Seguida por Rafa Justi
Capítulo 4
O nascer e o pôr do sol na praia, eram dos espetáculos mais magníficos que existiam. Por isso, fazia questão de prestigiar esta belíssima vista sempre que podia. Deixava o par de chinelos virados para a direção do mar, pois lhe causava uma boa sensação. Como se dissesse que o horizonte a sua frente fosse tudo o que podia e o que merecia alcançar. Novos passos, novos caminhos a serem traçados. Depois de todos os obstáculos, todas as aventuras e desventuras pelas quais passou, ela merecia aquele descanso, assistindo ao pôr do sol, a preparando para uma nova vida.
Elis fechou o livro. Era mais um que entrava para a sua lista de lidos. Mais uma história envolvente, que lhe tirava o fôlego, que lhe fazia viajar, sem que precisasse sair do lugar. Como amava aquilo. Mas, apesar de ser apaixonada pelas histórias dos livros, ela tinha mesmo muita vontade de viver uma grande aventura, um grande amor, uma paixão avassaladora. Era o que estava guardado em seu íntimo. Era o que o seu espírito realmente desejava.
Ela se entregava tanto à leitura que, muitas vezes, se esquecia da hora. A biblioteca já estava quase para fechar, praticamente vazia. O silêncio era profundo, nem o folhear de páginas era mais ouvido. Nem os passos de alguém procurando por um livro. Elis se levantou, daquele que era o seu canto predileto para ler, aos fundos da biblioteca, no último corredor, depois de vários divididos pelas altas estantes, repletas de livros de todos os tipos. Ela ajeitou suas coisas na sua bolsa carteiro e pegou o livro que lera para guardá-lo. Colocou-o de volta na estante de onde o havia pegado e, então, teve a impressão de que havia alguém atrás de si. Mas não havia visto ninguém na hora que passou. Virou-se para olhar, mas não viu nenhuma alma. Apenas as estantes e, mesas e cadeiras vazias. Ela estranhou. Não era a primeira vez que tinha esta sensação. Seguiu para a frente da biblioteca, pediria carona para Carla, mas ela tinha um compromisso e iria direto dali. Então, Elis se despediu da amiga e deixou a biblioteca. Ao descer a escadaria, já na calçada, teve a mesma sensação de antes, como se estivesse sendo seguida. Sentiu um arrepio percorrer o corpo e mesmo com receio, virou-se para conferir, mas novamente não havia ninguém. Apenas duas ou três pessoas caminhavam mais ao longe. Já passava das dez da noite, as ruas estavam menos movimentadas. Ela tinha medo de andar pela rua por essas horas, mas Elis não tinha jeito. Deu meia volta, para retomar o seu caminho, mas tomou um susto ao deparar-se com uma figura à sua frente. Era ela. Natasha. Em toda a sua vestimenta preta e seu olhar impressionante.
— Meu Deus, você quase me matou de susto! Você está me seguindo? — Elis estava com a mão sobre o peito, tentando acalmar a respiração.
— Me desculpe. Você precisa vir comigo, Elis. — Natasha falou aquilo como se fosse a coisa mais natural de se dizer, mas Elis sentiu um tom, parecia ser de preocupação.
Elis a olhava sem entender nada.
— O quê? Do que você está falando? Você aparece do nada e me diz isso. No outro dia você me salvou de ser atropelada, então me olhava como se me conhecesse, mas disse que não. Acontece que a minha amiga te viu e teve certeza de que foi você que esteve comigo na outra noite na biblioteca. Eu não me lembro disso, não sei o porquê. — ela estava agoniada por não se lembrar — Mas por que você mentiu? Por acaso você me deu alguma droga?
— Não. — Natasha respondeu apenas a última pergunta. Era muita coisa pra explicar, não podia simplesmente vomitar que era uma vampira.
— É tudo muito estranho. Quando você me salvou, eu lembrei de um sonho que eu tive, em que você aparecia nele, então, eu pensei que pudesse ter sido um pressentimento de que te conheceria. Apesar do conteúdo dele não estar relacionado ao que aconteceu. — Elis ficou meio sem jeito nesse momento. — Depois que eu soube já tinha se conhecido, eu entendi menos ainda esse sonho. E por que eu esqueci o que aconteceu? Afinal, o que houve naquele dia?
Natasha hesitou por um momento.
— Eu não devia ter feito o que fiz. — não conseguiu ser clara. — E também não devia ter te seguido depois.
Aquilo confundiu ainda mais Elis. Algo realmente tinha acontecido, algo sério pelo visto. E aquela impressão de estar sendo seguida, afinal, era Natasha. Aquilo era bastante esquisito e assustador. Parecia coisa de filme, de livro. Estava sendo perseguida? Se antes ela estava intrigada pela mulher a sua frente, agora ela estava com medo.
— O que você está me falando? O que você fez? Por que me seguiu?
Natasha sentiu o medo em Elis.
— Acalme-se, Elis. Você precisa vir comigo. A gente não pode ficar aqui.
O medo começou a tomar conta de Elis. Ela não podia simplesmente confiar no que uma estranha estava lhe dizendo. Por que ela não era mais clara? Por que não dizia logo o que estava acontecendo? Não podia ir para o lugar que fosse com aquela mulher, e se ela lhe fizesse algum mal, a agredisse, ou a dopasse para arrancar seus órgãos e vender no mercado negro? Sentiu-se tremer com a ideia. Precisava sair dali.
— Eu preciso ir embora. - sem mais, ela se virou na outra direção e apressou os passos.
— Elis. — Natasha a chamou, mas a garota continuou apressando os passos, até virar a esquina.
Natasha revirou os olhos, teria de alcançá-la.
— Droga, sangue doce!
Elis corria e não olhava para trás. Precisava ser rápida, ter capacidade de reação, assim como as moças aventureiras dos livros que lia. Mas ela correu apenas uma quadra quando sentiu seu corpo ser puxado para um beco escuro. Gritou, mas logo sua boca foi tapada. Natasha a segurava firme contra a parede fria de um edifício.
— Você precisa se acalmar. Eu vou lhe explicar. — Elis tentava se desvencilhar de suas mãos, mas era em vão.
Finalmente ela parou de tentar, e Natasha tirou a mão, com alguma precaução, de sua boca.
— Quem é você? — Elis estava esbaforida e o medo lhe amolecia o corpo.
Natasha ia começar a falar, mas antes que a sua voz pudesse sair, seus sentidos captaram a presença de quem temia encontrar. Era tarde. Ouviu aquele crocitar. Um pouco mais para dentro do beco, do alto veio descendo o seu velho conhecido, o corvo. O pássaro pousou no chão com as asas abertas e, então, transformou-se bem na frente dos olhos das duas.
— Ela não te contou, meu bem? — a mulher de vestimentas parecidas com as de Natasha, carregava um sorrisinho e um tom de desprezo na voz. Ela veio caminhando na direção de ambas. — Ela é uma vampira, bobinha.
Os olhos de Elis estavam arregalados pelo que acabara de se passar diante de si.
A mulher elegante, de presença e olhar igualmente fortes, se aproximou de Natasha e falou em seu ouvido:
— Que saudade, morceguinha. — ela acariciou o rosto de Natasha, com os dedos. — O que você está esperando para sugar esta humana? — ela se virou para Elis, que estava claramente em choque, seu coração batia forte contra o peito. As duas vampiras podiam ouví-lo. Ela abriu a boca e mostrou suas presas afiadas para Elis, que ainda ficou surpresa, mesmo tendo visto ela se transformar um momento atrás. A jovem apavorou-se.
— Cordélia! — Natasha revelou suas presas, como uma advertência para a outra. — Deixe-a.
As duas se encararam alguns segundos. Natasha sabia bem do que Cordélia era capaz. Se as duas chegassem a brigar, não saberia quem poderia vencer. Com certeza seria uma luta feia, provavelmente levaria uma delas à morte. Porém, Cordélia recolheu suas presas.
— Não quero brigar com você. Vou deixar você se divertir. — deu-lhe um sorriso malicioso. — Mas não demore para me procurar. E se você não devorá-la, — ela observou Elis, acuada na parede - traga-a para mim, para que façamos juntas.
Cordélia deu um beijo nos lábios de Natasha e caminhou para dentro do beco, até que se transformou novamente em um corvo, para voar pela noite.
Elis estava paralisada, com os olhos atentos em Natasha, exalando medo. Aquilo que tinha visto tinha tudo para ser delírio, ou um truque, mas tinha sido real demais. Natasha a olhava nos olhos.
— O que você vai fazer comigo? — a voz saiu tremida, nunca teve tanto medo em sua vida.
Continua...
Fim do capítulo
Muito obrigada a todas que acompanharam e às meninas que comentaram!
Comentar este capítulo:
Zaha
Em: 03/06/2018
Rafinha, tudo bem??
Nossa que capítulo bom e esse final?Chegou essa personagem nova.. problemática! Parece que era um causo de Nati...coitada de Elis!!! Mas essa Cordélia parece que será insuportável. Louca pela continuação
Beijosss
Resposta do autor:
Oi, Lailicha! Tudo bem, e contigo?
Obrigada por comparecer, viu amiga! Que bom que vc gostou! :)
Siml Cordélia é um antigo caso de Natasha. Ela vai incomodar e tentar trazer Natasha de volta para o lado sombrio da força...rsrs
Aguarde.
Beijão
cidinhamanu
Em: 06/06/2018
Estou contando os minutos para você dar continuidade e eu acompanhar a sequência!
Obrigada pela disponibilidade em continuá-la!
Essa Cordélia parece que será um ser insuportável e uma pedra no sapato de Natasha.
Vou te acompanhar nessa! Até mais.
Beijokas querida...
Cidinha.
Resposta do autor:
Oi, Cidinha! Que bom que está ansiosa! :D Muito obrigada por me deixar saber que está gostando! E por favoritar e querer a sequência! Como fico feliz! Valeu mesmo!
Estou escrevendo a continuação e organizando as ideias para tentar fazer o melhor. Acredito que daqui a poucos dias estarei disponibilizando um novo capítulo.
Espero atingir as expectativas de vcs. Estou gostando muito de escrever essa estória e estou dando continuidade pelo incentivo de vcs. :)
Até mais.
Beijão.
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dannivaladares
Em: 02/06/2018
Rafa, quero que saiba que vou continuar te acompanhando.
Sua estório é cativante. Estou adorando o enredo. Parabéns.
;)
Resposta do autor:
Oi, Danni! Muitíssimo obrigada por querer continuar acompanhando! Me enche de alegria que tenhas achado cativante a estória e que estejas adorando. Brigadão pela força!
Abraços.
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RosanePatell
Em: 01/06/2018
Oi Rafa! Que bom que terá mais desta estória! Acho que tu estás conseguindo me fazer fã deste estilo. eu com certeza vou te acompanhar nessa! Até mais.
Resposta do autor:
Oi, Rosane! Nossa, muito obrigada!!! É uma alegria saber que te fiz tomar um gostinho pela coisa...rsrs...e que irás acompanhar a sequência! Obrigada pela disponibilidade em ler e comentar! Espero conseguir atingir as expectativas.
Até.
Abraço.
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