Capítulo 4
O edredom caído da cama. Roupas atiradas da cama. Em cima dela, lençóis sendo bagunçados e Andrea perto do ápice do gozo, recebendo um vigoroso sex* oral de Leila. Apertou com força os ombros da mulher que lhe provocava aquela sensação estrondosa, deixando as marcas das unhas em sua pele.
Leila subiu de mansinho e compartilhou o gosto do orgasmo com a boca que aguardava um beijo. E beijaram-se até o fôlego de Andrea voltar ao normal. Recebia ainda beijos demorados no pescoço enquanto consultava as horas no celular ao lado. Deu um longo beijo na testa da loira e levantou da cama.
Andrea juntava as roupas pelo chão enquanto Leila a observava, já enrolada no lençol branco.
— Fica mais um pouco.
— Não dá, Marcos chega do futebol dentro de meia hora, e ainda tenho que fazer janta pra ele. — Ia dizendo enquanto se vestia.
— Você chegou mais tarde hoje. — Leila dizia com tristeza.
— Eu sei, desculpa, fiquei presa no trabalho, você sabe como é. Você viu minha aliança?
— Não tá aqui no criado mudo?
— Não. — Respondeu procurando naquele local pela segunda vez.
— Quando tirou você colocou onde?
— Não sei, não lembro de ter tirado.
— O que??
— Acho que tirei, mas não sei onde está. Leila, me ajude, não posso chegar em casa sem aliança.
— Deve ter caído aí do lado, dê uma olhada, ou atrás.
— Não está, procure aí.
— Você não está insinuando que ela... Andrea, você está dizendo que sua aliança pode ter ficado dentro de mim?
— Talvez, dê uma olhada, eu já estou atrasada!
— Isso é um...
— Achei! — Disse já colocando o anel no dedo anelar. — Te vejo quarta que vem, te mando mensagem depois que Marcos dormir.
— Hey, espere. — Leila se ajeitou na cama. — Isso não está mais dando certo pra mim, Andy, estou cansando disso.
— Mas estamos conseguindo nos ver uma vez por semana, talvez Marcos comece a jogar futebol também aos sábados pela manhã, teríamos mais umas horinhas na semana, não seria bom?
Leila estava visivelmente magoada com a situação, voltou a falar com a voz embargada.
— Não, não é bom. Não estou feliz com isso, não percebe? Já são seis meses que tenho você duas horas por semana, e eu gosto de você, gosto de verdade, eu quero mais, Andy, eu cansei disso.
— Desculpe, é o máximo que posso te oferecer, Marcos é ciumento, ele está sempre perguntando para onde vou... Não tenho como te ver em outros horários.
— Eu serei para sempre sua amante? Ou nem isso eu sou? Tenho clientes que passam mais tempo comigo do que você. — Indagou a loira.
— Então case com um cliente! — Consultou o celular. — Estou mais do que atrasada, depois conversamos, tá bom? A gente se ajeita.
— Andrea, se você deixar seu marido eu deixo de me prostituir.
— E?
— E poderemos ter algo de verdade.
Andrea riu.
— Você ficou louca.
Aquela resposta debochada trouxe um sentimento de humilhação, as lágrimas finalmente surgiram.
— Não precisa vir na quarta que vem. Nem nas outras quartas.
— É isso que você quer? — Andrea perguntou também de olhos molhados.
— É sim.
***
Leila já estava há três semanas trancafiada em seu chalé, isolou-se por vontade própria e a única coisa que a tirava da inércia era o vídeo game. Não houve mais mensagens nem ligações de Andrea. Andava recebendo cada vez mais ligações de seus pais.
— Mãe, o carro de vocês não tem nem um ano, pra que trocar de novo?
— Seu pai não se adaptou a esse, disse que é ruim de dirigir, você sabe que ele tem artrose, precisa de um carro bom. Filha, já pagou as contas que te mandei ontem? Você ficou de depositar nosso dinheirinho hoje, não esqueceu, não é? Tenho que pagar a conta do pet shop hoje.
Leila suspirou esfregando a testa antes de responder, havia esquecido de depositar a “mesada” de seus pais e pagar algumas contas deles.
— Eu sei.
— Como vai arranjar dinheiro isolada aí no meio do mato? Você tem que trabalhar, as contas não param de chegar, minha filha, larga esse vídeo game e vá trabalhar.
As contas realmente continuavam chegando, e a maioria era de seus pais. Reuniu ânimo e voltou para a cidade, já tinha um programa agendado para aquela noite.
Quando entrou no carro do cliente percebeu que já havia um homem no banco de trás.
— Se importa se meu amigo participar também? Posso pagar um pouco mais.
Leila odiava esses programas duplos, mas não podia fazer desfeita com seu cafetão depois de três semanas sem dar lucro.
Naquela semana acabou fazendo mais programas que o normal, precisava enviar o dinheiro para a troca do carro do pai, por isso aceitou trabalhar todos os dias, sem se dar um descanso. Seu coração continuava quebrado e doendo, mas precisava engolir toda aquela melancolia e continuar no exercício de seu infeliz ofício.
Emendou mais uma semana de trabalho, parecia que sua alma se diminuía com o passar dos dias, sentia falta de Andrea e se odiava por isso. Aquela noite estava sendo a mais difícil de todas após o desfecho infeliz: aguardava seu cliente sentada naquele mesmo bar onde conhecera Andrea. Pediu uma dose dupla de Whisky para tentar abrandar a mágoa que a fazia querer chorar naquele balcão.
Um esbarrão na perna, e lá estava a visão de Andrea ao seu lado, com um sorriso tímido e um par de olhos vivos sobre ela.
— O que você está fazendo aqui? — Leila perguntou em confusão.
— Eu gosto desse bar.
— Eu odeio.
— É, eu também odiava. Mas passei a gostar porque foi onde te conheci.
— Sério, Andrea, o que você veio fazer aqui?
— Você marcou comigo aqui às nove.
— Ficou maluca?
— Sou sua cliente das nove.
Leila paralisou, não sabia se era alguma brincadeira de mau gosto.
— Dei um nome falso, obviamente. — Andrea completou.
— Por que fez isso? Por que marcou um programa comigo? Para zombar de mim? Saiba que não vou aceitar fazer.
Andrea pousou a mão sobre a mão dela, que estava sobre o balcão.
— Aquela proposta ainda está de pé?
— Por que?
— Apenas me responda.
— Você nunca vai largar seu marido.
— Me responda.
— Está.
— Então é bom cumprir a sua parte, porque me separei dele semana passada.
— Você o deixou?
— Deixei, estou morando com meus pais. Acabou.
Leila relaxava pela primeira vez, abriu um sorrisinho contido.
— E se eu cumprir minha parte do acordo?
— Eu quero ficar com você, querida. De verdade. Fazer as coisas que casais fazem, prometo tentar ser uma boa namorada.
Largou o copo e virou-se totalmente para Andrea.
— Então estou oficialmente aposentada dessa profissão.
— Sério?
— Vou arranjar outro emprego, prometo.
— Tem mais uma coisa que quero te pedir, que faz muito tempo que venho sonhando com isso.
***
Leila entrou no quarto do chalé com duas canecas fumegantes, sua agora namorada dormia ainda nua e a contemplou por algum tempo. Já havia amanhecido e mal podia acreditar na mudança radical que sua vida havia sofrido, o sorriso de felicidade era quase permanente. A acordou correndo beijos quentes pelas costas, depois ganhou um beijo de bom dia.
— Não era só você que vinha sonhando com isso, amor. Bem-vinda de volta, fiz café.
Fim do capítulo
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preguicella
Em: 13/09/2018
Ah, que lindo! Para nós, as românticas incuráveis, nada mais lindo que um final feliz entre as sapinhas! hahaha
Valeu Cris! Mandou muito bem no desafio! Aliás, várias moças estão mandando muito bem no desafio!
Bjão e que venha o próximo desafio!
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