Notas iniciais:
*CENAS DE VIOLENCIA E TORTURA EXPLICITAS.
Capítulo 4
Rosalie não podia esperar mais, o outro fugiria assim que soubesse da morte do homem no motel. Já vinha vigiando o último alvo nessa semana enquanto esperava pela hora certa e sabia que este saía logo cedo para caminhar e que morava sozinho. Por isso depois de deixar o motel ela dirigiu até as proximidades da casa e colocou seu celular para despertar as seis em ponto.
Dormir no carro não era tão confortável mas já tinha se acostumado então não demorou para pegar no sono. Na hora marcada o celular despertou, ela saiu do carro ajeitando os cabelos e depois de tranca-lo andou até a casa do homem, esperou paciente atrás de um container de lixo e assim que o viu sair correu para o portão.
Usando seu velho truque ela abriu o cadeado e a porta com facilidade os trancando em seguida, escolheu se esconder atrás da porta do quarto e com um cacetete retrátil aguardou. Ouviu o portão abrir e diminuiu o som da sua respiração, ouviu passos e a porta da sala foi destrancada.
Assim que o homem passou a porta do quarto e ficou de costas para Rosalie ela deu dois golpes certeiros com o cacetete na fronte dele. Como esperado o homem desmaiou e ela o arrastou até a mesa da cozinha, cortou alguns fios do telefone e o amarrou antes de revistar as gavetas atrás de uma faca interessante.
Colou a boca dele com silver tape e sentou-se em uma cadeira com os braços cruzados observando o peito dele subir e descer. Percebeu sua agitação antes dele acordar e se aproximou da mesa:
- Bem, bem, bem. Seu último amigo já era e me contou coisas interessantes sobre você. Tudo que precisa fazer antes de ir para o Paraiso é me falar onde colocou sua parte - disse ela quase sussurrando - Vou tirar a fita mas se gritar te enfio essa faca na sua garganta tão rápido que sua voz nem vai sair.
Rosalie fez o que disse e o homem, obediente como todos eles eram não ousou gritar, porém também não falou. Apontou para a maleta em cima do sofá da sala, enquanto ela a pegava o homem aproveitou e rolou da mesa caindo de pé. Rose ao vê-lo sorriu de um jeito sádico e mais ainda quando ele tentou correr e caiu, seus pés estavam amarrados juntos demais para ter sucesso nessa empresa.
Ela não se importou e abriu a maleta, encontrou algumas cópias de extratos de um banco no exterior e deixou onde estava anotando o nome no celular. O homem aproveitou sua distração para arrancar a silver tape da boca gritou um sonoro "socorro".
Rose correu até ele e sem pestanejar enfiou a faca em sua garganta calando a voz, depois cortou a jugular para que não o encontrassem vivo. Com a agilidade de anos de prática ela saiu da casa pelo portão ocultando parte do rosto com a toca, andou apressadamene até o carro e se afastou normalmente.
Chegando em casa ligou o notebook e escreveu para seu cliente "dois patos que sobraram foram servidos hoje, me fale se precisar de mais". Depois de um banho quente e de comer pensou que descansaria porém a vida tinha outros planos, uma ligação de um velho conhecido para quem devia alguns favores. Segundo o homem, sua filha foi ameaçada de morte por causa do assassinato de um cara chamado Beto.
Rosalie pensou em negar, estava exausta mas por fim aceitou, nunca se sabe quando precisaria dele outra vez. Combinou de o encontrar para jantar na casa dele e discutir o assunto e por isso estava plantada em frente aquela porta depois de ter dormido menos do que precisava.
Uma loira na casa dos quarenta abriu a porta e lhe deu passagem avisando que o marido logo desceria. Leon não demorou e a cumprimentou sorrindo:
- A quanto tempo Rose - disse ele segurando a mão da morena.
- Não tanto assim. Ainda te devo muito e por isso estou aqui - retrucou ela soltando a mão dele.
- Direta como sempre. Pensei muito antes de te ligar mas não tive escolha, Stella é dificil de se lidar porém minha única filha, não posso deixar que morra nas mãos dessa gente. - explicou o homem loiro de olhos incrivelmente azuis.
- Vou ajudar no que puder. Sabe que sou especialista em me livrar desse tipo de problema.
- Não dessa vez, já contratei Snake para acabar com esse maldito que ousou me desafiar, de você quero que proteja minha filha.
- Deve haver um engano aqui, sou uma assassina de aluguel não segurança - protestou Rose.
- Sei disso mais que ninguém mas esse sujeito colocou a cabeça da minha filha a prêmio e preciso que alguém de confiança a proteja enquanto Snake o caça. - revelou Leon.
- Vai me desculpar velho amigo mas eu não vou fazer isso - decretou ela cruzando os braços sobre o peito obstinada.
- Então terei que apelar para sua divida, você se saiu bem em tudo que lhe pedi mas ela está longe de ser paga. - argumentou ele sorrindo, não era a toa o melhor advogado da cidade.
- Tudo bem. Porém quero deixar claro que só aceito porque lhe devo favores - disse Rose ao que Leon concordou satisfeito.
Os três esperavam na mesa a filha de Leon descer, Rosalie a imaginava como uma menina mimada que sabe se lá Deus como se envolveu com as pessoas erradas e agora se encontrava prestes a perder o pescoço. Seu raciocinio morreu quando avistou a última pessoa que esperava ver em sua vida adentrar a sala de jantar:
- Rosalie te apresento minha filha Stella, Stella essa é Rosalie, uma velha conhecida. - apresentou-as o homem.
Rose observava a loirinha sentindo aquele incomodo com toda a força, a menina sorria para ela sem demonstrar medo apesar de tê-la visto matar aquele sujeito, sujeito esse que pelo visto era a causa de toda a confusão.
- Já nos conhecemos - disse por fim a morena - Na noite em que Beto morreu estavamos juntas, eu o matei para salvá-la dele.
- Então era para Armando estar te caçando! - afirmou Leon surpreso.
- Por isso não precisa nem descontar do que lhe devo, vou protege-la de qualquer forma. - assegurou Rose.
- Proteger? - quis saber a jovem que Rose agora sabia o nome.
- Contratei um assassino para dar fim em Armando e Rosalie para te acompanhar até que tudo termine. Espero que não cause problemas por conta disso. - disse Leon se sentando.
- Não, na verdade ficarei aliviada. - Stella sorriu para Rose que continuou impassivel, sem demonstrar qualquer emoção porém por dentro algo começou a mudar e a assassina não gostou.
Stella nunca teve um jantar tão interessante antes, Rosalie era fascinante e conversava sobre todo tipo de assunto. Tinha modos refinados á mesa e gostava de música clássica, Swan lake de Tchaikovsky era sua favorita. Lia muito nas horas vagas e por incrivel que pareça gostava de poesia.
Observando seus modos não poderia se dizer que a moça sorrindente com ar de rebelde era uma assassina. A loira a encheu de perguntas mas evitou tocar no assunto Beto.
- Stella hora de dormir - decretou Sara.
- Já mãe? Não posso ficar mais um pouco?
- Não, tem escola amanhã e seu pai e Rosalie tem negócios a tratar.
Stella quis discutir mas um olhar de sua mãe a fez mudar de idéia, tinha desobedecido no final de semana e agora corria o risco de morrer além do mais não seria bom abusar da paciência do pai que já estava curta.
Desejou uma boa noite aos três e subiu as escadas se jogando na cama, fitou o teto pensativa. Rosalie lhe olhava de uma forma tão estranha que ela não conseguia decifrar e de certa forma fazia parte do enigma que a morena era. Não sabia da onde ela vinha, o que fazia, se tinha familia, namorado....
- Não, não consigo imaginar ela com um homem talvez... - mas seu celular tocou e o assunto foi esquecido.
Dormir ficou em segundo plano diante das novidades das colegas, Stella conversaria até tarde da noite e nesse tempo ouviu a moto ser ligada. Correu para a sacada e teve tempo apenas de ver o faról traseiro desaparecerem na escuridão.
Rosalie ficou pensativa depois que Stella subiu, não gostou nenhum pouco do que sentiu perto da menina e nem de suas perguntas insistentes. Pela morena a loirinha se viraria sozinha mas devia a Leon e pelo que soube aquilo era culpa sua. Se arrependeu amargamente de te-la salvado de Beto, agora teria que aturar aquele chaveirinho atrás de si balançando de um lado para o outro.
- Vou arrumar minhas coisas e volto amanhã - disse ela condenando aquele lado que olhou para escada esperando ver Stella.
- Estarei esperando - concordou Leon a acompanhando até a porta.
Sem olhar para trás ela ligou a Harley e saiu, o vento frio da madrugada em seu rosto clareou seus pensamentos. Mesmo assim eles insistiam em voltar no sorriso de Stella, em sua voz doce, seu jeito de falar balançando as mãos de um lado para o outro e tocar o braço da morena.
Uma sombra cruzou a rua na sua frente e para não atropelar quem quer que fosse desviou rápido. Por muita sorte não caiu e parou a moto xingando todos os impropérios que conhecia jurando que se o sujeito não estivesse morto ela o mataria.
Segurando o cabo da faca de caça em sua jaqueta ela desceu da moto e se aproximou do vulto, quanto mais perto ficava mais era vísivel as manchas de sangue na roupa. Os instintos de Rose ficaram alertas e ela se preparou para lutar, o desconhecido virou e encontrou os olhos escuros da morena com os seus. Um cutelo escapou de suas mãos e caiu com um sonoro estrondo no chão antes do menino o acompanhar.
Respirando fundo Rosalie pegou o cutelo, colocou o pirralho nos ombros e foi devagar até a moto. Enfiou o cutelo no alforje, sentou o garoto na sua frente e o rodeando com seus braços para que não caísse saiu dali.
Parando na garagem de sua casa já se repreendia, a última vez que ajudara alguém conhecera Stella o que não era uma coisa boa a seu ver. Arrastou o menino para dentro e com firmeza o colocou em uma cadeira no escritório do andar de baixo, procurou nas gavetas da mesa uma algema e prendeu uma no pulso dele outra na janela.
O garoto era novo, quase da mesma idade de Stella e o ruivo de seus cabelos se confundiam com o vermelho do sangue ainda fresco. Uma inspeção minuciosa revelou que ele não tinha se ferido, aquele sangue não era dele.
O celular de Rosalie tocou e ela atendeu de pronto:
- Boa noite morena linda. O que acha de caçar uns animaizinhos? - brincou Snake.
- Sem chance, vou trabalhar de baba. Acredita?
- Ele as vezes abusa dos acordos - riu o outro.
- Esse não é nem de perto meu maior problema. Encontrei um fedelho no meio do caminho, ele está cheio de sangue que não saiu do seu corpo. Quem acha que é?
- Do que está falando Rose!? Espero que não tenha arranjado encrenca.
- Encontrei ele quando vinha da casa de Leon, na área do Velho Mercado - comentou ela calmamente.
- Sabe que lá só tem puta e drogado né? Manda esse pivete embora assim que acordar.
- É o que farei, foi um erro - concordou Rose fitando o menino.
O garoto se mexeu e abriu os olhos observando ao redor assustado, puxou o braço preso á janela pela algema tentando se soltar mas não conseguiu.
- Snake te ligo depois - disse Rosalie antes de desligar.
- Quem é você? Onde eu estou? Juro que vou obedecer dessa vez só não me castigue - implorou o garoto.
- Não sou quem acha, meu nome é Rosalie. Te encontrei na rua com um cutelo e essas roupas manchadas de sangue, deu sorte de eu não ter te levado para a polícia então acho bom você me dizer quem é e por quê está assim.
- Moro...morava na área do Velho Mercado. Minha....a mulher que me criou, que eu sempre pensei ser minha mãe na verdade era uma cafetina e tentou me vender para um homem nojento. Sabia da negociação porque ouvi escondido, peguei o cutelo e quando me arrastaram para o carro escondi nas minhas roupas. O homem me esperava lá dentro mas eu não aguentei suas caricias sacanas e o matei junto com seu motorista. Estava fugindo do carro quando atravessei uma rua e tudo que lembro é de um faról e um motoqueiro. - contou ele. Rosalie o analisou durante toda a narrativa, não era mentira porque o menino estava mesmo assustado.
- A moto era minha. Qual seu nome fedelho? - perguntou a morena pensativa.
- Gabriel. Vai me entregar para eles? - quis saber ele agitado.
- Não, provavelmente te matariam. Pessoas como esse homem tem muito dinheiro, sua morte vai ser investigada com rigor e vão bater na porta desse bordéu, alguém vai dizer que te mataram na mesma noite pois reagiu, ou vão deixar que seja preso e vai apanhar para manter o bico fechado. Tem para onde ir?
- Para falar a verdade não.
- Vou precisar de você para me ajudar com um serviço, quando terminar vou lhe pagar um bom tanto, suficiente para recomeçar sua vida longe daqui. Topa?
- Obrigado - agradeceu o garoto sem jeito. Rosalie respirou aliviada, com Gabriel na jogada ela não precisaria ficar perto demais de Stella e talvez, apenas talvez, a loira eleja o garoto como sua nova fonte de curiosidade e a deixe em paz.
Rosalie abriu a algema e Gabriel a abraçou quando se viu livre deixando a morena sem jeito. Ela mandou o garoto tomar um banho e entregou a ele uma de suas roupas, ficaria pequeno já que Gabriel era mais alto e mais forte que ela mas por enquanto serviria.
Depois o deixou sozinho e desceu para a sala ligando para Snake:
- A que ponto estão as coisas? - perguntou ela planejando.
- Armando ofereceu a cabeça de Stella em uma bandeja, quem a trouxer além do dinheiro ganhará um posto ao lado do chefão.
- Ou seja qualquer bandido de meia tigela querendo um destaque vai tentar matá-la. Isso facilita muito! - disse ironica.
- Não se preocupe tenho tudo sob controle e Armando vai dançar antes do que imagina.
- Espero que sim, não gosto dessa Stella.
- Qual o problema da loirinha? Deixou de gostar de mulher?
- Quando foi que eu gostei de alguém?
- Quer que eu liste?
- Não precisa, sei bem das minhas fraquezas.
- Te vejo amanhã, quer dizer, hoje na casa de Leon.
- Ok.
Rosalie pagou o preço por dormir pouco e de manhã sua cabeça doia e seu humor estava péssimo. Levou Gabriel até um shopping e após comprar algumas roupas para ele foram para a casa de Leon.
- É bom vê-la outra vez Rose, quem é esse rapaz? - questionou seu mais novo empregador.
- Meu assistente, Gabriel. - informou ela, óculos de sol escondiam suas olheiras e disfarçava seu semblante cansado.
- Deixe as malas na sala rapaz, uma empregada vai leva-las para os quartos. Já tomaram café da manhã? - perguntou Leon entrando na casa, os dois o seguiram até a sala de jantar onde Stella e sua mãe já se encontravam.
Leon apresentou o rapaz as duas e todos se sentaram, Rose notou o olhar questionador de Stella enquanto se servia e não deixou de se perguntar o que se passava na cabeça dela.
- A direção da escola autorizou sua entrada como segurança da minha filha, sou uma pessoa importante então o pedido não levantou suspeitas. - informou Leon.
- Ótimo! Gabriel vai entrar com ela na sala, eu fico do lado de fora - o tom da assassina foi irônico e quase riu ao ver a reação de Stella, um misto de surpresa e revolta.
- Faça como quiser, a única coisa que me importa é que Stella fique bem.
- Vai ficar. - Rose por fim sorriu aliviada, tinha se livrado de um possivel futuro problema.
Fim do capítulo
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