Capítulo 1 - O Último Adeus
O RENASCER DE UM ANTIGO AMOR
Capítulo 01 - O Último Adeus
Pode-se dizer que o dia 27 de março de 2014 foi o pior dia da vida de Fernanda.
3 anos atrás
-- Filha sua namorada não vem? -- Oscar, seu pai, perguntou segurando dois espetos de churrasco, um em cada mão.
-- Já já ela chega papai. -- Falou olhando para o celular, há 40 minutos Victória havia mandado uma mensagem dizendo já estar chegando no local.
-- A Vic tá sempre atrasada, relaxem. -- Mariana comentou rindo.
Porém naquele momento o resgate já estava levando-a para o hospital.
Já haviam se passado 3 anos e ela estava sentada naquele quarto de hospital no qual dormira por noites seguidas durante todo aquele tempo.
Olhou para a jovem que parecia estar apenas dormindo tranquilamente e segurou sua mão, a ordem era desligar os aparelhos que a mantinham viva, alguns dias atrás havia sido confirmada a morte cerebral e em poucos instantes sua namorada não estaria mais ali.
Ali naquele quarto silencioso deitou sob o peito dela, os médicos não deixavam tocá-la muito, mas naquele dia não tinha porquê de se importar com isso. -- Meu amor… Eu vim aqui só pra dar adeus. -- Deixou uma lágrima cair.
Não era fácil aceitar, tudo que conseguia era ficar se lembrando de todos os sonhos, do cachorro que iriam adotar, da faculdade em que ela havia sido aprovada e de como ela estava feliz naquele dia.
Tudo destruído por um maldito acidente.
Quando se deu conta estava soluçando sobre ela, o desespero tomou conta de si quando notou que nunca mais ouviria a voz grave que a deixava arrepiada, nunca mais ia rir da falta de jeito que ela tinha para dizer coisas românticas.
Não sabia lidar com aquilo, seu coração parecia partido em mil pedaços.
Ouviu a porta se abrindo, alguém lhe puxava com delicadeza.
-- Precisamos avaliar o quadro dela mais uma vez… -- A mulher de voz branda falou. -- Você precisa ir Fernanda, vai ficar tudo bem.
Fernanda enxugou as lágrimas de forma brusca. A verdade é que não ia ficar tudo bem, nunca poderia ficar tudo bem.
Olhou para trás uma última vez, tudo o que restaria daqui alguns minutos seriam lembranças.
Saiu caminhando pelo corredor, a família de Victória estava ali. Mariana veio e lhe abraçou forte, seus olhos denunciavam que havia chorado por horas. Era sua irmãzinha, como não chorar?
Olhou para sua sogra ao lado da filha mais velha, Isabel.
Isabel e Victória nunca se deram muito bem, mas era notável que a situação ali poderia machucar até mesmo o mais insensível dos seres humanos.
Isabel ergueu os olhos para encarar a namorada de sua irmã. Como era difícil ver a mulher que amava tão triste. Engoliu em seco, era uma dor multiplicada por dois.
-- Eu não quero ficar aqui… -- Fernanda falou com um nó na garganta. Mariana apenas assentiu a cabeça positivamente como quem a entendia.
Saiu para fora do hospital e respirou fundo, não voltaria mais ali.
E pensar que um dia teve esperanças de sair daquele lugar segurando a mão da mulher que amava e levando-a para casa.
A noite estava fria e caiam algumas gotas de chuva quase imperceptíveis. Fernanda subiu na moto e colocou o capacete, resolveu ir para a casa do meu melhor amigo, não seria uma boa ideia ficar sozinha naquela noite.
Assim que Caio respondeu sua mensagem confirmando que estaria em casa, Fernanda pegou a estrada para chegar mais rápido, eram aproximadamente 22h30 e não tinha muito movimento, mas logo a tempestade piorou e ela se repreendeu por não andar com a roupa de chuva na bolsa.
Estava um pouco frio, porém a 80km debaixo de chuva a sensação era congelante, resolveu ir um pouco mais rápido, não faria mal, no máximo uma multa do radar eletrônico, mas ela não estava se importando muito com isso.
É claro que limites de velocidade existiam por um motivo, quando Fernanda viu que o caminhão a sua frente estava dando seta para mudar de lado na pista já era tarde demais, não dava para reduzir a velocidade.
Levou coisa de segundos pra que ela invadisse a contramão na tentativa de não trombar com a traseira da carreta e colidisse com um carro de passeio que a arremessou a 85 metros de distância.
Enquanto o resgate estava a caminho do trágico acidente que parou a rodovia, no hospital, a doutora que havia examinado Victória discutia calorosamente com outro médico.
-- O que está acontecendo? -- Isabel perguntou franzindo a testa incomodada com a tensão.
-- Não sei… -- Mariana respondeu fungando em um dos poucos momentos em que havia conseguido parar de chorar.
Foi com os olhos brilhando que alguns minutos depois Mariana recebeu a notícia de que a ficha de sua irmã havia sido trocada com a de outra paciente em estado terminal, e que ela ainda tinha uma pequena chance recuperação.
-- Vocês têm falado isso por anos… -- Isabel falou aborrecida por estar ali, odiava hospitais.
-- Estatisticamente existe uma probabilidade de que a paciente se recupere, é a única certeza que podemos dar. -- A doutora suspirou cansada. -- E como foi comprovada a inexistência de morte cerebral, eu estou cancelando processo de desligamento dos aparelhos.
-- A senhora devia entrar com um processo contra esse hospital, por todo esse transtorno mãe. -- Isabel resmungou, porém sua mãe parecia mais empolgada com a notícia de que sua filha continuava viva do que aborrecida com o erro médico.
-- Você está certa filha. -- Ícaro disse abraçando a esposa. -- Mas vamos resolver isso um outro dia.
-- O que você está esperando Mari? -- Disse Isabel parada no corredor observando a irmã no meio do corredor parecendo desapontada com o celular na mão.
-- Tô tentando ligar pra Nanda… Mas ela não atende.
-- Amanhã a gente fala com ela, ela deve estar dormindo agora.
Mariana se deu por vencida e acompanhou a irmã mais velha até o carro.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
olivia
Em: 28/06/2018
Promessa de muita emoção,lágrimas,risos,vou conferir todos os dias! Autora confio em que não vá me deixar na mão hein? Brincadeirnha amei o primeiro capitúlo!??’???‘?
Resposta do autor:
Opa, não vou deixar na mão não rsrs Muito obrigada pelo comentário, é muito bom ver que estão gostando <3
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]