

— Mas eu não sou o suficiente... esse é o problema.

— Vida, você é tudo pra mim. Por favor, vamos continuar juntas. Se você quiser eu não fico com mais ninguém além da Paty, da Dani e da Val. Elas são de casa né, amor....

— Caraca, Aline! Custa você entender que pra mim não rola....

 — Para alguém com apenas 17 anos você é bem careta! – ela falou irritada.

— Velho, melhor não continuar o papo ok? Antes que a gente fale coisa que não deve. Melhor porque assim a gente continua amiga.

— Friends with benefits? – ela me olha esperançosa.

— Quem sabe... – falei deixando-a com uma expressão feliz. Se eu realmente tivesse uma relação com a Lu, nunca mais ficaria com outra pessoa.

Me despeço da minha ex-namorada e vou para a rua. Pego meu skate e saio pelo calçadão à beira-mar. Iria para casa começar o plano “Como fazer a Lu ficar comigo!”. 

Luiza

— E eu queria mesmo é que você me apresentasse a Emma Stone porque eu sou louco por ela, você acha que consegue, Lu. – Chico me perguntou levando um tapa gigante da sua esposa. – Aiiii, Momo, desculpe.

— Consigo sim, Chico! Vamos combinar de você ir me visitar em NY junto com sua esposa e filhos. – Mônica abriu um sorriso largo e piscou pra mim.

— Ah, aham... – Chico continuou a tagarelar e meus olhos foram atraídos para a minha perdição: Ana Luiza Alcântara Machado Duarte. AnaLu estava vestindo uma microssaia, que ao meu ver estava muito curta, combinando com uma blusa tomara que caia. Falava com alguns amigos e ria. Como ela estava linda! Hoje ela estava fazendo 18 anos e a festa estava animada.

Essas últimas semanas ela não me deu trégua e mesmo fugindo dela a danada conseguia ficar alguns minutos sozinha comigo. Ela fazia questão em mostrar o que eu estava perdendo por não ceder aos seus encantos. Muitas vezes me abraçava na frente de todos “inocentemente” e eu não podia sair para não fazer escândalo. Durante esses abraços, sem ninguém perceber, ela sussurrava safadezas no meu ouvido ou passava a mão descaradamente onde não devia. Sem falar nas vezes em que desfilava de biquíni falando que iria surfar. Mentira da safada! Ela queria mesmo era ficar jogando na minha cara aquele corpo delicioso.

Perdi as contas de quantas vezes eu me masturbei lembrando do que aconteceu.  Comecei até mesmo a dormir de porta trancada para não cair em tentação.

— Oi, dinda Lu. – AnaBea se aproxima com Jorge a tiracolo. Não consigo olhar para esse rapaz sem me lembrar da cena erótica que eu vi.

— Oi, tia Lu – Jorge fala me dando um beijinho.

— Oi, queridos. Beazinha gostou do presente?

— Amei Lu, mas Mainha ficou uma fera! – eu havia presenteado minha afilhada com um Mini Cooper azul turquesa! Coisa mais linda.

— Deixa sua mãe comigo.

            — A moto que você deu para a AnaLu é linda tia – Jorge falou da Triumph estradeira que eu dei para ela.

— Pena que ela quer devolver. – falei.

— Como assim, tia?

— AnaLu tá juntando uma grana e ela mesmo quer comprar.  – AnaBea respondeu.

— Não entendi...

— Liga não neguinho, coisas de AnaLu.

— É... pois é. – falei e me arrepiei em lembrar quando eu dei o presente a ela.

Flashback on

             AnaBea ficou exultante com o carro. Já AnaLu não disse uma palavra. Enquanto a irmã corria para dentro do veículo minha afilhada se aproxima.

— Lu, obrigada, velho, mas eu prefiro que você devolva.

— Mas, Ju... por que? Não entendo....

— Eu tenho um dinheiro guardado e vou usar para comprar a minha moto. Ainda não dá.... mas eu prefiro assim.

— Mas.... mas.... eu queria te dar um presente inesquecível!

— Você vai dar. – ela se sussurra para apenas eu ouvir. – Hoje a noite... depois da festa... eu quero sentir o teu gosto... eu quero te comer gostoso – minhas pernas tremeram e logo fiquei sem ar. AnaBea alheia a tudo acenava feliz da vida dentro do carro. – Eu quero ch*par cada pedacinho da tua bucet*. – ela me abraça como se estivesse agradecendo o presente, mas continuava a falar. – Lamber cada pedaço de pele, descobrir cada pintinha... morder essa bunda durinha... – ela cheira meu pescoço lambendo de leve. – O meu presente é te fazer goz*r a noite toda.

— Pára!

— Esse é o único presente que eu quero. A moto você da pra ONG da vovó.

Flashback off

— Eu conversei com as mamães e acho que esse ano vou fazer uma viagem pela Europa e só depois me inscrever para o vestibular. Mamãe acha que é melhor para eu saber mesmo o que eu quero. Eu tenho dúvida ainda entre medicina e direito. – AnaBea falava sem parar sem notar que a minha mente divagava para longe.

— E você, Jorge?

— Vou começar logo. Já me inscrevi pro vestibular. Presto para administração.

— Ah, que legal. As duas experiências são válidas.

— Lu, você vai estar na Europa no aniversário das mamães né?

— Eu estou indo semana que vem. Gravamos o que dava aqui no Brasil e precisamos rodar várias externas em vários países europeus.

— Quem sabe depois a gente não se encontre por lá.

— Ai, vamos sim! Vai ser lindo te ter do meu lado.

— AnaLu também vai estar lá. Então nos aguarde.

— Ué, achei que a Ju não iria mais viajar com a Aline já que não são mais namoradas.

— Ela não ia tia Lu, mas a Aline a convenceu. E se você pensar bem será uma ótima oportunidade para a AnaLu.

Minha afilhada foi cumprimentar alguns amigos e eu fiquei sozinha bebericando meu espumante. Eu não queria, mas meu olhar toda hora procurava AnaLu e ela sabia.... ah, a safada sabia o que eu estava sentindo... Cada vez que nossos olhos se encontravam ela mordia o lábio e me olhava com cara de safada.

— Diva, para de ficar comendo a minha filha com os olhos! A menina vai desidratar de tanto que você fica secando.

— Fala baixo, Fê!

— Menina, tem tanta baba sua no chão que parece que tem um dilúvio, já to esperando Noé vir com a arca.

— Fernando, pára! – olho para AnaLu e ela está abraçada a Aline. “Oi? O que essa tanajura siliconada e vagabunda veio fazer aqui?”. – Você sabia que a sua filha vai viajar com aquela ridícula?

— Lógico, ela conta tudo pro Papy dela.

— E você vai deixar e não falar nada? Ah não... vou agora mesmo falar com a Nanda.

— Mulher para de fazer drama! Qual o teu problema com isso? Que a gostosa de uma chave de bucet* na AnaLu? Que com isso você irá perde-la de vez?

— Eu... eu...

— Menina do céu! Como você tá sendo tosca. Se joga mona! Tá completamente caída pela menina! Vai deixar aquela formiga saúva levar a melhor?

Olhei novamente para as duas e Aline estava fazendo carinho no rosto da minha afilhada. Aquilo me fez ter vontade de correr e tirar a minha AnaLu das garras daquela vagabunda de bunda vaga. Ri do meu trocadilho e fui me aproximando delas como quem não quer nada para tentar escutar o que as duas estavam falando.

— Nalu, vem lá pra casa. Tem uma tequila nos esperando...

— Poxa, Line eu prometi que iria ficar em casa com a AnaBea.

— Vai ficar de vela, vidinha? Me poupe... vem comigo vem.

— Tá bom, eu vou. – AnaLu sorriu para Aline e meu sangue gelou.

— Oi, Aline.... Ju sua mãe pediu que eu te buscasse, ela quer perguntar uma coisa para você....

AnaLu

Luiza era jogo duro. Eu não sabia mais o que fazer para seduzi-la. Usei todas as minhas táticas e ela sempre se esquivava. Eu já estava ficando cansada, mas AnaBea dizia que era para eu ficar firme e continuar o ataque.

Ela evita ficar sozinha em casa e sempre que eu tento a sua porta do quarto, que antes estava sempre aberta, hoje está sempre trancada. Os dias foram passando e eu estava cada vez mais apaixonada por essa mulher. Aline que a toda hora me procurava, mas eu não tinha mais vontade em ficar com ela. Na verdade, com ninguém. Eu só pensava na Luiza. Sorria lembrando de como ela é engraçada, inteligente....

A turnê mundial da minha ex-namorada DJ iria iniciar em breve e ela conseguiu me convencer a ir com ela. Nós produziríamos várias músicas em conjunto e começaríamos, minhas mães me apoiaram porque as duas acham que antes de decidir o que a gente quer cursar na faculdade, ou no meu caso, em ter certeza se música é realmente o que eu quero, a gente deve passar um ano vivendo novas culturas...

Eu ainda tinha uma pontada de esperança de que a minha madrinha me convidasse para ir para Europa com ela.  Eu faria estágio com um produtor de áudio e a noite... bem... a noite, velho... eu a comeria até ficar com as pernas bambas. Mas se a vida fosse fácil e tudo que a gente quisesse ganhasse como que por mágica, que graça teria? “ Uiiii AnaLu, tá se sentindo a Clarice Lispector hoje!?”.

Eu ainda ria de mim mesmo quando Aline chega e me abraça. Procuro disfarçadamente a Lu com o olhar e vejo que ela não consegue disfarçar os ciúmes. Aproveitei e deixei Aline me seduzir. Na verdade, aos olhos da minha madrinha porque para mim Aline era apenas mais uma grande amiga. Observei Luiza se aproximar de nós duas fingindo procurar algo na mesa do lado.

— Nalu, vem lá pra casa. Tem uma tequila nos esperando...

— Poxa, Line eu prometi que iria ficar em casa com a AnaBea.

— Vai ficar de vela, vidinha? Me poupe... vem comigo vem.

— Tá bom, eu vou. – sorri para Aline certa de que Luiza havia escutado. Depois eu arrumo uma desculpa para não ir até o apartamento da morena.

— Oi, Aline.... Ju sua mãe pediu que eu te buscasse, ela quer perguntar uma coisa para você....

— Ué, mas a mamãe tá ali, olha! Mamãe! – chamei e minha mãe me olhou.

— Nãooooo é a Nanda.... vem logo menina. – e pegou a minha mão me puxando até o lado de fora do salão de festas do hotel.

— Ué, “tia” Lu.... cadê mainha... achei que ela ia estar.....

— Ju, me escuta... não vai pra casa daquela vagabunda.

— Lu, não fala da minha amiga assim, velho. Aline é mó parceria, cara.

— Tá tá... não vá, ok?

             — Caraca, Lu... eu já combinei e ela falou que vai rolar um body shot, velho... imagina a delícia. – fiz de propósito para que ela ficasse cada vez mais irritada.

— Porr*, você não vai. – ela diz entre dentes.

— Que eu saiba, mesmo tendo idade pra ser a minha mãe como você mesmo disse, você não é. Então eu faço o que eu quiser... – virei as costas e ela me empurrou para um canto escuro colando seus lábios nos meus. Velho se eu achasse que conheci o paraíso quando ch*pei seu mel dos meus dedos... nada se compara ao sentir o gosto do seu beijo.

Sua boca esmagava a minha, a língua pedindo passagem, suas mãos me seguravam, arranhavam... apalpavam. Agarrei sua cabeça puxando seu rosto firmemente para mim. Era inacreditável o que estava acontecendo. Parecia que nós duas tínhamos levado uma descarga de 1000 volts pois nossos corpos tremiam e gem*mos em meio ao beijo sem ao menos nos separar.

Precisamos nos separar porque o ar se fazia necessário. Ela grudou a sua testa na minha e nossas respirações estavam entrecortadas e ruidosas. Seu rosto estava completamente vermelho e se podia ver pequenos arranhões no pescoço feito pelas minhas unhas.

— Você não vai. – ela diz respirando pesadamente.

— Me dê um bom motivo.

— Minha porta vai estar destrancada.

Fim do capítulo