Capítulo 20 - Discussões idiotas
A luz do sol invadiu o quarto por uma pequena fresta na cortina que cobria a janela do quarto, tentei me virar e senti o braço de Carol apertar minha cintura. Sorri encantada por estar acordando ao lado mulher que tanto mexia comigo.
Estava absorta em meus pensamentos, quando ouvi aquela voz rouca sussurrar em meus ouvidos:
-- Bom dia, amor! Sabia que eu amo acordar ao seu lado? - suspirei com a declaração e me virei para encarar seus olhos.
-- É mesmo? E sabia que eu amo acordar ouvindo sua voz assim tão pertinho? - Devolvi acariciando levemente o seu rosto.
-- Eu amo você, Diana! Eu sei que tem pouco tempo, mas eu já tenho a certeza de que é com você que quero estar pelos próximos anos da minha vida! - Ela falou sem desviar os olhos dos meus. Era maravilhoso ouví-la falando aquelas coisas, meu coração ficava leve e eu não conseguia deixar de sorrir, porém, mais uma vez, foi impossível para mim responder o “eu te amo”, as palavras simplesmente ficavam presas em minha garganta. Acho que a verdade é que eu não conseguia entender se eu a amava de volta. Eu sabia que queria estar com ela, que gostava de estar na presença dela, mas ainda não sabia dizer se aquilo era o suficiente para caracterizar amor.
-- Eu amo estar com você - devolvi simplesmente.
Ela não me cobrou uma resposta na mesma intensidade, apenas colou seus lábios nos meus, iniciando uma troca de carinhos que duraria boa parte daquela manhã.
***
Naquela noite, Carol não iria trabalhar, então decidimos encontrar os amigos dela em um bar que eles costumavam frequentar. Minha namorada estava naquele momento, impaciente andando de um lado para o outro no meio da sala esperando que eu terminasse de me arrumar.
-- Nossa! - ela exclamou ao me ver sair do quarto, eu havia decidido usar um vestido preto colado ao corpo que ia até pouco acima dos joelhos, com um discreto decote e um sapato de saltos altos da mesma cor, meus cabelos vermelhos caiam por minhas costas e eu não usava muitos acessórios, meus lábios estavam pintados de carmim e meus olhos destacados por uma maquiagem leve. Eu gostava de me produzir quando estava com ela, apenas para ver o olhar misto de desejo e admiração que ela me lançava.
-- Você está linda! - Ela completou se levantando da poltrona e vindo me roubar um beijo.
-- Não mais que você, minha linda - Carol, estava de fato linda! Usava uma calça jeans escura, colada ao corpo e uma camisa xadrez preta e vermelha, os cabelos curtinhos estavam cuidadosamente penteados, ela usava brincos discretos e havia passado nos lábios um batom cor de vinho, que dava a ela um ar sexy e despojado ao mesmo tempo. Eu adorava aquele estilo moleca dela, me encantava.
Naquela noite, não fomos caminhando como de costume, Carol me surpreendeu ao me oferecer um capacete e me fazer subir na sua garupa de uma reluzente moto vermelha. Não pude deixar de sorrir de lado ao constatar o quanto era sexy a imagem de minha namorada pilotando. Subi na moto e abracei forte sua cintura percebendo que ela se arrepiou por completo ao sentir meus braços a enlaçando.
Em menos de quinze minutos, paramos em frente a uma construção daquelas com tijolinhos, do lado de fora haviam algumas mesas de madeira ocupadas por um animado grupo. Entramos no lugar que me lembrava um daqueles pubs de filmes americanos, com as paredes repletas de posters antigos e letreiros luminosos coloridos, ali dentro as mesas eram altas e o ambiente à meia luz era super charmoso. Carol me puxou pela mão até os fundos do bar, pude reconhecer Gê, uma amigo dela que eu havia conhecido da vez anterior, entendi que aquela era a mesa dos amigos.
-- Mona!! Você está um arraso!!! - gritou Gê me enlaçando em um forte abraço de quebrar ossos.
-- Oi, meu bem! - respondi devolvendo o carinho.
Assim que Gê me soltou, Carol me apresentou cada um dos ocupantes da mesa e nós nos sentamos lado a lado.
A noite corria leve, enquanto bebericávamos nossas bebidas e jogávamos conversa fora, quando ela chegou, a tal ex, a mesma que me abordou da outra vez e apareceu sorridente na foto abraçada a Carol. Não consegui esconder o descontentamento que ficou claramente estampado na minha cara. Observei a morena cumprimentar um a um os ocupantes da mesa, até que chegou a minha vez, tive ímpeto de evitar o abraço, mas resolvi não criar clima e simplesmente retribui o abraço e não revidar a provocação sussurrada em meu ouvido:
-- Tá durando, hein querida?
Do canto dos olhos, observei ela se aproximar de minha namorada e aplicar um beijo no canto de seus lábios, Carol nada fez para evitar o contato, o que me irritou a ponto de me fazer pedir licença e sair da mesa direto para a área externa da casa.
Não me contive,antes, passei pelo balcão, pedi uma carteira de cigarros para a atendente e saí sem olhar para trás. Dei o primeiro trago e desfrutei da sensação de relaxamento proveniente da nicotina. Na minha cabeça, os pensamentos de insegurança faziam a festa, eu não conseguia deixar de recordar o fato de que foi para reatar com aquela garota que Carol desmarcou nosso primeiro encontro, não conseguia deixar de pensar que em momento nenhum me foi relatado o grau de proximidade que as duas ainda possuiam. Apaguei o primeiro cigarro apenas para acender o segundo, não era fumante, mas recorria a este escape nos meus momentos de stress.
Estava ali, imersa nos meus pensamentos e tentando me acalmar, quando senti braços fortes a me enlaçar.
-- Você vai ficar aqui fora fazendo cosplay de chaminé enquanto aquele despacho mal feito tenta tomar o seu lugar? - falou Gê de maneira afetada.
-- Não tenho paciência para essas coisas, Gê! Essa garota está fazendo de tudo para me provocar e a Carol simplesmente não reage! - Desabafei.
-- Di, não leva a mal! Carol está tão acostumada com esse jeito da outra lá que nem se preocupa, com toda certeza não percebeu nada! Larga logo esse troço e vai ficar com tua mulher!
Fitei Gê por alguns momentos pensando se deveria seguir o seu conselho ou não, no final das contas, decidi que conversaria com Carol no dia seguinte, naquele momento, ia apenas tratar de ocupar o meu lugar. Dei um último trago e joguei no chão a guimba do cigarro. Antes de voltar para a mesa, fiz uma parada no banheiro para lavar as mãos e retocar a maquiagem, eu estava saindo quando fui interceptada por uma mulata vestida com um vestido branco colado ao corpo e cabelos trançados, ela era muito bonita, não pude deixar de notar.
-- Boa noite, te vi sozinha lá fora e não tive como não reparar, você é muito bonita, por acaso está acompanhada? - perguntou me olhando nos olhos e me deixando completamente sem graça.
-- Boa noite, agradeço o elogio, mas estou acompanhada sim! Minha namorada está bem…
-- Bem aqui! - Eu estava prestes a terminar a frase quando fui interrompida pela própria Carol que surgiu ao lado da moça com uma postura defensiva.
A mulher olhou para Carol e depois para mim balançando a cabeça em um gesto negativo, para em seguida se desculpar nos dando as costas e seguindo para onde havia saído.
-- Por onde você andou? - Questionou minha namorada.
-- Eu precisava de um tempo a sós… - expliquei.
-- Por causa desse seu tempo a sós, isso aconteceu! Você sai de casa vestida assim, decide ficar rodando por aqui como se estivesse solteira e sozinha, é claro que vai receber cantadas!
-- Amor, eu só precisava de um tempo, não gostei de ver sua ex beijando o canto dos seus lábios! - tentei explicar com toda a paciência do mundo.
-- Querendo ou não, ela é minha amiga, Diana! Não vejo necessidade alguma de me afastar dela! E nada justifica o fato de você me deixar sozinha na mesa para rodar por aí como uma mulher solteira procurando sex*! - Fiquei parada fitando Carol e tentando entender quando passei a ser a errada daquela situação e de onde tinha saído aquela maluca que agora estava ali parada na minha frente me fazendo acusações idiotas!
-- Você está maluca, Carolina? - perguntei tentando me aproximar dela e acabar logo com aquela cena, desnecessária e completamente ridícula.
Sem nem mesmo me responder e me deixando mais irritada ainda, Carolina saiu andando para o balcão, onde pediu uma dose do que me pareceu ser tequila e em seguida foi para a mesa. Sem querer causar mais confusões na mesa e odiando aquela situação completamente desnecessária, caminhei até o balcão, onde pedi uma marguerita e me sentei solitária esperando que Carol se acalmasse e voltasse a ser aquela mulher centrada que me acordou cheia de juras de amor pela manhã.
Quando eu já estava me sentindo alegrinha e de saco cheio daquele balcão, senti a presença de Carolina ao meu lado. Ao contrário do que eu esperava após vê-la consumir doses e doses de bebida, ela estava sóbria e parecia sem jeito diante de toda a situação. Eu estava tão irritada que apenas evitei olhá-la.
-- Será que podemos conversar? - ela finalmente perguntou.
-- Aqui não é hora e muito menos lugar! Se você acha que tem alguma coisa para dizer, diga em casa quando estivermos apenas nós duas. - falei ainda sem olhá-la
-- Eu só não quero que a gente fique brigada, eu amo você, Di.
-- Carolina, eu acho que já deu! Podemos ir embora? - Perguntei visivelmente irritada.
-- Vamos apenas nos despedir do pessoal…
Sem respondê-la, pedi minha conta e paguei, para em seguida ir até a mesa e me despedir do pessoal.
Saí na frente de Carolina e fiquei do lado de fora esperando até que ela surgiu me estendendo o capacete e subindo na moto. Me acomodei em sua garupa evitando ao máximo tocá-la, bem o oposto do que foi nossa ida.
Quando paramos em frente a casa, desci e fiquei esperando que ela abrisse o portão, assim que abriu, entrei e fui direto para o banho, ainda sem falar nada com ela. Eu estava completamente frustrada com aquela situação, eu tinha horror a discussões idiotas e bate-boca em público como havia acontecido. Eu estava novamente imersa em meus pensamentos quando fui surpreendida pelos braços de Carol que me abraçavam, senti seu corpo nu se colando ao meu e me desarmando completamente.
Permanecemos em silêncio por algum tempo, até que me virei de frente para ela e permiti que nossos lábios se encontrassem, o beijo começou calmo, mas aos poucos foi ganhando intensidade. As mãos de Carolina começaram a percorrer meu corpo despertando meu fogo, cedendo aos meus instintos, a empurrei contra a parede do box, prensando seu corpo com o meu, meus lábios abandonaram os dela e passaram a percorrer a pele, suguei seus seios com força, fazendo-a gem*r alto o suficiente para me fazer incendiar ainda mais, meus lábios continuaram o percurso até que alcançaram seu sex* que estava completamente encharcado de excitação, lentamente passei minha língua por ele até alcançar seu clit*ris já enrijecido. Em uma atitude reflexa, ela pressionou minha cabeça aumentando ainda mais o contato e levando-a ao gozo.
Ainda nos amamos por uma boa parte da madrugada até que adormecemos exaustas.
***
Acordei naquela manhã com Carol aninhada em meus braços, fiquei a olhando por um bom tempo, ela estava linda dormindo, uma expressão serena que em nada lembrava a maluca da noite anterior. Lentamente ela abriu os olhos encontrando os meus.
-- Bom dia, amor - Ela falou baixinho buscando meus lábios.
-- Bom dia - respondi sorrindo para ela.
Ficamos em silêncio por um tempo nos encarando, até que ela se pronunciou:
-- Eu queria me desculpar por ontem, amor - disse alisando meu rosto.
-- Olha Carol, eu aceito tuas desculpas,eu só quero que você entenda que eu odeio aquele tipo de situação, só não faça novamente. - Apesar de irritante, entendi que o ocorrido da noite anterior podia ser tranquilamente relevado.
-- Carol, tem uma coisa sobre a qual eu preciso conversar com você.. - esse assunto eu não podia adiar - olha, eu sei que você ainda é amiga da sua ex e sei que foi justamente por causa dela que você desmarcou nosso primeiro encontro. Eu não sei o que rolou entre vocês e sinceramente, eu não quero saber, faz parte do teu passado, mas eu vou pedir uma coisa, se você achar que ainda tem qualquer coisa para reviver com ela, me diga, sempre seja sincera comigo.
-- Eu não consigo ser nada menos que sincera com você, Di… Desde que você surgiu naquela sala de bate-papo, eu soube que alguma coisa ia mudar e mudou mesmo, é com você que eu quero estar. Ela não vai mudar isso, nem ela nem ninguém.
-- Então vamos deixar essa história no passado que é o lugar dela. - decidi finalizar aquele assunto, o recado estava dado, eu decidi apenas deixar rolar da maneira mais leve possível. Eu merecia isso depois de um relacionamento tão conturbado como o que tive com Juliana.
Passamos o restante do domingo nos curtindo, sabíamos que já estava chegando a hora de ir para casa e a saudade já começava a bater.
Já passavam das 19h quando Carol estacionou a moto na frente da rodoviária, ela já estava mais calada, também foi assim da outra vez.
-- Hey, desfaz essa carinha, duas semanas passam depressa! - Eu tentava animá-la, embora por dentro já sentisse a saudade bater.
-- Duas semanas passam se arrastando! - falou desgostosa.
Já estavámos paradas em frente à plataforma de embarque, a fila de passageiros para entrar no ônibus era pequena, sinal que a hora de partir se aproximava.
Sem querer prolongar mais ainda aquele momento que era tão difícil, a envolvi em meus braços e lhe beijei levemente os lábios.
-- Um dia ainda vou te convencer a não voltar! Eu quero você na minha vida, ruiva! Só você! - Ela falou saindo dos meus braços e me presenteando com aquela piscadinha que eu tanto gostava.
Fim do capítulo
Boa noite, lindezas!!
Mais um capítulo novinho para vocês, espero que gostem!!
Beijão!!
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paulaOliveira
Em: 13/07/2018
Só não entendi o fato do acidente não ter sido falado pra Carol, poxa ela some, não atende e a Di deixa por isso mesmo? Que tipo de namoro é esse?
Resposta do autor:
Oi, lindeza!
Então, a Di tem essa coisa de manter em off essa parte da história dela com a ex problemática. Obviamente, em algum momento, ela não terá mais como esconder.
É um namoro bem estranho, é como se o tempo todo faltasse algo, embora a Di tenha a sensação de estar completa, talvez por isso, não consiga retribuir o tal "eu te amo" de Carol.
Bom... ainda tem mto para acontecer!!!
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