Emma

Hoje era um daqueles dias em que nada dá certo.
Pra começar meu noivo não dormiu comigo está noite, e eu nem ao menos sabia onde ele estava. Seu celular só dava caixa postal, mas creio que ele deva ter ido dormir na casa de sua mãe.
Pra completar a tragédia que foi essa madrugada sem noticias do meu noivo, eu acordei atrasada logo no dia que tenho uma reunião muito importante com Malu.

Eu sei bem o quanto ela odeia atrasos e só de imaginar o mau humor que ela deva estar devido a esse meu pequeno deslize, me faz querer voltar para debaixo das minhas cobertas.
Decidi passar numa cafeteria que Malu tanto ama e lhe comprar um café, para que, quem saiba assim ela não queira tanto me matar.

Mas infelizmente meus planos foram por água abaixo.
Literalmente.
Começou a chover de uma maneira inesperada, e acabei tomando um banho até chegar a Bressani Publicidade.
Ao entrar no prédio senti os olhares chocados dos funcionários sobre mim ainda no saguão do lugar, e eu só desejava me enfiar em um buraco. Imaginei que estivesse com a aparência ruim, mas pela cara de meus companheiros estava mais do que ruim, eu deveria estar em um estado deplorável.

Decidi ir direto para minha sala tentar me recompor antes de encarar a Malu, mas não pude nem ao menos chegar até lá. Fui interceptada no meio do saguão do prédio, por sua secretária que me olhou com se eu fosse algo de outro planeta, antes de me arrastar direto para o elevador e apertar o botão do andar da sala de Malu, que provavelmente estava impaciente a minha espera.

Ao sairmos do elevador a mulher continuou me arrastando pelo corredor, e os funcionários do local me olhavam espantados, até que a mullher praticamente me jogou dentro da sala da sua chefe, que ao levantar os olhos de seu notebook, me encarou de modo impassível, com a sobrancelha levemente arqueada.

- Emma.. - a forma como meu nome saiu de seus lábios me causou um estranho arrepio. - O que aconteceu com você? - Vejo sua expressão e voz ganhar tons de preocupação e me surpreendo.

- Eu tive um dia desastroso senhora Bressani. Me desculpe por estar assim. Eu ia me arrumar antes de me apresentar pra senhora, mas.. - ela me interrompe rapidamente.

- Tudo bem Srta. Bittencourt, não quero ouvir as explicações. Mas você não pode aparecer assim para os nossos novos clientes. A reunião foi transferida para um restaurante no centro, e como a senhorita veste um tamanho parecido com o meu, passamos em meu apartamento para que troque de roupa e fique apresentável.

Acabo encarando-a com certo espanto, mas não tenho tempo nem de questionar sua decisão. Ela empurra sua cadeira para trás e se levanta com sua pose de toda poderosa rainha imperial em seus sapatos Jimmy Choo, e caminha em minha direção.
Me sinto despida diante de seu olhar penetrante, e recuo um passo para trás.

Malu para diante de mim, olhando diretamente dentro dos meus olhos, me encarando com suas belas íris esverdeadas, e vejo o canto de sua boca se movendo em um sorriso discreto, e seu hálito quente vem em contado direto com minha orelha, quando ela se inclina e surrura em meu ouvido.

- Vamos Emma. Não podemos nos atrasar e você ainda precisa tirar essa roupa em meu apartamento.

Dito isso ela passa por mim indo em direção a porta de seu escritório e logo em seguida saindo da sala. Solto o ar que nem percebi estar prendendo.
O que foi que acabou de acontecer aqui?

Quando percebo o que ela acabou de dizer, fico completamente indignada e decido ir atrás dela mostrar que as coisas não funcionam como ela quer.

Malu 

Saio da minha sala indo em direção ao elevador, sorrindo levemente por ter desestabilizado Emma desta maneira.
Antes que possa entrar no elevador, sinto uma mão segurando meu pulso.
Me viro prestes a exterminar quem quer que seja o infeliz que teve a coragem de me segurar, mas me espanto ao ver que é Emma quem me encara de maneira feroz, e acabo prendendo uma risada.
A baixinha é mesmo petulante, e é isso que me encanta nela.

- Eu não vou a lugar nenhum com você senhora Bressani. Eu tenho roupas guardadas aqui e posso muito bem me trocar antes de irmos a nossa reunião. Peço que a senhora me respeite e saiba que nunca irei tirar roupa nenhuma em sua casa. - ela me olha raivosa e sussurra essa última parte.

Resolvo interpretar o meu melhor papel de chefe má, e fecho ainda mais a expressão vendo Emma recuar um passo.
Ótimo. Eu consigo intimida-la, e é isso o que eu mais queria.

- Em primeiro lugar, abaixe o tom para falar comigo Srta. Bittencourt. E em segundo não há como eu adivinhar que a senhorita possuía roupas aqui. Propus em meu apartamento por ser perto do restaurante, e não por outros motivos. Nunca lhe dei essa liberdade e não permito que fale assim comigo outra vez. Fui clara?

Vejo Emma me encarando cada vez mais pálida, percebendo que acertei no meu papel de chefe má. A vejo manejar a cabeça levemente enquanto passa por mim indo em direção as escadas.
Vejo todos os funcionários me encarando assustados. Faço minha pior expressão de seriedade, e todos rapidamente voltam a suas funções.

Entro no elevador e continuo sustentando a minha pose de chefe má até as portas se fecharem.
Solto todo o ar que não percebia estar prendendo quando me vejo sozinha no elevador.
Entendo que não devia ter tratado Emma desta maneira, mas não posso permitir que ela saiba o quão vulnerável sou em relação a ela. E ainda têm a maldita aposta que vem tirando meu sono. Saber que a mulher que eu amo se prestou a esse papel, e não se preocupará em me expor depois, me deixa completamente magoada. Eu poderia esperar isso de qualquer um menos de Emma.

[...]

Após um atraso de meia hora dá parte de Emma, fomos em direção a reunião no meu carro. Ela olhava distraída a paisagem na janela e eu lhe admirava pelo canto dos olhos, observando o quanto ela ficava linda assim de perfil, com o vento batendo em seus cabelos e a forma como ela suspirava quando passávamos em frente a alguns pontos turísticos da cidade.
Os olhos dela brilhavam, e eu já não conseguia disfarçar os olhares direcionados a ela.

Ela percebeu meu olhar e voltou sua atenção para mim. Pela primeira vez era ela quem me intimidava com esse olhar penetrante.
Seus olhos castanhos que sempre eram ferozes e seu sorriso petulante, foram o que me fizeram estar dessa maneira, perdidamente apaixonada por ela.
Infelizmente esse amor não era recíproco, o que deixava meu coração apertado.

- Algum problema senhora Bressani?

- Depende senhorita Navarro.

Vejo Emma voltar sua atenção totalmente para mim, e minha atenção se foca em suas pernas torneados cobertas apenas por uma saia lápis que vai até um pouco acima de seus joelhos. Emma percebe meu olhar e vejo seu sorriso petulante.

- Meus olhos são aqui em cima senhora Bressani. E depende do que? - Emma passa a língua levemente pelos lábios e minha atenção se prende a eles. Não consigo raciocinar direito com Emma tão perto de mim, ainda mais com essa maldita boca que tira o meu sono com esse sorriso petulante.
Decido jogar o mesmo jogo que ela, e dou um sorriso que julgo ser o mais sedutor.

- Depende de até onde a senhorita está disposta a ir para descobrir esse problema.

Vejo Emma prender a respiração e seu olhar fica ainda mais escuro do que o normal.
Ela passa a língua levemente pelos lábios. Dou meu melhor sorriso de lado e a vejo direcionar o olhar para minha boca. Decido que é a hora de deixar a conversa ainda mais intima. Aperto o botão que fecha a divisória entre nós e meu motorista, e dou a ordem para que ele dê voltas no quarteirão.

Emma me olha assustada, mas percebo o brilho de excitação em seu olhar. Decido acabar com os joguinhos puxando seu corpo em direção ao meu, pousando uma mão em sua cintura e outra em sua nuca a prendendo sob meus braços. Ela me olha apreensiva, mas não se afasta em momento nenhum. Sua respiração está ofegante, e seu olhar recai sobre minha boca. Uma descarga de adrenalina corre por todo meu corpo, e decido que é o momento certo para agir.

Trago sua boca para mais perto da minha e a cubro com um beijo de tirar o fôlego. Em um primeiro momento Emma não corresponde, e percebo que ultrapassei os limites. Me afasto lentamente, mas Emma me trás para ainda mais perto de si agarrando meus cabelos. Sorrio entre o beijo, pelo desespero dela, aproveitando para morder seu lábio inferior e tomar sua boca, explorando-a com minha língua. 
Dou impulso para que ela suba em meu colo e ela prontamente aceita, ainda aos beijos e carícias intensas.

Emma rebol* lentamente em meu colo, e eu aperto sua bunda fortemente. Ela gem* em meus lábios rebol*ndo ainda mais rapidamente, e agarrando meus cabelos.
Decido subir uma de minhas mãos que estava em sua coxa, até o meio de suas pernas e vejo o quão quente e molhada ela está.
Emma gem* em meus lábios e como se um clic tivesse sido liberado em sua mente, ela para de me beijar me olhando de maneira assustada.
Ela desde do meu colo e com a respiração ainda ofegante ela me olha de maneira feroz e assustada, mas ainda consigo ver a luxúria estampada neles.

Ela desvia os olhos dos meus e se ajeita da melhor maneira que consegue, e respira fundo antes de se virar para mim novamente.

- Que isso nunca mais se repita senhora Bressani. Isso foi um erro.

Ah minha doce Emma, se depender de mim esse erro ainda irá se repetir por diversas vezes.

Fim do capítulo