Capítulo 52 -- E O Vento Levou
A ILHA DO FALCÃO -- CAPÍTULO 52
E o Vento Levou
Sidney apressou-se a puxar a amiga pela mão e levá-la até o sofá.
-- Menina que novidade é essa? -- pela primeira vez desde que chegaram a ilha, Sidney viu Andreia sorrir radiante.
-- Tenho muitas novidades, Sid.
-- Conta, conta. Estou em cólicas -- pediu, ansioso.
Os olhos de Andreia brilharam ao olhar para o amigo.
-- Estou tão aliviada, tão feliz. As vezes parece que estou sonhando. Tenho agradecido muito a Deus por tudo o que está me acontecendo!
Ao ouvir isso ele se inclinou para a frente, com um brilho impaciente no olhar.
-- Então, você contou a verdade para ela?
-- Contei tudo -- Andreia abriu os braços -- Na verdade ela já sabia há muito tempo e estava apenas esperando a minha confissão.
-- Talvez ela só estivesse esperando uma demonstração de arrependimento da sua parte.
-- Foi isso mesmo -- Andreia sorriu -- Você tinha razão. Nós nos amamos. Ela tem sido tão boa para mim sabe, tão maravilhosa. Ela me ama, me completa, me alegra e me faz sorrir. E é impossível não amar uma pessoa assim igual a ela.
-- Isso só pode ser coisa de Deus! A Natasha é uma mulher tão difícil, tão durona -- disse Sidney, sorrindo ao ver o brilho radiante e aliviado nos olhos de sua melhor amiga -- O amor faz milagres.
-- Já dizia Wilian Neri: O amor tem uma força diferente... Querendo ou não, ele muda a gente.
Sidney bateu palmas, aplaudindo-a e beijando-a na bochecha.
-- Quer dizer que estamos perdoados? As duas caninanas vão poder voltar da ilha Carolina?
Andreia ficou um momento em silêncio e logo prosseguiu:
-- A Natasha me prometeu que não vai nos denunciar a polícia, porém, Sibele e Marcela vão continuar na ilha. Será um tipo de punição imposto a elas por serem responsáveis por arquitetar o plano.
-- E eu? -- Sidney, apoiou-se nela e lançou um olhar nervoso -- Também serei punido?
-- Quanto a sua punição, Natasha deixou para que Leozinho decidisse o que fazer.
A surpresa estampada no rosto do amigo era impagável.
-- O Leozinho?
-- Sim, portanto, entenda-se com ele -- Andreia sorriu -- Leozinho pediu a Natasha que o trouxesse. E ela aceitou.
-- Ai, que alívio -- ele riu, meio de lado.
Andreia remexeu-se no sofá e colocou uma almofada sobre as coxas.
-- Estou grávida -- disse, de supetão.
No mesmo instante Sidney ficou sério. Depois, soltou violentamente o ar que estava preso em seus pulmões.
-- Caramba! Fiquei rosa.
-- A Natasha foi me buscar assim que soube do resultado do exame.
-- Você sempre foi tão prevenida -- comentou num tom afetuoso -- Imagino que deva ter ficado chocada com a notícia.
-- Por que está tão preocupado? -- ela quis saber, observando-o com as feições endurecidas.
-- O pai é o César. Não é mesmo? Tem como não ficar preocupado?
Andreia abaixou a cabeça para esconder a fisionomia triste.
-- O bebê não tem culpa de ter um pai mau caráter.
-- Com certeza, mas o César vai incomodar. Pretende contar a novidade a ele?
Andreia negou com um gesto. Sidney balançou a cabeça, sua boca tinha uma expressão de desagrado.
-- Então acho melhor você resolver essa questão urgentemente, porque em breve não conseguirá esconder de mais ninguém que está grávida.
-- A Natasha colocou um batalhão de homens atrás do César. Ela quer expulsá-lo da ilha antes que ele descubra.
-- E isso é o certo? Não seria melhor você abrir o jogo com ele?
Andreia respirou fundo e uma calma estranha substituiu a sua preocupação.
-- O bebê é meu, e com a ajuda da Natasha, ficaremos bem. César não presta. Não vale nada. Se ele souber que estou grávida, vai querer tirar alguma vantagem disso.
-- Com certeza vocês ficarão bem. A Natasha não permitirá que ele se aproxime de vocês.
-- Por isso estou tranquila. Vou ter o meu filho no lugar mais lindo do mundo e ao lado da mulher mais maravilhosa e perfeita que existe.
Sidney recostou a cabeça no encosto do sofá, suspirou profundamente.
-- "O amor é lindo quando estamos com a pessoa certa".
-- Vou ligar para a Andreia e acabar com toda essa palhaçada. Ela mandará alguém vir me buscar - disse Marcela, pegando o celular para ligar.
Sibele olhou para o aparelho na mão dela.
-- Não há sinal de recepção nessa ilha.
-- Que inferno! -- Marcela quase gritou em histeria.
-- Sossega. Entrar em desespero não vai levar a nada.
-- A Andreia vai morrer quando souber que o Sidney foi devorado por um leão. Que não sobrou nada dele. Nem um ossinho para enterrarmos -- ela gritou e agarrada ao piu piu, finalmente, desatou num choro convulso -- Que desgraça, meu Deus! Ele era tão jovem.
-- Deixa disso, Marcela. Você nem gostava dele.
-- Eu não gostava dele, mas não desejava uma morte tão horrível para o pobre coitado. Que horror!
Alguns passos levaram Marcela até a varanda. Ela levantou o celular na esperança de conseguir sinal para o seu celular.
Olhou para uma extensão infinita de água e concluiu que estava presa naquela ilha. Presa para morrer devorada pelos animais selvagens.
Guardou o inútil celular no bolso e com voz firme e segura bradou:
-- "Por Deus eu juro! Por Deus eu juro eles não vão acabar comigo! Eu vou passar por tudo isto e quando terminar, jamais sentirei fome de novo. Nem eu nem minha família. Mesmo tendo que matar mentir, roubar ou trair eu juro por Deus jamais sentirei fome novamente!"
Sibele parou diante dela com os pés separados e as mãos na cintura.
-- O que é isso, Marcela? Está louca?
-- Estava apenas exprimindo os meus sentimentos. E esse discurso de Rose Calvert, em Titanic, é bem motivador.
Sibele revirou os olhos, parecendo não acreditar no que estava ouvindo.
-- Esse é o discurso de Scarlett'O Hara no filme: E O Vento Levou -- Sibele a puxou pelo braço para dentro da cabana -- Scarlett'O Hara também disse: "Por pior que seja a noite, amanhã é outro dia". Vamos dormir, sua louca.
Um pequeno ruído acordou Andreia na manhã seguinte. Abrindo os olhos encontrou Natasha junto a cama, com uma xícara de café nas mãos.
-- Bom dia, dorminhoca!
-- Humm. Café na cama. Sou uma sortuda! -- Andreia sentou, colocando um travesseiro nas costas. Pegou a xícara e tomou um gole generoso.
-- Ficou acordada a noite toda?
-- Vim para a cama as três horas. Como estava muito cansada, dormi na hora.
-- Esse seu amigo é um grande maluco -- Natasha colocou a bandeja na mesinha lateral da cama. Em seguida, serviu-a com uma panqueca de banana com aveia -- Porém, ele me parece uma boa pessoa.
-- Sidney é uma pessoa maravilhosa. Pode ter certeza disso, Nat.
-- Espero sinceramente que esteja certa, pois não costumo dar mais que uma chance -- Natasha serviu-a novamente e tomou uma xícara para si também.
Natasha estendeu um prato cheio de pedaços de frutas.
-- Não posso comer isso tudo.
-- Doutora Talita disse que você precisa se alimentar muito bem.
-- Vou ficar como uma baleia comendo desse jeito -- Andreia sorriu e Natasha não pode deixar de fazer o mesmo.
-- Eu amo as baleias -- ela abriu um sorriso encantador -- Quer pão com geleia de tangerina?
Andreia sacudiu a cabeça. Estava explodindo.
-- Vai sair? -- ela perguntou, antes de tomar um gole de café.
-- Sim. Todos os dias pela manhã, costumo sair para um passeio pela orla. É um costume que trago comigo desde que assumi a administração da ilha.
-- Preferia que ficasse comigo -- ela franziu o cenho.
A expressão de Natasha ao encará-la, os olhos verdes brilhando e o sorriso de lado, causou um calor que lhe subiu pelo corpo e ela molhou os lábios secos.
-- Eu já volto -- Natasha murmurou, enquanto suas mãos a acariciavam -- Não se preocupe. O Hannibal vai ficar te vigiando 24 horas por dia. Você não vai ver ele, mas pode ter certeza, ele estará te vendo.
Natasha a beijou ligeiramente nos lábios e se levantou.
-- Por que não chama aquela sua amiga pentelha para te fazer companhia?
-- A Sofia? Bem lembrado, Nat. Vou chamá-la.
Natasha saiu do elevador e atravessou o saguão dirigindo-se para a porta de saída. Antes de descer o primeiro degrau, parou por um momento ao ver que a doutora Talita subia as escadas.
-- Bom dia, doutora.
-- Bom dia, Natasha. Você está de saída?
-- Estou saindo para o meu passeio diário. Deseja algo? -- Natasha colocou as mãos nos bolsos laterais da bermuda jeans e entrecerrou os olhos, olhando-a com atenção.
-- Tenho algo para pedir -- ela disse, hesitante preste a desistir e ir embora -- Compreenderei se não for possível, mas só consegue quem tenta. Não é mesmo?
-- Com certeza, doutora -- Natasha colocou um braço em volta de seu ombro e elas desceram abraçadas a escada -- A doutora conquistou a minha simpatia, o meu respeito e a minha confiança. Portanto, peça-me o que quiser. Não medirei esforços em atendê-la.
Talita sorriu, mais confiante.
-- Nós temos um ambulatório médico muito bem equipado, mas poderíamos atender de maneira mais adequada, se tivéssemos aparelho de raio-X e de ultrassom.
Natasha olhou-a, pensativa.
-- Atualmente estamos levando os pacientes de helicóptero até Florianópolis -- Natasha comentou.
-- Exatamente. Isso traz prejuízo ao atendimento. A dificuldade de se fazer um raio-X ou um ultrassom pode comprometer o prognóstico do paciente.
-- Eu não entendo nada sobre esse assunto, doutora -- Natasha desceu o último degrau e virou-se de frente para ela -- Porém, se a doutora está dizendo que é importante termos esses dois aparelhos, quem sou eu para contradizer.
Ela ficou tão feliz ao ouvir aquilo que pulou no pescoço de Natasha, tomando-a em um abraço e estalando um grande beijo em sua bochecha.
--Calma doutora, sou uma pessoa comprometida agora - ela deu uma gargalhada divertida - Olha que a ruivinha é brava.
-- E eu não sei? -- ela sorriu, mas logo voltou a ficar séria -- Você não vai se arrepender -- garantiu.
-- Eu sei disso -- Natasha sorriu, satisfeita -- Aproveite que está aqui e vá conversar com a Jessye. Peça tudo o que precisar para ela.
-- Farei isso. Obrigada.
Natasha entrou no carro e saiu em direção a rodovia que costeia a orla. Animada, Talita ficou olhando Natasha se afastar. Aquilo estava mesmo acontecendo? Uma ilha maravilhosa, um trabalho gratificante e prazeroso. Remuneração acima da média. Era bem mais do que sempre sonhou para si.
Naquele momento, sentiu uma mão desenhar um círculo vermelho ao redor do seu braço. Talita olhou para o homem e tentou soltar a mão, mas ele a segurou com mais firmeza.
-- O que está fazendo aqui, Ivo? -- perguntou a médica, deixando transparecer a surpresa nos traços bonitos do rosto bronzeado -- Pare com isso!
-- Parar com o quê? -- perguntou com ironia -- Não posso tocar em minha esposa?
-- Não sou mais a sua esposa -- Talita esbravejou -- Que parte do quero me separar, você não entendeu?
-- Não se termina um casamento de dez anos por telefone.
-- Terminar por telefone pode não ser a forma mais ideal de se terminar um relacionamento, mas, foi a única opção. Quanto tempo estou te chamando para conversar?
Ele a olhou com ar de superioridade que seria intimidador para qualquer um.
-- Deixe de besteira. Eu nem dei ouvidos a esse seu desatino.
-- É sério, Ivo, acabou. Vá embora, estou trabalhando.
-- Muito bem -- virou-se de frente para ela -- Eu aceito a separação, se me der um bom motivo.
-- Eu não te amo mais. Quer um motivo melhor que esse? -- Talita respondeu, olhando para as pessoas que os observavam com curiosidade. O rosto dela pareceu incendiar.
-- É aquela mulher, não é mesmo?
Talita o fitou, tentando compreender as palavras dele.
-- Que mulher?
-- A Falcão. Eu acabei de ver a cena ridícula entre vocês duas.
Talita se viu obrigada a desviar o olhar. Aquela era uma acusação escandalosa, fora de propósito.
-- Você está louco -- ela engasgou -- Vá embora!
Ele cerrou os punhos, encarando-a.
-- Farei o que você pediu. Irei embora. Mas só até encontrar uma evidência irrefutável -- sem aviso, ele a segurou. Puxando-a pelo abraço -- Eu vou matá-la! -- disse ferozmente - Eu vou matar essa lésbica dos infernos.
Talita estremeceu e tentou soltar o braço, mas Ivo a segurou com mais força.
-- Você não sabe do que eu sou capaz.
Bravamente, ela o afastou.
-- Nunca mais toque em mim - a médica berrou.
-- Depois não me diga que eu não avisei -- ele disse com ódio, virou as costas e foi embora.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Anny Grazielly
Em: 11/09/2020
Lascou... A coisa vai complicar novamente...
Mille
Em: 05/08/2018
Oi Vandinha bom dia
Cacildas mais um vilão e o Cornélio vai querer matar a Nat pensando que ela é que seduziu a Talita.
Bom será que aquele carro que seguiu a Nat e Talita no início da história era o tal Ivo???
Bjus e até o próximo capítulo, um ótimo domingo.
Resposta do autor:
Bom dia Mille.
Mais um personagem para ficarmos de olho. Ivo está confundindo as Falcão?
Que teu domingo seja abençoado, feliz e iluminado pela luz divina!
Até.
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