Capítulo 57
- MAS QUE MERDA É ESSA AQUI? – minha mãe apareceu na sala – EU NÃO ACREDITO NISSO, NESSA POUCA VERGONHA.
Separei-me de Laura e fui a sua direção, ela estava vermelha de raiva, o que eu mais temia acabou de acontecer, a partir de hoje seria um inferno a minha vida, não falo só desse processo e sim da minha mãe sem falar comigo. Deu ruim.
- Mãe, calma – segurei seu braço, ela olhava para Laura sentindo raiva – não tem pouca vergonha nenhuma aqui – segurei seus dois braças, chamando a atenção de seus olhos para mim.
- COMO NÃO??? – gritou – VOCÊ É MINHA FILHA EU NÃO LHE CRIEI PRA ISSO – começou a me bater, eu ia andando pra trás e ela também, só que me batendo. Caí sentada no sofá, enquanto levava tampas pelo meu corpo, meus braços protegiam meu rosto. Laura tentou vir em cima, mas gritei a mandando ficar onde tinha que ficar.
- Para mãe... MÃEEEEEE – ela não me ouvia, seu ódio era maior – ASSIM NÃO IREMOS RESOLVER NADA – ela descontava sua raiva em mim. Os tapas pararam, devagarzinho vou tirando os braços do rosto e a vejo sentada no chão chorando. Meu coração se parte nessa hora. Levanto e a pego, colocando no sofá, Laura me olha assustada – mãe... – chamo sua atenção ajeitando seu cabelo – ei... Fala comigo – ela só fazia chorar – mãe, por favor, não faz assim, eu te amo fala comigo – e ela nada. Sentei ao seu lado, minhas mãos tremiam, meu coração estava acelerado, minhas mãos suavam e ela não demonstrava nada.
- Onde eu errei? – perguntou, vire-me em sua direção.
- Em nada, a senhora me criou muito bem, me fez ser a mulher que sou hoje...
- Uma sapatão! – me olhou com ódio, fiquei em silencio por alguns segundos.
- Não mãe, uma mulher honesta, trabalhadora, que não faz mal a ninguém – respiro fundo – uma mulher que ajuda aos outros independe da situação, e que por onde passa só deixa coisas boas e vários elogios, uma mulher respeitada independente de tudo, uma mulher que a senhora pode olhar dentro dos olhos e se orgulhar, porque não roubou nada de ninguém, porque não tem ódio no coração, porque ama o próximo como a si mesmo, e não julga ninguém. Uma mulher justa, com mãos e coração limpos. E uma mulher independente, que se sustenta que cresceu a família, que ajudou dentro de casa...
- Ta jogando na cara agora? – me olhou com raiva
- Não mãe, jamais faria isso. – ficamos em silencio, Laura não ousava a falar nada, eu já tinha muita confusão em minha vida, e não iria querer mais uma com a minha noiva.
- Você me envergonha, não criei filha pra ir para o caminho do satanás – a encarei – você não habitara na casa do senhor, deus não quer isso, ele queimou uma cidade toda, você acha que você não vai para o inferno?
- Não sei – suspiro – e se eu for? an? Tem o que?
- TEM O QUE?? – gritou
- Eu pedi a Deus pra me tirar isso, eu me neguei há muito tempo, eu orei, rezei, fiz promessa, perguntei a ele porque comigo? Porque eu? Logo eu que tinha uma mãe tão preconceituosa
- ISSO NÃO É DE DEUS
- E o que é de Deus? – pergunto – o ódio? O rancor? O desamor ao próximo? As palavras duras? As humilhações? Em? – a encaro – mãe eu sou assim, eu não escolhi ser assim, se fosse pra escolher, eu queria ser “normal” – dei um riso – só pra não lhe ver chorar, não lhe ver sofrer – ela não me encarava – me olha nos olhos mãe...
- Não dá! – respira forte
- Eu sou lésbica, sapatão....
- NÃOOO, VOCÊ NÃO É – me encarou e desviou os olhos
- Eu sou. – o silencio se fez. – mãe, a Laura é minha noiva...
- QUE MERDA DE NOIVA NENHUMA, VOCÊ NÃO PODE SE CASAR, PORQUE ESSE TIPO DE CASAMENTO NÃO É ACEITO POR DEUSE NEMN POR MIM - graças a deus Laura não falava português, porque se ela ouve as barbaridades que minha mãe estava falando, teria uma guerra infinita dentro de casa entre as duas.
- Eu amo a senhora, dou minha vida pra salvar a sua se preciso for, mas essa sou eu, me escondi, me reprimi durante anos. Só que chega uma hora que você não aguenta mais, quer viver e ser feliz. Eu não tenho nojo de homens, eu só não estou apaixonada por um e sim por uma, uma mulher, com quem quero passar o resto de minha vida juntas. – ela nada falava – a Laura é minha noiva, namorada, sei la o que queira chamar, só sei que estamos juntas.
- Você me envergonha – fala de cabeça baixa, não olhava nem pra mim e nem pra nada
- Se for o que a senhora acha, não posso fazer nada. E outra coisa mãe, se não for a Laura, pode ser outra mulher ou outras mulheres, então se é pecado é melhor eu cometer só um, do que sair cometendo vários por ai – ela me encara incrédula
- Você não vai ficar com ela – apertava meu braço
- Mãe...
- NÃO TEM MÃE CERTO, VOCÊ NÃO VAI FICAR COM ELA, NÃO PARI FILHO PRA VIVER NO PECADO – respiro fundo
- A senhora não tem esse poder de decisão, eu lhe amo, amo muito – uma lagrima escorre de meus olhos, já não suportava aquela situação, Laura de longe observava nossa conversa e talvez não entendia nada – eu lhe dou de mim o que quiser, só não posso dar meu coração por inteiro, porque ele esta dividido com a Laura, eu a amo – fecha a cara pra mim – e eu te amo, mas não posso terminar com ela, seria o meu fim, eu não consigo terminar com ela...
- Isso é o inimigo na sua vida
- Não mãe, isso é amor. – eu chorava – a senhora é meu ponto de equilíbrio, sabe? minha base, minha ancora, sempre me ajudou, sempre foi mãe. E aqui estou sendo a filha maravilhosa. E se a senhora me ama pela minha opção, desculpa – fiz uma pausa – a senhora não me ama de verdade. Porque amor que é amor não acaba de uma hora pra outra, o amor ele nunca acaba independente da situação. Se eu pudesse mãe, eu tiraria esse sentimento de mim e só gostaria de homens, amaria um se preciso for, mas eu não posso, porque eu não mando em mim, isso aqui – peguei minha pele – é só pele, isso aqui – apontei para o coração – é quem manda de verdade e ele não sabe enxergar, ele nem se quer ouve, ele é sensitivo, ele sente quando é a pessoa certa, e ele me mostra que a Laura é essa pessoa. Irei construir uma família com ela
- Não quero ouvir – tampou os ouvidos – você não é minha filha – falava. Vi suas pernas tremerem, suas mãos. Ela tinha pressão alta
- Mãe... – a toquei
- NÃO TOCA EM MIM – gritou e desmaiou
- AGORAAAAAA – a segurei desesperada – CHAMA ALGUEM – gritei para Laura que saiu correndo – mãe, por favor não faz assim comigo, pelo amor de Deus, e estou aqui mãe. Não - tentava acorda-la – volta... mãe... mãe....- a sacodia e nada. Dentro de segundos um medico que fica no tribunal entrou. Dei a vez a ele, ele disse que pressão tinha subido demais, medicou ela e a deixou deitada no pequeno sofá.
- Fique de olho nela, ela ta tendo emoções fortes demais – falou – não a deixe levantar do sofá, precisa de descanso e não aborreça ela por enquanto – me avisou – ela vai acordar a qualquer instante – saiu da sala
Sentei em uma poltrona em sua frente, minha mãos passava por meus cabelos, estava nervosa, aquela não era uma boa situação. Laura chegou perto de mim, massageou meus ombros e sussurrou em meu ouvido que tudo iria ficar bem. Ela mal sabia a confusão que estava dentro de mim . afastou meus braços que apoiavam em minhas pernas e sentou em meu colo, eu a encarei, ela abriu um sorriso e eu vi meu mundo todo nele, ela alisou meu rosto e eu fechei os olhos para sentir melhor seus toques, me depositou um beijo de leve em meus lábios, eu sorri, sussurrou um eu te amo e depositou novamente um beijo em meus lábios.
- Eu vou estar com você independente do resultado de hoje – falava baixinho, enquanto alisava meu rosto e beijava meu queixo e a ponta do nariz.
- Eu já disse que te amo hoje? – perguntei ainda com os olhos fechados
- Já, mas pode falar novamente que eu não me canso de ouvir – sorriu e eu abri os olhos bem na hora daquela visão perfeita.
- Eu te amo mais hoje do que ontem, e menos que amanhã – aliso sua face – eu te amo demais – sorrio fraco.
- Vamos estar juntas sempre – me consolava – Camila não vai sair impune, somos mais fortes juntas, eu confio em você de olhos fechados, sei o que você esta passando, sei o que esta acontecendo em seu intimo, mas eu digo que vai ficar tudo bem. E to com você. – beijou meus lábios
- Obrigada amor – sorrio
O Ross entra na sala, disse que a juíza deu uma bronca nos dois, tínhamos que comer, mas minha mãe estava lá. Iriamos pedir algo pra comer. Logo depois o restante entrou na sala, Fa logo entendeu o porquê minha mãe estava deitada, e os demais ficaram boquiabertos, sabiam que uma hora ela iria descobrir porem, não era o momento. Mas que bom que descobriu logo. O pessoal ficou conversando, eu me afastei fiquei de uma janela olhando a movimentação la fora, mas meus pensamentos estavam em outro lugar, em um futuro que talvez não fosse acontecer, se eu iria perder a Laura e como iria ficar a minha situação com minha mãe. Sinto braços me envolvendo em um abraço pelas costas, e um queixo depositar em meu ombro
- Dou um beijo por um pensamento – sussurrou. Eu dei um riso frouxo, eu não queria conversar, queria apenas ficar ali, quieta, na minha – calma estou aqui com e por você – me passava força. Não aguentei e minhas lagrimas começaram a cair, senti seus braços me apertarem mais forte – não chora meu amor, meu coração dói só de ver essas lagrimas caindo – me virou de frente e beijou cada olho meu e secou minhas lagrimas, logo após me abraçou, eu chorei, chorei, chorei, sem dizer nada, simplesmente chorei. Ficamos alguns minutos assim, nesse silencio e com muita coisa a dizer.
- Ta tudo tão difícil amor, essa situação que a Camila me colocou, minha mãe descobrindo minha sexualidade, ta tudo revirado... – soluçava
- Mas eu estou aqui com você e pra você, estamos juntas, não irei soltar sua mão – afaga meus cabelos.
Sentei na borda da grande janela e Laura ficou no meio de minhas pernas, afagando meus cabelos, e eu apoiada a cabeça em seu peito. Minha mãe acordou, conversou algo com meus amigos, Fa a ajudava, mas quando seus olhos bateram em minha direção e me viu abraçada com a Laura, ela veio em nossa direção, eu prevendo algo de ruim, saio do abraço e fico na frente da Laura.
- Mãe... – ia falando algo quando ela me puxa pra sair de perto da Laura. Levando-me para o outro lado da sala
- Não quero você perto daquela mulher, ela é má influencia – cruzou os braços aborrecida. Olhei pra minha mulher e pedi calma com os lábios. Meus amigos encostaram-se a ela e lhe deram apoio. Sentei-me em uma cadeira que estava ali naquela sala rustica, que mais parecia aquelas sala de biblioteca com uma grande mesa ao meio, janelas imensas, uma parede com livros e tinha sofás espalhados. Todo no tom madeira vernizada escura e cores verdes e vermelhas escuras. Meus olhos às vezes se encontravam com o de Laura e ela sorria, sabia que ela não estava chateada, me entendia. Ross me chama em um canto, para ter um papo real comigo. Minha fica com Fa e eu sento em um dos sofás com o Ross
- Então Ross, o que vai acontecer?
- É difícil dizer Milena, ele nos pegou desprevenidos com aquele laudo, os jurados ficaram meio balançados, então….
Laura ~
Minha mulher estava sendo injustiçada, aquilo tudo me doía, machucava muito, vê-la nessa situação sem poder ajuda-la. Assim como a Fa, todos nós estávamos irritados com a Camila, ela não sabia levar um fora e isso me tirava do serio. Ao falar comigo, me deu um sorriso que me fazia derreter, porem logo olhei para minha sogra, ela estava sempre atenta. Respondi meio sem jeito. Sua mãe fazia questão de ter a ela longe de mim. Logo um homem fardado perguntou quem eram as testemunhas da Milena Nascimento, Rick mostrou, ele pediu para nós o acompanhar. Seguimos para uma sala reservada para cada um, não podíamos ficar juntos em uma mesma sala. Já estava impaciente, aquela cor morta daquela sala, o ar abafado, meu coração acelerava, minha mulher passando por um dos momentos mais difíceis de nossas vidas e eu sem poder ajuda-la. Sentei, levantei, andei, rodava, suspirava, chorei repetitivas vezes e nada do tempo passar. Pedi a um oficial para me levar ao banheiro, lavei o rosto e chorei mais uma vez, queria que acabasse tudo aquilo e eu voltasse para minha vida, para as nossas vidas. Voltei para a sala, e fiz os mesmo passos que o anterior. Depois de muito tempo me chamam.
- Senhorita Laura Montezzano? – o oficial falou após entrar na sala
- Sim?
- É a vez de a senhorita depor – me avisou. Ajeitei-me e o seguir
Cada passo que eu dava, minha cabeça pesava, estava nervosa é claro, nervosa pelo fim dessa palhaçada e a volta dela pra casa. Entrei no tribunal, meus olhos bateram com a da Milena, que estava pálida, logo entendi e vi a Fa saindo com sua mãe. Ross me perguntava algumas coisas e eu respondi com toda a verdade, não poderia mentir e nem podia, já que a verdade sobre nós duas é tão linda. Depois foi a vez daquele advogado desalmado, que me fez parecer uma pessoa ruim, que fez parecer que a Milena, não me amava que me traia e me enganava. Me fez parecer uma besta na frente de todos, estava chateada, iria conversar é claro com a Milena depois, ela deu ousadia para aquela garota. Depois de um discurso grande, aquele idiota senta-se novamente, e a juíza me dispensa.
Saio daquele gabinete, espero alguns minutos e volto ao tribunal, apenas para assistir. Sento logo a frente, perto de minha mulher. Vejo que Camila esta depondo, meu ódio é muito grande por aquela mulher, ela é louca, apesar do que estava acontecendo, eu tinha orgulho da Milena, por ela não tirar conclusões precipitadas das pessoas, porem ela se deu bem mal nessa. Ela falou coisa que me deu raiva e nojo, sei que a Milena tem um passado porem nunca conversamos sobre ele. Não me interessa, somente o agora e o futuro. Vejo Milena não se segurar e gritar, eu super entendo ela, sendo julgada por algo que não fez, vendo uma pessoa sônica la na frente se fazendo de vitima, me assustava.
Chegou a vez do Ross, ele em suas perguntas deixa escapar que temos um relacionamento, a minha sogra pira, fica inconformada. Foi uma confusão e tanta.
Ross pegou pesado com o interrogatório da Camila, estava amando ver a cara dela de raiva, sendo desmascarada. E la termina o depoimento dela, e a vejo sair insatisfeita
É a vez de a Milena depor, fico apreensiva, nervosa, quero que tudo dê certo. O advogado de acusação começa, ele é um filho da mãe sem coração, Milena não da vez, mas ele é muito bom. Depois foi a vez do Ross, a vejo se explicando, falando a verdade, porem alguns jurados tinha cara de incógnita.
A vejo voltar nervosa pra cadeira, sinto sua angustia, queria abraça-la, mostrar que somos nós duas contra o mundo e que sempre estou ao seu lado. Sentou-se e não ficava quieta, eu me inclinei um pouco pra frente e segurei sua mão, entrelacei meus dedos ao seu, vejo seu corpo reagir em um relaxamento, uma calmaria se instalou em seu corpo. Ficamos ali em nosso mundo, distribuindo aqueles carinhos, sei que estava a ajudando desse jeito.
Chegou à conclusão do caso e nada foi bom, o advogado de acusação foi imperdoável, Ross não teve muita chance, não tinha que ser expert pra saber que as chances da Milena foram reduzidas. Instalou-se uma briga no tribunal e a juíza deu recesso de 5 horas. Milena saiu com Ross e entraram em uma sala, logo depois o Ross saiu e eu entrei. A vejo e meu coração acelera, borboletas em meu estomago acorda, e o frio na barriga de estar perto dela vem com tudo. A abraço forte, passo confiança, trocávamos palavras de amor e carinho ate sua mãe entrar na sala nos afastando, agora sabia que ia da merd*.
As duas começaram a discutir, tudo em português é claro, eu não estava entendendo nada. Preferir ficar um pouco afastada, não queria interromper, infelizmente é assim, alguns pais e eu via o ódio e o preconceito nos olhos de sua mãe. Elas discutiam e brigavam muito. Era gritaria e ódio, Milena chorou e meu coração se partiu, era uma cena dura de ver. Em um segundo estavam gritando e no outro estava caindo desmaiada.
Quando tudo se normalizou, Milena se afastou, tentei passar confiança pra ela, mas nada ia ser o suficiente pra ela, pois aquele momento era delicado demais. E novamente sua mãe acorda, já previa um escândalo, mas elas simplesmente se afastaram. Seus amigos se juntaram a mim
- Como você ta? – perguntou Rick
- Bem – rio fraco
- Sua sogra é fogo – Ryan sorri
- Nem me fale, fez a maior confusão, falaram um monte de coisa e eu nem faço ideia do que seja
- Imagino, mas o bom é que ela já sabe – falou Ryan
- Sei não em, ela vai me dar muita dor de cabeça – falei olhando para Milena que conversava com ela.
Conversávamos, eu ate sorria, mas meus pensamentos estavam na confusão da mente da Milena, Ross a chamou para conversar no canto e sua mãe não tirava os olhos de mim. Via o ódio latente em sua face. Ela caminha em nossa direção, sinto que vinha coisa por ali, ela não tinha o inglês muito bem, mas eu entendia
- Eu quero você longe de minha filha – falou com ódio e o dedo riste pra mim
- Tia, por favor… - fala Rick
- Não se meta – foi grossa com o Rick – aposto que vocês sabiam dessa pouca vergonha
- Sim, sabíamos – Isabela de manifesta
- E você aceitaram? – o ódio era muito
- Claro, ela é nossa amiga e o que a faz feliz, nos deixa feliz – respondeu
- Isso é coisa do inimigo, vocês não enxergam isso?
- Se isso for do inimigo, aqui somos todos do mal – Ryan disse
- Como é que? – perguntou incrédula
- É isso ai minha tia, eu namoro com mulheres e o Ryan com homens – disse Isabela
- Isso é uma pouca vergonha, mas eu não tenho nada haver com vocês e sim com a minha filha, e na a quero perto de você – apontou pra mim – é culpa sua tudo de ruim que ta acontecendo na vida de minha filha, você trouxe maldição pra ela – suas palavras me machucavam – você não vai chegar perto de minha filha e por favor tire suas coisas da casa dela…
- NOSSA CASA – gritei – aquela casa é minha e da Milena, nós compramos juntas – ela arregalou os olhos – e não, não irei sair dela, não irei deixar a Milena, ela é minha, só minha
- Não, a minha filha é de Deus, e Deus repugna isso – apontou pra mim
- O que ta acontecendo aqui? – pergunta Milena
- Nada, só quero você longe desse projeto de maldição.
- MÃAAAAAEEEE – gritou com a mãe
- Não grite comigo – foi grossa
- Sabe, eu acho que a senhora é muito mal amada – Milena arregala os olhos – eu amo sua filha e não vou me afastar dela, ate que ela diga isso pra mim, a senhora vai ter que me engolir, porque eu sou a namorada dela, sou noiva e futuramente a mulher, querendo a senhora ou não.
- Você é uma garota petulante – veio em minha direção, vi a Milena segurar ela no ar, uma confusão foi formada, ela queria me bater e começou a gritar sem parar. Milena a afastou de todos nós e ficaram discutindo algo. Ryan trouxe agua pra me acalmar.
- Que mulher louca – falo
- Você não viu nada, minha filha – disse a Fa
- É, acho que amor de sogra você não vai ter – caçoou a Gloria e todos riram
- Só me basta o da filha – sorri
Milena ~
- Mãe o que é que esta acontecendo?
- Esta acontecendo que você me inventou isso ai – disse brava
- Não inventei nada e eu quero que a senhora se controle, não é pra ficar querendo bater nas pessoas, quanto mais na Laura, ela não lhe fez nada – a encaro seria – quer bater alguém???? Bata-me – fui dura – me xingue, me grite, a senhora tem o direito de fazer isso comigo – aponto pra mim – mas não tem direito de fazer com ninguém, ela não é sua filha.
- Já que é assim, você escolhe ou eu ou ela! – aponta pra Laura. Respiro fundo, minha mãe era impossível mesmo.
- É o seguinte, quero que a senhora pare de intriga e de briga – me olha com raiva – e depois do julgamento eu vejo o que irei decidir, mas peço que pare, porque já esta chato essa briga da senhora com a Laura, e por enquanto ela é minha namora, e acima de tudo é um ser humano, então para.
Vejo de longe a Laura chorando, fico inquieta – vou ali – aviso saindo e vejo a Fa chegando perto dela
- Oi gente – falo com todos e eles respondem e deixam-me a sós com Laura – oi – falo alisando seu rosto
- Oi – enxuga as lagrimas
- Não fica assim, eu te amo
- Eu sei, mas é difícil – fala de cabeça baixa
- Eu sei, não espero que compreenda – levanto sua cabeça com meu dedo indicador e beijo sua testa – desculpa a minha mãe, ela sempre foi assim – vejo ela forçar um sorriso
- É difícil, as ações e as palavras machucam – suspira com choro – machucam muito
- Eu sei meu amor – a puxo para um abraço apertado e logo olho em direção a minha mãe e a vejo tentar vir a minha direção, mas a Fa segura em seus braços e fala algo em seu ouvido – eu quero que saiba que eu te amo muito, muito… - respiro fundo tentando controlar o choro – é tanto amor que não cabe em mim – sinto seus braços me apertarem mais – que independente de tudo eu sou sua, sempre fui e sempre serei – beijo o top de sua cabeça e minhas lagrimas escorrem.
O almoço chegou, sentamo-nos à mesa reunidos para comermos, tudo em um maior silencio absoluto. Claro que estava do lado de minha mãe e Laura a minha frente, sinto seus pés me tocar a perna, sorrio e ela também, parecíamos duas adolescentes incansáveis. Logo depois Ross me chamou novamente em um canto
- O que lhe aflige Ross? – pergunto
- Você sabe que acredito em nossa vitória e tudo mais, porem tenho que ser realista – fala bem formal e serio
- Sim, quero que seja… - falo apreensiva
- Há grandes possibilidades de você ser presa, tanto quanto ser decretada inocente
- Sim…
- É o seguinte… - enrolava pra falar
- Adianta Ross… - estava nervosa
- Milena, se você for presa, digo se for… - tinha cautela – aconselho que você se case com a Laura, pois assim vocês podem se encontrar, digo… - respirou fundo – sabe uma visita mais intima, lá não vai ter um delegado boa pinta que ajuda a gente, vai ser mais difícil você se verem…
- Ross pode ir parando – dou sinal de pare com a mão – sei que você esta com boas intenções e tudo mais, porem, aquela mulher ali – aponto para Laura – é a mulher da minha vida, então se você acha que vou casar com ela de qualquer jeito, o senhor esta muito engando. Ela merece uma festa imensa, onde possam ir todos os nossos amigos, onde ela tenha um vestido a seu agrado, onde ela se empenhe em organizar… - o olho no fundo dos olhos - aquela mulher merece tudo Ross, tudo que eu tenho e o que eu não tenho pra dar. Eu a amo muito. Não irei fazer isso com ela, se eu for condenada vai ser difícil, tanto pra mim quanto pra ela, porem, vamos superar – suspiro – assim espero – sussurro
- Você quem sabe Milena, só estou dando um conselho – apertou forte minha mão
- Eu sei Ross… eu sei – a olho sorrindo lindamente com meus amigos, não sabia de meu futuro, tudo era incerto, não quero perde-la, pois é a mulher de minha vida.
As horas se arrastavam para passar, eu já estava impaciente. O clima dentro daquela sala não estava dos melhores, não conseguia nem respirar direto sem minha mãe me olhar de rabo de olho. Via a preocupação no rosto de cada um. Já tinha dormido, já tinha acordado e nada das horas passar. Resolvo ir ao banheiro, aura diz que vai comigo, logo minha mãe se irrita e a Isa diz que também vai e Fa segura minha mãe.
Laura ~
Minha sogra é difícil, difícil ate demais. Ela não entende que eu também estou sofrendo com tudo isso, não entende que o que sentimos é real e verdadeiro. Quando Milena disse que ia ao banheiro, ela praticamente me fuzilou com o olhar quando eu disse que ia junto, nossa salvação é a Isa, que sempre ta junto com a gente.
Seguimos calada ate o banheiro que tinha na sala. Banheiro imenso e espaçoso, tinha dois box para vaso sanitário e uma pia imensa.
- Irei ficar ali no vaso – avisa Isa piscando pra gente. Tínhamos trancado a porta do banheiro. Milena lava o rosto, estava visível seu cansaço e seu desanimo com tudo, a abraço por trás e massageio seus ombros.
- Vai ficar tudo bem amor – sussurro em seu ouvido e ela força um sorriso
- Espero que sim, vida – nós estávamos de frente para o espelho uma olhando pra outra
- O que o Ross queria?
- Nada demais – respira fundo e sai do abraço para secar o rosto com o papel toalha
- Eu vi que você ficou seria, apontou em minha direção, algo aconteceu
- Nada aconteceu meu amor – se encostou na pia e me puxou, grudando nossos corpos – só falei com ele que não posso ser presa, porque tenho uma mulher incrível aqui fora e não quero ninguém se olho nela – me da um selinho e eu sorrio
- Você não vai ser presa, não irei deixar – alisou seu rosto e ela fecha os olhos para sentir o toque
- Minha salvadora – sorrimos
- Minha mulher – a beijo com delicadeza, os lábios macieis e carnudos me faziam tremer. Nossas mãos ganharam vida naquele momento. Ela me vira bruscamente e me senta na pia, entrelaço minhas pernas em sua cintura, sem desgrudarmos as bocas. Sua pegada, seu jeito de me segurar, suas mãos, tudo era perfeito e magnifico, tudo era lindo e maravilhoso. Nossos corpos em chamas, sinto sua mão me invadir, um gemido foge de meus lábios e ela me morde com força, sorrio, gosto quando ela fica assim. Não estava preparada para perde-la, queríamos eternizar aquele momento, então fomos fundo, nos amamos ali mesmo, gemidos eram baixo, para ninguém ouvir, além da Isabela. Tínhamos medo da mãe aparecer e não poderíamos demorar muito. Foi algo rápido, mas grandioso. Ela me amou em um curto espaço de tempo, mas com um grande significado. – quando você sair daqui irei fazer uma surpresa pra você – falo ofegante, tentando reencontrar o ar.
- Ahhh vai ? – morde meu lábio inferior
- Vou fazer tudo que quiser – afago seus cabelos
- Olha, que vou cobrar – da um riso sapeca.
- Olhaaa que eu quero que cobre – beijo todo seu rosto e seu pescoço
- Posso sair? – Isa grita. Começamos a rir
- Pode sim Isabela – Milena. Ela vem em nossa direção
- Cara, tive que tampar os ouvidos, não conseguir não sentir nojo – fala com uma cara chateada
- Você ficou com vontade… confessa – enticou Milena
- Vontade de te ensinar a fazer uma mulher gem*r de verdade – deu um tapa na cabeça da Milena
- Primeiro, que te ensinou a fazer sex* oral foi eu – apontou pra si – segundo, minha mulher esta mais que satisfeita com minha língua – pisca pra ela
- Ahhhh isso é verdade – a envolvo em meus braços, a apertando e sorrimos
- Odeio vocês – fica chateada
- Odeia nada – fala Milena rindo
- Agora vamos, que você demoraram – disse indo em direção a porta
- Ate que foi beeeem rápido – falo
- Se isso foi rápido, não sei o que é um sex* normal pra vocês…
- De horas, ne querida – Milena da um tapa em sua cabeça e sai do banheiro.
Não demorou nem segundos, um oficial veio dizer que a sessão iria retornar. Sentir meu coração parar, agora era o momento, agora tudo ficaria claro. Seguimos em silencio ate a entrada da sala do tribunal, Milena abraçou cada um, em meu abraçou sussurrou que me amava mais que a própria vida e que eu nunca esquecesse isso. Deu-me um beijo rápido nos lábios que nem sua mãe viu. Depois falou com sua mãe, bem carinhosa e entremos.
Acomodamos-nos cada um em seu devido lugar. Vejo sua mão solta pra trás procurando a minha e entrelaço nossos dedos. A juíza entra e todos ficam de pé, logo sentamos. Ela era uma mulher bem seria, e com a cara enfezada.
- Retornaremos a seção … - falou muitas coisas e logo pediu o veredito dos jurados, que foi entregue uma copia a ela – assim dou a palavra ao senhor Jimmy Downey
Assim o mesmo senhor que fez a pergunta para Camila se levantou, abriu o papel e começou a falar… mas ante, senti a mão de Milena apertar mais forte a minha, tanto ela quanto eu estávamos com medo d que viria a seguir.
- Nós do júri, decidimos por unanimidade de votação de 6 a 4, culpada!
Meu coração travou, paralisei. Milena apertou mais forte a minha mão, baixei minha cabeça, não queria ouvir o que estava por vim.
JUIZA: depois de depoimentos prestados, tanto de ambas as partes quanto de amigos e parentes, e de provas prestadas e argumentos explicativos, concretizando uma decisão definitiva. A senhorita Milena de Brito Nascimento, brasileira, 22 anos, empresaria, teria se aproveitado da doença e confusão mental da senhorita Camila Lessa, usou de seu poder para coagi-la e quando não conseguindo mais, partiu para a agressão física e moral. A partir da decisão do júri, que votou e ganhou por unanimidade, e o poder a mim investido pelo estado da florida, declaro a ré CULPADA, pegando sentença de 1 ano e 6 meses de reclusão em regime fechado – e la ela bateu o martelo. Todos da sala começaram a conversar, Milena uma palavra não dizia, Ross ficou em estado de choque, eu não queria largar sua mão, como eu largaria?
Ela se levantou e ficou de frente pra mim, me puxou pra um abraço bem apertado, os policiais veio para prende-la, eu não a soltava, minhas lagrimas a banhavam, Ross tentou fazer com que os policiais deixasse aquele momento só pra nós, mas eles eram ignorantes e puxaram, com força, a arranco de meus braços. Voei pra cima deles, Milena desesperada me pediu que não fizesse isso, sentir os braços de Rick me puxar, e uma confusão foi formada
JUIZA: SILENCIO EM MEU TRIBUNAL – batia o martelo – SE NÃO FIZEREM SILENCIO, MANDAREI PRENDER A TODOS - era bem grossa.
Rick me tirou de dentro da sala, precisava respirar. Ao sair, sentei-me em uma banco em frente à sala e chorei, chorei como se não houvesse o amanha
- Ross, você tem que fazer algo, ela não pode ficar presa – falava angustiada.
- Isso é tudo culpa sua – falava Eli – minha filha só se mistura com quem não presta… sua sapa…
- CHEGAAAA – a Fa grita, fazendo todas ali a olhar, ninguém nunca imaginou ela fazendo isso – a Milena esta presa e brigar não vai adiantar e não… - olhou para minha sogra – não é culpa da Laura por a Milena esta presa, a culpa é da Camila que inventou tudo isso e ela vai pagar caro, e agora é a hora de nos unirmos e ficarmos mais fortes que nunca, porque é isso que ela vai se tornar. Agora é o pior momento da vida dela e das nossas, não quero minha menina dentro daquele lugar horrendo e você Ross – olhou para o advogado – você vai tirar minha menina dessa, o mais rápido possível…
Milena~
Receber aquele veredito foi a pior coisa que me aconteceu. Abraçar a Laura e sentir que aquele seria nosso ultimo abraço doeu mais, iria deixar uma vida pra trás, uma historia interrompida por algo que eu não fiz, por uma loucura de outra pessoa.
- Me soltem – gritava e tentava me soltar dos braços dos policiais. Eles me jogaram em uma cela – exijo falar com meu advogado – falei encarando um que me deu um riso sarcástico e saiu. – DROGA – sentei na cama que tinha ali. Rodava de um lado a outro, não sabia o que fazer, imaginava a confusão que estaria lá fora, como seria a minha vida e a da Laura daqui em diante, é uma confusão imensa em minha cabeça. Fixei meus olhos em minha aliança e a rodava em meu dedo, eu tinha tudo e em questão de segundos perdi. Como eu perdi?
Depois de muito esperar o Ross chega a minha nova “sala”
- Milena – fala sentando na cama
- Ross, eu exijo que me tire daqui – falo rodando de um lado a outro.
- Irei fazer o máximo possível pra você sair, mas aquele laudo psiquiátrico que o advogado da Camila apresentou nos pegou de surpresa e não tínhamos uma contra prova – falou
- Eu não quero saber – o olhei no fundo dos olhos – você tem noção do que eu estou perdendo ficando aqui dentro? – já estava nervosa
- Eu imagino – fala serio
- Eu quero sair daqui – falei firme – eu não sou culpada, estão cometendo um erro – sentei-me tremendo toda
- Verei o que posso fazer. – afirmou
- Isso vai demorar quanto tempo? – pergunto
- Não sei ao certo, tentarei fazer o possível ainda hoje, pedirei outro exame medico de Camila, com médicos de minha confiança e um do tribunal, não deixarei ele levar a melhor.
Eu rodava de um lado a outro, minhas mãos e pernas tremiam, queria me faltar o ar, mas eu não poderia me permitir a surtar. Olhei minha aliança mais uma vez e sorri
- Avisa a Laura que eu a amo – falei de costas pra ele
- Sim, avisarei. – a porta da cela se abre – vou lhe tirar daqui – afirmou
Fui levada a um presidio de segurança media, éramos tratadas como animais e eles não perdiam tempo. Desci do ônibus e seguimos para uma grande sala, onde fazíamos fila, pois estávamos algemadas umas com as outras. Na ponta tinha uma mulher que estava entregando uma sacola com a roupa do presidio
- Pode entrar ai – avisou com uma voz grossa
Entramos em um banheirão, onde ficamos todas nuas, eles jogavam agua em cada uma com uma mangueira de jato forte, enquanto ensaboávamos nossos corpos. Algumas mulheres me encaravam, eu fingia não ver. Tinha de topo tipo, toda raça, toda formato, todas tatuadas das cabeças aos pés e outras que nem tatuagens tinham. Depois de sair desse banheirão, seguimos para outra sala que entrava uma por uma, la estava uma mulher com uma luva nas mãos, iriam revistar nosso intimo, sim enfiaria o dedo em nossa vagin* e bunda
- Encosta a mão nos pés sem dobrar o joelho virado pra mim – avisa. Fiz o que me pediu, e naquele momento entendi o que era cadeia, sem privacidade nenhuma, não tínhamos direito a nada. Prendi a respiração e mordi os lábios, aquele lugar era um inferno – PROXIMA – gritou.
Saí da sala e me vesti. Fui para a identificação, onde tirou varias fotos minhas, pegou minhas digitais. Logo depois nos estregaram um cobertor, dois lençóis e um travesseiro e estava nos encaminhando para a cela de cada uma.
- ABRAM A CELA 22 DO CORREDOR “E” – gritou a carcereira grosseira, que mais parecia um monstro. A cela se abriu – Gina, sua companheira de quarto – falou
Entrei na cela com meu coração na mão, não sabia o que fazer ou como me comportar. Cumprimentei-a com um aceno de cabeça
- A sua cama é a de cima – falou
- Obrigado – falei colocando as coisas em cima dela e sentei no chão
- Porque foi presa? – me encarou
- Fui acusada de agressão física e tentativa de estrupo – falei com minha mão na cabeça
- Contra uma criança? – levantou nervosa vindo em minha direção
- NÃO… NÃO – a encarei com o medo visível em minha face – uma louca que trabalhava pra mim me acusou e eu fui condenada, sou inocente.
- Aqui todas são minha querida, então sossega que você ta no céu, só tem anjas – falou rindo, eu forcei o sorriso. – pegou quanto tempo?
- 1 ano e 6 meses
- Vamos morar um longo tempo juntas – falou rindo
- É, pelo que vejo sim – apoiei minha cabeça sobre minhas mãos.
Laura~
O Ross saiu para encontrar a Milena, fiquei amparada pela Fa e Ryan, que me passavam forças. Como seriam nossas vidas dali pra frente? Era tudo uma incógnita. Minha mulher presa por algo que ela não cometeu.
Camila saiu acompanhada do tribunal com seu advogado, Eli brigou com ela, falou que ela iria pagar caro pelas mentiras, sua filha nunca faria isso. Eu não tinha forças para levantar os olhos, quem dirás abrir a boca para brigar. Vi ela debochar de minha sogra, Fa entrou pela briga e só não saíram nos tapas porque os oficiais chegaram.
Minutos depois Ross retorna, falando que conversou com Milena e a mesma estava nervosíssima, e que ele iria fazer o possível para tira-la de lá. Antes de sair, sussurrou em meu ouvido
“Ela pediu para lhe dizer, que a ama muito”
Sorri involuntariamente e de olhos fechados com aquele recado. Com muito esforço o encarei e com um largo sorriso respondi
“Diga a ela, que ela é meu amor, e que vamos superar isso”
Ele sorriu e pediu licença a todos. Eu queria ir para casa, não sabia qual rumo tomar. Tive que sair praticamente escondida, por causa dos repórteres na frente do tribunal. Ao chegar em casa, Isa me deu banho, me colocou na cama, eu estava inerte a tudo ainda, não sabia o que fazer. Vesti uma de suas camisetas e me deitei.
- quer comer algo? – perguntou
Eu nada falava e maneei a cabeça com um “não”
- mas Isa, você tem que comer algo! – insistia e eu apenas sorrir e fechei os olhos.
Só de imagina-la em um lugar feio daqueles, sem amor e carinho, lençóis gelados, camas duras, comidas ruins, me dava calafrios. Ela não merecia, qualquer pessoa naquela casa merecia, ate eu merecia, mas ela não! Com um coração tão grande e lindo, não merecia ta passando pelo que estava passando.
- irei deixa-la sozinha, não me faça nenhuma besteira, vou tomar um banho e comer e já já eu venho – me avisou, eu só balancei a cabeça em positivo e ela saiu
Parando para pensar, Milena não teria aquele privilégio que nos estávamos tendo. Tomar banho, comer e deitar para descansar. Lá era tudo regrado. Tudo tinha horário, e se uma presa a machucasse. Eu não quero nem imaginar, e por causa desses pensamentos, eu chorei, chorei bastante.
Milena~
Já faziam dois dias que eu estava naquele inferno, eu tentava ao máximo me distanciar de todas, porem eu percebia os seu olhares em cima de mim, o ódio sem eu ter feito nada. Tava sendo difícil, dois dias longe de minha realidade.
Estava tomando o banho de sol, quando um oficial me chama, avisando ter visitas.
- Ross, ate que fim – falei contente, finalmente um rosto amigo.
- oi Milena, e ai? Como estão as coisas?
- péssimas, espero melhorar com sua visita – o encarei
- desculpas, mas acho que não – abriu sua pasta e pegou alguns papeis – durante esses dois dias, recorri, entrei com pedidos de novos exames para Camila fazer, porem vai demorar mais que o esperado para ela realizar esses novos exames, seu advogado não quer que ela faça nada, e nos sabemos o porque. Pedi um habeas corpus, mas foi negado – me encara – estou fazendo tudo ao meu alcance e dentro da lei
- pois faça melhor – bati na mesa e ele me encarou – estou a dois dias nesse inferno e já quero me matar – o encaro com raiva
- eu entendo…
- não Ross, não, você não entende. – respiro fundo
- o que eu consegui ate agora é que se você se comportar direito, você pode sair cumprindo só 50% da pena, ou seja…
- irei passar 9 meses de minha vida dentro de uma cela, pagando um crime que não cometi, porque meu advogado não consegue me inocentar – falei ríspida.
- eu entendo sua frustação, por isso não irei discutir. Mas farei o meu melhor!
- Ross, acho que o seu melhor, esta sendo pouco! – respiro fundo – me tira daqui, só isso que lhe peço – tenciono o maxilar. Me levanto indicando que irei sair e antes que me parta ele fala
- Laura mandou um recado… - o olho sobre o ombro – você é o amor da vida dela e que isso logo, logo passará. – dou um riso e continuo a andar.
Laura~
Já se passavam uma semana que a Milena foi presa e eu ainda não tinha ido visita-la, não por não querer, mas porque eu estava correndo atrás de muitas coisas para solta-la. Eu via mais o Ross em um dia, do que meu produtor que vivia colado em mim. Recorremos a tudo, o advogado de Camila não cedia ao um novo exame, logico que sabíamos o porque, mas era preciso para inocenta-la.
Durante essa semana Eli me encarava, não falava nada por causa da Fa e dos demais, mas eu não me importava, aquela casa também era minha, minha e da Milena, nosso canto, nosso lar. Rick sempre me consolava, Diana não ficava atrás com as meninas, Isa sempre pegando em meu pé. Ryan que era o único que me fazia sorrir, por causa de suas brigas com William. Que se diga de passagem eram infantis.
- vai visita a minha menina hoje? – pergunta Fa assim que entro na cozinha
- sim – falo com um sorriso
- sabe, tem dois dias que a encontrei, e queria vê-la de novo, saber se ta comendo bem. – da um riso frouxo. Eu a abraço
- vai ficar tudo bem Fa, nossa menina é forte…
- nossa não! – fala Eli ao entrar na cozinha – a Milena não é e nunca será sua – fala ríspida – prefiro minha filha presa do que com você – me encara
- quer para com isso Elissandra? – pregunta Fa
- você não vê o mal que essa garota faz a minha filha?- aponta pra mim, e logo olha pra Fa
- a única coisa que vejo é o bem… desde que ela entrou na vida de Milena, o mundo ficou melhor…
- pra quem? – pergunta incrédula – porque o meu ta uma bosta, minha filha ta presa por algo que não fez
- pra elas, e pra nos que a amamos de verdade!
- você quer dizer que não amo minha filha de verdade?
- sim, pois você ama o que ela é para sociedade e não para o que ela é pra você! – ao dizer isso, vai em direção a saída da cozinha – acho melhor você aceitar, pois pelo que vejo Milena não terminara com Laura, e se terminar, eu faço voltar – falou firme – Laura… - me olhou e me chamou para sair.
Ross chegou e seguimos para prisão.
Milena~
Uma semana que eu não vejo minha mulher. Estava deitada no chão da cela, olhando uma foto sua que me enviaram e sorri involuntariamente
- sua namorada? – pergunta Gina
- não… - sorri – minha noiva
- muito gata ela – falou
- eu sei, e concordo plenamente – sorrimos
- sabe… - começou a falar e eu a encarei – você já tem uma semana aqui e eu não vejo a ruindade em você – fala me encarando, estava sentada na beliche debaixo em minha frente
- que bom, assim prova que ainda não fui corrompida – falei rindo e ela riu
- se depender de mim, também não irá
- obrigado – respiro fundo. Nessa hora me lembrei da primeira fez que saímos da cela e fomos para o pátio
≫> - sabe Milena, você tem que ser esperta aqui – fala gina
- sobre o que? – pergunto, caminhávamos lado a lado
- têm regras na prisão, regras que as presas fazem e você tem que cumpri-las – caminhávamos
- quais são? – pergunto interessada é claro
- ta vendo aquele grupo na arquibancada? – encostávamos em uma parede distante de todas
- sim – falo forçando a visão para enxergar
- são as the Mafia. É comandada por Oneida.
- Oneida é a do meio?
- Não, ela saio da prisão, porem manda em tudo, então não chegue nem perto delas – me avisou
- anotado, não quero nem olha-las
- isso ai, aquelas jogando futebol são as Diablos, elas infernizam a vida de todas detentas aqui, querem passar por cima de todas e querem pegar o que é seu…
- anotado para passar longe também. Mas o que elas roubariam de mim?
- sei la, escova de dente, pasta extra, essas coisas… elas roubam também as “mulheres”
- mulheres? – pergunto espantada
- sim, as vezes obrigam as mulheres serem escravas sexualmente delas
- aiiii meu jesus – falo espantada
- calma, vamos dar um jeito – sorri – aquelas na academia são as cubanas, elas são insuportáveis, mandam no refeitório e é quase igual às Diablos, as vezes pior, e rola direto briga entre as duas – fala
- mais uma pra eu ficar longe
- aquelas no canto esquerdo são as russas, as vezes são gente boa, mas sempre tem que ter algo em troca se quiser que elas façam algo .
- anotado – falei
- no canto direto mais para parede são as idosas, ninguém aqui mexe com elas e existe o máximo de respeito
- ainda bem – rimos
- no mesmo canto, mais pra frente tem as bad Girl – rir – se acham donas de tudo, mas não tem nada… porem fica longe e evita confusão, elas não medem esforços para machucar e o jeito grosseiro é capaz de humilhar você.
- Jesus – falo incrédula.
- e por fim tem aquelas ali no inicio do pátio, são as barra pesada, enfrentam tudo, aquele grupo são chamadas de “a morte”, porque todas ali já mataram alguém, inclusive a de cabelo vermelho trans*do, já matou dois carcereiros, mas ninguém achou provas – avisou
- irei, com toda certeza ficar longe de todas, exceto… - a encarei – do clube das idosas, que ao meu ver é o melhor – rimos
- pena que para entrar, basta só um requisito
- qual? – pergunto
- ser idosa – rimos. ≪<
- ABRAM A CELA 22 DO CORREDOR “E” – gritou a carcereira – Milena nascimento, visita – avisou
Ao me levar para a sala de visitas, eu esperava ser o Ross e assim o vi mas logo em seguida meus olhos bateram na figura mais linda que meus olhos já haviam visto…
- My sweet angel… - falei com pouca voz pra mim mesma e ela sorriu.
Fim do capítulo
Oi bbs... Olha eu de volta.
estou demorando de postar, poque estamos na reta final e estou tendo um pouco de dificuldades para escrever, pois os capitolos estão ficando longos e eu nao to com muito tempo, mas irei finalizar.
desculpem a minha demora, amo vcs e espero que tenha gostado e nao, nao me matem, calma kkkkkk
bjs
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Elizaross
Em: 03/07/2018
que injustiça com a milena... afff
Que a Laura e Ross consigam tirar logo a Milena desse inferno
Mae preconceituosa essa o pior que temos muitas dessas por ai desse jeitinho mesmo infelizmente :(((
Resposta do autor:
Milena é um amor.
Laura e Ross sao os defensores da Mi.
Verdade, tem muitas que são iguais a ela. muito chato isso.
Temos que amar as pessoas pelo que sao. :((
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Socorro
Em: 03/07/2018
Poxa, autora sério isso, Milena continua presa ?? Vc não deixar tudo por último capítulo, né??
Que mãe chata do cacete, aff
Resposta do autor:
Socorro, mas ela vai sair. relaxa.
Prometo nao deixar pra resolver as coisas no ultimo cap.
Mae chata ne? pior que existe muitas iguais a ela.
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