Onde tudo teve início
Conhecer Gia fora tão estranho, quanto encontrá-la no mercado.
Tudo começou em um elevador.
Ambas moravam no mesmo prédio, ao menos Charlotte havia acabado de se mudar. Estava com sacolas na mão, no começo do corredor quando gritou para a mulher que entrava no elevador.
— Segure para mim, por favor! — ela berrou e apertou o passo.
A mulher ruiva entrou no elevador e colocou a mão na porta para evitar que fechasse, quando Charlotte entrou, sorriu esbaforida. Ela jogou as sacolas no chão e se apoiou na parede, como elas estavam pesadas e eram apenas utensílios de cozinha, pareciam mais tijolos, isso sim.
— Obrigada! — exclamou, passando a mão na testa, para limpar o suor.
— Tudo bem, qual é o seu andar? — a voz rouca da mulher ruiva, fez com que Charlotte levantasse os olhos para a mesma.
— Quinto andar.
— Ah, o mesmo que o meu. — a mulher comentou.
A porta do elevador se fechou.
— Parece que seremos vizinha. — a ruiva continuou com um sorriso doce nos lábios.
— Parece que sim, sou Charlotte, prazer.
— Prazer, Gia.
Gia estendeu a mão para cumprimentar Charlotte, entretanto, quando sentiu a mão contra a sua, o elevador sacolejou. Charlotte, logo soltou um gritinho e apertou a mão de Gia em reflexo.
As luzes do cubículo de metal apagaram e as luz de emergência acendeu. O elevador sacudiu mais uma vez antes de parar.
— Meu Deus. — Charlotte gem*u, saindo do cumprimento de Gia. Seus olhos arregalados miraram a porta de metal e seu coração disparou. — Estamos presas aqui.
— Esse elevador é velho, não é a primeira vez que acontece isso. — Gia comentou indiferente, colocando as mãos no bolso da calça. — Daqui pouco eles tiram a gente daqui.
— O que?! — Charlotte voltou a olhar para a ruiva em sua frente e seus olhos arregalaram ainda mais. — Não, não.... Eu não posso ficar aqui. — Seu peito descia e subia mais rápido. Ela colocou a mão no espelho do elevador e sentiu o suor brotar e sua nuca.
— Eles já vão nos tirar daqui, — Gia repetiu, fitando a mulher um pouco mais preocupada.
— Eu... Gia.... Eu sou claustrofóbica. — sua cabeça começava a doer e o calor eminente já tomava conta do seu corpo.
— Okay, — Gia se aproximou devagar e Charlotte se encolheu contra a parede. — Olha, respira fundo, eu prometo que eles vão tirar a gente daqui tá bem?
— Eu... — Charlotte odiava muito lugares apertados, sentia-se presa, era como se as paredes em sua volta tivessem fechando.
Ela escorregou pela parede, perdendo as forças nas pernas e logo sentiu duas mãos aparando-as pelo cotovelo. Quando seu por si, estava sentada no chão e Gia em sua frente.
— Tudo bem, olhe respire comigo. — Gia tomou a liberdade de pegar a mão de Charlotte e colocar em cima do seu peito. Ela viu o olhar assustado da mulher, mas não retirou sua mão. — Confie em mim.
Charlotte tinha que confiar nessa desconhecida, ela precisava. Estava prestes a ter um ataque se não confiasse em Gia. Ótimo começo, Char, ótimo começo de se apresentar para uma mulher atraente. Cesurou-se no meio dos pensamentos em nevoeiro pelo medo.
Charlotte sentiu sua cabeça pesar ainda mais, ela a tombou levemente para frente e Gia apertou a sua mão.
— Hey Hey! Olhe para mim, Charlotte, por favor, olhe para mim — Gia pediu forte, mas delicadamente, mas fora o suficiente para que a mulher olhasse. — Isso, boa garota. — Gia sorriu. — Agora sinta o meu peito subir e descer.
Charlotte olhou para os seios de Gia e percebeu seu decote, mas também o quanto ele subia e descia calmamente. Ela tentou acompanhar, sua respiração, porém estava embaçada.
— Eu realmente não estou me sentindo bem, Gia.
— Eu sei, minha querida. Mas eu preciso que faça isso para mim.
Charlotte se concentrou o máximo que podia para tentar aliviar toda a tensão e estresse que aquele lugar apertado estava lhe proporcionando a ela. Deu-se conta que ao sentir o peito de Gia subir e descer e seu coração bater ritmicamente, Charlotte começara a acompanhar.
Ela deveria estar terrível, com os olhos assustados, suando embaixo dos seios e nas axilas e principalmente sua palidez, uma verdadeira vergonha.
— Isso, você está indo muito bem. Muito bem mesmo. — a voz de Gia era carinhosa e Charlotte focou-se em seus lindos olhos.
Alguns minutos se passaram e Charlotte conseguia respirar melhor, mas sua mão ainda continuava sobre o peito de Gia. Ela tentou tirar, mas fora impedida.
— Não, deixa-a aqui. Quero que me acompanhe até as portas se abrirem. — Gia disse, antes de sorrir.
— Obri...gada. — Charlotte balbuciou, sentindo seu rosto esquentar levemente e suas maças do rosto ruborizarem. — Eu não sei como agradecer...
— Um café, podemos tomar um café. — Gia comentou, aproximando-se mais e se colocou ao lado de Charlotte, suas mãos ainda continuavam entrelaçadas no seu peito.
Era um jeito estranho de pedir para que uma garota saísse com Gia, mas talvez não tivesse coragem futuramente e sabia que valeria a pena.
Charlotte sorriu.
— Você está me chamando para um encontro. — Charlotte comentou provocativa, mesmo sentindo seu corpo estranho. Fechou os olhos, sentindo sua cabeça zunir, ainda que mais calma o lugar fechado lhe aprovava.
— Sim, a não ser que você não queira ou não seja...
— Eu adoraria, Gia. — Charlotte comentou com a voz fraca. — Só espero não ficar eternamente aqui.
Gia riu baixinho e apertou sua mão contra os dedos de Charlotte.
— Não vai, logo logo, nós vamos...
As luzes se acenderam e Charlotte rapidamente colocou a mão logo acima dos olhos com a claridade repentina. O zunido do elevador voltou e mais uma vez estavam sendo transportadas para cima.
— Eu te disse. — Gia comentou novamente.
Charlotte olhou para a ruiva e reparou ainda melhor em sua beleza. Ela sorriu abobadamente. Uma estranha havia sido sua heroína particular.
— Sim, você disse.... — rebateu fracamente.
Ambas se levantaram e Gia tratou de pegar algumas sacolas.
— Não precisa, eu consigo levar. — Charlotte protestou e a porta do elevador abriu.
— Não, não me custa levar para você.
Charlotte assentiu e sorriu, levando afinal apenas duas sacolas.
Elas andaram o corredor em silêncio e na terceira porta a direita Charlotte parou.
— Parece que seremos vizinhas de frente. — Gia disse, apontando. — Eu moro na porta da frente.
Charlotte olhou para trás e viu a porta com o número 512 em prata pendurado contra a madeira.
Vizinhas? Isso vai ser interessante. A estudante de direito pensou, não querendo formar um sorriso em seu rosto. Qual é a probabilidade de nos próximos dias seguintes nos vermos com mais frequência? Ela tinha a resposta. Toda.
— Afinal, minha heroína estará a minha frente.
— Claro e se precisar de qualquer coisa não hesite em me chamar.
Charlotte abriu a porta de seu apartamento e adentrou na sala ainda com milhares de caixas empilhadas. Ela deu espaço para Gia entrasse e quando a ruiva fez, Charlotte fechou a porta atrás delas.
— Pode deixar as sacolas ali na bancada. — A estudante de direito apontou com a mão que empunhava a chave para a pequena bancada de madeira que ficava na cozinha.
Gia apenas acenou e andou até lá. Charlotte fora atrás dela e fez o mesmo.
— Obrigada mais uma vez.
— Tem certeza que está bem? Se quiser posso te levar para o hospital.
— E enfrentar aquele elevador de novo? Não, obrigada.
Ambas riram, mas Gia fora a primeira a parar. Era fato que a mulher em sua frente era interessada em mulheres, algo muito bom para ela. Não tirar o fato de que também era linda, com um rosto harmônico, com a pele morena, loura e com lindos olhos verdes. Fitando-a agora, sentiu-se verdadeiramente atraída por Charlotte. Consequentemente dera um passo para frente, em sua direção.
— Você tem razão. — a voz de Gia saiu baixa e rouca, limpou a garganta e tentou portar-se na frente de Charlotte. — Mas você precisa de algum remédio? Você está se mudando agora, imagino que deve estar tudo uma loucura.
— Tudo bem, — Charlotte sorriu e colocou uma mecha de seu cabelo atrás da orelha. — Eu só preciso de um banho e tenho alguns analgésicos em minha bolsa. Por aqui em algum lugar... — rapidamente passou os olhos pela sala ainda desarrumada e a viu em cima da poltrona amarela.
— Claro.
Elas se olharam. Um olhar no qual pegara ambas de surpresa, havia algo ali, diferente.
O silêncio fora posto e se acomodou levemente entre as duas, mas logo fora interrompido por alguma buzina lá fora. Charlotte tomou um leve susto e encolheu os ombros.
— Bem, eu não quero atrapalhar sua mudança. — Gia falou, batendo as mãos uma na outra.
— Não atrapalha. — Charlotte exclamou rápido demais e novamente o olhar fora cruzado. — Quero dizer, você praticamente me salvou lá no elevador.
— Mas eu sei que tem muito trabalho pela frente, mas... — Gia parou de falar momentaneamente e mordeu o lábio inferior, nervosa. — Eu não quero parecer insistente, só que alguma hora você vai sentir fome, certo? Poderíamos adiantar o café e você lanchar em minha casa. O que acha?
Charlotte não achou precipitado, gostou de ouvir a proposta. Ela queria conhecer um pouco mais de Gia e definitivamente, se as coisas se desenrolassem beijá-la afinal. As coisas poderiam dar infinitamente errado, ainda mais sendo vizinhas de porta, mas o instinto de Charlotte dificilmente falhava.
— Eu acho uma ótima ideia. Assim que terminar de organizar meu quarto irei bater em sua porta.
— Ótimo! — Gia respondeu animadamente. — Vou te esperar então.
A soldado fizera menção de se virar para sair, mas fora impedida pela mão de Charlotte em seu antebraço.
— Espere, — A estudando pediu, seus olhos abaixaram e ela engoliu em seco. Quando novamente voltou a olhar para Gia a viu confusa. — Obrigada mais uma vez. — Charlotte se aproximou e beijou delicadamente o rosto de Gia. — E até mais tarde...
Charlotte e soltou e a soldado ficou parada por alguns segundos, processando o que acabara de acontecer. Quando deu por si, levou a mão atrás da cabeça e coçou o próprio couro cabeludo, envergonhada.
— Claro, certo... — Gia sacudiu a cabeça e sorriu. — Te vejo mais tarde, Char.
Charlotte ruborizou ao mais recente apelido. Ela se apoiou na bancada de madeira e acompanhou com o olhar o lindo e forte corpo de Gia sair do seu apartamento.
O destino afinal sempre lhe pregava uma peça. Charlotte só não esperava que depois daquela singular situação no elevador que Gia, sua Gia, seria a mulher de sua vida. Na qual sonharia em ter filhos.
Fim do capítulo
+ Então, o que acharam do capítulo, por favor, deixe um comentário. Para mim é muito importante, muito importante mesmo, só assim consigo saber o que fazer. +
Comentar este capítulo:
Thaci
Em: 07/07/2018
Boa noite,Mari Rosa!
Eu estou amando o romance. O enredo é mara... E os personagens até agora estão mostrando que são fortes e marcantes. Nota mil. Parabéns. Continue assim que você vai longe.
Resposta do autor:
Boa noite, Thaci! tudo bem?
Que bom que está gostando, eu fico muito feliz de verdade mesmo <3 é muito importante para mim saber disso.
Vou sim, não vou parar, pode deixar :3
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