7 o Jantar

7 O jantar
O delicado relógio de Tayla marcava quatro da tarde de sábado, parada em frente ao espelho, no apartamento de hotel em Richmond, onde havia se hospedado mas cedo, e Tayla não conseguia decidir o que usar no encontro com Malu e Katy.
Sobre a cama, dezenas de peças espalhadas revelavam a confusão e insegurança que lhe iam por dentro, como se estivesse preste a comparecer a um encontro.
Mas quem a aguardava, naquela tarde, e uma mulher muito atraente que por sinal a fez ter sensações de borboletas na barriga... E uma criança de seis anos que nem imagina que ela e sua mãe verdadeira.
Em meio a essa situação terrivelmente delicada, Tayla vestiu um vestido simples e delicado de bom gosto, parecia ser mais adequada à ocasião.
Resolvido o traje, agora iria para seu destino, numa velocidade irregular, acelerava demais em alguns trechos, e diminuía em outros, seu coração que batia acelerado se acalmou quando ela entrou na rua onde fica a cada de Malu, com um alivio no coração parou o carro em frente a casa e consultando o relógio de pulso. Felizmente, conseguiu chegar três minutos antes do horário combinado.
Tomando fôlego, Tayla saltou do carro e caminhou até a entrada do lar dos Torres, em passos firmes e decididos. Sentia se mais confiante.
Tocou a campainha.
Não demorou mais do que alguns segundos para que a porta se abrisse... E ali estava Malu, muito a vontade em suas roupas caseiras, porém elegante: Vestido longo, e uma sandália que mau dava para ver por conta do vestido, cabelos soltos um pouco abaixo do ombro, ainda úmidos do banho, seu perfume exalava.
Para surpresa de Tayla, Malu parecia feliz em vê la, caso contrário, não sorriria daquela forma franca, iluminado tudo ao redor.
Claro que havia um quê de expectativa nos olhos negros e profundos. Mas isso era natural, pensou Tayla. Seu coração acelerou, e sorriu de volta.
Com um pequeno esforço de imaginação, era possível ter algo entre elas, talvez, no futuro fosse possível que....E com um balança de cabeça ela interrompeu aqueles O pensamentos.
- Que bom vê lá.
Disse Malu, num tom amável.
- Entre por favor. Estávamos a sua espera.
- Obrigada. Como tem passado?
- Bem... E você?
- Também.
Ambas se olhavam de perto, Malu podia ver a luz da tarde refletindo se naqueles olhos incrivelmente azuis, as pupilas como duas minúsculas ônix no centro de lagos muito calmos...
Sem se dar conta do que fazia, Malu deixou seus olhos percorrer todo corpo de Tayla.
- Temos visita.
voz de katy chegou ate ambas, que por um instante haviam esquecido de tudo ao redor, e voltando para a realidade Malu indagou:
- Você lembra de Tayla, não e mesmo?
- Sim, a moça do carro. Como e seu nome mesmo?
- Tayla.
- Está calor, você aceitaria um copo de chá?
- Sim, obrigada.
- E você, mamãe?
- Aceito, também.
Katy fingiu anotar os pedidos, como uma garçonete profissional, e foi busca os chás que já estavam prontos na cozinha.
Encantada, Tayla observava a filha com extrema atenção. Cada movimento, por menor que fosse.
- Está nervosa?
Perguntou Malu, quando Katy retirou se para cozinha.
- Está tão evidente assim?
- Um pouco.... Mas, no geral, você vai indo bem.
- Obrigada. E você, como se sente?
- tensa, e claro. Não estou acostumada a representar diante de minha filha.
- Sinto muito, por isso.
- Ora, o que não tem remédio, remediado está.
- Você gosta realmente de ditos populares, não?
- Há muita sabedoria neles, só que as vezes as pessoas utilizam de maneira erradas.
Katy voltou da cozinha, trazendo uma bandeja com três copos de cristal.
- Um chá para mamãe Rainha, e um chá para a princesa.
Disse, com graça, entregando ambos os copos e, em seguida pegando o seu, depositando a bandeja em uma mesinha de centro.
Todos com seus devidos chás, que chegou o momento dos três permanecerem calados, sem ter o que dizer. Ora os olhares se cruzavam, ora perdiam se no vazio ou na contemplação de um quadro na parede. Por fim, Malu tomou a iniciativa para mudar o clima, que se tornava constrangedor.
- Katy, você me pediu para arruma a mesa... Ainda quer fazer isso?
- Sim, mas não quero ir sozinha.
- Bem, se Tayla não se importar, ela pode ajudar você, enquanto eu término de prepara a lasanha.
- Para mim, está ótimo.
Tayla apressou se a concordar.
- Esta bem!
Katy falou com um sorriso.
Os três foram cada um fazer suas devidas tarefas.
Katy movia se com desenvoltura, pela sala de jantar, seus movimentos eram espontâneos, confiantes, revelando um caráter equilibrado e tranquilo. Decididamente, ela era uma menina encantadora.
Tayla a seguia com os olhos todo tempo, enquanto a ajudava. E assim que terminaram, Katy levou a para lava as mãos.
Cerca de meia hora depois sentadas sozinhas a mesa conversando, Tayla podia sentir, no ar, o aroma de lasanha.Malu pôs a lasanha na mesa, fez o apetite de Tayla vim, que durante o dia todo não havia se alimentado naquele dia, devido a ansiedade, e agora com lasanha em sua frente parecia delicioso, e o janta teve início.
As três saboreavam a refeição num clima carregado de alegria e ternura, de um modo singular e inesperado. Seria terrível se de repente despertasse em sua cama sozinha, pensando em como aquele sonho dourado parecera real... Em como sonhara com a filha, que morrera bebê.
" Não " Tayla gritou dentro de si. Tudo aquilo estava acontecendo de verdade. Se os sofrimentos da vida eram real, por que a felicidade não seria?
No final da refeição, Tayla pediu licença para sair.
- Preciso ir até o carro, mas voltarei num instante.
- Quer que eu a acompanhe?
Katy se ofereceu.
- Não, obrigada.
Tayla sorriu antes de se pronúncia.
- Tenho uma surpresa para você.
Quando ela se afastou, Katy inclinou se na direção de Malu e disse em voz baixa:
- Que surpresa é essa mãe?
- Não sei filha, vamos espera ela volta pra vemos.
- Ela parece esta gostando da gente.
- Parece sim filha.
Malu falou com um sorriso bobo no rosto, com o jeitinho que Katy falava.
- ela e bem bonita também, os olhos dela se parece com os meus.
Malu forçou um sorriso, enquanto pensava em algo apropriado para dizer. Algo que de alguma forma preparasse Katy para a verdade inevitável, que em breve abalaria seu mundo tranquilo e bem estruturada. Algo que como uma ponte ligasse a figura de Tayla Turner a vida de ambas...
Mas desistiu. Não sabia por onde começar, nem sentia se forte o suficiente para tanto. Por isso, apenas comentou:
- Ela realmente e muito bonita, filha. Mas seus olhos e você são mais.
- Você esta namorado ela, mamãe?
Malu que bebia uma agua na hora, começou a torci com a pergunta da filha.
- Que pergunta filha.
- Há mãe, e que tenho uma amiga que tem duas mães, e deve ser legal ter duas mães.
Malu sorriu com a resposta da filha e falou:
- Não, não estou namorado a senhorita Turner!
- Mas a senhora quer?
Malu ficou calada pensativa, nunca tinha sentindo atração por mulher, e depois da morte de seu marido, jamais saiu com ninguém, até por que ninguém a atraia, mas foi só Tayla aparecer em suas vidas que começou a senti borboletas na barriga, começou a se sentir atraída pela mesma, mas não sabia o que fazer, estava com medo desses sentimentos, medo por ela ser a mãe biologica de sua filha.
- Mãe? Mãe?
Katy tirou Malu dos seus pensamentos.
- Oi filha, desculpa! Estava pensando.
- Pensando na Srtª Tayla?
- Sim, que dizer não.
- Sim ou não? Sabe que não pode menti e feio.
- Sim.
Malu falou respirando fundo.
- mãe, se a senhora gosta dela, pra mim tudo bem, só me prometa que continuara me amado, e não me deixara de lado.
Malu olhou bem nos olhos da filha e falou:
- Isso jamais acontecera.
- Jura?
- Pelo que existe de mais sagrado no mundo, minha filha.
- Tudo bem, então você pode namora com ela.
Falou rindo da cara de sua mãe que ficava vermelho, e nesse momento Tayla se aproximava com um volume envolto em papel alumínio.
- Fui até o carro buscar.
Disse Tayla, depositando o volume sobre a mesa.
- O que é?
- Uma surpresa para encerrar o jantar. Abra por favor.
Katy desembrulhava o bolo de chocolate.
- Nossa! E o meu preferido, Tayla! Que maravilha! Vou buscar os pratos e talheres.
E correu para a cozinha.
- Cuidado filha.
Malu falou para Katy que saiu correndo, e voltando para Tayla falou:
- Você acaba de conquista lá.