• Home
  • Recentes
  • Finalizadas
  • Cadastro
  • Publicar história
Logo
Login
Cadastrar
  • Home
  • Histórias
    • Recentes
    • Finalizadas
    • Top Listas - Rankings
    • Desafios
    • Degustações
  • Comunidade
    • Autores
    • Membros
  • Promoções
  • Sobre o Lettera
    • Regras do site
    • Ajuda
    • Quem Somos
    • Revista Léssica
    • Wallpapers
    • Notícias
  • Como doar
  • Loja
  • Livros
  • Finalizadas
  • Contato
  • Home
  • Histórias
  • UM DIA NOS ENCONTRAREMOS
  • Capítulo 3

Info

Membros ativos: 9524
Membros inativos: 1634
Histórias: 1969
Capítulos: 20,492
Palavras: 51,967,639
Autores: 780
Comentários: 106,291
Comentaristas: 2559
Membro recente: Thalita31

Saiba como ajudar o Lettera

Ajude o Lettera

Notícias

  • 10 anos de Lettera
    Em 15/09/2025
  • Livro 2121 já à venda
    Em 30/07/2025

Categorias

  • Romances (855)
  • Contos (471)
  • Poemas (236)
  • Cronicas (224)
  • Desafios (182)
  • Degustações (29)
  • Natal (7)
  • Resenhas (1)

Recentes

  • Legado de Metal e Sangue
    Legado de Metal e Sangue
    Por mtttm
  • Entre nos - Sussurros de magia
    Entre nos - Sussurros de magia
    Por anifahell

Redes Sociais

  • Página do Lettera

  • Grupo do Lettera

  • Site Schwinden

Finalizadas

  • EM BUSCA DO TAO
    EM BUSCA DO TAO
    Por Solitudine
  • 3xTPM – Ciclo longo
    3xTPM – Ciclo longo
    Por caribu

Saiba como ajudar o Lettera

Ajude o Lettera

Categorias

  • Romances (855)
  • Contos (471)
  • Poemas (236)
  • Cronicas (224)
  • Desafios (182)
  • Degustações (29)
  • Natal (7)
  • Resenhas (1)

UM DIA NOS ENCONTRAREMOS por EdyTavares

Ver comentários: 0

Ver lista de capítulos

Palavras: 5826
Acessos: 1594   |  Postado em: 01/10/2018

Capítulo 3

Um sonho?

   A noite chegava. O sol ia se despedindo do universo o deixando colorido pelos seus raios. Amália olhava toda aquela beleza, sentindo que seu coração estava apaziguado e agradecia intimamente a presença de Ambrósio em sua vida. Depois de algum tempo contemplando toda a imensidão do céu e a magnitude da lua e das estrelas, ela adentrou seu quarto, deitou-se e logo adormeceu.

   Um sonho envolveu Amália e ela se via num local desconhecido. Seu corpo também era diferente. Seus olhos grandes lembravam o verde do mar, seus cabelos avermelhados desciam pelas costas em grandes cachos. Suas vestes eram delicadas e seu sorriso estava pleno de alegria ao lado de Fernandes, o noivo amado de seu coração. Aquela era uma noite de festa, onde o noivado era celebrado ao som de uma grande orquestra e regado ao melhor vinho. O homem sorria quando declarava o seu amor para Amália que era chamada de Aracele.

   — Dedicarei toda a minha vida para lhe fazer feliz, meu amor. – dizia Fernandes beijando suavemente os lábios da mulher.

Em algum momento o idílio foi interrompido e Fernandes pediu licença à noiva indo ver o que o primo desejava. Aracele ficou ali sentada, admirando a beleza da noite e percebendo que o noivo demorava muito, seguiu a sua procura.

O grito da jovem ecoou ao mesmo tempo em que a música entoada pela orquestra, finalizava. E muitos correram ao local onde Aracele estava em visível desespero.

 

   — Meu amor... por... favor, - tentava falar Fernandes, com olhar enternecido numa dolorosa despedida, buscando os olhos verdes da noiva dileta.

   — Fernandes, por favor, não fale meu amor, não fale. Não fale nada, está sangrando muito. Fique quieto.

   — Aracele... olhe para mim meu amor, sei que vou partir... a vida se esvai... mas quero que saiba que um dia nos encontraremos. Amo vosmecê mais do que... a minha própria vida e sei que... um dia nos encontraremos. Quem fez isso vai pa...

   Fernandes fechou os olhos. A vida havia abandonado aquele corpo e Aracele chorou, pedindo que a morte também a levasse, acreditando que sem o amor de seu noivo, a vida não valia mais. Ficou ali, abraçada ao cadáver ainda quente do homem amado, sentindo a dor cruel da perda irremediável.

   Amália acordou suada. Seu corpo estava trêmulo. Seu rosto ainda estava molhado pelas lágrimas que havia vertido durante o sonho insólito que lhe acometeu. Sentindo ainda a angústia do sonho, ela se tocou, desejando se perceber, “meu Deus como posso ter visto Ambrósio naquele homem desconhecido? E eu era Aracele, sim, tenho certeza disso, mas como pode isso ser real?” – se indagava Amália sentindo a veracidade do sonho. Depois fechou os olhos e fez uma prece sentida, pedindo a Deus que a elucidasse mais sobre o que não conseguia ainda entender. Agradeceu mais um dia que iniciava e levantou-se.

   O sol já assolava de calor todo sertão e Amália seguiu para a bica que havia ali perto de sua casa, seu corpo ansiava pela água fria e restauradora. E deixou-se ficar ali por longos minutos, olhando para as poucas árvores ao redor onde os pássaros faziam grande algazarra. Depois seguiu para casa e vestiu-se. Abriu a porta quando ouviu o barulho do carro chegando, era Ambrósio. Amália sentiu seu coração bater mais forte, percebendo a luz do dia o quanto o noivo era ainda mais bonito. Com a barba feita e um sorriso suave nos lábios, nada naquele homem denunciava trinta anos. Trajava uma camisa azul marinho de seda e uma calça preta de linho grosso. Os olhos grandes e negros reluziam. Ele se aproximou, tomou a mão da moça e beijou suavemente, o que provocou nela uma estranha sensação de prazer.

   — Bom dia Amália! Tomei a liberdade de vir logo cedo e peço que me perdoe, caso não tenha gostado do acontecido. Mas trouxe comigo, Jussara que é servidora em minha casa, para que juntas possam comprar o que lhe agradar. Passaremos na casa da professora Endy. Quero dizer, que compre tudo o que lhe agradar, vestidos, calçados, perfumes, que gaste da maneira que lhe fizer feliz.

   — Quero que a sinhazinha saiba que estou a sua disposição para o que precisar. – Jussara asseverou, abrindo os braços para a jovem noiva de seu patrão, que a abraçou sentindo naquele gesto intenso prazer. As duas sorriram. Ali pareciam selar algo que somente o espírito conhecia.  Que ninguém além das duas no recôndito da alma sabia. Amália agradeceu e seguiu para a cidade, onde passaria na casa de Endy, que já a esperava.

   — Vamos, Endy. – chamou suavemente Amália admirando a beleza da jovem professora.

   A loja estava cheia. Amália cruzou na porta com uma bela mulher que a olhou de cima a baixo com ar de desprezo. Endy percebeu e tomou a mão de Amália.

   — Veja Amália, experimente esse, - pegou um vestido amarelo com mangas decoradas com pequenas flores bordadas a mão. Seguiu com a amiga para o compartimento destinado a experimentar roupas. Amália colocou o vestido que caiu-lhe como uma luva, modelando seu corpo jovem e bonito. Endy sorriu diante a beleza expressada na amiga e pegou o vestido velho que ela trajava, jogando o ali mesmo no lixo.

   — Serviu o bastante, - riu alto, — agora vamos ver outros, minha querida.

    A moça que olhou com desprezo para Amália quando essa adentrou a loja, depois a viu saindo do provador de roupa. Endy sorriu ao ver o tamanho do espanto dela, diante a transformação operada na simplória professora.

   — Amália o que acha desse?

   — Maravilhoso! Gosto muito desse tom de verde...

   — Sim, minha querida e combina com a sua cor da sua pele. E veja o preço está bem em conta... – Endy sorriu ao perceber a expressão da mulher que as observava.

   — Acho que é o bastante, Endy. Eu não desejo abusar da bondade do senhor Ambrósio.

   — Minha sinhá é uma moça muito bonita e precisa andar vestida de acordo com a sua beleza e de acordo com a condição que seu noivo tem. Vamos comprar o que precisar para realçar ainda mais essa beleza. E em breve será o casamento e precisa organizar muitas coisas, quero ter a honra de ajudar. Então, senhorita Endy, nos ajude com tudo o que acha que Amália precisa.

   — Oh, Jussara, por favor, chame-me somente de Endy. E concordo com tudo o que você disse, Amália é uma jovem muito bela e precisa vestir-se de acordo com a condição de sua beleza e do poder do senhor Ambrósio.

   Amália juntou seu sorriso ao das acompanhantes e sentindo-se a vontade com elas, seguiu fazendo as compras. Jussara sorria vendo a transformação que se operava em Amália que a cada prova de vestido e calçado ficava ainda mais radiante.

   O proprietário da loja seguia a movimentação das três mulheres e ao ver Amália disse enfático.

   — Com todo respeito senhorita Amália, você está linda! Digna de ser mesmo a senhora Rodrigues Cavalcante. – disse o homem sorridente.

 Amália agradeceu. E nesse instante Ambrósio parou em frente a loja. Seu coração acelerou diante tamanha beleza da noiva e olhando embevecido para Amália, sentiu um aperto em seu peito como se um presságio o tomasse naquele instante e ele discretamente fez o sinal da cruz, pedindo que o amor de Deus o livrasse daquele sentimento nefando.

   — Como estou meu senhor?  - indagou Amália sorrindo e rodopiando levemente.

   — Uma verdadeira princesa, minha cara! – exclamou ele adentrando a loja para efetuar o pagamento.

   O amor no olhar enternecido de Ambrósio era recebido por Amália que sentia seu coração acelerar numa comprovação de que também já o amava. Terminada as compras, Ambrósio disse:

   — O que acham de irmos à confeitaria? Um bom pedaço de torta com refresco nos fará bem.

Com o consentimento das mulheres, Ambrósio seguiu ao lado do motorista, após abrir a porta do veículo para que elas se acomodassem. A entrada de Ambrósio na confeitaria, ao lado da noiva, chamou a atenção dos presentes. O homem apaixonado que parecia ter remoçado anos, cumprimentava a todos sem maiores explicações. Em breve toda a cidade saberia do seu amor por Amália, com a festa que ele pretendia ofertar para anunciar o seu noivado.

   O garçom trouxe: tortas e sucos para todos. Amália sentia o delicioso sabor da torta de amora que havia pedido, recordando-se de quantas vezes havia passado em frente a confeitaria sem nunca poder entrar. Intimamente riu do pensamento, mas não disse nada.

   O dia acabou e Amália foi para casa, onde Ambrósio despediu-se dela, após deixar a professora Endy em sua casa, carregada também de mimos que Amália lhe ofertou.

O sol ia se despedindo e deixando o céu carregado de cores. Ambrósio observava toda a beleza, sentado num banco de madeira escurecida na grande varanda de sua casa. Seu coração disparava cada vez que recordava de Amália, seu sorriso, seu olhar e pensando na jovem amada, ergueu-se do banco e adentrando o automóvel seguindo em direção a sua casa.

     — Gostaria de lhe falar senhor Sebastião, - disse Ambrósio ao adentrar a sala da casa de Amália.

   — Fique a vontade Ambrósio, - disse o pai da jovem deixando de lado a formalidade antes tão usada. — O que lhe traz aqui?

   — Eu não quero ser abusado, por favor, apenas desejo dedicar a Amália o melhor e para os senhores também. Por isso, gostaria muito que viesse morar na fazenda, o senhor, a senhora Constância e Amália que logo será minha esposa. A casa é imensa e tem lugar para todos. Prometo que não vou lhe tirar daqui definitivamente, é por um tempo, até que essa casa possa ser refeita, o que farei com muito gosto.

Sebastião ouvia calado, quando a esposa adentra a sala e sorrindo se adianta na resposta.

   — Eu aceito a sua proposta senhor Ambrósio e fico muito grata pelo seu cuidado. Sebastião... – disse olhando para o marido que entendeu rapidamente o pedido da mulher e disse:

   — Bem... se esse é o desejo do senhor e da minha esposa... basta vermos com Amália.

   — Estou de acordo meu pai, - falou a jovem adentrando a sala, trajando um vestido azul celeste, chamando a atenção de todos para a sua exuberância.

Já era noite quando os pais de Amália adentraram a fazenda. Constância olhava tudo com imensa admiração, “nunca vi casa mais linda! Aqui Amália será uma rainha e nunca mais terei de comer feijão com jabá”, - ela riu intimamente e foi conduzida por Jussara para o quarto que iria ocupar com o esposo. Sebastião não se sentia muito a vontade, mas ver o sorriso no rosto da esposa valia seu desconforto temporário.

   — Você não tem noção da felicidade que estou em lhe ter aqui comigo. Saiba que nada acontecerá entre nós até o casamento, - falou Ambrósio tomando o rosto de Amália entre suas mãos, sentindo o tremor que lhe provocava ele indaga:

   — Treme de frio, Amália? Quer um casaco?

   — Não. Tremo de emoção... – ela disse baixando o tom de voz sentindo-se envergonhada.

   — Emoção?! Fale-me disso, - pediu o noivo que já havia percebido o sentimento dela para com ele.

   — Meu coração vibra de alegria na sua presença Ambrósio, e mesmo não tendo sido uma escolha minha o nosso casamento, eu desejo que saiba que lhe nutro um sentimento muito grande.

Ele sorriu. Tomou o rosto da jovem novamente entre suas mãos e a beijou. Amália suspirou e fechou os olhos recebendo aquele beijo como algo esperado há muitos anos.

   — Meu amor sempre foi seu, Amália, desde que lhe vi a primeira vez no mercado com a sua mãe. Desse dia em diante passei a pensar em como poderia lhe conquistar e hoje sou o homem mais feliz do mundo ao ouvir isso.

E beijou novamente a mulher amada que sentia o céu em si naquele instante.

A noite já ia alta quando Ambrósio acompanhou Amália até a porta de seu quarto, beijou-lhe os lábios mais uma vez e seguiu para o seu quarto. E ali deitado em sua cama larga e macia, fechou os olhos e imaginou o dia em que teria Amália ali com ele e adormeceu.

O domingo era anunciado pelo cantar do galo. Os pássaros pulavam de galho em galho fazendo festiva algazarra, quando Amália abriu os olhos. Seu coração agradecia aquele dia novo e sorriu ao passar a mão sobre o lençol macio que cobria sua cama larga e confortável. Depois de algum tempo assim, ela levantou-se. Ouviu o barulho na porta e consentiu a entrada de Jussara.

   — Bom dia sinhazinha...

   — Bom dia Jussara, mas, por favor, me chame de Amália. A lei áurea nos tirou esse título, e mesmo que não tivesse feito isso, eu não poderia usar, nunca seria uma sinhá, - disse isso e riu alto.

   Jussara riu também. Depois olhou para a jovem noiva de seu patrão e disse:

   — O senhor Ambrósio compraria o título para você minha cara! Mas, se prefere ser chamada pelo seu nome, está bem. Vim para lhe ajudar com o banho, trouxe água quente com algumas ervas que lhe darão imenso bem estar.

   — Jussara, pelo amor de Deus, você está me acostumando muito mal, não precisa se preocupar com essas coisas. Eu sempre tomei banho na bica, banheira para mim já é um luxo demasiado.

   — Um luxo que você merece. – e seguiu para o grande banheiro que havia ali no quarto e colocou água na banheira acrescentando as ervas que exalavam aroma agradável. — Deseja mais alguma coisa, sinhá... Amália?

   — Não minha querida. Agradeço seu cuidado. Vou tomar banho e já desço para o desjejum. E Ambrósio ainda dorme?

   — Não. Está no escritório com Rodolfo o administrador, e pediu para que lhe avisasse quando você estivesse pronta.

Jussara saiu. Amália tomou banho sentindo intenso bem estar com as ervas que tinha na água da banheira, tomando algumas em sua mão e cheirando, reconhecendo o suave perfume do alecrim. Depois de algum tempo se deleitando com o banho, ela vestiu-se.

   A chegada de Amália na sala fez Ambrósio se levantar boquiaberto diante a vivacidade de Amália que usava um vestido amarelo ouro. Os cabelos negros desciam ao longo das costas, presos para cima por uma delicada tiara de ouro com pedrinhas de brilhante. A sandália deixava à mostra a delicadeza de seus pés e uma pulseira combinava com a tiara. Ele sorriu e tomou sua mão, beijou seus lábios com desejo e Amália suspirou. Os dois seguiram para a sala onde Maria José e Jussara serviam o café. Os pais de Amália também chegavam e Sebastião desconcertado sentou-se e comeram calados.

   — Podemos fazer um passeio pela cidade, minha amada, o que você acha? – indagou Ambrósio após o café.

   — Acho que pode ser uma boa ideia, mas preferia passear pela fazenda, andar a cavalo, se você não se importa.

   — Estou aqui para lhe satisfazer os desejos, - e ele sorriu. Depois saiu em direção ao estábulo e pediu que fossem selados os melhores cavalos.

O verde campestre ia desfilando aos olhos de Amália que cavalgava sentindo o vento tocar levemente em seu rosto. O olhar atento de Ambrósio a seguia ao lado. Depois de algum tempo eles pararam a beira do riacho para descansar. Ele a tomou nos braços ajudando-lhe a descer do cavalo. Amália agradeceu.

   — Sente aqui, - falou o homem forrando no chão uma manta de lã que trazia. Depois pegou o cantil de água e deu para Amália tomar.

   — Obrigada, - disse ela se aproximando do noivo que a envolveu em seus braços, deitando a em seu peito.

   O vento balançava as folhas das árvores e os cabelos de Amália que exalava uma fragrância deliciosa, Ambrósio cheirou os cabelos da mulher que sorriu. O calor do corpo do homem ali junto ao de Amália fez a mulher sentir enorme desejo, e ela afastou-se um pouco de onde estava recostada e o beijou.

   — Nunca mais quero ficar longe de você...

Ambrósio sentiu seu corpo estremecer com a proximidade de Amália que sorriu e disse:

   — O calor está imenso, será que podemos tomar um banho no riacho?

   — Acho que podemos, mas não trouxemos roupa apropriada para isso.

Amália riu alto deixando o noivo um pouco desconcertado e tirou o vestido, ficando apenas de calcinha e sutiã, fazendo Ambrósio sentir seu corpo tremer diante aquela imagem.

   — Acha que essa roupa é apropriada senhor meu noivo?

E seguiu para o riacho que ficava ali.

   — Venha, tenho certeza que você também está com roupa apropriada, - ele riu e tirou a calça e camisa, depois as botinas e lançou-se na água que estava deliciosamente morna.

Amália se aproximou. O corpo molhado e quente da mulher entrelaçou o de Ambrósio que sentiu-se estremecer por inteiro. Seu p*nis latejou e ele pediu desculpa para a noiva que desejou naquele instante já está casada.

   — Talvez seja melhor irmos para casa, minha amada... estou a enlouquecer aqui...

Amália tomou a mão de Ambrósio e o conduziu para um lugar mais raso, onde a areia branca fazia uma espécie de cama. Ele deitou com olhar fixo na mulher esquecido de que havia proposto irem embora. Amália tirou o sutiã, ele tocou levemente os seios fartos de firmes da noiva sentindo-se profundamente excitado, diante a audácia e o prazer que via nos olhos dela. O sorriso de Amália era o consentimento, mais que isso, era um pedido de que ele a amasse ali mesmo. E Ambrósio a tomou em seus braços, beijando com desespero os lábios da mulher que gemia baixinho, dizendo o quanto o amava. Ele sugou com desejo e delicadeza cada seio de Amália que acariciava seus cabelos, ora com afabilidade ora com força, ele gemia. Depois tocou com suavidade a vagin* de Amália que disputava com o riacho, tamanho o desejo que sentia diante o toque das mãos de Ambrósio que a penetrou suavemente a pedido da mulher que fremia.

   — Nunca senti nada parecido com isso, meu amor! – dizia Amália afagando o peito forte e perfumado de Ambrósio que parecia no paraíso diante o prazer que sentia.

   — Eu não sei se devíamos ter feito isso, mas eu estou em estado de graça com o prazer que senti.  Nunca amei assim Amália, acredite, nunca. – e beijou várias vezes os lábios dela que sorria reafirmando o amor que lhe invadia também.

   Horas depois regressaram para casa.

A noite já ia chegando quando o jantar fora servido. Ao terminar a refeição os pais de Amália seguiram para a varanda e Ambrósio convidou a noiva para um licor na sala de visitas.

   — Nunca provei nada comparado. – Amália riu e beijou os lábios do noivo sussurrando: — mentira, o que provei hoje pela manhã foi muito melhor, nada comparado.

   — Você é maravilhosa! Surpreende-me, - ele riu, — nunca imaginei que fosse assim!

   — Como?! – ela indagou se aproximando mais.

   — Audaciosa e deliciosa!... – ela riu e o beijou, passando a ponta da língua em torno dos lábios dele que suspirou deixando visível a avidez que ele sentia.

   — O que sinto por você me faz ser assim, não lhe agrada?

   — Ohhh não, por favor, não é isso. Muito pelo contrário, eu adoro! Sinto-me imensamente feliz e realizado, Amália, sou louco por você. E você ser assim correspondendo ao amor que sinto me faz sentir um homem pleno. Mas, quero que tenhamos cuidado para não desmerecer a confiança de seus pais.

   — Teremos meu amor, mas a minha porta estará aberta a noite, - disse isso e piscou para ele que a beijou novamente.

   A noite ia alta quando Amália percebeu que Ambrósio não viria, sorriu, entendeu o comportamento do noivo e adormeceu. Seu corpo se debatia e Amália foi novamente tomada pelo sonho que teve dias antes, onde tudo parecia muito real.

   Era ano de mil oitocentos e vinte, a escravidão assolava o Brasil maculando o solo sagrado que era tido como coração do mundo e pátria do evangelho. E o comércio dos negros ia manchando ainda mais as mãos dos homens brancos, que os capturavam em suas terras, os traziam para o Brasil e os vendiam para quem pagasse mais. O homem branco perdia um pouco da noção que lhe restava de respeito à vida, julgando-se melhor pela cor e pela posição ocupada no planeta. O negro era acordado antes mesmo que o sol nascesse por completo e levado para os campos sob vigília ostensiva e aquele que se recusasse ao trabalho era castigado duramente com o chicote. Outros mais rebeldes eram levados para o tronco e lá muitas vezes padeciam até a morte. Augusto era um senhor feudal que levava seus negros ao tronco por quimera, mandando que o braço do feitor descesse com o chicote no lombo dos negros e que somente parasse quando esse se sentisse cansado.

  O dia estava frio. O orvalho deitava sobre a vegetação que brilhava a luz do sol. Embaixo de lençóis de seda, uma mulher acordava nos braços de Augusto, o senhor de tudo aquilo. Era Aracele a mulher que havia sido a noiva amada de Fernandes. Augusto nutria uma paixão exacerbada pela bela Aracele, e com ela se casou três anos após a morte de Fernandes que também era seu amigo.

Sem entender o que acontecia, Amália se debatia entre o sonho e a realidade, quando percebeu a presença de uma mulher que se aproximando dela, disse:

   — Acalme-se minha querida, permita-se libertar do corpo e ver com mais clareza aquilo que foi o seu passado.

   — Quem é você? Como sabe o que estou sentindo?

   — Sou uma servidora do Cordeiro e estou aqui para lhe ajudar entender alguns fatos passados, para que no futuro você possa agir com mais serenidade.

Amália não entendia completamente, mas a energia de amor e paz que a mulher exalava quando estendeu-lhe a mão a fez seguir com ela sem maiores questionamentos.

   Numa sala pintada de branco uma tela foi acesa. Amália sentou-se ao lado da mulher de cabelos longos e claros. E as cenas foram aparecendo ali na tela como estavam em seu sonho.

   Aracele estava sentada num banco de madeira pesada e escura. O sol ia deixando o universo certo que tinha desempenhado bem o seu trabalho naquele dia, o calor ia dissipando e a brisa suave ia sendo trazida. Aracele olhava para as cores que iam cobrindo todo o céu e o movimento que elas faziam, dava a ela a impressão de que ali havia música as conduzindo morosamente de um lado para outro. A saudade macerava seu coração e a imagem de Fernandes adentrou sua mente e de seus olhos duas lágrimas desceram. O menino que brincava ali perto não percebeu e ela limpou com um lencinho de seda que tinha no colo. Depois de recordar as cenas tristes do dia que deveria ser o mais feliz de sua vida, Aracele tomou a mão do filho e seguiu para casa. Sentou-se ao lado da mesinha que continha as correspondências e pegou uma que não havia remetente, apenas o seu nome e letras garrafais.

“És uma pobre inocente, mas acalma-te que a verdade um dia chegará a ti. Augusto mente para ti.” Aracele leu várias vezes, buscando entender o sentido daquela missiva, em vão. Depois guardou a com cuidado para que Augusto não soubesse. E ao lado do filho jantou ouvindo seu falatório alegre e inocente.

   A noite estava gelada. A região sul do país intensificava cada dia mais o frio. Aracele acordou assustada com os gritos de Augusto que dizia coisas desconexas dormindo, envolto num pesadelo insólito.

   — Eu lhe matei, Fernandes. Vá para o inferno, deixe-me em paz, eu lhe matei o vou matar quantas vezes for preciso. Nunca terá Aracele, nunca, ouviste? Ela é e será para todo o sempre, somente minha.

   Aracele sacudiu o marido, chamando-o repetidas vezes, até que ele acordou. Estava suado, com olhos arregalados e vermelhos. Seu corpo tremia como se fosse folhas ao vento. Desesperado se abrigou nos braços de Aracele que não conseguia entender o motivo daquele falatório e recordou-se da missiva recebida dias antes, enquanto ele viajava.

   — Ele não vai tomar vosmecê de mim. Não me abandone Aracele. Não posso viver sem o seu amor.

   — Foi apenas um pesadelo, Augusto, tome um pouco de água, - disse ela levantando-se e colocando água fresca da moringa e dando a ele, que depois de muito tempo adormeceu.

   A tarde caía quando Augusto chegava após visitar o campo e vê como os escravos trabalhavam sob o chicote do feitor. Sentou-se ao lado da mesinha de madeira no intento de ler as missivas que haviam chegado. Seu corpo tremeu ao abrir uma que não constava remetente.

   “Acredita então que tu fizestes tudo sem que tivesses nenhuma testemunha? Enganas ti caro Augusto, saibas que vi tudo e que em breve muitos saberão do ato nefando que tu foste capaz de cometer. Nada fará com que eu me cale. Aracele nunca irá lhe amar, porque é um maldito assassino. Sabe do que falo, traidor maldito, Fernandes não merecia isso.”

O desespero de Augusto era explícito, embora tentasse dissimular na hora do jantar. Terminada a refeição o homem pediu licença a esposa e saiu, voltando já tarda da noite com acentuado cheiro de bebida. Augusto acariciou o rosto de Aracele no desejo de seus beijos e ela o rejeitou alegando o mal cheiro advindo do álcool ingerido. Exasperado com a negativa, Augusto toma Aracele a força nos braços e a beija com desespero. Nesse instante a imagem de Fernandes aparece, como se ele ainda estivesse vivo e lança-se sobre Augusto que desesperado solta a mulher e fica petrificado, ouvindo a voz que soava, dando a ele a impressão de que Fernandes havia saído do mais profundo do inferno para lhe atormentar.

   — Tu és de fato um covarde, agora vai forçar a mulher que diz amar, a servir um bêbado? – Augusto levava as mãos aos ouvidos no intento de não escutar, mas isso foi em vão. — Covarde! Augusto tu és um covarde. Maldito!

E a voz sumiu. Aracele pegou o cobertor e foi para o quarto do filho deixando o marido entregue a loucura entre gritos e palavrões.

   — Vosmecê precisa procurar um médico, - falou Aracele quando o homem chegava à mesa do café, pedindo a ela que o perdoasse pela a insanidade da noite anterior.

   — Perdoa-me querida. Isso não vai mais acontecer, eu amo vosmecê. Vou procurar amanhã mesmo um médico.

   A bebida havia-se transformado no refúgio de Augusto que não conseguia junto a nenhum médico remédio que o libertasse dos pesadelos. As noites Augusto buscava carinho no aconchego de Aracele, que passou a recusar-lhe constantemente por estar sempre embriagado. Desesperado Augusto puxa com força o corpo da mulher para perto de si, quando novamente a imagem de Fernandes, que sangrava a altura do coração, surgiu em sua frente. Augusto desmaiou.

   Amália acordou assustada. Seu corpo fremia com as lembranças ainda tão nítidas. Sentou-se na cama macia e passou a mão sobre a testa que estava suada. Abriu a porta do quarto, quando Ambrósio ouviu e saiu no intento de saber o que estava acontecendo.

   — O que houve querida? Sente-se mal? – indagou o noivo a acendendo a luz do corredor.

   Amália abraçou o homem e verteu pranto sentido, como se tudo aquilo fosse real e ela realmente tivesse perdido o homem amado.

     — O que houve Amália? – Perguntou Jussara que acordava com os movimentos na cozinha, onde Ambrósio servia a noiva um copo com água e intentava fazer um chá.

   — Deixe que eu faço o chá de alecrim, senhor Ambrósio, - disse a mulher, — beba querida, vai lhe fazer bem, - e entregou a xícara com o chá que exalava saboroso aroma.

   Amália tomou silenciosamente. Depois de mais calma, seguiu para o aposento na companhia de Ambrósio que lhe beijou suavemente e disse:

   — Se precisar de mim, por favor, me chame. Como se sente agora?

   — Estou melhor meu querido, foi apenas um pesadelo, mas depois do chá vou dormir serenamente.

   O dia nascia. Ambrósio esperava Amália que o encontrou no corredor e desceram as escadas para o café-da-manhã que já cheirava por toda casa.

   Depois que ele tomou café, seguiu para os campos ao lado de Sebastião, o pai da Amália no desejo de vistoriar o andamento do trabalho.

   — Como você amanheceu Amália?

   — Jussara eu preciso muito lhe falar, mas agora preciso me arrumar e seguir para a escola. Quando eu chegar, está bem?

   — Sim querida, eu aguardo a sua chegada - disse a negra de sorriso largo, enquanto Amália seguia para a escola.

O dia passou e quando Amália retornou foi direto a procura de Jussara.

   — Sente aqui, - falou a jovem noiva de Ambrósio para Jussara quando adentrara o seu quarto.

   — Desde que conheci Ambrósio, eu tenho tido sonhos estranhos. O primeiro sonho foi assim, éramos jovens, em corpos diferentes desses, em época diferente, como se isso fosse possível. Ambrósio chamava Fernandes e eu Aracele. Nós estávamos noivos e a noite era amena e falávamos do nosso amor. Aquela era a noite do nosso noivado. Fernandes saiu um pouco para atender o chamado de seu amigo. Então eu, digo a moça do sonho, percebendo que ele demorava muito foi à sua procura. Aiii Jussara, a dor que ela sentiu atravessou meu coração e acordei em pranto. Fernandes o homem que era o seu noivo estava caído numa poça de sangue, havia sido esfaqueado e morto. Acordei chorando.

Jussara ouvia calada. Sabia que aquele não era um simples sonho, visto que os acometia também desde que Amália tinha ido morar ali, como se algo a alertasse não de um passado, mas de uma dor que surgiria.

   — Então depois que vim para cá, sonhei novamente. E cada vez que sonho eu sofro, como se tudo isso fosse verdade. Jussara você acha que isso pode ser possível, digo que eu e Ambrósio possamos ter vivido em outra vida? Endy fala disso com propriedade, diz que somos seres milenares e que trajamos outras vestes corporais. O que me diz?

   — Concordo com Endy, minha querida. Os fatos são incontestáveis e só não ver quem não quer. A vida vai muito além do que percebemos hoje. Mas, isso é passado, não é verdade? O que importa é que agora você e o senhor Ambrósio estão juntos.

   — Você tem razão. Agora vou tomar um banho que meu amado deve estar chegando do campo.

   — Quer ajuda?

   — Oh não! Por Deus, Jussara pare de me mimar dessa maneira. Agora vá cuidar do jantar que estou é lhe atrapalhando.

Jussara sorriu e saiu do quarto. Seu semblante carregou-se sentindo um aperto estranho em seu coração e ela rezou. Não podia deixar que maus pensamentos lhe tirasse o estado de paz que sempre prezou. E depois de tomar um chá de alecrim ela começou a preparar o jantar com a ajuda de Constância que fazia questão de se sentir útil.

Amália sorriu com a chegada de Ambrósio que pediu licença e adentrou seu quarto.

   — Preciso lhe falar minha amada, - ele disse tomando o rosto da mulher entre suas mãos e beijando-lhe os lábios.

   — Estou a lhe ouvir, meu amor.

   — Desejo saber o que houve essa noite. Não quero nenhum segredo entre nós, nem mesmo sobre sonhos ou pesadelos.

E Amália relatou o que havia sonhado. Falou do que Endy pensava sobre a vida e o que havia conversado com Jussara, que também acreditava na pluralidade das existências.

   — Jussara é uma mulher muito sábia. Aprendi com ela muito sobre a vida. No dia que vi você, Amália, ao lado de sua mãe, saindo do mercado, eu senti algo muito forte e que eu nunca vou esquecer.

   — O que você sentiu Ambrósio?

   — Senti que lhe conhecia de algum lugar. Meu coração acelerou de uma maneira que eu nunca havia sentido. Então a noite, eu tive um sonho. Nele você aparecia, não com esse rosto, nem tampouco com esse corpo, mas sabia que era você. Nós íamos nos casar. Amávamos-nos. Na noite do nosso noivado, eu fui assassinado...

   — O que está a me contar, Ambrósio?! – exclamou Amália sentindo seu coração arrepiado. — Teve o mesmo sonho que eu?!

   — Sim, minha amada. No sonho eu prometia para você que: um dia nos encontraríamos novamente. Então de lá para cá, sonhei com você todos os dias, até ter a coragem de pedir sua mão em casamento ao seu pai.

   As lágrimas desciam pelo rosto de Amália, sentindo que realmente o amor que existia em seu coração, era mesmo um amor vindo de outros tempos.

   Ambrósio acariciou o rosto de Amália que sorriu entre as lágrimas, dizendo:

   — Não tenho como duvidar diante tudo isso, meu amor! Só peço a Deus que tudo isso tenha ficado no passado, sendo a pluralidade das existências um fato, pois, que não desejo lhe perder novamente...

   — Nunca mais nos perderemos, minha amada, nunca mais.

A noite trazia uma brisa agradável. Ambrósio seguiu com Amália para a varanda com uma garrafa de vinho e duas taças. Brindaram.

O céu estava claro e carregado de estrelas que brilhavam tanto quanto o olhar de Amália em direção ao homem amado. O sorriso da mulher depois de mais uma taça de vinho, parecia provocar Ambrósio que a beijou, apertando suavemente seu corpo contra os seios da moça que sussurrou:

   — Preciso de você hoje... – e levantou-se e tomando-lhe a mão, pediu que ele levasse o vinho. Ambrósio obedeceu, era impossível dizer não ao desejo que tomava seu corpo cada vez que beijava a noiva.

   A casa estava silenciosa. Os pais de Amália dormiam na outra ala da casa grande onde não conseguiam ver e nem ouvir qualquer movimentação que acontecesse na ala onde dormiam os nubentes.

   O desejo explodiu e Ambrósio suspirou ao mesmo tempo em que Amália num acesso de prazer incontrolável. E depois adormeceram abraçados.

  

 

 

 

 

Fim do capítulo


Comentar este capítulo:
[Faça o login para poder comentar]
  • Capítulo anterior
  • Próximo capítulo

Comentários para 3 - Capítulo 3:

Sem comentários

Informar violação das regras

Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:

Logo

Lettera é um projeto de Cristiane Schwinden

E-mail: contato@projetolettera.com.br

Todas as histórias deste site e os comentários dos leitores sao de inteira responsabilidade de seus autores.

Sua conta

  • Login
  • Esqueci a senha
  • Cadastre-se
  • Logout

Navegue

  • Home
  • Recentes
  • Finalizadas
  • Ranking
  • Autores
  • Membros
  • Promoções
  • Regras
  • Ajuda
  • Quem Somos
  • Como doar
  • Loja / Livros
  • Notícias
  • Fale Conosco
© Desenvolvido por Cristiane Schwinden - Porttal Web