AZUL VIOLETA por alex72
Descobrir-se é algo duro, e a 20 anos atrás era como nadar contra a correnteza, poucos se assumiam e maioria ficava no armário. Como será para elas?
Capítulo 2 - Sou gay e ela noiva?
ALINE
Hoje estava almoçando sozinha, sou assim gosto de ficar só com meus pensamentos, esquentei a marmita e sentei no pequeno refeitório, ai ela entrou, perguntou se podia ficar ali comigo, sentou na cadeira a minha frente, aqueles olhos violetas pareciam arrancar minha alma, ficou ali falando dela, contando as últimas saídas e ficadas com o Marcos.
Não quero saber disso, para de falar do jeito que faz, como ele te toca, eu te amo porr*!
Meu coração ficava pequeno escutando ela dizer aquelas coisas, queria que fosse eu a dona de tudo, dela, daquela pele branca, a vontade que eu tinha de toca-la me consumindo, sufocando. Estava tudo confuso em minha cabeça, tantas perguntas sem resposta, eu não sabia o que fazer, gostando de uma mulher.
Eu já tinha separado uma bala para ela, com aqueles recadinhos, quando separei pensei, quem sabe ela entende que eu estou gostando dela, acabei de almoçar peguei uma bala para mim, e entreguei a que estava separada para ela.
Ela leu o recado, ficou um segundo em silêncio e eu na esperança que ela dissesse algo especial para mim, ela abriu a boca e disse:
- Legal a frase, vou guardar e dar para meu namorado ele vai adorar o recadinho.
Foi como se ela com aquela frase tivesse arrancado meu coração, ali resolvi, tinha que esquece-la.
Resolvi fazer algo para machuca-la também, sei que parece bobagem de adolescente e deveria ser mesmo, no outro dia comprei um lindo buque de rosas vermelhas e mandei entregar para mim mesma na empresa.
Entregaram e eu fingi que estava feliz e apaixonada, sabia que ela era uma pessoa curiosa, e dito e feito me perguntou se eu estava namorando, falei que estava conhecendo alguém, ela me perguntou quem era , falei que um dia apresentaria ele.
Ela saia com Marcos e tinha o namorado, pois bem eu também iria agora fazer como ela, trata-la como uma colega de trabalho simplesmente.
Pois sim, só precisava fazer meu coração entender!
Lorena
Minha vida andava corrida, faculdade, os preparativos do noivado, meu caso com Marcos e Aline.
Me pegava pensando nela, em momentos esquisitos, aqueles olhos castanhos que ficavam parados sobre mim, parecendo querer me desvendar, sempre que fazia isso meu estomago contraia, eu não entendia o por que aquela adolescente tinha este poder, vai ver era pelo seu jeito tão carente de ser.
Ela recebeu um mega buque de rosas e fiquei bolada, ela não havia me dito que estava namorando, eu contava tudo para ela, e ela não tinha me contado esta novidade?
Fez cara de apaixonada com aquele buquê nas mãos e uma sensação ruim apossou de mim.
Afinal de contas o que eu tenho!
- Você está namorando Aline?
- To conhecendo alguém Lorena.
Como assim Lorena?! Onde tinha ido parar o anjo?
- E quem é ele? Perguntei.
- Um dia te apresento. E saiu sem falar mais nada.
Fiquei meio sem chão. Nos dias seguintes fiquei meio gripada, sou muito branca, andava com o nariz vermelho, exausta com as provas da faculdade e provas de coisas do casamento que seria no início do ano seguinte.
Eu e o coelhinho alias Aline, estávamos mais afastadas ela parecia agora mais amiga de Rosangela do que de mim, a morena jambo vivia para cima e para baixo com ela e seus sorrisos largos no rosto, escutei uma conversa delas e Aline convidou ela para ir na sua casa.
Engraçado ela nunca tinha me convidado, fiquei triste.
Uma semana com aquela gripe infernal, estava já para morrer, nada melhorava. Entrei na sala da Aline, ficava lá a maquina de xerox, ela sentava perto da porta, entrei e nossos olhos se encontraram, era sempre estranho a conexão que tínhamos desde o primeiro olhar. Maria ficou me observando, quando comecei a tirar os xerox ela me perguntou.
- Loura, você ta mal heim?
- Sim to muito gripada.
- Gripada e deve ta louca com os preparativos do casamento né?
Eu gelei quando ela disse isso, virei para a Aline, e ela me olhava com cara de espanto, me perguntou.
- Você é noiva? Vai casar?
- Sim, sou noiva.
Aline
Me propus esquece-la, tinha que tirar ela da minha cabeça, quando eu descobri que estava gostando dela, fui para a igreja na rua da minha casa, sentei lá e chorei como um bebê, perguntando a Deus o porquê, o que tinha feito para merecer um destino daquele?
Já sofria tanto com os problemas da minha casa, da minha família, com minha mãe.
Depois de mandar o buque para mim, me afastei dela, tentei de todas as formas manter distância, somente meu coração não esquecia ela, resolvi dar uma chance ao Bel, ele tinha tempos insistia em ter algo comigo, ele era casado, mas como eu já nem sabia o que eu era, resolvi começar a sair com ele, já que ele não poderia me exigir muito.
Esta semana ela está mal de gripe, muito branca ela estava rosa, aquelas sardas lindas, no rosto pálido, como alguém podia ser tão linda senhor.
Ela entrou em minha sala, e prendi minha respiração, nossos olhos se encontraram, a velha descarga elétrica, ela foi para o xerox e minha atenção toda nela, minha chefe começou a conversar com ela e minha cabeça deu um nó, quando Maria disse que ela estava fraca não só pela gripe como pelos preparativos do noivado.
Noivado? Ela era noiva? Ia casar? Como assim? Como eu não sabia daquilo.
Ela ficou rubra e olhou para mim com aqueles olhos azuis violetas, machucando minha alma, perguntei para ela se ela era mesmo noiva, querendo que a resposta fosse não, mas ela confirmou, fiquei sem chão.
Noiva é muito pior do que namorado, ela vai ser de alguém pensei.
Ela saiu rapidamente da sala, e segurei minha cabeça, apoiando os braços na mesa, Maria me chamou tirando do transe.
- Aline, seja você. Lute pelo que você sente e quer. E saiu dizendo que ia me deixar sozinha.
Estava tão na cara assim? Maria sabia do meu amor por Lorena? E ela? Deus não entendo mais nada.
Minha cabeça entrou em parafuso e uma dor infernal se apossou dela, estava próximo do fim do expediente graças a Deus, encostei na mesa, estava assim absorta, quando o perfume dela chegou primeiro.
- Você está bem? Ela perguntou da porta.
- Não.
- Quantos anos você tem Aline? Perguntou ela me olhando nos olhos, o que vi no olhar foi pena?
- 17 faço 18 daqui a 4 meses.
- Muito nova.
- Lorena, estou com muita dor de cabeça, não estou afim de conversar agora.
- Ta certo, fica bem! Disse com uma voz pesarosa.
Ela foi o banheiro e eu ali sem chão, sem entender nada mais da minha vida.
Escutei o Ademir chamando por ela avisando que o Lidnei estava no telefone, o namorado que agora eu sabia ser noivo.
Ela gritou do banheiro dizendo que já estava indo, passou pela minha porta e novamente nossos olhos se encontraram, os meu com certeza expressavam toda dor que eu estava sentindo e o dela a meu ver expressavam pena por mim.
Fiquei ali parada tentando pensar no que pensar.
Fim do capítulo
Mais um capitulo, beijos a todas, espero que gostem.
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