POV Nanda

 Nós tínhamos acabado sair da pet e as crianças estavam enlouquecidas tagarelando sem parar. Já fazia algum tempo que pensávamos ter um novo cãozinho e a Jennifer nos ligou falando sobre dois filhotes que foram “jogados fora” após o dono descobrir que eles tinham um grande problema de pele.

Então, Valdir e Dóris, dois pugs, entraram na nossa vida e estavam indo para casa. A grande maioria das pessoas que querem muito uma raça de cachorro que está na moda é que não se informam de todos os cuidados que necessitam. Os pugs precisam de banhos semanais, colírio diário porque os olhos são muito arregalados e falta lágrima, sem falar em problemas respiratórios. Por outro lado, são extremamente amorosos e companheiros.  Você nunca irá ficar sozinha se tiver um cão dessa raça. Entramos em casa com os novos habitantes e vejo o padrinho correr para a nossa direção.

—  Olhem o que o vovô comprou!!! – trazia vários tipos de brinquedo para cães, alguns muito maiores do que os filhotes.

—  Vovô esses brinquedos são muito grandes para os bebezinhos. – AnaBea, a minha princesinha loira, igual a mãe, sempre tão centrada e inteligente, fala olhando sobre seus pequenos óculos.

—  Ah, mas eles vão crescer, né vô? – João tenta “apaziguar” a situação.

—  Enquanto isso eu brinco. – AnaLu corre e pega os “ossos” com barulho e sai em disparada, sendo seguida pelos meus outros filhos.

Ficamos eu e o padrinho olhando aquela algazarra. A madrinha, mainha e minha esposa foram ao salão e eu fiquei de trazer a “encomenda” canina.

—  Como é engraçado ver que cada um dos meus netos tem temperamento diferente do outro. – padrinho falava enquanto brincava com a Dóris. Valdir corria atrás dos meus filhos.

—  Mas sabe que isso é bom padrinho? Imagina se tudo puxasse a sua filha? Eu tava perdida! – rimos muito, ainda bem que a Clarinha não estava por ali.

— Nanda, você já contou para a Ana Clara que o Vitor saiu da clínica e foi para casa? – Vitor estava em prisão domiciliar, mas como seu estado era muito debilitado, ele foi para uma clínica particular paga pelo Fernando.

—  Contei padrinho e ela não gostou nada. Não quer nem que a Summer venha mais aqui ou que João saia com a Theodora.

—  O importante é manter a versão de que os doadores foi você e Fernando e a Clarinha que gerou o meu neto.

—  Se depender de mim ele nunca vai olhar a cara do meu filho.

—  Você sabe que o João lembra muito ele nessa idade, não é? Mesmo sendo muito parecido com você, qualquer um pode notar a semelhança entre ele e o Vitor. Ao contrário das meninas que são cópias de vocês duas. AnaBea idêntica a Clarinha e AnaLu a você. Se olharmos fotos de vocês pequenas e colocar as meninas lado a lado, a única coisa que muda é a cor dos olhos da Ana Luiza.

—  O gênio também é parecido. A Beazinha é mais calma que a Clarinha, mas tem seus dias de jaguatirica. Ana Luiza é igual a mim, sem filtro. Ou seja padrinho, não quero nem ver quando ela chegar na adolescência. – rimos novamente.

—  Que algazarra é essa ai? – Alex chega e as crianças gritam felizes. – Novos moradores? – a loira se abaixa e brinca com Valdir.

—  Dinda Alexxxxxxxxx – AnaLu corre e se joga nos braços da pequena e as duas caem no chão rindo, fico preocupada pelo estado debilitado da minha amiga mas ela sorri mostrando que estava tudo bem. – Cadê a dinda Lu?

—  Ué, só a Lu, só a Lu... vou chorar assim – a loira faz bico para a minha filha que a abraça. – Não dinda não fica triste....

—  Dinda vem brincar com a Dóris e o Valdir?

—  Dinda Alex vem ver o meu forte novo?

—  Gente deixam a tia de vocês respirar. Vão lá dentro e peçam a dona Edi que arrume água e um pouquinho de ração. Mas só o que a Jennifer falou tá? Viu padrinho? Não pode dar comida para eles sem ser ração porque eles têm alergia.

—  Tadinhos!! Não vão poder nem comer uma linguicinha em dia de churrasco?

—  Não pode! – meu sogro ia ser um problema, com certeza ia encher os cãezinhos de petiscos.

POV Ana Clara

—  E o nosso medo Lu é que ele veja que o João é filho dele.

—  Mas não tem como proibir ele de ter contato? – minha amiga pergunta enquanto estamos no meu quarto trocando de roupa. Fomos ao salão com mamãe e minha sogra e agora iríamos para a piscina.

—  Ele não vai ter contato, mas mesmo assim... tem a Summer... e aquela ridícula sem sal da Sol.

—  Clarinha, quando o João for mais velho vocês precisam contar a ele o que aconteceu. Imagina se ele descobre que é filho do microp*nis/semp*nis? E se aquele lá inventar uma história triste?

—  Nem quero imaginar isso. Olha só, João tem oito anos ... quando ele fizer 12 a gente conta.

—  Isso!

Sabe quando você tem a sensação de que a merd* iria acontecer, mas não pode fazer nada? Era exatamente como eu estava me sentindo. Fomos para a piscina e as crianças estavam empolgadíssimas com os novos moradores. Logicamente que AnaLu corre e se atira na Luiza quando nos vê.

—  Dindaaaaaaaaaaaa.... onde você tava? O que foi fazer? Tá bonita com esse cabelo. Vem ver o Valdir, tem a Doris também, mas o Valdir é menino ele tem pinto, a Doris é menina porque não tem pinto, o João tem pinto e faz xixi em pé, eu tentei fazer xixi em pé e molhei a calcinha e Voinha disse que eu tinha que fazer xixi sentada, o Jorge meu colega diz que menino é mais forte que menina mas eu peguei e chutei ele e ele chorou, a profe disse que não era pra eu ser assim com os amigos, mas ele que começou, agora Mainha vai me ensinar a lutar e disse que eu não posso lutar na rua, mas eu quero aprender a tocar o violão grandão da Mainha e ai eu vou cantar música pra você como ela canta pra mamãe, e ai a gente pode ser namorada porque eu falei com a Dinda Alex e ela deixou, mas o Jorge quer ser meu namorado, mas mamãe disse que criança não namora mas a Summer namora o Lucas que eu vi e a Sofia também... – era sempre assim quando a minha filha via a Luiza, não deixava ela em paz em nenhum momento e falava sem parar.

—  Nossa, você tá linda demais. – minha esposa chega e me abraça por trás, falando baixinho no meu ouvido. – Tudo isso é para mim? – ela morde o lóbulo da minha orelha e eu estremeço.

—  Só para você. – me viro e a beijo.

—  Urhggg que nojo! – João grita de dentro da piscina.

—  João os adultos se beijam quando estão namorando e não é nojento – AnaBea fala daquele seu jeitinho adulto.

—  Quando eu namorar o Jorge eu vou beijar ele mesmo que ele coma meleca, sabia dinda Lu que o Jorge come meleca? Eu vi ele comendo meleca, mas eu não sei se vou namorar ele mesmo porque se ele quiser comer a minha meleca, dai é nojento né? Eu como a minha meleca mas as outras pessoas não podem comer as melecas dos outros. Dinda Alex você come a meleca da dinda Lu?

—  De certa forma.... – a loira riu alto seguida pela Nanda.

—  ALEX!!! – eu e a Luiza gritamos ao mesmo tempo.

—  Comer meleca não é correto porque tem “microorbios”, a profe que disse. – AnaBea se pronunciou.

—  Dinda Lu quando eu casar com você porque a Dinda Alex deixou eu vou comer meleca sua tá, mas não sei se eu vou comer a meleca do Jorge porque é meio nojento... o mamãeeeeeeeeeee eu tenho que comer a meleca do meu namorado?

—  Não AnaLu, não precisa. – AI MEU DEUS! De onde ela tira isso?

—  Ainda bem... mas da tia Lu eu como tá, tia.

—  Quem sabe vamos parar de falar em meleca e ir para a sala ver um filme?

—  HOMEM ARANHAAAAAAAAAAAAAAAAA – AnaLu e João gritam.

—  Ah não! Mamãe você prometeu que o próximo eu iria escolher. – AnaBea faz bico.

—  Gente a AnaBea que escolhe!

—  Ai que meleca, Frozen de novo. – AnaLu fala. – MELECA – ela e o João começam a gargalhar sendo acompanhados por todos.

Fim do capítulo