Estava nervosa e ansiosa, enquanto voltamos para casa, havíamos conversado e decidido que assumiríamos publicamente nosso namoro. Silvana sabia que sofreria algumas consequências por isso, principalmente pelos pais. Mas não se esconderia mais, não nos esconderíamos mais. A primeira e mais importante pessoa que deveria saber era Lavínia.

Por isso estou agora na sala da Silvana esperando nossa menina e nem minha namorada me beijando e bolinando no sofá consegue me distrair o suficiente. Sei que uma vez Lala havia dito que não se importaria, mas não teoria é tudo mais fácil. Silvana segura meu rosto e me faz encara-la:

- amor, vai dar tudo certo.

- você não está nervosa Sil ?  amo a Lala,se ela se opor, seria difícil lidar com a rejeição dela.

Sua expressão fica meiga quando declaro meu amor a sua filha, ela me beija e depois diz :

- sei da filha que criei e ela também te ama Flower.

Bom não tive tempo para pensar em mais nada, porque ouvimos o carro de Carlos parar do lado de fora. Silvana me dá um selinho e vai até eles. Minutos depois Lavínia passava pela porta e ao me ver abre o sorrisão não mais de dentes tortos, porque na última semana tinha colocado aparelho, fui com ela. Me dá um abraço e já começa a me puxar para jogar videogame, mas antes que possa cumprir seu intento Silvana entra e diz séria:

- filha, precisamos falar com você.

Lavínia para e olha entre mim e a mãe, depois senta e assente esperando. Silvana me chama para junto dela, encabulada vou. Nos sentamos de frente a Lavínia que estreita os olhos em um gesto muito parecido ao da minha namorada. Silvana começa, porque minha voz havia sumido:

- Lala, primeiro quero dizer que eu e Flower amamos você e que sua opinião é a mais importante para nós.

Silvana entrelaça nossos dedos e minha face queima, mas não deixo de olhar para Lala, que agora faz uma expressão surpresa, Silvana continua:

- estamos namorando e espero que esteja tudo bem por você.

Então ficamos nós três apenas nos olhando, até que Lavínia me encara e pergunta séria:

- você ama minha mãe?

- muito - digo com a boca seca e completo - e amo você também.

Minha doce menina abre um sorriso e diz traquina:

- até que enfim né.

- como assim filha?

- ah mãe, não aguentava mais a Flor pulando a janela do seu quarto.

Silvana pela primeira vez na noite parece desconcertada, dou um sorriso envergonhado, minha namorada pergunta ansiosa:

- humm.. filha você ouvia alguma coisa?

- não se preocupe que graças a deus vocês são bem silenciosas, só ouvia as vezes a Flor pulando para dentro.

E com isso Lavínia cai na gargalhada e pula em nós, nos abraçando. Sinto leveza e felicidade absurda, tudo estava ótimo. E Lavínia ainda sai com:

- vou adorar ter uma boadrasta, alias duas né. Porque papai está namorando uma moça bem legal, mas Flor você é minha preferida.

Nossa como amo essa menina!

E foi assim que a melhor fase da minha vida começou, algumas semanas depois Silvana contou para os pais, que ficaram cheios de preconceito. Imagina Silvana havia saído de perto deles porque não aceitavam o divórcio, namorar uma mulher foi 100 vezes pior. Mas minha mulher foi firme e não recuou, confiava no nosso amor, sei que ela ficou triste, mas já esperava por isso. Carlos por sua vez apenas se certificou se eu tratava bem Lavínia, e com a confirmação apenas deu força para ex mulher. Ainda eram amigos e eu não tinha nenhum problema com isso, diferente da minha ciumenta namorada, que detestava quando encontrávamos alguma ex nas baladas que frequentávamos de vez em quando por causa do shows de Alexia. Da minha parte, adorava minha gata quando ficava selvagem.

No trabalho nos tratávamos da mesma forma, Silvana não queria fuxico com os nossos nomes, infelizmente nunca mais trans*mos na minha sala, ela havia me confessado que também tinha sido uma fantasia realizada. Eu adorava ser a escolhida para realizar todas as fantasias da minha namorada.

Mas nem tudo poderia ficar em paz, afinal essa é a vida e algo sempre vem para atrapalhar. Foi num sábado que Pedro descobriu que estávamos namorando e o negócio ficou feio.

Era o aniversário de Lavínia e ela queria comemorar em um parque aquático, chamou alguns colegas, convidei Alexia e lá fomos todos.

Tenho que dizer que Silvana estava espetacular de biquíni, minha vontade era de fazer amor a cada instante.

Estávamos sentadas na beira de uma das piscinas, Lavínia se esbaldava com os amigos na água. Eu estava em uma espreguiçadeira deitada, com Silvana sentada na ponta e Alexia em outra espreguiçadeira. Estava adorando que as duas se davam bem.

Foi quando Silvana estendeu o protetor solar e pediu:

- amor passa por favor.

Se colocou entre minhas pernas e soltou a parte de cima do biquíni, segurando na frente, para eu poder passar em toda a extensão das suas costas. Devo dizer que engoli em seco e outra parte do meu corpo molhou na hora. Ainda bem que estava com uma bermuda tactel e apenas a parte de cima do biquíni, seria mico me verem toda molhada sem ter entrado na água ainda. Alexia deu uma risada alta da minha reação e minha namorada me olhou, quando percebeu o que causou em mim, abriu aquele sorriso safado que prometia muitos orgasmos mais tarde. Depois falou sacana:

- vai ficar só olhando.

- Sil...

Ela se virou para frente novamente, chegou mais perto quase encostando no meu peito e disse inocente:

- estou falando do protetor sua tarada.

Dei um beijinho nas suas costas e vi quando se arrepiou, mas logo comecei a passar o protetor , a torturando também. Alexia soltou a perola:

- meu deus do céu gatas, se eu curtisse briga de aranhas, iria ficar excitada com vocês.

Ralhei:

- deixa de putaria.

- eu... vocês são um tesão da porr*!

Silvana deu uma gargalhada e quando levantei a cabeça para xingar Alexia, vi mais a frente quem nunca imaginaria. Pedro nos olha entre espantado e enojado. Mesmo sendo discretas, estava claro que éramos um casal.

Parei no ato de passar o protetor, Silvana entendendo que tinha acabado pediu carinhosa:

- amarra para mim.

Mas continuei estática medindo forças através do olhar com Pedro, Silvana percebendo minha hesitação coloca sua atenção onde estou olhando, a sinto se retesar e ficar ereta. Ela mesma amarra o biquíni e se vira perguntando nervosa:

- será que ele sabe?

Alexia apenas acompanha confusa o desenrolar daquela situação, paro de encara-lo e me viro aborrecida para Silvana:

- e se ele souber?

Silvana fica sem graça percebendo minha chateação, a vejo suspirar e depois corajosamente coloca a mão no meu rosto, demonstrando de uma vez por toda que estamos juntas e fala firme:

- não tem problema nenhum amor, acho que cometi um erro , devia ter contado pessoalmente, mas agora é tarde. Você entende ne.

Me coloquei no lugar de Pedro, afinal ele a amava também, o que me deu uma raiva claro, mas ninguém manda no coração, se fosse o contrário, me sentiria um merd* ter sido trocada também. Puxei Silvana para mais perto e a abracei. Depois olhamos novamente para Pedro, mas ele não estava mais. Beijei docemente o pescoço da minha namorada e disse:

- entendo sim.

Ela entrelaça nossas mãos e tentamos voltar para o estado de relaxamento de antes, mas o clima havia ficado, digamos nublado.

Voltava do banheiro quando Pedro atravessou meu caminho, sua expressão estava fechada e raivosa, tento passar por ele, mas não deixa e disse furioso:

- sua sapatão de merd*, que porr* você fez com minha mulher?

Tentei mesmo manter a calma, mas quando ele se referiu a Silvana como mulher dele, vi tudo vermelho. Me aproximei dele, era mais alta, ele deu passo para trás mas continua me desafiando, falei com raiva:

- ela não é sua, e faça o favor de me respeitar que não sou da sua laia.

- vai se foder - voltou a se aproximar, ficamos a centímetros agora - você virou a cabeça da Silvana não sei como, deve estar a chantageando com alguma coisa. Não tem vergonha de destruir um relacionamento, estávamos ótimos até você cruzar nosso caminho.

Com essa dei um passo para trás, e falei tentando voltar a calma, afinal poderia tentar entender a mágoa dele:

- olha cara, sei que está chateado, mas nós nos apaixonamos.

Mas toda a minha empatia caiu por terra quando ele deu um sorriso de escárnio e falou com nojo:

- que porr* de paixão o que! E sapatão esquisita lá sabe o que isso, falta é um bom macho para te comer isso sim.

Dei um sorriso e soltei sarcástica:

- engraçado que você perdeu para essa sapatão , fico imaginado o porquê.

Foi tão rápido que nem deu tempo de desviar e o soco que ele desferiu no meu rosto pegou em cheio, na hora senti meu nariz doer como o inferno e o sangue escorrer, fiquei tonta e quase cai sentada, mas parei no muro em que ficava os  banheiros, vi Pedro avançar sobre mim, coloquei o braço esquerdo protegendo meu rosto e fechei o punho da mão direita para acerta-lo. Mas antes que isso pudesse acontecer, dois seguranças apareceram e seguraram Pedro, uma moça que passava correu até mim e perguntou preocupada:

-você está bem?

Me endireitei, segurei meu nariz e assenti sem voz, porque se falasse seria um choramingo que soltaria, ela se virou para o Pedro e gritou:

- seu covarde, não tem vergonha de bater em um mulher não!

- mulher e o caralh*, essa filha da puta roubou minha namorada. Você vai me pagar Flor, isso não fica assim!

Uma pequena multidão começou a se formar ao nosso redor, e eu que detestava chamar a atenção me via em meio a essa confusão. Então Silvana aparece e me olha espantada, correu até onde estou e repara no sangue escorrendo, depois bestificada olha para Pedro que finalmente parecia ter se acalmado com aparição da ex namorada, ela solta revoltada:

- mas que merd* é essa Pedro? Como teve coragem de agredir a Flower, ficou doido!

- escuta amor - ele ainda tentava se soltar dos braços dos seguranças e continuou - o que ela te fez? Seja o que for que ela esteja usando contra você, podemos resolver gata.

Foi automático meu corpo ir para frente e meus punhos se fecharem, queria arrancar todos os dentes da boca daquele nojento, mas Silvana parou na minha frente me impedindo, segurou minha mão tentado passar calma mas sua atenção estava em Pedro:

- que sandice e essa que está falando Pedro! Olha me desculpa não ter sido sincera, mas estou apaixonada pela Flower, nós estamos juntas.

Com isso Pedro para de se mexer e olha Silvana com magoa e raiva, mas finalmente cala aquela privada que ele chama de boca. O segurança me encara e pergunta:

- quer prestar queixa senhora?

Silvana me olha e percebo que não se importa se eu quiser prestar queixa, mas estava cansada daquela confusão, então apenas balanço a cabeça em negativa. O segurança se vira para Pedro o segurando pelo braço:

- mesmo assim o senhor terá que se retirar.

E começa a arrasta-lo, ele se deixa levar mas a todo momento olha Silvana, até sumir das nossa visão.

A mulher que havia me socorrido se despede de nós, mas antes me entrega um cartão, ela é advogada e diz que se mudar de ideia poderia me ajudar a processa-lo. Minha namorada agradece a moça, mas vejo que ela foi um tanto seca. E sei que no meio daquele caos não deveria rir, mas o fiz, porque Silvana com ciúmes era uma graça.

Fim do capítulo