Espero que gostem aí do último capítulo.
Capítulo 28 (FINAL)
Foi realmente uma surpresa quando o Dylan apareceu, tanto para mim quanto para Lígia. Acho que Lígia também estava planejando um final de semana só nosso e quando ela soube que o Dylan ia ficar lá no sábado e domingo, fez uma carinha de ‘fazer o quê né?’. Eu por outro lado não sabia quem esganar, se o Dylan ou os meus pais. Não era possível que eles tivessem feito isso de sacanagem.
— E foram eles que mandaram você vir? – Perguntei.
— Também. – Dylan estava assistindo televisão na sala. — Mas eu também queria ficar com você.
Tudo bem, até aí eu entendia. Depois do que aconteceu comigo, Dylan estava mais grudado em mim do que o normal.
— Mas também acho que o papai e mamãe queriam se livrar de mim. – Dylan comentou.
— E porque você acha isso? – Perguntei.
— Eles ficaram me perguntando toda hora se eu não queria passar o final de semana com você.
Tudo bem, eu também entendia isso. Eles precisavam ficar a sós pelo menos um final de semana. Todo casal merece. Sem contar que não era nenhum sacrifício ficar com o Dylan durante um final de semana.
— Certo, mas nada de brincar de super herói. Já não aguento mais ver aquele seu boneco do Capitão América. Se eu o ver novamente, vou quebrá-lo inteiro. – Dylan ficou me olhando.
— Alex! – Lígia brigou.
— Eu só quis dizer... – Tentei corrigir, dando um sorriso sem graça. — Que pode trazer o boneco, mas eu não vou brincar.
— Tudo bem. – Dylan falou e voltou a assistir televisão.
Para piorar, Dylan dormiu entre eu e Lígia, mesmo eu brigando com ele para ir dormir no quarto de hóspedes. Mas infelizmente não conseguimos fazê-lo dormir no outro quarto.
Nesse final de semana dormi muito mal, sempre acordava varias vezes no susto, quase caindo da cama da Lígia, pois o Dylan me empurrava para a beirada. E Lígia não estava muito melhor do que eu não. O Dylan ocupou a cama dela praticamente toda. No meio da madrugada de sexta cogitamos a ideia de irmos para o quarto de hóspedes, mas desistimos. Não seria justo deixar o Dylan sozinho.
E nesse perrengue todo o final de semana passou.
As provas finais do semestre já estavam chegando e na faculdade era o momento das benditas revisões. Para mim, que tinha uma bela professora como namorada era fácil, Lígia me ensinava tudo que eu tinha dúvida. Então eu estava em dia com as matérias. Mas mesmo assim quando chegava na casa da Lígia depois das aulas, estudava um pouco mais. Tinha certeza de que me sairia bem em todas as provas.
Lá para quinta feira eu tive notícias do Júlio, ele havia recebido alta e foi encaminhado diretamente para a prisão. Lígia me contou que ele exigiu que ela fosse a advogada dele, obvio que ela não aceitou. Era muita cara de pau dele exigir uma coisa dessas. Da próxima vez que eu o visse, iria partir a cara dele. Júlio seria transferido para o presídio assim que o juiz determinasse e acho que não estava muito longe não. Eu esperava muito que ele apodrecesse nesse presídio.
Os dias foram passando, as provas na faculdade chegaram e com elas muitas pessoas entrando em desespero. Kimi era uma das que estava enlouquecendo por achar que não conseguiria boa nota em algumas provas.
— Fica calma. – Brenda falou. — Nós vamos conseguir. Eu ultimamente não tive como estudar por tudo o que aconteceu, mas estou confiante de que vou tirar boas notas. E mesmo se não tirar, tento recuperar semestre que vem.
— Talvez você esteja se cobrando demais. – Falei. — Primeiro semestre na faculdade é assim mesmo, leva um tempo pra pegar jeito. É um pouco diferente do colégio.
— Vocês estão certas. – Kimi se manifestou. — Estou enlouquecendo e isso acaba refletindo nos estudos, quero estudar tudo de uma vez e no final não estudo nada.
— Você tem que fazer um método de estudo. Só assim vai conseguir estudar tudo, mas da maneira certa. – Caio comentou.
Depois que as provas passaram, Kimi e Brenda viram que se saíram melhor do que esperavam, ficaram somente em uma matéria e que por coincidência, foi a mesma matéria. Elas ainda teriam uma chance, tentariam recuperar a nota na última prova para quem estava de recuperação. Já o Caio e eu, passamos em todas as matérias e já estávamos de férias, estávamos livres.
Lígia também ficava completamente estressada nessa época de provas. Não era somente a correção das provas, eram também os alunos procurando-a para arredondar as notas ou pedindo para anular alguma questão. Infelizmente alguns alunos eram assim e faziam tudo para aumentar a sua nota, até ir perturbar o professor no momento de descanso dele.
Depois que peguei minhas notas, só voltei na faculdade no dia em que Brenda e Kimi fariam a última prova, tentaria dar uma força para elas. Depois desse dia, só nos veríamos no semestre que vem se caso não marcássemos nada.
Eu estava esperando Kimi e Brenda no pátio da faculdade enquanto as duas estavam na sala fazendo a prova. Caio havia viajado com a mãe dele para Natal e só retornaria três dias antes das aulas do próximo semestre começar.
Lígia me encontrou sentada no banco e se juntou a mim.
— Oi amor. – Ela falou, dando um suspiro.
— Oi amor. — Sorri.
— Tenho uma notícia... Não sei se é boa ou ruim. — Lígia me encarou.
— O que houve? – Perguntei. — Você errou a minha nota?
— Não é nada sobre prova, Alex. – Ela ficou calada um momento.
— Fala Lígia! O que houve?
— É o Júlio.
— Ah não. Não vai me dizer que ele fugiu? – Me desesperei.
— Não. Ele... está morto.
— O quê? – Eu estava completamente surpresa. — Como?
— O advogado que estava cuidando do caso dele me ligou. Tinham transferido ele para o presídio, mas parece que ele criou algumas inimizades lá dentro em tão pouco tempo. Encontraram-no enforcado com um lençol dentro da cela onde ele dividia com mais quatro presos.
— Mas foi algum preso? Ou ele mesmo se enforcou? – Perguntei.
— Alguns presos, na verdade. Parece que o Júlio tentou comprar o chefão de lá e não deu muito certo. Na filmagem mostrou que durante a noite os presos da cela do Júlio o seguraram, o espancaram e o enforcaram. E eles meio que trabalhavam para o chefão. Lá tem a lei do silêncio, Alex. Ninguém sabe de nada, ninguém viu nada. Mesmo que o vídeo comprove.
— Nossa. – Eu realmente não sabia o que falar. — Eu não esperava isso. Quero dizer... Ninguém merece uma morte assim. Por mais que o Júlio fosse ruim, não merecia morrer assim.
— É. – Lígia estava pensativa.
— Como você está? – Segurei sua mão.
— Não sei. – Lígia me olhou. — Eu vivi com ele durante muito tempo. É estranho saber que o mataram dessa forma.
— Eu sei. – Falei e abracei Lígia enquanto fazia carinho em seus cabelos.
Todo mundo deveria saber que os presídios já possuem regras entre os presos. Talvez o Júlio não soubesse... ou talvez achou que dinheiro compra qualquer pessoa. Mas o que o Júlio esqueceu é que lá dentro estão todos na mesma merd*.
— E o enterro? – Perguntei.
— O corpo ainda não foi liberado. Nem sei se a mãe dele iria querer me ver lá.
Lígia ficou comigo até as meninas saírem da prova, depois ela voltou para a sala dos professores e as meninas e eu fomos embora.
— Caramba. – Kimi falou depois que eu contei sobre o Júlio. — Pelo menos agora vocês estão livres dele.
— É, mas não precisava ser assim. – Falei.
Sobre o enterro do Júlio? Nós fomos, mas ficamos olhando de longe. A mãe do Júlio não queria ver a Lígia nem pintada de ouro. E a culpa pela morte dele caiu em cima da Lígia e consequentemente em mim também.
— Talvez seja o começo de uma nova história. – Lígia falou enquanto observávamos o caixão sendo colocado na terra. — Nossa nova história. – Lígia apertou minha mão.
Esperamos todos irem embora e fomos até o novo túmulo que o cemitério havia ganhado. Lígia deixou uma rosa branca em cima do túmulo, ficou um tempo lá e depois foi andando para o carro. Me abaixei e coloquei outra rosa branca em cima do túmulo do Júlio, ao lado da que a Lígia havia deixado.
— Eu te perdoo! Por tudo. E espero que fique em paz.
Mesmo que não houvesse ninguém ali para me escutar falando aquilo, eu sabia que aonde quer que o Júlio estivesse, ele estaria me escutando. Me levantei e voltei para o carro, indo embora daquele cemitério.
As férias começaram um pouco confusas por causa da morte do Júlio. Mas para Kimi e Brenda, começaram maravilhosas. As duas conseguiram nota suficiente para passarem na matéria. Então que o segundo semestre viesse com força total.
E quanto a Lígia e eu? Estávamos mais felizes do nunca. Deixamos para trás tudo o que tinha nos feito mal e começamos uma nova vida. A vida sem o Júlio. A nossa vida.
*************
*SEIS ANOS DEPOIS*
— Anda Alex. Seus pais já estão chegando.
— Espera, já estou quase terminando.
Levei a vasilha com a carne temperada para perto da churrasqueira. Estava tudo pronto para receber meus pais com o Dylan e os meninos.
Escutamos uma buzina ao longe enquanto dois carros se aproximavam da casa.
— Acha que vão gostar da casa? – Lígia perguntou arrumando algumas coisas na enorme mesa que usaríamos e ligando o rádio.
— Com certeza. É melhor do que o seu big apartamento e muito maior também. Tem quartos para todos.
Depois que me formei, Lígia me pediu para morar com ela em Florianópolis. Deixamos o Rio de Janeiro para trás e começamos uma nova etapa nesse lugar maravilhoso. Nós duas abrimos um consultório de advocacia e trabalhamos juntas agora. Apesar de Lígia ter voltado a dar aulas, ela ainda pega um caso ou outro. Os negócios por aqui vão muito bem.
A casa da Lígia, que agora era minha casa também, era enorme. Era uma casa de três andares, com sete quartos e todos com suíte. Possuía um quintal gigantesco com um jardim lindo de fora a fora. A churrasqueira ficava do lado direito, um pouco mais ao lado tinha a piscina. É quase uma mansão. E para completar, essa casa linda era de frente para o mar.
Caio que vinha dirigindo o segundo carro, estacionou ao lado do carro do meu pai e desceu, sendo seguido por Kimi e Brenda.
Atena, nossa cachorra Golden Retriever, veio correndo de dentro da casa quando escutou as vozes e quase derrubou Lígia pelo caminho.
— Alex! Eu não falei para treinar essa cachorra? – Lígia brigou.
— Calma amor. Eu ainda não tive tempo. – Falei sorrindo e indo abraçar a todos.
Atena era assim, corria feito doida pela casa. Já havia me derrubado várias vezes não só em casa como fora de casa também. Lígia fazia questão de ficar bem longe dela nessa correria toda. E toda vez brigava comigo quando a cachorra trombava nas pernas dela. E por mais que a Lígia brigasse, Atena só dormia do lado dela todas as noites, desde filhote. Eu já tinha feito a caminha dela do meu lado da cama várias vezes, mas não teve ninguém que fizesse Atena sair do lado da Lígia. Atena simplesmente amava dormir ao lado dela.
— Meu Deus, que casa linda! – Mamãe falou reparando na casa.
— Eba, piscina. – Dylan passou por mim e foi até a piscina.
Alguns finais de semana eu ia para o Rio, mas agora foi a vez dos meus pais virem para Florianópolis. Estávamos combinando de fazermos o Natal aqui também.
Vendo Brenda ali, rindo e brincando com a Atena, lembrei do que Lígia havia me contado. Depois que Brenda fez a queixa do pai e da investigação que ocorreu, o juiz determinou doze anos de prisão para o pai dela. Brenda e a mãe se mudaram da casa em que moravam e pouquíssimas pessoas sabem seu endereço agora. Elas queriam que permanecesse dessa forma caso o pai da Brenda algum dia saísse do presídio.
E assim como foi o caso do Júlio, o pai da Brenda sofreu e ainda sofre bastante no presídio. Estupradores não tem vez lá dentro. Lá possui regras. E de certa forma, fizeram o pai da Brenda sentir tudo o que um dia ele fez para a sua menininha... Na verdade ainda fazem ele sentir. Ele agora é a menininha de alguém lá dentro.
A Lígia pergunta de vez em quando para o advogado que cuida do caso e que é amigo dela sobre a situação do pai da Brenda. Mas como a Brenda não quer mais saber nada do pai, a Lígia me conta tudo.
Tanto eu e Lígia quanto a Brenda, tínhamos fechado um ciclo nas nossas vidas. E não só nós, todos que viveram aqueles momentos com a gente também encerraram esse ciclo. Estamos vivendo em paz agora.
Dylan já estava na piscina junto com os meninos. Papai e mamãe estavam na mesa conversando.
— O que faz aqui amor? – Lígia me perguntou, me abraçando por trás e encostando o queixo no meu ombro.
— Só olhando a vista.
Eu estava encostada no portão, vendo o mar e escutando os gritos e risadas dos meninos dentro da piscina.
— Você imaginava que um dia estaríamos aqui e que passaríamos por tudo aquilo?
— Não. – Lígia me beijou no rosto. — Assim como não imaginava que aquela garota tão linda e tão absurdamente abusada, seria a mulher da minha vida. – Sorri ao escutar aquilo. — Mas sei de uma coisa... Não importa aonde o destino nos leve, iremos sempre juntas.
E naquele instante a música que chegou nos nossos ouvidos foi Perfect, do Ed Sheeran.
Tudo estava perfeito. E era assim que permaneceria... Perfeito!
FIM
Fim do capítulo
Quero agradecer a todas (os) que leram essa história, que acompanharam do início ao fim, que em algum momento riram ou choraram (chorar creio que não, mas vai que alguém tenha chorado), que comentaram ou que somente votaram nos capítulos, que sentiram raiva e vontade de bater em algum personagem ou até mesmo na autora kkkk. Muito obrigada.
Comentar este capítulo:
luaone
Em: 05/06/2018
Adorei a história... apesar de odiar a Lígia... aquele DVD dela fazendo sexo selvagem com o Júlio ficou engasgado aqui... mas enfim... ao final, felizes para sempre... kkkkkk
Parabéns!!!
Resposta do autor:
kkkkkkkkkkk
Poxa, ainda tentei fazer com que ninguém odiasse a Lígia kkk.
Mas o DVD dela fazendo sexo com o Júlio, foi uma armação do próprio Júlio para atingir a Alex, a Lígia não teve culpa.
Mas fico feliz que tenha lido e gostado da história.
Beijos.
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Mille
Em: 29/05/2018
Oi Márcia
Adorei a história
E o amor venceu as dificuldades e a força que a Alex passou para a Brenda a fez ficar livre dos abusos.
Agora elas longes da família não terá ninguém para atrapalhar os planos para maratonas.
Parabéns e volte logo.
Bjus
Resposta do autor:
Oi Mille.
Que bom que gostou da hostória.
Espero que em breve eu volte com uma nova história.
Beijos
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