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An Extraordinary Love por Jules_Mari

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Palavras: 8445
Acessos: 6016   |  Postado em: 10/06/2018

Notas iniciais:

Boa noite, 
Desculpem o breve atraso, mas essa semana foi intensa para mim e, por pouco, não conseguia postar o capítulo, mas não poderia fazer essa desfeita com vocês, então aqui está! 
Insisto em lhes agradecer todo o carinho e o retorno que sempre me dão. É por vocês que escrevo. 

Boa leitura e uma excelente semana a tod@s. 
Xeros

Capítulo 49 Somos Nós

“São memórias...”

Aquele atordoante pensamento ficava martelando em sua mente, lhe lançando em um verdadeiro caos de ideias e questionamentos. Não queria aceitar! Lutava contra ele, pois aceita-lo significava ir contra tudo o que pensava, tudo o que acreditava ser certo e verdadeiro. Toda a razão na qual construiu as suas bases ideológicas seria solapada pelo que estava ousando cogitar.

- NÃO! É impossível! – Disse para sim mesma em meio ao vazio e ao silêncio da sala onde estava. A pouca luz provinda de um abajur ajudava a tecer o clima sufocante que a comprimia. O frio lhe doía as juntas, já que a lareira já havia queimado sua ultima chama. – Não pode ser! Ela é outra pessoa completamente diferente... Outra época! Recomponha-se Cosima Niehaus! – Repreendeu-se empertigando sua postura. – Mas é tão real... – Voltou a arriar os ombros, discutindo consigo mesma.

A aflição lhe comprimia as entranhas, lhe causando uma real sensação de náusea e um mal-estar que fizeram com que sua cabeça girasse de forma a lhe obrigar a apoiar-se no birô que havia ali. Percebeu que os primeiros raios da manhã incidiam pelas frestas das pesadas cortinas cor de telha. Correu até elas e as afastou, para em seguida escancarar uma das janelas e deixar uma lufada de ar frio lhe acertar o rosto. Precisava de ar puro. Olhou para o lindíssimo jardim dianteiro daquele castelo e contemplou a perfeição daquela construção tão antiga e que continha tantas histórias.

Algo passou por sua mente!

Correu até onde havia deixado o diário largado e o pegou, em seguida saiu em disparada passando pelo amplo salão principal. Ainda olhou para o topo da escada e pensou em sua amada. Cogitou a possibilidade de acorda-la sob uma enxurrada de questionamentos aflitos, mas achou melhor não incomodá-la (ainda), pois certamente ela estava precisando daquele descanso. Sabia que ela tinha algo muito sério para lhe contar, e a cada instante tinha a certeza de que essa conversa tinha a ver com as descobertas que estava fazendo.

Girou sobre o próprio eixo, como se tentasse se localizar. Focou no diário em mãos e o folheou freneticamente relendo passagens que acabara de ler e que descreviam aquele mesmo lugar. Lembrou-se que Delphine lhe disse que muitas reformas foram feitas naquela antiga edificação, a fim de adequá-la aos dias atuais, mas mesmo assim começou a perambular e tentar localizar os lugares descritos.

A cozinha atual era bem menor, embora ainda fosse bastante ampla, do que a do passado e ficava em outra posição, outro cômodo. Mas onde a antiga deveria estar havia agora uma grande garagem, que naquele instante continha apenas três veículos, sendo um deles o sedan negro de sua professora, o outro era um utilitário que certamente deveria ser de uso das governantas e o terceiro era uma motocicleta antiga. Achou estranho aquele veículo estar ali, mas o ignorou. Parou diante das portas automáticas procurando algum tipo de dispositivo para abri-las. Avistou uma caixa metálica na parede direita e testou vários interruptores, fazendo as luzes piscarem e exaustores serem ligados e desligados, até que dois deles acionaram uma das portas.

- Isso! – Postou-se diante dela que ia sendo automaticamente erguida e à medida que a luz incidia lá dentro Cosima se viu diante do lindíssimo jardim sob paredes de vidro, com muitas plantas dependuradas em suportes que iam de uma extremidade a outra. Bancadas em perfeita organização também continha jarros e canteiros com flores, ervas e todo o tipo de plantas que ela poderia imaginar. – Os Jardins Suspensos da Emanuelle Chermont! – Suspirou embevecida enquanto caminhava pelos corredores, permitindo que os cheiros lhe invadissem as narinas.

Delphine havia mantido aquele jardim todos aqueles anos. Cogitou ser uma espécie de homenagem para aquela mulher incrível, mas também lembrou-se da estufa na cobertura do apartamento de sua amada e pensou que aquele ali também era um hobby daquela surpreendente mulher.

Era como se estivesse experimentando uma viagem no tempo. Foi inevitável para ela fechar os olhos e imaginar Manu caminhando por ali, cuidando de suas plantas, preparando seus unguentos, infusões e chás. Assim como as demais mulheres das quais havia lido. Olhou para a moderna garagem e imaginou a grande copa e cozinha usadas pelas antigas mulheres da Ordem e também quase conseguiu enxergar a própria Evelyne preparando o chá e o emplastro que cuidou do machucado de Melanie.

Olhou para sua própria mão direita e lembrou-se do sonho que teve, no qual acordava na cama da Evelyne, sentindo o pulso inchado e dolorido, no qual viu Manu Chermont cuidando dela e a chamando de... – “Mel” – Cerrou os olhos, novamente atordoada com aquela ideia. Alcançou uma porta que pensou estar trancada. Para sua surpresa não estava e então saiu por ela e teve sua mente explodindo em pura confusão, pois a alguns metros de onde estava, tinha início o imponente e perigoso labirinto vivo que fora descrito nas memórias que lera.

Caminhou de forma hesitante até ele. O frio no inicio da manhã lhe fazia arrepiar e agradeceu por estar vestindo o seu pijama de flanela, pois ele a ajudava a suportar aquela temperatura desconfortável. Com certo receio, ergueu a mão e tocou as folhas extremamente verdes e que estavam milimetricamente aparadas. Era como se, com aquele toque, ela quisesse ter a certeza de que aquilo era real e não o fruto de sua imaginação.

Arrancou uma folha e a deixou repousada na palma de sua mão. Num delírio louco imaginou que ela fosse se desfazer e sumir, assim como todo o resto, mas nada daquilo aconteceu. Riu de seu devaneio bobo.

Voltou a tocar as folhas e acaricia-las enquanto ladeava aquela parede viva parando apenas quando alcançou uma entrada larga, que dava acesso para um corredor de vários metros, até uma nova parede. Olhou para os lados e então percebeu uma construção de tijolos bastante antiga, mas bem conservada. Pensou tratar-se de um pequeno depósito, mas em seu intimo, sabia do que se tratava. Era o local onde a Melanie aguardou antes do início de sua iniciação. Foi até lá.

Para o seu azar – ou sorte – a porta estava trancada, assim como as janelas de madeira rustica. Forçou a vista pelas frestas, mas estava escuro demais lá dentro, levando-a a desistir. Retornou então para o labirinto, parando bem no meio da larga abertura. Então, inevitavelmente lembrou-se de outro estranho sonho, aquele em que se viu em meio a uma sala escura, olhou para aquela construção e que de lá ela ouviu uma música distante. Riu de si mesma ao perceber que também havia sonhado com a iniciação de Melanie, aquela que acabara de ler.

Repassando o sonho e a leitura em sua mente, começou a mergulhar no labirinto quase sem perceber e só caiu em si quando chegou ao final daquele corredor e se deparou com uma bifurcação. Atordoada, olhou para as duas direções e para de onde havia vindo e se pegou sem saber ao certo o que fazer. Voltou a encarar o livro que trazia em mãos, na tentativa de encontrar nele a resposta, mas sabia que a própria Melanie havia se perdido naquele emaranhado de corredores e só se achou por que seguiu a música.

Folheou até novamente se localizar no ponto onde havia lido aquela passagem e passou a reler novamente. Sem que percebesse, tomou uma das direções e foi seguindo, fazendo curvas e mergulhando cada vez mais nos tortuosos caminhos daquele labirinto e, como se o conhecesse com maestria, se via caminhando em direção à clareira central.

Então viu-se parada diante daquelas antiquíssimas pedras que foram erguidas ali, muito antes dela e até mesmo muito antes das mulheres das quais lia no diário. Sentiu-se preencher de uma emoção sem tamanho e lágrimas novamente vieram à tona. Rodeou o circulo de pedras as acariciando e imaginando o lindo ritual de união que ligou Melanie e Evelyne de forma definitiva. Pensou então nas exatas palavras ditas pelas anciãs a elas:

“O que a deusa uniu, nenhuma força será capaz de separar!”

Arrepiou-se e sentiu seu coração saltar dentro de seu peito.

“Pronto minhas crianças, agora vocês são duas metades de um todo perfeito! São uma só!”

Sua cabeça novamente girou e aquelas palavras ficavam ecoando em sua cabeça. União! Metades de um todo!

- São uma só! – Leu em voz alta aquela frase e ela lhe fazia total sentido, pois sabia exatamente o que Melanie sentia em relação a Evelyne, pois era o que ela mesma sentia em relação a Delphine.

- Delphine! – Sussurrou e recostou-se em uma das pedras diante do choque que sentiu com a constatação que novamente ganhou forma em sua mente.

- Não são sonhos... São memórias da Melanie... Não! Minhas memórias... – Arriou até cair sentada ao chão.

Apesar de tudo o que estava concluindo parecer ridículo e impossível, lembrou-se de sua mãe e do quanto elas eram diferentes quanto a questões como aquela, que diziam respeito ao âmbito espiritual. Permitiu que suas lembranças viajassem até o dia em que cedeu às investidas insistentes dela e a acompanhou até uma cigana em Haight-Ashbury. Segundo sua mãe, aquela mulher era uma eximia leitora de cartas e outros apetrechos para ver o passado e prever o futuro das pessoas. Naquele dia, aquela estranha cigana havia dito coisas bem genéricas para sua mãe, contudo havia acertado coisas muito especificas sobre ela, especialmente quando disse que o seu grande amor ainda estava a sua espera e naquela ocasião, já estava saindo com Shay. Mas foi algo que ela disse e que Cosima optou por fingir que não acreditou, mas que sempre esteve escondido num incomodo lugar de sua mente.

“O seu coração, a sua alma está profundamente ligada a de uma outra pessoa e você será completa quando encontrá-la. E mais, ela precisa muito de você.”

Repassou aquela mensagem várias vezes e o incômodo que sempre lhe causava, deu lugar a uma familiar sensação de reconhecimento. Como se ela começasse a fazer sentido.

Esfregou suas coxas que estavam cruzadas e decidiu experimentar pensar sem tantas barreiras naquilo tudo, tentando deixar de lado a sua racionalidade exagerada. Dessa maneira se permitiu dar vazão as ideias absurdas que cada vez dominavam mais seus pensamentos.

- Era Dellphine! – Liberou suas amarras de olhos fechados. Estava se referindo a mensagem deixada pela cigana. O grande amor que esperava por ela era a mulher por quem estava perdidamente apaixonada e quem a amava na mesma intensidade. E com essa constatação ousou ir ainda mais além e deu vazão a insanidade que estava muito mais próxima da realidade do que a própria razão.

- Somos nós... Eu e ela! – Cochichou para si, como se ainda tivesse vergonha de assumir aquela verdade. Abriu o caderno de memórias e releu mais uma vez a dedicatória de Melanie para Evelyne. Repassou todos os estranhos sonhos tão reais que teve e se tudo isso não bastasse havia aquela fenomenal conexão que ela tinha com Delphine e a certeza de ter encontrado tudo aquilo que lhe faltava.

Sua metade!

- Minha alma gêmea. – Riu desse pensamento, mas no fundo sabia que era exatamente essa a sensação que tinha sempre que estava ao lado de sua amada.

Finalmente pareceu aceitar a sua condição, a sua realidade a de que tinha uma relação real com a autora daquelas memórias, afinal de contas Siobhan havia lhe entregado tudo aquilo dizendo que a pertencia, como uma espécie de herança de família.

- Melanie... – Deixou o caderno em seu colo e se abraçou, sentindo um calafrio que nada tinha a ver com o vento gelado que incidia no centro do labirinto naquela manhã.

Ergueu a cabeça e permitiu que o sol lhe atingisse o rosto e esquentasse as lágrimas que caiam de seus olhos de forma intensa. A confusão angustiante começava a dar lugar a uma reconfortante e libertadora felicidade. Pensou ser impossível ser mais feliz ao lado de Delphine, mas agora que realmente havia se permitido compreender e aceitar o que o relacionamento delas significava, o mais intenso, puro, poderoso e verdadeiro amor.

Estavam destinadas uma a outra. Foi assim há mais de 300 anos e voltou a ser assim que se (re)encontraram. Riu embevecida e totalmente comovida com todas as sensações impossíveis que estava provando. E se deixou consumir por outro sentimento que lhe preenchia. O orgulho de carregar algo da Melanie, de compartilhar traços seus, pois a admirava demais. E mais, por ter alguém como Delphine em sua vida.

A história de Melanie e Evelyne foi o início da sua vida com Delphine. Com um sorriso bobo nos lábios, enxugou as lágrimas que turvavam seus olhos e voltou-se para as memórias. Restavam poucas páginas para o final delas e em seu intimo, Cosima desejava com todas as suas forças que o final fosse feliz, mesmo sabendo onde a Melanie estava e o que ela estava esperando acontecer. Levou o livro aberto ao rosto e cheirou o perfume amadeirado do tecido usado para compor aquelas páginas, da tinta da caneta e do couro perfeitamente costurado. Deixou que a emoção viesse novamente a tona assim que alcançou o ponto que havia parado. Olhou para um dos lados, imaginando que talvez aquela fosse a direção do castelo e pensou em Delphine ainda deitada, dormindo. Sabia que ela tinha algo muito importante a lhe dizer e agora ela acreditava que sabia o que era. Decidiu então que finalizaria aquela leitura para chegar diante de sua amada e dizer-lhe que havia compreendido tudo.

Se mexeu, procurando uma posição mais confortável, onde o sol não incidisse tanto sobre as páginas. Ajustou os óculos e buscou um final.

 

******

 

Acordei primeiro que você e demorei alguns instantes para que a compreensão completa de onde eu estivesse e do que havia acontecido. À medida que as imagens e lembranças da noite anterior vieram a tona, a felicidade foi tomando conta de mim e quando baixei meus olhos, vi cachos dourados, espalhados sobre meu abdômen e então percebi algo mais além. O toque de nossas peles, sem barreiras nenhuma entre elas, denunciando a nossa nudez sob o lençol que mal nos cobria. Inevitavelmente um já familiar calor começou a meaquecer o intimo e quase involuntariamente contraí minhas pernas lentamente enquanto acariciava seus cabelos.

As contrações de minha intimidade, aliadas as lembranças das loucuras eróticas que experimentamos em nossa primeira noite juntas logo ocasionaram aquela deliciosa umidade que potencializava a minha necessidade de você. Fechei os olhos e me permiti erguer um pouco a minha perna esquerda, para cruza-la e aumentar a pressão. Senti um leve espasmo se anunciar. O vivenciei de olhos fechados, tentando mover-me o mínimo possível e procurando conter meus sons que, para minha e a sua surpresa, não eram nada discretos.

Lembrei vividamente do momento em que estavas sentada entre as minhas pernas, invadindo-me com intensidade e carinho enquanto acariciavas aquele ponto exato, que tinha o poder de me roubar toda a sanidade e quando eu estava prestes a explodir pela terceira vez gritei desavergonhadamente, implorando por mais de você.

Voltei a sentir a iminência do êxtase e refreei com bastante esforço um gemido que ficou preso em minha garganta e quando abri os olhos e baixei meu rosto tive um pequeno susto ao encontrar os seus turvos olhos me encarando com um misto de surpresa e deleite. Você se moveu um pouso e olhou para o meu baixo ventre, como se quisesse se certificar de que eu estava fazendo o que imaginavas que eu fazia. Voltaste a me encarar com um sorriso provocador e eu pude apenas morder os lábios e anui positivamente com a cabeça, confirmando o óbvio.

- Meu amor... – Você disse com voz rouca e deixou alguns beijos em minha barriga sem abandonar meus olhos. Minha excitação foi potencializada muitas vezes e quase perdi a noção de tudo quando seus dedos subiram e agarraram com força o meu seio direito. Sem aviso ou qualquer pedido, você abocanhou o outro e ambas pudemos sentir o bico dele entumecer contra sua língua. Delirei mediante aquelas carícias e finalmente libertei os gemidos aprisionados. Você urrou assim que ouviu meus sons e como se eles tivessem o poder de lhe despertar o mais primordial dos instintos, você abandonou meus seios e antes que eu pudesse emitir algum tipo de protesto, deixei de pensar ao perceber que lambias a minha barriga enquanto descias e se posicionavas no meio de minhas pernas.

Tentei imaginar o que estavas pretendendo fazer e essa antecipação me lançou numa intensa loucura que causou um tremor quase descontrolado de todo o meu corpo. Você parou e apoiou seu queixo logo abaixo do meu umbigo e me olhou com a mais pura luxuria.

- Calma meu amor... – Suas mãos apertaram minha cintura e desceram até minhas coxas, forçando-as com convicção para que eu as abrisse. Só então eu tive um vislumbre dos seus planos e segurei o fôlego, mas como eu não desejava perder nada daquilo puxei dois travesseiros e os apoiei sob a cabeça afim de ter uma visão completa da sua “tarefa”.

Ainda tremendo freneticamente e respirando com dificuldade, delirei quando senti o seu hálito quente sobre minha intimidade úmida. Novamente trocamos olhares e lhe vi lamber os lábios em meio a um quase assustador olhar de gula. Hesitei por alguns instantes quando senti seus dedos atingirem aquele lugar, afastando as minhas carnes e expondo o meu ponto mais sensível e que já pulsava desesperadamente. A hesitação só durou alguns segundos, pois em seguida tudo o que eu já havia experimentado com você foi multiplicado inúmeras vezes e algo que eu pensei ser inimaginável, aconteceu. Eu explodi e literalmente me derramei em seus lábios e sob o poder vibrante de sua impressionante língua.

Urrei de forma alucinada enquanto era atingida pelo mais cru e intenso dos êxtases e quando eu já não mais aguentava sentir aquele delicioso prazer, sua boca me abandonou e quando baixei meus olhos, lhe vi vindo de forma desesperada sobre mim, procurando aquele lugar que era só seu, se encaixando entre minhas penas e conectando nossas carnes pulsantes. Se isso era possível, estavas ainda mais umedecida do que eu e numa dança frenética que gerava um molhado som, assisti o seu rápido e alucinado gozo.

Você se esforçou para manter os olhos abertos e me encarar enquanto seu lindo rosto se contorcia mediante o prazer que sentias e num ultimo lançar do seu quadril contra o meu, você se entregou ainda mais a mim.

- Eu te amo! – Aquelas poderosas palavras saíram com dificuldade em meio a respirações sofridas e elas me atingiram de tal forma que o prazer que havia cessado há alguns instantes retornou com violência e então, sem nenhum pudor, agarrei-me em suas nádegas e lancei-me contra você, invertendo as nossas posições, lhe colocando sob mim e numa busca desesperada eu rebol*va contra você, novamente explodindo.

- Também te amo! – Consegui dizer pouco antes de desabar sobre ti e sentir o atrito de nossas peles encharcadas de suor e em meio a respirações ofegantes.

- Bom dia meu amor! – Você me disse em tom de riso logo que conseguimos nos acalmar um pouco. Senti um leve calor oriundo da vergonha que senti. Afundei meu rosto em meio aos seus seios. – O que foi? – Seu sorriso só piorou minha situação e logo estávamos gargalhando em meio a carinhos matinais que se tornariam dali em diante tão comum para nós.

Só conseguimos abandonar aquela cama quando a manhã já estava no fim e após o demorado banho juntas, descemos para o café da manhã quase almoço. Cruzamos com algumas das irmãs da Ordem, que nos olhavam com ar maroto e eu estranhei aquilo enquanto você parecia não se incomodar em nada.

- Bom dia para todas! – Você saudou todas que estavam na cozinha.

- Boa tarde, você quer dizer! – Manu lhe corrigiu assim que entrou na cozinha trazendo várias flores que colhera em seu jardim. – Dormiram bem? – Ela nos provocou.

- Sim sim... Dormimos muito bem! – Eu disse nervosamente.

- Pelo menos alguém conseguiu não é? – Izabelle entrou na conversa e, a principio, eu não compreendi o que ela quis dizer.

- Eu tive a melhor noite da minha vida! – Você disse enquanto mordia uma maçã, estufando o peito. Sentei-me ao seu lado e fiquei sem entender a troca de olhares de todas ali.

- Não se preocupe Mel... Não foi tanto barulho assim. – Manu tocou meu ombro e depositou um beijo no topo de minha cabeça. Só então percebi a que elas se referiam e amor, senti vontade de morrer naquele instante.

- Vocês... Ouviram... Alguma coisa? – Quase entalei com o pão que comia. – Todas explodiram em gargalhadas mediante o tom de desconforto que ficou evidente na minha pele que queimava de vergonha.

- Relaxa amor... Isso tudo é inveja! – Você segurou minha mão e a beijou para em seguida me abraçar pela cintura. Ainda rirmos um pouco e fui tentando superar aquela situação.

- Mel, Eve... Tem algo que preciso conversar com vocês. – O clima alegre foi significativamente mudado pela voz da Manu. Assim que terminamos a nossa alimentação, a seguimos até o jardim. Quando chegamos lá, ela retirou um papel de seu avental que estava com várias machas de terra. – Acabamos de receber essa carta de nossas irmãs de Nice. – Tremi ao ouvir aquelas palavras.

Você tomou a carta em mãos e percebi que sua expressão ficou carregada enquanto lia e relia o que estava escrito. Minha ansiedade e temor eram evidentes.

- Merde! – Você bufou e eu tomei a carta de sua mão. E meus temores se confirmaram. Ela trazia informações das irmãs que lá viviam, dizendo que meu pai havia dado início a uma verdadeira caçada por nós e que certamente os homens do Martelo e da igreja já estavam em Paris a nossa procura. Não estávamos mais seguras.

- O que isso significa? – Perguntei assustada. Meu pai realmente não iria permitir nem aceitar a nossa felicidade.

- Sabíamos que ele não descansaria fácil Evelyne. – Manu comentou claramente preocupada.

- Acho que não o assustei como deveria... – Você respondeu enquanto andava de um lado para o outro. As duas ficaram discutindo enquanto eu insistia para que me ouvissem.

- Gente! Eu estou aqui. – Acenei com a mão. – Apesar de saber que meu pai é um lunático sádico e que ele não desistiria fácil, eu não tenho mais medo dele, pois sei que vocês estão comigo e eu tenho a mulher mais incrível ao meu lado. – Lhe abracei pela cintura e seu olhar preocupado, foi suavizado.

- Obrigada meu amor. – Você suspirou.

- Então é exatamente com isso que contaremos. – Manu se colocou com a segurança que era esperada da Mestra. – Minhas crianças... – Ela nos segurou pelas mãos. – A felicidade de vocês representa uma afronta para um homem como o Armand e eu jamais poderia permitir que ele causasse algum mal a vocês. Portanto... – Percebi que a voz de Manu começou a falhar um pouco, indicando que ela estava sofrendo de alguma maneira. – Vocês não podem ficar aqui. – Baixou a cabeça para em seguida erguê-la fingindo uma segurança que todas sabíamos que estava falhando, pois um dos motivos da alegria dela era lhe ter de volta.

- Você quer dizer fugir? – Sua indignação era evidente. – Jamais faria isso. Vou enfrenta-lo de uma vez por todas. – A altivez e arrogância, que eram características suas, ficaram ainda mais evidentes. Achavas que poderias lutar sozinha contra meu pai e o Martelo inteiro.

- Eu acho que a Manu tem razão. – Você me olhou surpresa. De alguma maneira, acreditavas que eu lhe apoiaria naquela decisão, mas a verdade era que eu achava realmente melhor evitar um confronto direto com meu pai e seus homens, pois isso poderia custar muito mais. E Manu imaginava que o tempo e o nosso afastamento, diminuiria a ira dele e, quem sabe, seríamos deixadas de lado.

Hoje ambas sabemos que ela se enganava, e nós também. Mas nunca foi da vontade de Manu nem da Ordem estabelecer embates que custassem vidas. Olhamos as duas para você, pois era quem precisava ser convencida. Você nos ofereceu as costas e saiu para a área externa. Tentei lhe seguir, mas Manu impediu que eu fosse, já que ambas já havíamos nos colocado. Era você que precisava tomar aquela decisão, pois tínhamos a certeza que se quisesses, farias o que bem entendesse sem levar em consideração mais ninguém.

Lhe vi andando de um lado para o outro, depois paravas e apoiavas as mãos na cintura erguias a cabeça e em alguns momentos parecia que estavas conversando sozinha. Vários minutos depois você retornou com uma expressão quase indecifrável. Manu e eu ficamos apreensivas com o seu demorado silêncio, até que paraste diante de mim.

- Quer mesmo sair daqui, se afastar de todas de... Minha mãe? – Mal ouvia sua voz e ela me feria, pois trazia verdades.

- Será só por um tempo Melanie. – Manu tentou me reconfortar.

- Mel, farei o que disser para eu fazer! – Manu e eu ficamos estarrecidas com aquela sua postura. Estavas colocando a sua vontade sob a de outra pessoa. Sob a minha vontade. Hesitantemente eu anui com a cabeça já sendo consumida pela saudade. – Então temos de sair imediatamente. – Disseste com rispidez.

Definitivamente aquela não era a minha nem muito menos a sua vontade, mas tínhamos de pensar no que seria mais inteligente de se fazer e isso significava nos afastarmos o máximo possível do Martelo e de meu pai, mesmo que isso representasse ficar longe da Ordem e principalmente de Manu.

- Bom... Essa decisão só fará com que a minha surpresa para você venha mais cedo. – Você me disse tentando suavizar o clima.

- Surpresa? – Me senti uma criança diante de um presente anunciado. Olhei para Manu, mas ela parecia estar tão surpresa quanto eu.

- Isso mesmo! Diga-me, se pudesses escolher um lugar agora para ir, onde seria? – O clima começou a mudar e eu só conseguia pensar em um lugar.

- Você só pode estar brincando... – A imagem se formou em minha mente e como mágica, toda a angústiadeu lugar a uma excitação quase infantil.

- Florença! – Ambas dissemos juntas! Meus olhos brilhavam e eu quase dei pulinhos de alegria. Há muito tempo que eu sentia vontade de ir a cidade dos artistas e dos grandes mestres e nunca pude, pois meu pai jamais permitiria que eu fosse para tão longe dele.

- Que seja Florença então! – Manu disse com firmeza e nos envolveu pela cintura.

O restante da tarde passamos enfurnadas no quarto, eu, você, Manu e Izabelle, planejando um verdadeiro roteiro de viagens e pontos específicos onde poderíamos ir. Mapas estava espalhados sobre a sua mesa de estudos e nele marcamos cada ponto onde iriamos passar. Manu disse que apenas nós quatro deveríamos saber desse itinerário, pois por mais que houvesse confiança dentro do seio da Ordem, não poderíamos subestimar meu pai e o Martelo.

Decidimos que partiríamos no dia seguinte e naquela noite tivemos um belíssimo e emotivo jantar de despedida. Manu não estava conseguindo esconder a frustração em novamente perde-la e eu percebia que aquilo também estava lhe machucando. Já para mim, também não seria fácil me afastar dela e também havia a Alba, minha Ama e amiga, alguém que sempre esteve comigo desde que eu conseguia me lembrar.

- Eve... – Lhe abordei após o jantar. – Sei que acabamos de nos... – Eu ainda achava estranho usar aquela palavra.

- Casar? –

- Isso mesmo... – Sempre me derretia com aquela constatação. – Mas eu gostaria de te fazer um pedido. – Lhe olhei apreensiva. Você apenas ficou séria me encarando e esperando o que eu tinha para pedir. – Teremos muito tempo, você e eu então... Apenas essa noite, eu gostaria de dormir com a Alba... Como eu fazia quando era criança. Então... – Lhe segurei as mãos – Você poderia passar esse tempo com a sua mãe. – Seus grandes e expressivos olhos adquiriram um brilho ainda mais reluzente e um sorriso teve início em seus lábios.

- Eu te amo tanto! – E me abraçastes.

E foi assim naquela noite. Nossa segunda noite a passamos com outras mulheres e isso sempre foi motivo de risos para nós, lembra? Mas não me arrependo nem um pouco, pois pude conversar e relembrar com a Alba os nossos melhores momentos e ela concordou comigo de que aquela era a melhor escolha. Dormimos pouco e nos despedimos com a certeza de que muito em breve nos veríamos novamente.

Hoje sabemos que não foi tão breve assim, pois já se passaram mais de quatro anos desde aquela manhã de junho e a Alba chegará aqui a qualquer momento, o que me deixa sem tempo e ainda tenho tanto para contar, para escrever, porém tudo o que vivemos a partir daquela manhã foi vivido e experimentado juntas, então nada do que eu teria para lhe dizer não saibas, pois compartilhamos cada momento desses últimos quatro anos.

Mas voltando para aquela manhã, lembro-me do quanto foi doída a despedida de Manu. Parecia até mesmo que ambas estávamos prevendo que não mais voltaríamos a nos ver e essa é uma de minhas maiores tristezas com o que me espera daqui ha poucas horas.

- Não fique assim criança! Estarei sempre com você! – Me disse enquanto encostou sua testa na minha. – Estamos todas conectadas. – E algo bem em meu intimo me dizia que ela estava certa e aqui, aguardando a minha morte, sinto que voltarei a rever Manu, de alguma maneira. É a mesma certeza que tenho de que voltarei a vê-la meu amor. Estamos ligadas lembra? Força nenhuma irá nos separar... Não definitivamente.

E peço-lhe desculpas se minhas lágrimas deixam algumas manchas sobre o texto, mas não penses que são lágrimas de tristeza meu amor. São apenas a emoção de reviver tantas coisas boas que tivemos juntas.

Tenho certeza que você se lembra daqueles nossos dias maravilhosos em Florença quando fomos a Galleria degli Uffizi onde pude ter contato com as grandes obras dos mestres Bernini e Botticelli. Todas aquelas fenomenais palestras e aulas que fizemos. Certamente aquele sobrado na Villa D´amore em Pitti foi um dos melhores lugares onde moramos entre tantos que visitamos ao longo desses anos.

Mas a sua preocupação em não nos demorarmos muito em um só lugar nos fez deixar a região da Toscana após alguns meses. De lá fomos até Amsterdam, onde eu tive o privilégio de frequentar as aulas na Academia e juntas conhecemos os grandes filósofos Spinoza e Descartes, que buscavam refugio das guerras que devastavam o continente. Mas sem dúvida, algo que foi o mais extraordinário era o fato de termos morado na mesma via em que o grande mestre Rambrandt residia. Cheguei até a ensaiar algumas pinceladas sob a supervisão dele, mas a minha veia artística estava mais direcionada para a escrita.

E foi lá, naquela pequena casa gráfica, que ficava atrás da Academia onde compramos todos os materiais que usamos para escrever nossos livros. Você relutou, mas usei meus poderes de persuasão com você para que me deixasse registrar a história da Ordem tanto que de narradora, você passou a ser uma coautora. Talvez o que não saibas ou não tenha percebido é que os mesmos materiais eu usei para confeccionar esse livro que tens em mãos agora. Gostaria que ele tivesse esse significado para você. Um pequeno pedaço de tudo o que vivemos juntas.

Nosso tempo em Amsterdam foi maravilhoso, até que recebemos aquela carta de Manu nos informando que os braços do Martelo já estavam se espalhando para além dos limites da França e aquilo lhe deixou bastante preocupada, o que nos fez viajar para cada vez mais distante e permanecendo bem menos tempo, o que dificultou um pouco os meus planos de aprender o máximo de idiomas que eu poderia. Meu italiano ficou fluente, assim como o flamenco, mas as semanas que passamos cruzando o continente até a Grécia não me permitiram muita comunicação. E coincidentemente, atingimos a ilha de Lesbos justamente quando completamos o nosso primeiro aniversário juntas.

Pensei que havia encontrado o nosso lugar no mundo. Uma ilha afastada em pleno Mar Mediterrâneo, onde havia um dos mais antigos templos da Ordem e foi justamente lá, aos pés da estátua de Hipólita, que renovamos a nossa união em meio as nossas irmãs gregas. Lá também encontramos muitos outros pergaminhos secretos de Sapho sobre a nossa história.

Contudo, infelizmente não pudemos passar mais do que um par de meses lá e acompanhadas de um grupo de irmãs da Ordem, atravessamos o Mediterrâneo e chegamos onde eu jamais havia imaginado chegar. O “continente negro” e experimentei a mais exótica das culturas na fascinante Cidade do Cairo e, para minha surpresa, nós da Ordem também estávamos lá, contudo tivemos de viver ainda com mais cautela, pois o Egito estava sob o domínio de uma religião ainda mais conservadora que a católica. O islamismo nos relegava um papel quase insignificante na sociedade e lá nos demoramos um pouco mais, pois havia trabalho a ser feito e alguns homens que precisavam aprender algumas lições com você.

E como havias me prometido, nenhuma vida foi tirada em meio aos seus trabalhos. Mas tínhamos de ser discretas, para não chamarmos tanta atenção e seu temor maior nos levou para ainda mais distante. Então nos lançamos numa arriscada empreitada, mas da qual você já havia experimentado. Uma longa, perigosa e cansativa viagem até o Novo Mundo.

Foram dias terríveis amor, pois mesmo tendo algum conforto em nossa cabine, eu definitivamente não sou uma mulher para o mar e meus enjoos constantes só ratificavam isso. Eu mal conseguia sair da cama e assim que chegamos ao porto de Nova York, eu precisei de vários dias para retomar o meu eixo. Lá nesse novo continente a nossa experiência foi ainda mais surreal, pois todo o luxo e conforto que vivíamos na Europa, não havia chegado ali ainda e, para o meu estarrecimento, não ficamos em nenhuma das casas dos colonos ingleses ou holandeses e sim cavalgamos por mais de uma dia até chegarmos  num grande vale em meio às colinas, lar de um numeroso grupo de nativos. Eram os índios Lenape que, para a minha surpresa, você já conhecia e inclusive se comunicava com eles.

Para a minha grata surpresa, aquele grupo era matriarcal, tendo a sua liderança comandada por uma chefe espiritual já de idade avançada, mas de mente lúcida, Tokala. Descobri também que havias iniciado alguns ensinamentos da Ordem com um grupo de jovens mulheres e que elas falavam um pouco de francês e inglês.

Nossa chegada foi festejada com alegria e tida como uma graça dos deuses, pois o clã de Tokala estava sendo acometido por uma doença desconhecida por eles.

- É Tuberculose! – Você me disse extremamente preocupada. Aquela informação me chocou e concluímos que aquele mal europeu foi trazido pelos colonizadores e como os nativos não possuíam defesas contra ele estavam sendo acometidos. Felizmente Wizila, que era com quem você mais e comunicava havia isolado as pessoas que estavam com os sintomas.

- E você sabe o que fazer? – Me preocupei, pois havia inclusive crianças doentes.

- Felizmente sim, contudo eu não sei se temos as ervas certas aqui nesse continente.

E os nossos primeiros dias no Novo Mundo se passaram em meio a busca e aos preparos de chãs e infusões que ajudaram a tratar os doentes e minimizar a morte e evitar novos contágios. Estávamos tão envolvidas naquela tarefa que mal percebemos o passar do tempo e logo eu já estava me sentindo fazendo parte daquele mundo e me realizei dando aulas para as crianças. E eu também aprendia com eles e logo  estava falando Munsee e Unami, os dois idiomas Lenapes.

Foram os meses mais extraordinários que vivenciamos, pois acabamos servindo de ponte entre os colonos e os nativos e fomos muito bem acolhidas. Contudo, assim como as ideias europeias chegaram lá, a perseguição religiosa também e isso nos alertou, pois acabamos nos tornando bastante conhecidas na região que foi chamada de Manhattan.

Foi com extremo pesar que tivemos de partir após passarmos mais de dois anos lá. E uma carta que nos alcançou quando seguimos para o norte do continente nos obrigou a retornarmos para a Europa.

Yara e Clementine foram presas, e estavam esperando para serem julgadas pela inquisição, ou seja, o Martelo. E a “caça as bruxas” estava se intensificando na França e na Alemanha. Embora que na carta Manu implorava para não retornarmos, nem eu, nem você poderíamos deixar que aquele horror acontecesse sem que fizéssemos nada.

E lá fomos nós, cruzar o oceano atlântico e meu martírio se repetiu com os enjoos e as náuseas. Durante a viagem, uma terrível tempestade quase nos surpreendeu em meio à viagem e os destroços que encontramos pelo caminho indicavam que outros navios não suportaram. Porém, pelo que os marinheiros consideraram um milagre, nosso navio passou ileso pela tempestade tendo ela praticamente sido aberta para que passássemos. Eles não sabiam, mas foi você.

Após mais de um mês em alto-mar, chegamos, no inicio de setembro, em Nantes no meio da madrugada. O mal-estar e a tontura me fizeram demorar a perceber o que estava acontecendo e só depois de alguns segundos e sob a força desferida contra meu braço que me dei conta da lâmina gelada contra minha garganta.

- Levante-se! – O homem corpulento me puxou da cama, olhei ao redor lhe procurando e não lhe vi. O hálito pútrido dele aumentava a meu enjoo que foi potencializado pelo terror.

Assim que atingimos a polpa do navio eu lhe vi ao longe, conversando com o capitão. Lhe chamei em silêncio em meio ao meu pavor.

“Evelyne...”

Imediatamente você se virou e assim que me viu sob a mira de navalha exasperou-se, mas antes que pudesses fazer qualquer coisa, outros três homens lançaram-se contra você com armas de fogo em mãos. O capitão se afastou assustado, evidenciando que ele não fazia ideia do que estava acontecendo ali.

- Não a solte por nada! – Aquela voz que me causava raiva e pavor... Meu pai acabara de entrar no navio, seguido de Françoise, Manfred Hoff e vários outros capangas. – Há quanto tempo minha cara. – Ele sibilou para você com ar triunfante. De onde eu estava, pude ver seus olhos e pulsos sendo fechados e eu temi o que poderia acontecer ali. – Evelyne... Um aviso! Antes que penses em tentar algo... – Ele gesticulou com uma das mãos e um de seus homens veio arrastando Clementine que estava bastante machucada. Aquele doente não tinha limites. – Diga a ela! – Esbravejou.

- Desculpe Evelyne... – Ela disse com visível dificuldade. – Mas eles estão com a Yara e disseram que... – Tossiu sangue – A matariam se você fizesse algo. – Você cerrou seu maxilar, mas se obrigou a suavizar sua postura e ver qual o melhor momento para agir.

“Fique calma meu amor.” Você tentou me tranquilizar. “Eu vou nos...” O que tinhas a me dizer foi bruscamente interrompido quando um homem lhe acertou violentamente por trás, batendo com um remo de madeira em sua nuca.

- NÃO! – Eu berrei e logo em seguida tudo ficou escuro e os meus sentidos foram subjugados por uma dor lancinante em minha cabeça. Também me atingiram.

Não sei quanto tempo depois eu voltei a mim ainda com muita dor e náuseas e me vi jogada num banco de carruagem que chacoalhava bastante. Apertei meus olhos e enxerguei com dificuldade e percebi que algum líquido turvava minha visão. Forcei ainda mais e vi que tratava-se de sangue que escorrera de algum ponto no topo de minha cabeça.

- Finalmente você acordou! – Armand estava lá comigo.

- Onde está a Evelyne? – Me desesperei quando me dei conta que eu não fazia ideia do que havia acontecido com você

- Adoraria lhe dizer que aquela vagabunda está morta. – Senti meu sangue gelar – Mas ainda tenho planos para ela então, está sendo “bem cuidada.” – Ele ironizou.

- Como...? - Consegui verbalizar enquanto tentava me sentar e conter o vômito que insistia em vir a tona.

- Como as achamos? Não foi muito fácil... Enquanto vocês estavam aqui na Europa, mas no outro lado do mundo, duas mulheres como vocês chamam atenção e os nossos homens então em todos os lugares. Entenda isso, sua tola.

Novamente eu me deixei consumir pelo desespero e lágrimas incontroláveis denunciavam meu estado. Não conseguir mais conter e o embrulho dentro de mim foi externado enquanto eu lançava todo o conteúdo de meu estômago aos pés dele.

- Sua idiota! – E me acertou com um violento tapa que fez com que minha cabeça fosse lançada contra a madeira, me machucando ainda mais, fazendo com que o ferimento que havia estancado, voltasse a jorrar sangue e a consciência me abandonou novamente.

Quando voltei a acordar, estava em meu antigo quarto, jogada em minha cama. Minha cabeça ainda doía demais e eu vestia as mesmas roupas da viagem que já estavam mal cheirosas e sujas de vômito e sangue. Sob muito esforço, eu consegui retira-las e me lavei da melhor maneira que eu pude e vesti um vestido limpo que ainda havia ali.

Tentei sair para lhe procurar, achando que poderias estar lá também, mas a porta estava trancada e quando recorri as janelas, elas estavam vedadas com madeira. E tudo aquilo só aumentava a minha angustia, pois eu não fazia ideia de quanto tempo eu passei desacordada e não sabia onde estavas e evitava ao máximo pensar que algo de pior pudesse ter acontecido com você.

“Eve meu amor...” Cai ajoelhada no meio do quarto.

“Melanie...” Lhe ouvi em minha mente.

“EVE!” “Onde você está?” “Você está bem?” Mas não mais lhe ouvi.

- EVELYNE! – Me ergui e esmurrei a porta várias vezes até ferir os nós de meus dedos. Encarei as feridas e me assustei quando ouvi a porta sendo destrancada. Era ele!

- Vejo que se recompôs. Muito bem! – Ele esticou a mão e tocou meu cabelo. Virei o rosto bruscamente, evitando um toque mais demorado.

- Onde ela está?

- Digamos que ela está... – Ele bateu os dedos nos lábios e ergueu os olhos. – Sendo bem tratada. – A ironia me fez odiá-lo como nunca, ainda mais porque ou ousei tentar imaginar o que poderiam estar fazendo com você.

- Pai! Eu estou aqui. Já me tens... Deixe-a ir embora. Por favor. – O desespero me fez suplicar e não tinha vergonha daquilo. Mas eu tinha de tentar, mesmo sabendo que seria quase impossível dele me atender.

- Isso... Pode ser providenciado! – Me surpreendi e me permiti nutrir um pouco de esperança. Para mim, tudo que importava era que você ficasse bem.

- Como assim? – Perguntei temerosa.

- Existe algo que você pode fazer por mim e com isso, eu poderia pensar em soltar aquela bruxa nojenta.

- Qualquer coisa que queiras! – Disse sem pensar e a perversidade que dançou nos olhos dele me fizeram arrepender logo em seguida, mas eu estava disposta a fazer qualquer coisa por você. Inclusive o que estou prestes a enfrentar. Estou prestes a dar minha vida pela sua e não estou nem um pouco arrependida ou temerosa meu amor, pois eu tenho certeza que se fosse você, farias a mesma coisa.

- Estamos combinados então... Minha filha! – Ele se aproximou de forma intimidadora e depositou um beijo gelado em minha testa, bem sobre o ferimento que ele mesmo causou.

Naquela mesma noite eu finalmente voltei a lhe ouvri em minha mente.

“Mel... Meu amor?”

“Eve?” Sentei-me na cama e busquei me concentrar. Nunca havia estabelecido aquela conexão sem nem se quer vê-la. “Onde você está?” “Estas bem?”

“Sim... Estou meu amor. Ficarei bem e você?”

“Agora eu estou bem.” “Me diz onde você está?” Sua demora me fez temer.

“Acredito que estou em alguma igreja... Mas, me disseram que serei solta em breve.” Aquela informação me tranquilizou. Meu pai iria cumprir o que me prometera. Pelo menos eu optei em acreditar naquilo, eu precisava desesperadamente acreditar que ficarias bem.

“Que bom meu amor.”

“O que você fez?” “Não importa!” “Você ficará bem, eu prometo meu amor.”

E o silêncio imperou. Não mais lhe ouvi e não mais consegui estabelecer aquela conexão.

E eis que estou aqui, há poucas horas do meu sacrifício por você e me conforta saber que ficarás bem.

Infelizmente meu amor, não terei mais a oportunidade de olhar em seus olhos, de sentir seu cheiro, de receber seu carinho. Lamento muito não ter aproveitado aquela noite no navio, a nossa ultima noite. Afinal de contas, nunca sabemos quando será a ultima vez, não é mesmo?

Alba está aqui, a minha porta. Meu pai cumpriu com tudo que me prometeu e me permitiu descer até aqui com meus livros e escritos e que Alba pudesse vir para se despedir de mim. E é por ela que eu lhe mandarei essas tolas memórias.

Como eu lhe disse antes, a amo com todas as forças de meu ser. És minha vida, minha paixão, meu destino. E tudo o que vivemos foi, é e sempre será o mais extraordinário dos amores.

Sabes que precisas ficar viva, por mim e por todas as nossas irmãs da Ordem e as demais que precisam que lutemos por elas.

Alba está me apressando, pois eles já estão vindo para me levar. Então, preciso parar por aqui, mesmo tendo tanto ainda para lhe dizer, mas fique com a certeza que sempre a amei e é esse amor que me fará lhe encontrar novamente.

Amo-te com todas as minhas forças.

Sua Melanie.

 

******

 

A luz da manhã que já ia tarde fez com que Delphine desperta-se de seu pesado e revigorante sono. Espreguiçou-se e percebeu que estava sozinha em sua imensa cama. Ficou em alerta.

- Cosima? – Perguntou já se sentando. Obteve o silêncio como resposta então levantou-se da cama e foi até o banheiro. Ela não estava lá. Presumiu que a fome a levou para a cozinha e puxou um de seus robes e o vestiu sobre a camisola e continuou chamando por ela enquanto descia as escadas.

- Bom dia Srta Cormier! – Uma de suas governantas lhe cumprimentou.

- Onde está a Srta Niehaus? – Questionou, ignorando qualquer educação.

- Eu não a vi hoje. Achei que estava com a Srta. – A mulher alarmou-se. O que só fez com que tudo em Delphine ficasse em alerta. Correu até a porta da frente e desceu os degraus correndo, chamando a atenção das seguranças que estavam próximas a entrega principal da propriedade.

- Vocês viram a Cosima? – E a expressão de surpresa das quatro, lançou Delphine á beira do desespero.

- Merde! – Praguejou alto.

- Srta Cormier, a porta da garagem está aberta. – A governanta gritou, chamando a atenção de Delphine.

- Procurem! – Ordenou enquanto correu, não se importando com a os pés descalços sobre o gramado e o caminho de pedras. Contornou o castelo por fora, seguida por duas das seguranças e parou diante da porta aberta. Todos os veículos estavam ali, o que a alarmou ainda mais, afastando a ideia de que ela possa, por algum motivo, ter ido embora. Até porque as suas seguranças teriam visto. Estremeceu ao pensar que alguém possa tê-la pego.

Levou as mãos a cabeça e agitou os cabelos bagunçados, tentando organizar seus pensamentos em meio ao caos causado pelo desespero que a consumia. Então a ouviu.

“Somos nós...”

“Cosima?!” – Girou o corpo a procurando em todas as direções. Parou de frente para a entrada do grande labirinto. Sem dar nenhuma satisfação as suas seguranças, mergulhou nos caminhos tortuosos daquele emaranhando de plantas e com a convicção e a segurança de quem conhecia todos os caminhos, foi direto ao centro. E assim que virou uma esquina, a viu sentada no chão, recostada em uma das pedras. O alivio que sentiu quase lhe roubou as forças das pernas, mas mesmo assim correu até ela.

- Cos... – Disse ofegante enquanto se aproximava. – Você está bem? – Ajoelhou-se diante dela e viu que ela deixava inúmeras lágrimas caírem.

- Eu terminei. – Disse baixinho estendendo o livro de volta para ela. Delphine sentiu seu coração acelerar dentro de seu peito e um nó lhe subir pela garganta. Finalmente havia chegado o momento daquela conversa.

- Cos... Eu...

- Eu sei Delphine... – Ergueu os olhos e a encarou com uma expressão terna. A loira tremeu dos pés a cabeça e engoliu em seco. – Melanie... – Levou ambas as mãos ao peito, indicando a si mesma. Delphine entreabriu a boca e suspendeu sua respiração – E... Evelyne... – Inclinou-se e tocou o rosto da outra com delicadeza. Lágrimas copiosas despencaram do rosto dela.

- Meu amor... – Delphine respirou visivelmente aliviada. – Eu sei que parece loucura mas...

- Sim, mas é uma loucura real e que agora faz todo o sentido. – Delphine foi interrompida e sorriu embevecida. Estava sendo mais fácil do que ela poderia imaginar. – Essas mulheres... – Indicou o livro que acabara de ler. – De alguma maneira elas... Somos nós.

- Isso mesmo Cos... – A morena se levantou.

- Um verdadeiro e extraordinário amor... Ligadas para todo o sempre... Somos nós. – Repetiu. – Meus sonhos, tudo o que sinto em relação a Melanie e você...

- Sim Cos... – A expectativa pelo fim de toda aquela espera de mais de trezentos anos transbordava.

- Eu sou algum tipo de reencarnação da Melanie Verger – Traços de sua racionalidade ainda se faziam visíveis. - E você é a... – Respirou fundo... – A reencarnação de Evelyne Chermont! – Abriu os braços e um largo sorriso, enquanto que Delphine arriou os ombros e se deixou consumir pela frustração. Ela não havia conseguido juntar todas as peças daquele quebra-cabeça de forma correta, contudo não poderia mais esperar ou perder aquela oportunidade.

- Não Cosima! – Disse tristemente. – Eu não sou a reencarnação da Evelyne Chermont... Eu... – Não chegou a completar a frase, pois o arregalar de olhos de Cosima lhe disse que ela havia conseguido compreender.

- Quer dizer que você é... ? – Deu dois passos para trás, visivelmente atordoada, negando veementemente com um aceno vigoroso de cabeça. – Isso é impossível! - Delphine suspirou. Definitivamente não seria tão fácil

- Merde!

 

Fim do capítulo


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Comentários para 49 - Capítulo 49 Somos Nós:
patty-321
patty-321

Em: 13/06/2018

Ai ai ai. Finalmente a cia entendeu, não tudo. Normal. Como acreditar q a eve ta viva depois de 300 anos. O maldito fez alguma coisa pra conseguir a imortalidade. Usou a mel e a eve, por isso ela vive assim como ele. Demais. Bjs

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