No Inferno
Batia constantemente contra a madeira, mas era em vão. Me passava várias coisas pela cabeça, e começava a ficar sem ar.
Temia por mim e pela minha família, mas ouvi batidas em cima do caixão.
-Me tira daqui!!
- Está confortável aí dentro!!
Era a voz do Jorge, meu corpo tremeu violentamente ao ter a percepção que aquele manipulador, me sequestrou.
-Acho que está muito confusa aí dentro, não é mesmo.
Fiquei calada o que falaria ? Só ia piorar as coisas pro meu lado.
Estavamos ainda na empresa quando escutei um grito da Aline, entrei em sua sala e a vi com a mão na boca olhando pra televisão.
Na reportagem falava sobre o sequestro da minha mãe, que após a cirurgia homens invadiram o hospital fingindo se passar pela equipe médica, entrando em seu quarto e a transferiram pra uma maca a transportaram pelos fundos.
Uma das enfermeiras ainda passou por eles, ela revelou que o corpo estava todo coberto como se estivesse morto, horas mais tarde entramos em seu quarto e a paciente não estava, olhamos em sua ficha e nenhuma transferência havia sido feita, foi quando checaram as câmeras de segurança, os sequestradores não se importaram em mostrar os rostos.
-Desliga isso!!
-Claro, meu Deus minha mãe sumiu! Vou ligar pra Gabriela.
Peguei o celular e mandei uma mensagem pra Glória vim imediatamente pra cá, e liguei em seguida pra Gabriela, mas caia sempre na caixa postal.
-Merda ela ainda deve está fazendo a prova!
Acionei toda a segurança da empresa e de casa, pedi pra secretaria trazer um chá pra acalmar a Aline, sentei ao seu lado dando todo o apoio.
Sai da faculdade com sensação de dever cumprido, ao descer as escadarias peguei o celular na bolsa, porém senti mãos fortes me encapuzando e me arrastando, me jogando dentro de um carro.
-Cala a boca!! Ou vai ser pior pra você.
-Foi como tirar doce de criança.
-Pra onde vocês estão me levando ?
-Melhor amordaçar-la
-Na....Humm Hummm!!
Quanto mais o tempo passava mais nervosa ficava, enquanto Jorge se gabava do seu sequestro.
-Achou mesmo que ficaria assim, Rafaela!!
Bateu várias vezes na tampa do caixão, enquanto tentava acalma-lo em vão.
-Você sabe que a polícia vai chegar aqui, não existe sequestro perfeito.
-Esse foi o seu problema Rafaela, sabe me considero um gênio da manipulação, afinal quem diria que sua primeira esposa fosse ter uma morte tão trágica.
Ao ouvir aquele desgraçado falar da minha falecida esposa bati com força na Madeira, escutava suas gargalhadas e alguns passos se afastando, novamente forcei a tampa e aos poucos ela ia se abrindo me permitindo ver o exterior.
Novamente ele se aproximou batendo com força e cortando minha visão.
Filho da puta.
- Eu mandei matar a sua esposa sabia, como foi eu mesmo que colocou a Gabriela na sua vida. Claro sem ela saber, mas a infeliz fez o contrário do esperado.
-Seu filho da puta eu vou acabar com você, vou fazer com que apodreça na cadeia!!
Ele ria alto enquanto me debatia dentro daquele cubículo, fechei os olhos por um momento foi quando senti algo descendo pela minha cabeça, era sangue.
-Ótimo a atração principal chegou.
Tentei força e a tampa, mas era em vão meu corpo estava fraco demais.
Homens me levaram pra alguma espécie de galpão abandonado, caminhamos até os fundos aonde havia um guindaste e um caixão.
Ao ver que era o Jorge temi pelo meu filho, tentei me soltar dos braços dos seus capangas em vão.
Eles me fizeram sentar numa cadeira, enquanto mirava os olhos daquele infeliz.
-Agora sim a festa pode começar, de um lado a garota de programa, e do outro a empresária bem sucedida no caixão.
Ao ouvir suas palavras de horror olhei pro caixão, meu coração gelou no momento em que me dei conta que Rafaela estava dentro dele.
Tudo começou a ficar embaçado e distante.
-Chefe ela desmaio.
-Abram o caixão, filmem isso.
Os homens abriram o caixão com pé de cabra e tive a melhor visão da minha vida, poder deslumbra todo o pavor e sofrimento da Rafaela, deitava apavorada numa possa de sangue que se formava.
-Peguena!
Os homens a pegaram pelos ombros e a colocaram sentada, forcei seu rosto a olhar apenas pra um só lugar.
- Não ponha suas mãos sujas em mim!!
-Pra uma pessoa que está morrendo, está muito valente.
Ele forçou minha cabeça a olhar pro que ele queria, meus olhos demoraram pra acreditar e ver que Gabriela estava desmaiada e amordaçada no banco.
-Meu filho...
-Ohhh que lindo, preocupada com o filhote.
Jorge fez sinal pros seus homens, e um deles pegou um balde com água e jogou na Gabriela, que voltou assustada ao me ver seus olhos se cruzaram com os meus, e um sorriso de leve brotou de seus lábios.
-Vai ficar tudo bem...
- Não vai ficar tudo bem!!! Está me ouvindo vocês duas vão morrer hoje!
Ele forçava minha mandíbula e olhava em meus olhos com toda a raiva contida durante anos, ali eu premsenti que não estávamos mais lidando com o Jorge que conhecíamos e sim com outra pessoa.
-Agora volte pro seu lugar.
Ele me jogou com violência dentro do caixão e ainda escutei Gabriela murmurar algo inaudível, e o caixão se fechar bruscamente me deixando na escuridão novamente.
Aline tomava o chá tremendo, enquanto os policias grampiavam meu celular e todos da empresa.
O elevador abriu e avistei minha noiva e Antônio trazendo Samanta no colo.
-Mamãe...
-Filha! Obrigada por traze-la, Antônio.
-Era o mínimo que podia fazer.
-Está em todos os jornais meu amor.
Glória me consolava enquanto esperávamos por ligações, que talvez nunca surtissem efeito, ele tinha tudo em suas mãos.
Meu corpo tremia olhava ao redor e pra cada cantinho que olhava, via homens muito bem armados.
-Conseguiu ficar grávida não é sua vagabunda!
Levei dois tapas fortes do rosto, algumas vezes ele saia pra fumar e me deixava a mercer de seus homens enquanto meu coração se apertava aos poucos por saber que meu amor estava dentro daquele caixão.
Quanto mais tempo passava mais tensos e impacientes ficávamos, a equipe da polícia estava estranhando muito ele não entrar em contato.
-Vocês têm que fazer alguma coisa, são minhas mães que estão lá!!
- Não podemos agir sem pistas, senhorita.
-Calma menina Sofia.
-Calma é o cacete!! Será que esse degenerado não possui família?
-Ele não te contou sobre os pais ?
- Só da mãe dele.... AHHHH as vezes esqueço que sou filha dele.
Estava escorada na parede de costas, quando Antônio tocou em meu ombro.
Ao me virar seus olhos estavam marejados.
-Pelo menos há algo que tenha de se orgulhar nisso tudo.
-E o que é ?
- Eu... Eu.. sou seu avô
-Meu... avô?
As palavras saíam arrastadas da minha garganta, meu corpo estava paralisado e tudo aquilo começava a fazer sentindo, o carinho a dedicação o amor.
-Eu... preciso ficar sozinha.
Passei por ele ainda muito emocionado e deixando a sala, ao entrar na minha me permitir me jogar no sofá extasiada.
Seu celular não parava de tocar, Jorge estava impaciente, andando de um lado pro outro.
-Vamos acabar logo com isso, quando vierem me procurar estarei bem longe.
Foi quando escutamos um estrondo na entrada.
-Vão vão!!
-Mais e elas chefe!
- Eu mesmo faço vai!
Jorge deu ordens pros homens seguirem, enquanto tentava me soltar usando todas as forças que possuía naquele momento.
Ele subiu no guindaste e começou a mover.
Escutei barulho de máquina e tentei abrir a tampa porém algo ergueu o caixão, me soltei a tempo de ver o misseralvel levantar o caixão, tirei a acordacar e corri em direção a máquina.
- Como será a sensação de ser enterrada viva!
Abri a porta dando de cara com ele e o ataquei, usei todas as minhas armas possíveis. O arranhei desferir vários tapas, mas teve um momento que Jorge me pegou pelos ombros me jogando contra os controles isso fez o caixão mudar de posição.
-Sai daqui!!
Ele me jogou contra o chão deixando a porta em seguida.
Senti uma dor enorme, ouvia os gritos de socorro da Rafaela enquanto tentava me levantar em vão.
Algo não estava certo forcei a tampa e avistei Gabriela deitada no chão, sentindo muita dor.
O chão começou a tremer e vários pedaços de madeira voaram e um clarão se fez presente.
Não sabia quem era, mas veio correndo em minha direção.
-Você está bem !?
Olhei praqueles olhos castanhos e assenti, apesar da dor.
-Minha esposa está no caixão.
Ela olhou nitidamente pra dois pontos o do caixão e do trator, faltava pouco pro Jorge concluir seu feito o burraco estava pronto.
-Por favor faça alguma coisa.
-Foi pra isso que eu vim.
-Vamos ali!
Falou pros homens que entravam, e correu na direção do trator.
Furando os pneus traseiros, enquanto seus homens tiravam Jorge a força da máquina, vi quando o caixão fora colocado no chão e a mulher correu até ele pra abri-lo.
O caixão foi aberto estava prestes a atacar seja lá quem fosse, mas estranhei quem era aquela mulher ela me tirou do caixão enquanto os homens seguravam o Jorge.
Corri em direção a Gabriela que ao me ver chorou, a abracei forte.
-Está machucada aonde doi ?
-As costas, mas o importante é que você está bem.
Estávamos distraídas quando percebemos Jorge havia si soltado e estava correndo em nossa direção com uma faca.
Me coloquei na frente da Gabriela, quando escutamos apenas dois tiros, o atingindo nas costas.
Seu corpo se deixou cair diante de nós, e de joelhos com a boca cheia de sangue ainda nos olhava com perversidades.
A mulher se aproximou e chutou suas costas, não demorou muito pra morrer.
-Ele não iria muito longe mesmo, Galeão destrua a arma.
Ela entregou pra um de seus homens e caminhou em nossa direção se abaixando.
-Vou levar vocês pra um lugar acessível, mas inventem algo pra polícia, pode ser.
-Quem é você?
Perguntou Gabriela pra mulher que se levantou e sorriu.
Eu sou Gardênia, Jorge estava me devendo uma grana e não era de hoje que estava na cola dele.
Ajudei Gabriela a se levantar, enquanto a mesma estava mais preocupada comigo do que com ela mesma.
- Não foi difícil achar aonde esse rato de esgoto estaria.
Ela chutou o corpo do Jorge, que a essa hora estaria queimando no inferno.
-E também o rosto de vocês duas está em todos os jornais, pra mim é uma honra ter salvado a vida de vocês duas.
O homem se aproximou e disse que estava tudo limpo, e que o carro estava nos esperando.
Deixamos o local e era mesmo um lugar de difícil acesso, nem mesmo a polícia conseguiria chegar aqui.
Demoramos uma hora e meia pra chegar num lugar apropriado, pensando seriamente em mentir pra polícia.
-Você e igual ao Jorge?
-Meu amor está fazendo perguntas demais.
- Eu era, eu acho Jorge era o meu último cliente e o que mais me devia. Tenho dinheiro o suficiente pra abrir minha joalheria.
-Do que me lembro, pouca coisa só sei que Jorge possuía muitos inimigos.
Falei pros policiais enquanto eles apontavam tudo, Sofia ficou ao meu lado o tempo todo. Pedi pra ficar no mesmo quarto que a Gabriela, até que a enfermeira entrou e disse que havia muitas pessoas no quarto.
Aos poucos todos saíram restando apenas nos, os exames da Gabriela mostraram apenas um inchaço na lombar devido a queda, e que estava tudo bem com o nosso filho.
- Não acredito que vamos ter paz, finalmente.
-Precisamos convidar a Gardênia pro casamento da Sofia.
Suspirei apesar dela ter salvado nossas vidas não tinha muita segurança nela.
-Claro meu amor.
Fim do capítulo
Penultimo capítulo
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