Ully por May Poetisa
Evento
6.
Eu fico tão acanhada ao lado dela e do jeito que sou avoada, devo ter informado o número errado. Será que eu sou tão lesada assim? Que raiva estou sentindo de mim mesma. Poxa, ela vai pensar que passei meu celular errado de propósito, que eu nem estava disposta, para de fato sair com ela no domingo. Que droga! Deste jeito nem vou conseguir fazer amigos e quando uma pessoa legal se aproxima, demonstra interesse em me apresentar a cidade, acabo por vacilar; talvez, ela tenha ficado muito ocupada ou desistiu de ir. Já está ficando tarde e o melhor a fazer é dormir, pois, amanhã cedo tenho treino. E quem sabe amanhã ela me procure. Será que ela vai mandar alguma mensagem? Será que ela vai me ligar? Estou toda pensativa e ansiosa aguardando algum contato da Zípora. Já era quase uma hora da manhã quando finalmente adormeci.
No sábado, logo que acordei já olhei o meu celular e tinha uma única mensagem, todavia, não era dela, tratava-se da minha operadora, informando sobre uma promoção, um pacote disponível e avisando sobre o meu saldo. Eu já estava perdendo as esperanças e achando que ela se esqueceu da minha insignificante existência.
Me alimentei, peguei minhas coisas e segui para a academia.
Conheci o Bruno, filho do meu mestre e foi o Francisco que nos apresentou. Minha manhã foi intensa, muito cansativa, o treino foi pesado e sai do tatame acabada. Tomei um banho no vestiário da academia mesmo e almocei no refeitório da faculdade. Chegando em casa só tirei meu tênis, deitei e adormeci.
Acordei cerca de umas duas horas depois e levei um susto quando vi uma chamada perdida no meu celular. O número era diferente e nem fazia parte dos meus contatos. Por sorte, além de me ligar, ela também mandou mensagem no whats app.
Ully, boa tarde! Como vai? Tentei te ligar, quando puder falar me avise. Zípora
Li e sem nem pensar muito retornei à ligação para ela. Depois de apenas dois toques, ela já atendeu.
- Ully?
- Desculpa não ter te atendido, hoje meu treino foi muito cansativo, eu estava descansando, acabei de ver sua chamada perdida e também li a sua mensagem (expliquei).
- Sem problemas. Tudo bem contigo?
- Sim e você?
- Também. Eu te liguei para te convidar para um evento.
- Onde?
- Na hípica.
- O que vai ter por lá?
- Minha mãe é engajada em projetos de voluntariado. Hoje vai ter um evento por lá e desta vez toda a renda levantada, será revertida em obras sociais realizadas pela APAE e AACD.
- Uau! Zípora, que trabalho interessante, imagino que deva ajudar muitas pessoas e quero ir sim. Só não sei como chegar lá.
- Você mora perto da faculdade e da academia?
- Sim.
- Eu passo te pegar.
- Não vai te atrapalhar?
- Não! Pode ser às 18 horas?
- Claro.
- Então vamos deixar a academia como ponto de encontro e fico feliz que você topou.
- Obrigada pelo convite.
- Por nada e até mais tarde.
Eu fiquei muito surpresa com o novo convite e adorei, por isso, aceitei de imediato. Após encerrarmos a ligação, ainda fiquei alguns minutos olhando para o celular, feito boba. Fiquei tão ansiosa por uma mensagem ou ligação dela, que quando aconteceu até desacreditei. Deixei o estado de letargia, quando comecei a pensar em qual roupa vestir. Uns trinta minutos depois e nada de decisão; acabei me apavorando e até me arrependendo por ter aceitado. Resolvi ser prática e mandei uma mensagem perguntando.
Zípora, tem algum traje específico? Aceito sugestão, estou perdida, nem sei o que usar.
Ela não respondeu de imediato, aguardei por aproximadamente dez ou quinze minutos.
Ully, fique tranquila, é um evento filantrópico. Eu vou usar calça jeans e blusinha.
Depois de ler a mensagem dela fiquei mais tranquila. Escolhi uma calça jeans preta, que eu ganhei da minha mãe no natal, estava até com a etiqueta, pois, eu ainda nem tinha tido oportunidade de estrear. Resolvi usar uma camiseta polo azul marinho, cabelos soltos e all star.
Cheguei na academia uns cinco minutos antes do horário combinado e a Zípora foi pontual. Nós nos cumprimentamos com beijos no rosto assim que entrei no carro dela.
- Ully, boa noite! Como vai?
- Estou bem e você?
- Também. Desculpe por ter te chamado em cima da hora, é que eu tinha me esquecido completamente deste evento, minha mãe que me lembrou.
- Obrigada por me convidar. Eu nem sou de sair, mal conheço a cidade e é bom espairecer né.
- Concordo contigo e eu adoro Bauru.
- Eu também estou adorando.
- Você disse que treinou hoje. Qual esporte?
- Judô.
- Que interessante. Já faz bastante tempo ou começou a praticar aqui em Bauru?
- Comecei a praticar aos 6 anos e atualmente tenho 20.
- Sou um ano mais velha que você. Já tem aproximadamente uns quinze anos, imagino que você deva gostar bastante.
- Na verdade eu amo e estou treinando para participar de campeonatos.
- Pode ter certeza que vou torcer por ti.
- Muito obrigada.
- Então você é uma ativista.
- Como assim?
- Você é engajada na causa esportiva, cursa educação física, é judoca e trabalha numa academia.
- Exato.
- Gostei.
- E você?
- Sou ativista do meio ambiente e também dos direitos das minorias. Participo de palestras, simpósios e reuniões. Comecei a me interessar e compreender sobre, quando entrei no grêmio estudantil, eu estava na sétima série.
- Muito bom e importante.
- Sim!
- E a sua mãe é voluntária?
- Ela é voluntária e também mantenedora de projetos sociais. Meus pais são empresários e gostam de auxiliar instituições idôneas.
- Entendi. Como você consegue conciliar dois cursos universitários ao mesmo tempo?
- Então, eu não sou filha única. Tenho um irmão, que mora nos EUA, ele é jogador de polo aquático. Meus pais sempre nos incentivaram a escolher profissões relacionadas a nossa empresa, os dois se formaram em administração. Meu irmão sempre deixou claro suas intenções, se destacou no esporte e hoje é renomado no que faz. Diferente dele, eu sempre sonhei em ter uma cadeira e uma sala na empresa da minha família. Sei que se eu escolhesse outro caminho, teria apoio dos meus pais, assim como meu irmão teve. Mas desde criança eu me encantei pela empresa. Já sobre os dois cursos, eu convenci os meus pais que vou dar conta e sei que as duas áreas serão fundamentais para que eu exerça tudo que almejo.
- Você é determinada (comentei).
- Muito e você também, correto?
- Sim.
- Já notei que temos vários pontos em comum. Por exemplo: somos estudiosas.
- Verdade.
- Chegamos e espero que você goste.
Fim do capítulo
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Anny Grazielly
Em: 23/12/2020
Se conhecendo melhor... muitoooooo bom..
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