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UM DIA NOS ENCONTRAREMOS por EdyTavares

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Palavras: 6330
Acessos: 1476   |  Postado em: 03/10/2018

Capítulo 10

A loucura

 

   A noite aproximava-se. A lua prateada ia tomando conta do céu, que ia parindo segundo após segundo, mais uma estrela. Afonso sentado num banco no jardim era indiferente a beleza que o céu ostentava. Sua mente adoecida era tomada pela imagem de Amália. Depois de algum tempo ele adentrou a casa grande seguindo para a cozinha.

   — Deseja alguma coisa Afonso? – indagou Jussara que ainda estava acordada.

   — Um chá Jussara, se você puder...

A mulher providenciou um chá de alecrim para ele que sorveu absorto em seus pensamentos. Depois agradeceu e seguiu para o seu quarto, deixando Jussara imersa em grande apreensão. “Meu Deus eu não consigo alcançar o que Afonso deseja aqui, mas sinto que não é nada bom, sinto como se ele estivesse desejando algo nefando, proteja-nos Senhor” – pediu Jussara fechando seus olhos em oração.

Afonso caminhava de um lado para o outro no piso do quarto sem conseguir deitar. Seu coração estava acelerado, sentindo que o momento havia chegado. Seu tio estava fora da fazenda e tudo indicava ser o momento propício para o seu plano. A noite já terminava e Afonso ainda não havia conciliado o sono.

A manhã nasceu com a sinfonia dos pássaros. Amália despediu-se de Jussara e seguiu de charrete para a escola na companhia de Jonas. O cavalo parou de repente. O barulho do corpo de Jonas jogado ao chão fez Amália estremecer quando ela sentiu uma mão forte tampando-lhe o nariz e desmaiou.

A chegada de Ambrósio em casa foi carregada de angústia, quando buscou a presença de Amália e não encontrou.

   — O que aconteceu, Jussara? Amália avisou se passaria na casa de seus pais?

   — Não, Ambrósio. Não e isso me preocupa por demais. Já está quase anoitecendo e ela sempre avisa quando vai a casa dos pais.

   Ambrósio montou no cavalo, seguido de um trabalhador da fazenda, rumo ao caminho que levava até a escola. Ao avistar a carroça tombada e o corpo de Jonas jogado ao chão, ele estremeceu. Não sabia como, mas sentia que já tinha vivido aquela história, a perda daquela que tanto amava. Desesperado, voltou para casa, pegou o carro e voltou para socorrer Jonas. Depois seguiu para a cidade em busca de um médico e do delegado.

   — Vou investigar Ambrósio e não sossegarei enquanto não encontrar sua esposa. – afirmou o homem da lei, estarrecido com o acontecido naquela cidade tão pacata.

    — Por favor, Orlando ache minha esposa, sinto que ela está em perigo. Meu Deus quem será que fez isso? O que querem?

   Amália ainda estava desacordada. Afonso desceu do carro e com a ajuda do homem que ele havia contratado, colocou Amália deitada em uma cama velha que tinha ali.

   A cabana velha era um local abandonado e de difícil acesso. Afonso acomodou a mulher desejada na cama, com cuidado. Depois passou a andar de um lado para o outro, coçando a cabeça, demonstrando o grau de seu desespero que invadia-lhe o ser.

   — Preciso retornar para a fazenda, não posso levantar suspeita. – argumentou ele, olhando para o homem e a mulher que também auxiliava no sequestro. — Volto assim que eu puder. Quando ela acordar não fale nada, deixe ela amarrada para que não fuja. Eu voltarei assim que puder, cuidem dela.

   O casal balançou a cabeça e ele saiu.

   Na casa de Ambrósio o desespero era visível. Jussara rezava em seu quarto, pedindo aos Orixás que cuidassem de todos. Sentia o coração angustiado.

   Afonso chegava na fazenda seguido de Eustáquio, quando Ambrósio levantou-se, sentindo o corpo estremecer.

   — Por onde andou Afonso?

   — Estive na casa de Eustáquio, resolvemos montar uma sociedade aqui pela cidade e estávamos organizando alguns detalhes... Por que meu tio? O que houve? Sinto o senhor angustiado.

   — Jonas foi agredido e Amália desapareceu misteriosamente.

   — Santo Deus... – falou Eustáquio que sentiu seu corpo tremer diante a fala de Ambrósio, que estava visivelmente desesperado, mas não disse nada. “Custo a crer que Afonso tenha cometido essa insanidade, mas não vou acobertar a sua mentira de que esteve comigo o dia todo,” – pensou o jovem sentindo compaixão pelo homem.

   — Vamos rezar para que Amália seja encontrada logo, meu tio. Agora se o senhor me dá licença vou pernoitar essa noite na casa de Eustáquio.

   Afonso pegou algumas coisas pessoais e saiu seguido de Eustáquio que não inquiriu nada.

   — Eustáquio, eu vou me encontrar com uma dama casada, por isso peço discrição da sua parte. Caso meu tio, inquira você onde estive, por favor, afirme que pernoitei na sua casa. Posso contar com você, meu amigo?

   — É claro que sim, vá sossegado. – ele riu. Afonso abraçou o amigo e saiu.

   Amália abriu os olhos com imensa dificuldade quando a figura de Afonso surgiu e tirou de sua boca a amordaça.

   — Tome um pouco de água...

   — O que aconteceu? Onde está Ambrósio? Por que estou aqui? – indagou Amália ainda sem entender o que estava acontecendo.

   — Não tenha medo minha querida. Eu te libertei dele e assim que eu puder, iremos embora daqui e seremos muito felizes. Nada mais vai nos separar, - falava Afonso demonstrando o visível grau de insanidade que estava.

   — Você ficou louco, Afonso? O que fez? Onde está meu marido? Quero ir para a minha casa, agora.

   — Enlouqueci, de amor, Amália, de muito amor. Desde quando meus olhos pousaram sobre os seus. Minhas noites foram tomadas pela sua imagem e nos meus sonhos, você era a única que aparecia. Sinto que também me ama, sei que casaste com meu tio, por imposição do seu pai... ouça...

   — Saia de perto de mim, quero ir para a minha casa, agora. Afonso, eu casei com seu tio por que...

   — Eu sei, minha amada, eu sei que se casou porque foi obrigada, mas vou libertar você desse maldito...

   Amália sentiu um forte calafrio percorrer todo o seu corpo e calou-se. “Ele está louco, meu Deus, me socorre nesse momento, por favor,” – pedia silenciosamente Amália sentindo o medo avolumar-se em seu coração.

   Afonso coçou a cabeça. Aproximou-se da mulher tentando beijar seus lábios, Amália virou o rosto.

   — Amália, me perdoa, eu entendo, sei que se sente no dever de manter fidelidade ao meu tio, mas, olhe, em poucos dias, vamos embora daqui. Eu amo você...

   A brisa suave fazia lá fora sacudia alguns galhos. Não havia frio, mas o corpo de Amália tremia. Os olhos de Afonso lhe fazia sentir um medo intenso e ela fechou seus olhos quando ele a cobriu com um lençol, achando que ela sentia frio. Depois virou-se para a mulher que permanecia calada e disse:

   — Eu preciso ir Camélia, não posso dormir aqui. Mas amanhã logo cedo eu volto. - Ela balançou a cabeça e fechou a porta depois que ouviu as recomendações de Afonso, que dirigindo-se também ao marido:   — Cuide dela, Vicente.

   Amália adormeceu apesar da angústia que sentia. Olhou seu corpo na cama e sentiu seu coração acelerar, quando viu uma mulher parada diante a ela que havia libertado-se do corpo através do desdobramento espiritual.

   — Não tema, Amália, eu sou uma amiga.

   — Quem é você?

   — Sou Maria Navalha, uma pomba gira, que trabalha sob a égide do Cordeiro. Venha, não há o que temer.

   Amália olhava detidamente para a mulher, sentindo que sua resistência ia arrefecendo ela seguiu ao lado de Maria Navalha que pareceu voar com ela em direção a uma grande construção.

   — Que lugar é esse? – questionou Amália sentindo o perfume das rosas e admirando a beleza do local.

   — CASA DO PASSADO, uma colônia que presta serviços ao Cristo Jesus. Venha comigo. – pediu a bela mulher abrindo uma porta, onde adentrou uma sala pintada de branco. Maria Navalha pediu que Amália sentasse, ela aquiesceu. A pomba gira pegou um controle pequeno e ligou uma tela branca que estava fixada na parede.

   — Preste atenção e depois conversaremos.

As cenas surgiram sobre os olhos de Amália. Eram dias tristes. A guerra dos canudos devastava o solo nordestino. Amália reconheceu-se ali, no grande salão, no corpo de Ametista, a jovem bela que andava de um lado para outro. Seu corpo esguio vestia uma túnica verde, com fios de ouro. A mulher intrépida era apaixonada por Elano, o belo e forte sargento da tropa que seguiria para a capital baiana.

   — Mas meu pai... não posso me casar com o coronel Frederico, eu amo Elano...

   — Ametista... – chamou o pai baixando o tomo de voz, — eu sei do seu amor pelo sargento Elano, mas ele está morto, a guerra não poupou a sua vida...

   — Seu pai tem razão, minha cara, - soou nesse instante a voz de Frederico que adentrava a sala espaçosa da casa do pai de Ametista. — Infelizmente recebi notícias de que meu irmão padeceu em combate, morreu como herói que foi na batalha.

   A jovem baixou os olhos e chorou sentida.

   A noite era fria e Elano estava em combate. Seu desejo era sobreviver para retornar aos braços de Ametista. Os tiros de canhão estouravam aos seus ouvidos e ele chorou a saudade que macerava seu coração apaixonado.

   Na solidão do seu quarto, Ametista chorava, tendo ao seu lado a mulher que dela cuidava com carinho.

   — Rosália eu queria conseguir entender um pouco a vida, qual o motivo de sermos tão infelizes assim? A mulher não tem direito a nada, nem mesmo de amar e escolher o seu marido. Eu preferia morrer, a ter que me casar com o coronel Frederico.

   — Sei disso Ametista, mas nada pode ser feito. Seu pai decidiu assim. E pense que essa é uma maneira também de proteção para todos nós.

   O dia tinha amanhecido. O frio imperava. Três meses após a morte de Elano, Ametista seguia para o altar. Frederico olhava para a noiva, embevecido. Logo teria Ametista para sempre. E mesmo que Elano aparecesse um dia, ela não poderia mais ser dele. Sorriu com essa certeza.

   Dois anos haviam se passado que Ametista tinha se casado com Frederico, mas seu coração nunca tinha deixado de amar Elano.

   A noite era fria. A saudade do homem amado, gritava no coração da bela Ametista, quando Rosália bateu levemente na porta do quarto.

   — Entre...

   — Ametista, venha comigo. Venha...

   A chegada de Elano a casa de seu irmão fez Ametista desmaiar ali mesmo. Horas depois ela acordou, olhou para Rosália e diz:

   — Eu morri Rosália? Eu vi o sargento Elano e ele está morto. O que está acontecendo?

   Nesse instante Elano adentrou o quarto. Já era conhecedor de toda a triste história que os envolvia. Tomou as mãos dela entre as suas, Rosália saiu, fechando a porta.

   Os lábios dos dois uniram-se num beijo cheio de saudades. Depois de sentir o corpo da mulher amada, Elano questionou:

   — O que o destino fez com as nossas vidas? Como poderei viver sem ti, que a luz dos meus dias? Como viver sem ti depois de ter vencido tantas vezes a morte nessa maldita guerra?!

   Os dois choraram ali, abraçados, sofridos.

   Um mês se passou e Frederico voltou. Elano seguiu seu caminho, após ouvir a história do irmão, que jurou-lhe ter recebido notícias de sua morte. Deixou a casa, deixando para trás o amor de sua vida, no desejo de honrar o irmão. Ametista sentia-se desesperada. A amargura tomava conta de seus dias.  Dois meses depois a partida do homem amado, ela com a ajuda de Rosália mataram Frederico envenenado e seguiu em busca de Elano que casou-se com ela, sem nunca saber o real motivo da morte do irmão.

   Amália acordou gritando. Camélia levantou-se assustada. Olhava para ela sem saber o que fazer. E Amália começou a rezar em voz alta.

   — Senhor Deus tem misericórdia de nós. Peço a ti Senhor que me perdoe e que faça o que for da sua vontade meu Pai.

   Camélia sentiu medo, quando viu ao lado de Amália uma índia que deixava sair de suas mãos uma luz muito azul, cobrindo todo o corpo da jovem senhora. A mulher disse algo e se benzeu.

A noite já era tomada pela escuridão. O vento nas árvores fazia Camélia sentir medo e ela aproximou-se do marido dizendo baixinho:

   — Estou com medo, quero ir embora daqui.

   — Vamos assim que o moço pagar o que nos deve. Tudo vai acabar logo. Venha deite aqui, - e o homem apontou para o sofá velho.

 Amália sentiu-se mais serena com a prece e adormeceu.

   O dia amanheceu e Amália acordou. As lágrimas avolumaram-se em seus olhos e ela recobrou a prece em seu coração. Sentindo-se mais calma, olhou para o lado e viu a mulher. O cheiro do café fez seu estômago sentir fome. Camélia trouxe pão, café e leite e entregou para ela, que tinha as mãos desamarradas. Ela agradeceu e comeu, “preciso comer, preciso ficar forte, meu Deus, me ajude, por favor,” – ela pensava, esforçando-se para não chorar. A imagem de Ambrósio surgiu em sua mente e ela rezou novamente.

   O dia despertou na fazenda São Miguel Arcanjo. Luís Miguel revisava alguns documentos. Parou um pouco e sorriu ao relembrar-se do calor dos lábios de Marcela, quando a mulher chegou esbaforida.

   — O que houve minha querida? Ouvi a voz de Maria Luísa, ela não teve aula, hoje?

   — Não. Luís Miguel, Amália a esposa de Ambrósio foi sequestrada e o senhor Jonas, o pobre cocheiro foi agredido e nada sabe sobre o acontecido. O delegado está investigando o caso.

   — São Miguel Arcanjo, que coisa mais triste. Marcela, minha querida, peça a Carmem que cuide de Maria Luísa, por favor, venha comigo.

   — Vou sim, meu amor.

   — Marcela antes de ir reze. – pediu Carmem com carinho.

   Marcela sentiu um arrepio percorrer todo o seu corpo, sabia que Carmem via alguma coisa e inquiriu:

   — Você ver alguma coisa, Carmem?

   — O que sinto agora será mostrado para você quando chegar a hora. O pedido é somente para que reze e que ao entrar na casa do senhor Ambrósio, peça para que a paz se faça presente ali.

   O cantar do galo anunciava a chegada do dia. A fazenda Nova Esperança o coração de Ambrósio estava tomado pela angústia e a noite havia sido uma tortura. O desespero avolumava em seu coração. Ambrósio andava de um lado para o outro, sentindo que seu coração explodiria em seu peito, tamanha a dor que experimentava. Sua mente divagava sem saber o que pensar. Pedia a Deus numa súplica dorida, que apiedasse-se dele e que trouxesse de volta a esposa amada.

   Jussara fazia o café e rezava, quando ouve um chamado lá fora.

   — Entre, senhor Eustáquio. Em que posso ajudar?

   — Desejo falar com o senhor Ambrósio, Jussara, ele já está acordado?

   — Não preguei os olhos essa noite, meu caro. Bom dia.

   — Bom dia senhor Ambrósio. Eu não desejo incomodar, mas preciso lhe falar...

   — Jussara, pode nos trazer um café? – perguntou Ambrósio.

   — Perdão, Ambrósio, eu vou buscar.

   “Jussara, eu venho para lembrar-te que o momento requer nossas orações por todos envolvidos nessa história. Não façamos julgamentos e nem cultivemos a mágoa de quem quer que seja achando que somos certos e os outros errados. Somos todos minha querida irmã remanescentes de longas histórias, de grandes equívocos. Lembrando que não existe alguém que seja somente a vitima e outro somente algoz.” Era a voz suave e mansa da cabocla que soava no coração de Jussara e ela levou o café, agradecendo a intervenção da entidade amada.

   — Senhor Ambrósio eu não sei o motivo, mas Afonso está mentindo, no que se trata a ter dormido na minha casa....

E a fala de Eustáquio parecia aumentar em Ambrósio ainda mais a angústia e o medo, quando ouve o barulho do trotar de cavalos. Jussara abre a porta e Luís Miguel adentra a sala ao lado de Marcela que estranha a presença de seu irmão ali.

   Ambrósio levantou-se e recebeu os dois com um abraço, evitando que as lágrimas molhassem seu rosto naquele instante de dor.

   — Soube agora, meu amigo, - asseverou Luís Miguel, — vim prestar-lhe toda a ajuda que precisar.

Marcela sentiu algo estranho quando abraçou seu irmão, que a pedido de Ambrósio continuou o relato:

   — Como eu dizia Afonso não pernoitou na minha casa, dia algum, não quero ser cúmplice nessa mentira, que segundo ele está saindo com uma mulher casada... mas eu não sei quem é...

   Marcela interrompeu a fala do irmão, quando sua voz soou:

   — No momento certo Deus fará o resgate dela e tudo ficará bem. O importante agora é que cultivemos a fé, a confiança em Deus e nos Orixás que sempre estão a nos proteger.

   Jussara ouvia Marcela falar e via ao seu lado uma mulher de olhar sereno e pele clara. Trazia um sorriso nos lábios e olhar arguto como a águia em busca de sua presa. De repente Maria Padilha enche o ar da casa com uma gargalhada, que somente Jussara e Marcela puderam ouvir pela sensibilidade da mediunidade. Com o som do riso da pomba gira, muitos foram os espíritos que bateram em retirada do ambiente.

   Jussara a saldou mentalmente:

   — Salve sua força moça e salve todos os Orixás! Obrigada pela sua presença nessa casa.

   — Salve! Nobre Jussara, eu peço permissão para adentrar esse lar. Sou Maria Padilha e vim a pedido da Cabocla Jurema. Acompanho Marcela, que muito ajudará no momento certo.

   — Sim senhora Maria Padilha salve sua força, sei que a senhora é uma guardiã. Seja bem vinda a essa casa e nos ajude, por favor, são momentos muito dolorosos.

   Marcela silenciou. Depois envergonhada falou:

   — Desculpe-me, Ambrósio, senti vontade de falar isso e não consegui conter.

   — Marcela, não há com o que se preocupar, nesse momento nós precisamos de ajuda. – intercedeu Jussara com carinho, — sinto que você foi trazida aqui pela mão de uma cabocla muito amiga minha, então, Ambrósio, - falou Jussara dirigindo o olhar para o homem que estava emocionado diante tudo aquilo, — peço que deixe Marcela fazer o que veio fazer.

   — Por Deus, Jussara, eu estou aberto a toda a ajuda dos céus. Marcela, por favor, não se prenda, eu sei que Deus age de várias maneiras.

   — Preciso de você Eustáquio... – falou a jovem tomando a mão do irmão. — Jussara, você pode me levar pela casa?

   Jussara seguiu com Marcela e Eustáquio até o quarto de Amália. A pomba gira Maria Padilha também seguia. O riso alto daquela guardiã fez com que os espíritos que estavam ali em ajuda a Afonso, sentissem medo e fugissem.

   Marcela pediu uma roupa de Amália. Jussara pegou um vestido e entregou. Eustáquio sentia seu coração acelerado, quando Marcela tomou sua mão e sentou-se junto com ele na cama do casal.

   — Eustáquio, ouça bem o que vou lhe dizer. – a voz da jovem era diferente, Jussara reconhecia nela a pomba gira Maria Padilha e mais uma vez saudou a força daquela mulher. — Afonso está doente, precisa de ajuda. Você é amigo dele, você sente ele por perto, ele está ao seu lado... feche os olhos, meu caro, - falava suavemente a mulher que colocou o vestido de Amália entre as mãos de Eustáquio e as de Marcela. — Você pode sentir o coração dele batendo... o que ele pensa... você pode saber onde ele está... sinta a dor dele... entregue a ele o seu cuidado...

   Nesse instante o corpo do jovem estremeceu. Sua voz mudou e parecia que Afonso havia misturado-se com ele, quando sua voz soou:

   — Não chegue mais perto. Ela é minha... Amália é minha. Vou embora com ela, maldito e nunca mais colocará teus olhos sobre os dela.

   — Eustáquio, muito bem... sinta o lugar onde ele está... Afonso está precisando de ajuda... veja o local onde Amália está...

   Nesse instante o corpo de Eustáquio estremeceu mais forte, como se fosse tombar ao chão. Marcela segurou em seus ombros, com a força e o amor da pomba gira que estava incorporada nela.

   — O lugar é escuro... no meio da mata... não venham aqui... eu vou matar... no meio da mata... uma cabana velha... assombrada...

   — A cabana assombrada... – completou Jussara com a voz embargada pela emoção.

   — Eustáquio... agora volte, Afonso será ajudado... volte devagar... tome essa água, - Jussara entregava para a jovem um copo com água que havia na moringa ali no quarto.

 Eustáquio tomou a água sentindo seu coração acelerado, sem entender muito bem o que havia ocorrido ali.

   — O que aconteceu? Senti Afonso como se ele estivesse aqui no quarto, que magia é essa, Marcela? Eu não sabia que você lidava com essas coisas.

   — Nem eu... mas o que importa é que conseguimos perceber onde Amália possa está. Eustáquio você sabe de mais alguma coisa?

   — Não.

   — Ambrósio... – chamou Jussara, — avise o delegado para procurar na cabana assombrada.

   Os olhos de Afonso estavam arregalados e Amália sentiu naquele instante compaixão pelo estado de tamanha loucura que ele parecia prisioneiro. Enquanto ela rezava ele falava como se estivesse desconectado do presente.

   — Quem deixou ele entrar? Maldita Camélia eu não disse que não deixasse ninguém entrar? Cadê ele? Onde Eustáquio se escondeu? Traidor...

  — Afonso até quando vai seguir com isso? Ouça o que vou lhe falar, me deixe ir embora. Segue seu caminho, eu perdoo você e peço também que me perdoe se lhe ofendi de alguma maneira. Ambrósio vai nos encontrar.

   — Cala a boca maldita. Não meu amor, perdoe-me. Diga para mim que não me deixarás de novo. Diga para mim que sou eu o seu amor e que seguirá comigo para onde eu for. Só preciso encontrar um jeito de nos tirar daqui. Eustáquio está aqui...

   — Afonso não cometa mais insanidade. Sou uma mulher casada e amo meu marido. Ele é seu tio, sempre lhe ajudou... Eustáquio não está aqui, não tem ninguém aqui...

   — Amália eu lhe proíbo de falar isso de novo. Será minha para sempre, não vou permitir que ele tire você de mim mais uma vez. Nunca mais.

   Afonso andou de um lado para o outro.  Coçou a cabeça várias vezes. Seus olhos estavam avermelhados. Os lábios tremiam, os olhos piscavam de forma alucinada. Era a figura de um louco. Falava sozinho, pedia a Deus ajuda logo em seguida o praguejava. Chamava por Eustáquio, pedia ajuda, depois o xingava de traidor.

   Amália fechou os olhos e rezou em silêncio, novamente. Nesse instante sentiu um cheiro de mato, um perfume adocicado de flores adentrou a cabana. O ar ficou mais respirável. Camélia via nitidamente a índia e se benzeu dizendo.

   — Esse lugar é mal assombrado. Por favor, o senhor saia logo daqui ou eu irei embora. Esse lugar é mal assombrado. Eu quero ir embora daqui.

   — Não ouse sair daqui, ou não respondo pelos meus atos. Camélia eu vou até a cidade, vou arrumar um carro e então virei buscar Amália... Se Eustáquio voltar aqui, você não deixe ele entrar... entendeu maldita?

   — O senhor não consegue ver que do lado dessa mulher tem uma índia? Nunca conseguirá tocar nela. A sua vibração está muito abaixo da dela, ela está na luz e o senhor na escuridão.

   Afonso estava enlouquecendo e gritou:

   — Cala a boca mulher do inferno. Não fale tanta asneira, não existe cabocla nenhuma aqui. E vou te mostrar.

   Falando isso caminhou para Amália. Alucinado ele a puxou para seus braços buscando desesperado, os lábios da mulher amada, para o beijo de paixão. Afonso sentiu nesse instante sua cabeça girar, uma forte tontura o acometeu e ele caiu no chão, sem forças. Olhos arregalados em direção a Amália que rezava, ele vê a imagem da índia, que parecia envolta em chamas. Uma luz envolvia o corpo de Amália, como se fossem as chamas de fogo que saía da jovem índia. Enlouquecido com a visão, Afonso saiu da cabana correndo e gritando o nome de Deus.

   — Maldição... e agora homem o que vamos fazer? – inquiriu Camélia olhando para o marido que nada dizia. — Fale alguma coisa, homem de Deus, eu falei para você que isso era perigoso, falei que essa mulher é feiticeira e que a índia lhe protege... eu quero ir embora daqui....

   — Vamos dar um remédio para ela dormir ou morrer e vamos embora daqui, - finalizou o homem.

   Depois que Jussara falou da cabana assombrada, Ambrósio seguiu para a cidade ao lado de Luís Miguel e Eustáquio, deixando a irmã na companhia de Jussara que juntas uniam suas orações.

   O delegado seguiu com alguns soldados, tendo Ambrósio, Luís Miguel e Eustáquio logo atrás. Em meio da floresta a cabana assombrada surgiu. O coração de Ambrósio acelerou, “Senhor de misericórdia, me devolve minha amada,” – pediu ele silenciosamente.

   O carro do delegado parou. Ambrósio parou logo em seguida. Luís Miguel desceu e caminhou rumo a cabana quando viu um corpo. Mathias o soldado, virou o homem que estava de bruços, e no pescoço viu a picada de uma cobra.

   — É Afonso, sobrinho da falecida Crystal. – disse Ambrósio que chegava. — Mas o que faz ele aqui? Está morto? – ele inquiriu sentindo seu corpo tremer.

   — Está morto, - respondeu Mathias fechando os olhos do defunto que parecia ter visto fantasma.

  Ouvindo o barulho das vozes, Amália começou a gritar.

   — Socorro, por favor, alguém está ai? Estou amarrada, por favor, me ajude.

   Ambrósio reconheceu a voz da mulher amada e correu em direção a porta velha da cabana, colocando-a ao chão com um chute.

   Desamarrou Amália, que chorava e agradecia.

   — Meu amor, é você? Meu Deus, obrigada, Senhor.

   — Minha amada, - Ambrósio beijava os lábios da mulher e chorava tamanha a alegria que sentia naquele instante. — Meu Deus! Senhor de amor e misericórdia grato sou a ti, por não ter me tirado a alegria da vida.

   Os dois abraçaram-se, indiferentes a todos. As lágrimas misturavam-se num misto de amor e gratidão a Deus.

   Amália estava recostada nos braços de Ambrósio quando Jussara trouxe-lhe um caldo de galinha com angu de milho. Ela sorriu e agradeceu:

   — Eu estava com saudades desse caldo, Jussara. Oh Senhor do céu, como é bom estar de novo em casa! Meu Deus, Ambrósio, achei que nunca mais voltaria a lhe ver, meu amor... – ela acariciou o rosto do homem que sorriu.

   — Pobre Afonso, estava enlouquecido, que Deus tome de conta dele, - falou Jussara.

   — Sim. Amanhã será o sepultamente dele. Desejo que ele fique em paz também, não quero guardar mágoa me meu coração.

   Ambrósio pediu a Juvenal que fosse até a cidade avisar Endy e Virgínia que estavam muito angustiadas.

   O café cheirava na cozinha. O dia amanhecia. Amália abriu os olhos e beijou os lábios do esposo que a envolveu em seus braços e amou a mulher com sofreguidão e saudades.

   A hora do enterro chegou e Amália ouvia a oração que o padre fazia, proferindo a sua silenciosamente e depois ao lado de Ambrósio e Jussara seguiram de volta para a fazenda.

    Jussara cantava aos Orixás, grata por aquele dia que havia começado. O pernil de porco estava assando. A comida cheirava por todo o espaço da cozinha, quando Amália adentrou, perguntando:

   — Precisa de ajuda, Jussara?

   — Não senhora, eu e Teresa damos conta. Vá fazer companhia para o seu marido e esperar os convidados que já devem estar chegando.

   Nesse instante a campainha soou.

   — Entrem, por favor, - pediu Justina, a moça de cabelos amarrados, com largo sorriso, ao ver Endy, Núria, Virgínia e Arnoldo.

   — Oh que alegria! – exclamou Amália que chegava naquele instante na sala, junto a Ambrósio que cumprimentou a todos com abraço de gratidão.

   — Logo Marcela chegará... – falou Amália quando a campainha soou novamente. E os abraços multiplicaram-se com a chegada do casal e Maria Luísa. Todos seguiram para a sala de visitas, onde aguardaria o almoço ser anunciado.

   Justina trouxe uma travessa com pães e pasta de alho e manjericão, servindo a todos, enquanto Ambrósio abria o vinho.

   — Hoje é dia de comemorar, dia de agradecer, - falava Ambrósio acariciando a mão de Amália que sorria. — Agradecer a Deus pelos amigos, pela a ajuda que cada um trouxe aos nossos corações nesses dias de dor e angústias. Estamos felizes. E queremos brindar com os corações lotados de amor e alegria por estarmos todos juntos.

   As taças foram cheias de vinho e o barulho da união delas, explodiu no ar.

   — Luís Miguel, meu caro, quando será o casamento? – interrogou Ambrósio ao amigo que sorriu:

   — Dentro de um mês. E quero aproveitar o ensejo, para convidar você e Amália para serem os meus padrinhos. O que me diz meu amigo?

   — Isso para nós será uma honra, não é verdade, Amália?

   — Oh sim! Uma honra com toda certeza!

   — Bem... como estamos falando em padrinhos, gostaria de estender o convite a você Virgínia, que é minha prima e minha grande amiga, para que seja a minha madrinha ao lado de Arnoldo. Isso será um presente para mim, - disse Marcela sorrindo.

   — Nossa! Aceito com muito prazer, e você, meu amor?

   — Com grande prazer. E aproveitando, o que acha se fizermos uma grande festa, para os dois casamentos? O que acha, Luís Miguel, podemos juntar o casamento nosso ao mesmo dia, - indagou Arnoldo sorridente.

   — Meu caro, isso será algo maravilhoso! Faremos uma grande festa, na minha fazenda, o que acha?

   — Estamos combinados, então. Vou convidar você Núria e Eustáquio para serem meus padrinhos, o que acha?

   — Está ótimo! Será uma honra para mim, meu irmão amado.

   O ar da sala foi preenchido por risos e novos brindes, quando Jussara avisou que o almoço seria servido. Depois do almoço, foi servido um licor, onde os homens conversavam sobre as fazendas e as mulheres sobre coisas mais amenas. A hora da despedida chegou e todos seguiram para suas casas, deixando Ambrósio abraçado com Amália em despedidas.

   A noite chegou. A lua no céu iluminava majestosamente ao lado das estrelas. Ambrósio tinha aconchegado em seus braços, aquela que era o amor da sua vida. E adormeceram.

   No plano astral Afonso ainda corria desvairado. Não entendia que a morte havia-lhe visitado. Sua cabeça doía. O homem sentia o veneno da cobra paralisando seu corpo e ele deitou-se na cama velha que havia na cabana. E ali ficou inerte. Depois de algum tempo pôs-se a gritar:

   — Socorro! Estou morrendo, me ajudem! Camélia miserável onde tu escondeste Amália? O que fizeste da minha Amália? Vou te matar mulher infernal.

   Nesse instante a cabocla Jurema e os guardiões apareceram aos olhos dele. Afonso tampou a visão com as mãos inchadas e arroxeadas, apavorado com a visão e perguntou:

   — O que querem? Quem são vocês? Para onde levaram a minha Amália?

   A guardiã Maria Padilha aproximou-se de Afonso e com carinho disse:

   — Estamos aqui para ajudar você, Afonso.

   Do lado de fora da cabana ouvia-se um barulho intenso. O som de vários canhões parecia estourar no ar. Lá fora uma turba ensandecida gritava o nome do coronel Frederico, chamando-o de assassino. Afonso sentia seu ser estremecer com as vozes que estouravam em seus ouvidos, reconhecendo em si o coronel Frederico da guerra dos canudos.

   — Afonso nós estamos aqui para levar você para um lugar de refazimento. A morte, meu querido não existe, como pensa o homem na Terra. Deus que é nosso criador e não desampara nenhum de seus filhos.

   — Não tenho tempo a perder com bobagens. Tenho uma guerra e preciso vencer os inimigos. Preciso ir, meus companheiros me esperam, preciso voltar para Amália ou Elano roubará o meu amor, novamente. – falava Afonso enlouquecido entre o passado e o presente.

Nesse momento o guardião Gira-Mundo diz:

   — Preste bem atenção no que vou lhe dizer moço. Seu maior inimigo está dentro de você, que é o seu ódio, a sua ambição desmedida e a sua vaidade. Estamos aqui para lhe ajudar, caso seja esse o seu desejo, pois que respeitamos o livre arbítrio. Mas, se não for esse o seu desejo, deixaremos você entregue aos seus comparsas, que lhe terão acesso assim que sairmos dessa cabana.

   — Não preciso de sua ajuda oh! Grandioso guardião. Sou um coronel e não temo os inimigos. Vou sair daqui e ir buscar Amália, pois sei bem onde ela está. Vou destruir Elano e vou viver para sempre ao lado de minha amada.

   Lá fora a turba gritava o nome de Frederico.

   — O seu livre arbítrio será respeitado, Afonso, mas asseguro-lhe que não terá mais acesso a casa de Ambrósio, que tem o coração carregado de compaixão pela sua dor. Também não poderá mais aproximar-se de Amália, que entendeu e perdoou o seu ato insano. Veja bem, que em nada mais poderá acessar os dois.

   Afonso ouvia calado o que o exu dizia e ele prosseguiu:

   — Deus na sua infinita bondade e amor, mandou-lhe uma proposta: caso deseje retornar ao orbe terreno perto de Amália e Ambrósio com quem, aprenderá sacralizar o amor, então venha para um lugar onde poderá melhorar o equilíbrio emocional, até chegar o dia de seu retorno.

   Ouvir o nome de Amália fez Afonso sentir-se mais calmo. O medo da turba ensandecida que gritava lá fora da cabana, foi aumentando em seu coração e Afonso decidiu:

   — Sigo com os senhores.

E os Guardiões da Noite seguiram como Afonso para a CASA DO PASSADO, após também terem resgatado, Alexandre que ainda padecia nos solos umbralinos. A movimentação na CASA DO PASSADO era grande quando os Guardiões da Noite, adentraram o solo da colônia.

   Pai Januário aguardava a chegada ao lado de vó Maria Conga, que providenciava ao lado de Maria Padilha e Maria Navalha, acolhimento para Afonso, Alexandre e tantos outros espíritos resgatados naquela noite.

   Alexandre estava adormecido. O ato insano do suicídio pela segunda vez intensificou no espírito o estágio da loucura.

   — Vó Maria Conga, - chamou com carinho Maria Padilha que olhava enternecida para Alexandre, — como será a volta dele?

   — Como Deus quiser filha, da melhor maneira possível para o seu equilíbrio. Alexandre voltará como filho de uma negra da fazenda, onde Núria e Endy vão morar. Logo após o nascimento do menino, a mãe, deixará a Terra. Sem o arrimo do pai, o bebê chegará as mãos de Núria e Endy que o criarão como filho de seus corações, onde aprenderão juntos o doce sabor do perdão das ofensas.

   — E elas estão preparadas para isso, Vó? Será que vão conseguir vencer tamanho desafio?

   — Sim, filha. Núria e Endy estão conscientes da necessidade dessa aproximação, para então sentirem novamente apaziguadas com a vida. E o desafio, Maria Padilha, sempre é remédio para nossos seres ainda tão devedores.

   — A senhora tem razão, Vó. Alexandre nascerá negro...

   — Sim. Nascerá negro, será criado por duas mulheres brancas, para entender, filha que o amor não tem cor. No contato com as duas, aprenderá a amar de maneira igual, percebendo que o homem não é mais e nem menos que a mulher.

   Maria Padilha parou um pouco, buscando entender a explanação da velha e depois continuou com as interrogações:

   — E Afonso, Vó, o que será feito de seu destino?

   — Voltará como filho de Ambrósio e Amália. Voltará portando a veste feminina, para suavizar um pouco mais a sua aversão por Ambrósio, que terá mais condição de proteger e cuidar da menina que voltará com alguns problemas de saúde.

   — Saúde, Vó?

   — Sim, filha. Nada que ela não conseguirá superar com a ajuda dos pais.

   — E Marcela aceitará o trabalho espiritual em ajuda ao próximo, como foi combinado?

   — Eu acredito que sim, filha. O encontro de Marcela com Luís Miguel será o apoio que ela precisava para tirar a venda dos olhos. Acredito que em breve o terreiro será montado. Então seguiremos como entidades militantes ao lado de Marcela.

   — Será que outros virão também para o terreiro, Vó?

   — Com certeza, filha. Ambrósio, Amália, Endy, Núria, Mirna, Jussara, Arnoldo, Virgínia, Eustáquio e muitos outros.

   — Que Deus nos ajude Vó, para que possamos ajudar nesse longo trabalho de desmistificar a Umbanda e a cada um de nós.

   — Ele está a nos ajudar, filha. – disse a velha sorrindo. — Agora vamos trabalhar... que esse ainda é o melhor remédio para os nossos males.

   — Vamos, Vó, vamos sim. – e as duas mulheres seguiram rumo a outros núcleos de atendimento na colônia CASA DO PASSADO.

 

 

 

Fim do capítulo


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