O acidente
Não consegui dormir aquela noite, a volta da minha irmã me abalou bastante, conhecia muito bem a Luíza dona dos bons costumes desde criança, pra estragar tudo o que consegui até hoje era pouco.
-Está calada.
- Estou pensativa, apenas isso. Você viu a Carol ?
Rubens apenas negou, terminei de tomar meu café quando a empregada se aproximou.
-Chame o Álvaro.
-O senhor Álvaro sai bem cedinho, senhora.
Levantei-me furiosa enquanto Rubens me seguia até a pousava a essa altura levantada.
- Estou começando a achar que foi um erro ter trago a Carol pra cá.
- Ela está seguindo o plano, não era isso que você queria ?
Parei de caminhar e logo em seguida Rubens também.
-Conheço a Carol, deve está se apaixonando por essa caipira.
Alguns empregados passavam por nós e nos cumprimentava, a obra estava bastante evoluída.
- Eu não vou sair daqui sem a minha vingança! Espero mesmo contar com você.
Rubens assentiu com a cabeça, e me disse que com ele poderia contar sempre.
Aproveitei pra pegar o carro e ir pra cidade, ao chegar às ruas estão cheias de turistas, durante o caminho meu celular toca, ao atender confirmo minha ida.
- Coma devagar Isa assim vai se entalar.
- Estou com pressa tenho muitas coisas pra fazer, entre elas ver como anda a obra da escolinha.
Isabela falava com tanto gosto e alegria, nem lembrava mais aquela mulher revoltada que chegou.
- Essas pessoas vão ser muito gratas a você, disso pode ter certeza.
-Assim espero, agora tenho que ir.
Me deu um beijo de supetão e assim partiu, sorri ao vê-la montar no cavalo e partir.
Saber que a Sônia está aqui com um único propósito se vingar do Álvaro, fez mudar meu pensamento sobre sua pessoa. No fundo conseguia sentir apenas pena, pena por poder está passando por tudo isso.
Rômulo me chamou e disse que deu problema no trator novamente, suspirei e disse que já já estava indo concertar.
Cavalguei até as margens do River, ao me aproximar os pequenos trabalhadores me saudavam, ao descer notei que o terreno era fértil e que além da escola poderíamos ter uma orta, pra que as criança entrem em contato com a natureza.
Depois parti pra cidade queria fazer uma surpresa pra Letícia, ao chegar na cidade ouvi boatos sobre a candidatura da Sônia, meu pai o proprio estava a frente da futura esposa, a mão de obra chamava mais a atenção que a educação, isso chegava a me intristesser.
Desci do cavalo e o deixei na sombra, caminhei pela cidadezinha ao chegar na loja do seu José sua expressão estava séria e sua recepção não foi das melhores.
-Veio receber não é mesmo!
-Que isso seu José somos amigos, bem antes de qualquer dinheiro.
Seu José possuía uma casa de grãos e vendia produtos da minha fazenda, assim Letícia poderia estudar e continuar vivermos nossa vidinha.
Seu José tirou do bolso a quantia de um mês, que iria ser distribuído pra pagar os trabalhadores.
-Aqui está! Sabe Isabela e muito feio saber que está acusando seu pai de um ato tão criminoso.
Peguei o dinheiro, enquanto ouvia a sua queixa.
- Ah o senhor já sabe, bom a investigação foi aberta novamente então não sou eu que vou acusa-ló ou não.
-Pois fique sabendo que não venderei seus produtos enquanto esse assunto não estiver encerrado, isso não partiu de mim todos aqui estão pensando o mesmo.
-Ótimo, tenho mãos e pernas pra vender minhas coisas, o senhor está sendo muito injusto em compartilhar uma coisa assim, sem provas.
Deixei sua loja furiosa, seu José não era o único a vender meus produtos haviam mais três, entrei nas três lojas e a mesma recepção hostil e as mesmas palavras negativas, pareciam brotar de todos os lados. Uns eram a favor outros contras, por fim estava passando em frente a loja de noivas e me deparei com Sônia experimentando seu vestido de noiva, muito bonito por sinal e ousado.
Estavam dando os últimos ajustes, não sei quanto tempo fiquei ali, só sei que foi tempo demais pra ela notar minha presença, ao me ver desviei o olhar e continuei andando.
Montei em meu cavalo e voltava pra fazenda, frustrada com raiva e com vontade de socar alguém.
Enquanto terminava de concertar o trator ouvi sua voz me chamar, sai de baixo do veículo rapidamente e lá estava a mulher sorridente.
-O quê faz aqui Carol!?
-Sabia que você fica uma gracinha suja de graxa.
-Era só o que me faltava, vai embora se a Isabela te ver aqui nem sei o que é capaz de fazer.
- Eu não ligo pra sua esposa.
Carol se aproximou o bastante, pra sentir seu hálito de menta. Apesar de toda a descoberta me sentia inojada por estar no meio delas, mesmo que a Sônia seja uma pessoa sofrida, ela tinha apenas a Carol que não valia um centavo.
-Acredito que não veio aqui pra me elogiar, limpava meus dedos no lago enquanto a mesma olhava pro ambiente.
-Aqui e muito bonito de manhã, mas não se compara a sua beleza.
Tive que rir Carol possuía uma lábia sem igual, mas mante-la por mais tempo aqui séria perigoso.
-Diz logo o que quer, não tinha o dia todo!
-Calma vim na paz não precisa se exaltar, então vim te convidar pra ir na tourada comigo.
Cai na risada aquilo não podia ser verdade, caminhei até em casa com a mesma me seguindo.
-Carol eu sou casada, será que você não entende isso.
Mostrei meu anel e o pequeno gesto não surtiu efeito na mulher mais alta.
-Aceita ou não?
- Não... Eu não aceito.
-Está bem!
Carol não insistiu mais e caminhou até a saída, entrando no carro e sumindo na estrada de poeira. Ao entrar pra comer alguma coisa escuto passos penso ser a mesma, mas não era ela nem Isabela.
-O quê o senhor faz aqui? A Isabela não está.
Álvaro estava em minha sala e sua perna aparentava está curada.
- Eu sei que minha filha não está, mas aquele carro que saiu daqui não era o dela não é mesmo.
Álvaro me encarava e parecia saber de alguma coisa, mas me fiz de desentendida, essa vingança era da Sônia e não minha.
-Está rolando um boato na cidade, sabe alguma coisa Letícia?
Gelei na hora, e apenas neguei disse que estava ocupada demais e que não estava sabendo de nada.
Ele sorriu e se sentou no seu lado do sofá preferido.
-Me sirva uma limonada.
-Letícia não vai servir nada pra você!
Isabela entrou na sala e ficou do meu lado, a abracei enquanto tentava controlar a tremedeira do meu corpo.
-Que raio de esposa e essa que não serve nem pra servir o seu sogro.
-O quê você quer aqui?
-Propor um acordo entre nós.
O teor da conversa iria ser séria, então pedi pra Letícia nos deixar a sós.
- Soube que suas vendas não andam indo muito bem, e acredito que não vencerá da minha esposa nas eleições, e você sabe que os meses não esperam não é mesmo.
-Culpa disso tudo é sua, ninguém manda ter hipotecado a Fazenda pra compra uma outra Fazenda praquela mulherzinha!
-A Sônia merece o melhor, ela não foi achada no lixo!
Fechei o punho e cemisserei os olhos, meu pai se levantou e fiz o mesmo.
- Eu pago a hipoteca, mas em troca fico com a Fazenda.
- Só pode ter ficado louco, essa fazenda e minha!
-Pense bem Isabela, posso ser bonzinho com você e permitir que você e sua esposa morem aqui.
-Saia da minha casa, agora!
Meu pai deixou a Fazenda muito contrariado, isso só pode ser coisa daquela demônia.
A noite chegou e todos estavam animados pra tourada, aproveitei pra levar a Letícia pra se divertir.
A poupei sobre a conversa com meu pai, a noite estava fresca e animada pra muitos.
Durante o caminho conversávamos sobre a minha meta em expandir minhas vendas.
-Vou vender pras outras regiões.
-Sério amor, isso vai ser muito bom, mas será que vamos ter dinheiro pra isso?
- Sim vamos, e vou te levar junto.
- Não posso me ausentar muito por causa dos meus alunos, mas pode contar comigo.
- Eu te amo Letícia.
Seus lábios tocaram os meus e meu coração ainda batia acelerado, como da primeira vez.
Ao chegarmos na arena improvisada avistamos vários conhecidos, enquanto comprava os ingressos Letícia se afastou pra compra os lanches.
-Duas barata fritas com bacon e duas cervejas.
-Cuidado pra não se embebedar.
-Vai ficar me seguindo agora é?
Carol estava ao estilo das pessoas daqui, bota calça jeans e uma blusa cinza xadrez com listras pretas.
-Se estiver ao meu alcance eu sigo roubo e beijo se deixar.
Seu sorriso safado me deixava atordoada, me afastei da "turista" e caminhei em direção a Isabela.
- Quem era ?
Olhou pra fila da barraquinha de lanche, apenas disse que era apenas uma colega do colégio.
Ao entrarmos ficamos na segunda arquibancada, o lugar estava cheio e todos estavam eufóricos. Inclusive eu e Isabela, amávamos tourada e tudo que representava pra cada uma de nós.
-Você demorou Carol.
-A barraquinha estava cheia, sua cerveja!
Estávamos na área vip, e de lá tinha uma visão de todos inclusive do casal caipira.
- Eu já volto!
-Onde vai meu amor ?
-No banheiro, a cerveja já fez efeito.
Enquanto caminhava em direção ao banheiro encontrei com Sônia no meio do caminho, seu salto alto riscava o piso de concreto, e seu empoderamento me irritava bastante.
-Sônia.
-Isabela, como está passando ?
Seu sorriso cínico me irritava mais ainda.
-Bem apesar das contradições, espero que esteja pronta pra fazer as malas e partir.
- Sim estou, não vejo a hora de acabar com quem quer que seja que esteja no meu caminho.
-Que estranho não consigo sentir o peso do poder nas suas mãos, mesmo assim te desejo sorte.
Sônia se aproximou o bastante pra ficamos frente a frente, olho no olho.
-Será que eu vou ter que te lenhar novamente?
-Será Sônia, quem sabe.
Isabela passou por mim com um sorriso debochado, há como odiava que duvidasse de que eu sou.
Ao retornar pra arena o vaqueiro estava levando a pior, não havia perdido muita coisa. Aos poucos riamos e torciamos pro campeão, no final o que valeu foi que nos divertimos a beça.
Na saída eu e Letícia caminhávamos animadas até o carro, queria chegar cedo a Fazenda, pois amanhã haveria muita coisa pra fazer.
Ainda era 22:00 horas e a estrada no interior ficam vazias, então não medi esforços, meti o pé no acelerador caso contrário se algum animal aparecesse, iria freiar a tempo.
Víamos cantando e rindo durante o caminho, falava que ficaria mais de um minuto em cima do touro, e Letícia riu.
No meio do caminho vinha uma família de carroceiros, os conhecia e reduzi a velocidade, mas fora em vão.
-O que foi Isabela?
-O freio não está funcionando! Não está!
-Desvia Desviaaaa!!
Estávamos tão perto que virei o carro pra direita, saímos da estrada, acabei perdendo o controle e ouvimos um grande estrondo.
Escutava alguém me chamando ao longe, ao abrir os olhos devagar notei que bati numa árvore, olhei pra Letícia que estava desacordada.
-Leticia!!
A toquei, mas era em vão não abria os olhos, senti quando a porta foi aberta e meus olhos se deparam com uns bem conhecidos.
-Calma precisamos tirar vocês daqui!
Suas mãos me envolveram enquanto os homens tiravam a Letícia de dentro do carro, nos colocaram dentro de outro carro, a mulher me olhava pelo retrovisor enquanto dirigia.
-Seu carro deu perda total, ainda bem que estão bem.
- Quem é você?
-Me chamo Luísa.
Fim do capítulo
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