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An Extraordinary Love por Jules_Mari

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Palavras: 8995
Acessos: 5866   |  Postado em: 27/05/2018

Notas iniciais:

Boa noite a tod@s, 
Espero que estejam bem mediante tudo que está acontecendo. Mas como eu não poderia faltar com vocês, segue mais uma capítulo de AEL. 
Continuo agradecendo a atenção e o carinho que têm com a fic. 

Desejo-lhes uma ótima leitura e uma excelente semana. 

Xeros!

Capítulo 47 O Fim está Próximo

Cosima e Marc trocaram olhares confusos, pois nenhum dos dois fazia ideia do motivo pelo qual seu amigo estava pedindo perdão. Apenas o observavam contemplar o celular completamente apavorado, enquanto a voz do homem do outro lado da ligação ficava ainda mais urgente.

- Onde você está seu imprestável? – Louis lentamente alcançou o aparelho e como se ele fosse o objeto mais pesado do mundo, o ergueu até o ouvido, tendo o cuidado de retirar do viva voz. Voltou a olhar para a mulher que ainda estava sem compreender nada do que aquilo poderia significar e fechou os olhos com força, obrigando várias lágrimas a escorrerem.

Ele sabia que tudo o que precisava responder era que sim. Que possuía a resposta para as indagações do homem que tanto lhe assustava e a quem achava dever a sua própria vida e a de mais alguém. Sabia também que tudo para o que fora preparado, todos os anos de sofrimento e fingimento o levaram para esse momento. Para a tão ansiada resposta a pergunta que consumia aquele a quem deveria servir.

- Estou aqui. – Respondeu com voz tremula, embora tenha tentado ao máximo esconder sua fragilidade. Sabia que seu mestre detestava fraqueza e que aquela sempre foi a tônica da relação entre eles. O medo opressor que sentia dele. O deboche por nunca conseguir corresponder com as expectativas dele. Pensou também que aquela poderia ser a sua grande chance de impressioná-lo, de mostrar o quanto era capaz e desfazer toda a impressão que ele tinha dele. Bastava apenas dizer que estava diante dela. Daquela a quem ele tinha a certeza que era a resposta a pergunta “Quem era o grande amor da vida de Delphine Cormier”. A mulher a quem teve de se aproximar e se submeter, para quem precisou fingir a cada momento, aquela que lhe foi ensinado que deveria odiar.

Contudo, ele se pegou pensando que se fosse há poucos meses atrás, conseguiria responder aquela perguntar ser hesitar, mas que naquele instante, tudo havia mudado. Aquela a quem ele deveria entregar de bandeja para seu Mestre não era uma estranha, ou alguém que vira poucas vezes ao lado da “odiada” Delphine Cormier! Ela era Cosima, a mais doce e gentil das pessoas, aquela que o cativou nos primeiros instantes em que se aproximaram. Como poderia entrega-la ao homem mais monstruoso que já conhecera? Sabendo que o destino que ela teria, seria o pior possível. Nem se quer ousava imaginar o que aconteceria com ela nas mãos dele. Sentiu-se dilacerar em mil pedaços, mas não poderia mais adiar. Teria de tomar a pior e mais cruel decisão da sua vida. Evitou os doces e assustados olhos de Cosima e focou sua atenção na ligação.

- Desculpe senhor... Mas... A informação que me pediu... – Hesitou, respirando com dificuldade e sentindo o frio cortante do medo descer-lhe pela espinha. – Eu ainda não possuo. – Disse de uma só vez e depois se jogou para trás no sofá. Cosima e Marc conseguiram ouvir ao longe que o homem do outro lado berrava, mas não conseguiam discernir o que ele dizia. – Não senhor... A Profa. Cormier é muito discreta nesses assuntos... – Cosima arrepiou-se ao ouvi o nome de Delphine ser pronunciado em meio aquela conversa caótica e que parecia ser bastante séria. Seguiu e sentou-se ao lado do amigo, que ainda estava de olhos fechados, com o corpo trêmulo. Com cuidado, segurou-lhe a mão livre o que o causou um leve sobressalto e assim que abriu os olhos, teve a certeza de que havia tomado a decisão correta, pois lentamente, o toque gentil de sua querida amiga estava lançando uma onda de calor para o seu coração dilacerado.

- Quem é você Cosima? – Disse assim que desligou a ligação e ficou desenhando o rosto da amiga com os olhos, como se com aquele gesto, tentasse encontrar a verdade buscada pelo homem a quem devia a vida. A reação surpresa da mulher diante dele, lhe dizia que ela nem se quer fazia ideia do que estava acontecendo ali. E isso o fez temer ainda mais por ela.

- Como assim Louis? Você sabe quem eu sou. Me fala o que está acontecendo. Estou ficando aflita, pois eu não fazia ideia do estado em que estavas. – Trocou olhares com Marc. – Quem era na ligação? Não adianta desconversar, pois sei que ele é o motivo de estares assim.

- Anda Louis. A Cos está aqui como você pediu, por favor, nos diga o que está acontecendo. – Marc sentou-se na poltrona diante deles igualmente apreensivo e preocupado. Louis olhou para ambos demoradamente e depois parou seu olhar na mulher ao seu lado.

- Cos... Antes de qualquer coisa, eu preciso que me perdoes. Apenas preciso. Por favor! – Suplicou com os olhos marejados e a voz tremula.

- Louis... Se você quer o meu perdão, primeiro tem que me dizer o motivo, a razão para que eu deva perdoá-lo. Você não me fez mal algum meu amigo, exceto pelo fato de estares me deixando completamente aflita. – Sorriu levemente, tentando suavizar o clima.

- Não é pelo que fiz... É pelo que eu iria fazer... Cos... Eu não suportaria a ideia de que algo ruim pudesse lhe acontecer por minha causa! – E lançou-se para abraça-la. Em seus braços voltou a chorar de forma dolorida. – Você não merece! Você é boa... É a pessoa mais linda que eu já tive o privilégio de conhecer. – Afastou-se dos braços dela e lhe acariciou o rosto que ainda estampava a incredulidade. – Não se preocupe. Agora nada de ruim vai acontecer com você! – Sorriu e levantou-se de forma exasperada. Colocou e retirou as mãos nos bolsos e perambulou pela sala, murmurando palavras incompreensíveis.

- O que você tem? Com quem você estava falando? Isso tem a ver com a Delphine? – O homem paralisou assim que ouviu aquele nome. Sim, tinha tudo a ver com ela. Voltou a procurar algo pelo apartamento. – Louis... – Cosima imprimiu mais força em sua voz, indicando que as peças começavam a se encaixar em sua cabeça. – Isso tem a ver com... A Ordem do Labrys? – Ela parou logo atrás dele, que estremeceu ao ouvir aquelas palavras e sentiu sua cabeça girar e finalmente percebeu que sempre esteve no lugar errado, no lado errado daquilo tudo. Como poderia odiar algo que lhe trouxe alguém tão maravilhosa quanto a Cosima? Pensou também em Delphine, em como ela não era nada do que lhe fora dito. Ainda mais depois que pode ver um outro lado dela, trazido a toma pela mulher a quem deveria trair. Virou-se para a amiga.

- Cos... Do que você está falando? Esse não é o seu tema de pesquisa? – Disse com fingida ignorância. Não tinha a certeza se deveria esclarecer tudo para Cosima naquele instante, pode perceber que ela ainda parecia um tanto quanto perdida. Então, soube exatamente o que precisava fazer. Ela franziu a testa e o viu finalmente encontrar o que procurava e se dirigir para a porta.

- Para onde você vai? – Marc o questionou.

- Eu... Eu... Tenho algo que preciso fazer agora. – Olhava rapidamente para os amigos, como se quisesse evitar os olhos deles. – Podem ficar a vontade... Tranquem a porta ao saírem... – Riu sem vontade e antes que os outros dois pudessem falar mais nada, saiu, batendo a porta atrás de si. Cosima e Marc se olharam incrédulos e ainda ouviram o característico som de pneus cantando e o sedan prata de Louis sair em disparada.

- Alguém poderia me explicar o que porr* foi isso? – Marc gesticulou efusivamente. Cosima deu de ombros, embora, em seu íntimo, soubesse que algo muito ruim estava prestes a acontecer e sabia também que tinha a ver com a Ordem e com Delphine.

- Marc... Preciso ir. – Foi a vez de Cosima sair do apartamento quase correndo, assustando as seguranças que desceram do carro atentas.

- Algum problema Srta Niehaus?

- Andem... Preciso encontrar a Delphine – Respondeu já batendo a porta do carro.

- Cos? – Marc a chamou do alto da escada do apartamento de Louis, mas ela nem olhou para trás. Estava focada em tentar ligar para Delphine, contudo o telefone apenas chamava.

- Droga! Atende!

 

______

 

O salão nobre da Sorbonne já estava quase todo decorado com sobriedade e a espera da chegada do caixão da sua reitora. Delphine fez questão de supervisionar tudo bem de perto. Sentia como se aquilo fosse o mínimo que deveria fazer em homenagem a sua amiga.

Do lado de fora já havia uma boa quantidade de repórteres e curiosos, que se amontoavam para verem o que estava acontecendo ali. Em poucas horas, teria início o velório da Reitora Duncan seguido do ritual de cremação, que fora solicitado por ela em testamento, mesmo a contragosto de Delphine.

- Porque ela queria ser cremada? – Helena a questionou quando se aproximou. – Isso é tão mórbido.

- Na verdade é uma ironia. Uma brincadeira com o destino que Susan desejava fazer. Nossas irmãs foram queimadas em fogueiras por crimes que não cometeram, contudo, nos primórdios da Ordem, esse era o ritual pagão de sepultamento. Então... Estou apenas seguindo o desejo dela. – Delphine explicou enquanto aprovava as flores para os arranjos e coroas.

- Sim... Mas por favor, quando for a minha vez, nada de fogueira. – Helena alertou. A loura a olhou curiosa, pois na cabeça da amiga ela iria antes dela, pelo simples fato de ser mortal. Contudo, a tão indesejada imortalidade deixava o seu corpo a cada segundo, à medida que o seu sentimento por Cosima crescia e que essa finalmente começava a compreender o que estava acontecendo.

- Professora Cormier? – Uma voz masculina lhe chamou a atenção. Delphine se virou e localizou um de seus orientandos se aproximando. Viu ao longe que quatro seguranças que estavam em posições estratégicas se movimentaram, mas com um quase imperceptível gesto de mão, ela sinalizou que as mulheres poderiam relaxar.

- Pois não Louis? O velório só terá inicio às 16h...

- Não vim para o velório da reitora... Preciso falar urgentemente com a Senhora. – Ele a interrompeu bruscamente, o que a surpreendeu e quase lhe ofendeu. Viu com o canto de olho que Helena caminhava na direção deles a passos largos.

- Tudo bem por aqui? – A morena os questionou, pois percebeu o ar afobado do rapaz.

- Não sei ao certo! – Delphine analisava a figura de seu orientando.

- Preciso conversar com a senhora, mas... Tem de ser a sós. – Helena cruzou os braços, certa de que aquele pedido seria recusado.

- Tudo bem. Vamos até a sala da reitoria! – Helena ficou de boca aberta, apenas assistindo ela deixar seu casaco (contendo seu celular) e a agenda numa mesa de canto e seguir por uma porta lateral que dava acesso a escadaria. Venceram dois lances de escada em completo e total silêncio. Delphine tentando prever o que o rapaz teria de tão urgente assim para lhe falar e ao mesmo tempo pensando em qual seria o seu castigo por tal impertinência. Enquanto Louis formulava em sua mente como contaria tudo o que precisava ser contado a ela. Pois estava prestes a confessar a sua traição.

Parou diante da grande porta de madeira e a abriu, permitindo que o rapaz passasse e depois entrou, fechando a porta logo atrás de si.

- Muito bem! Espero que tenhas um bom motivo para me atrapalhar em um momento tão delicado. – Recostou-se no birô de Susan e cruzou os braços. O observou andar de um lado para o outro, esfregando as mãos de forma frenética.

- Professora... Antes de tudo, quero que saibas que a Cosima está bem! – A mulher sentiu como se uma pressão imensa a comprimisse contra o chão e toda a sua atenção se focou no homem diante dela.

- O que isso tem a ver com a Cosima? – Disse com uma expressão extremamente preocupada. Pensou em mergulhar na mente dele, mas estava tão alterada que não conseguiu.

- Eu... Eu não sou quem a Srta pensa que sou! – Soltou os braços e a olhou de baixo para cima, com receio e medo nos olhos.

Aquela afirmação fez com que Delphine abrisse a boca momentaneamente em incredulidade, mas logo crispou os lábios e deixou que uma expressão de irá tivesse início.

- Do que você está falando? Quem é você? – Ergueu-se e deu dois passos em direção a ele. A linda tarde de final de inverno, começou a se tornar sombria, com densas e carregadas nuvens se aproximando.

- Não me chamo Louis... – Disse ele em um denotado sotaque britânico. - Na verdade meu nome é Peter... Lamartine. – Sua voz fraquejou ao final e o homem pareceu diminuir de tamanho mediante a energia da ira e do pavor emanados por Delphine diante daquela revelação. Ela o fitava, mas parecia que enxergava mais além, e sua mente latej*v* com a quantidade de informações que estava processando naquele momento. Aquele sobrenome.

- Lamartine? – Ela inclinou a cabeça e cerrou os olhos. O rapaz diante de si caiu de joelhos, apavorado e diminuto – Como...

- John Lamartine! – Ele disse secamente. – Isso mesmo, ele é meu pai! – Delphine cambaleou para trás completamente em choque com aquela revelação. Aquilo significava uma falha absurda em todo o seu esquema de segurança e pior, que havia alguém do Martelo tão próxima a ela. Sentiu como se o ar lhe fosse roubado dos pulmões ao constatar que a ameaça sempre esteve tão perto dela – NÃO! - Tão próxima a Cosima. Arregalou os olhos com aquela constatação e como se estivesse sendo comprimida por uma força invisível, cerrou ambos os punhos e a tempestade do lado de fora despencou, com rajadas violentas de vento chocando-se contra as imensas vidraças da sala.

Deu dois passos em direção ao homem que estava completamente apavorado, tremendo e evitando olhá-la nos olhos.

- Diga-me tudo! E... Não ouse me esconder nada, eu saberei! – Quase grunhiu essas palavras.

- Eu e meu irmão fomos adotados por John Lamartine logo após a morte de nossa mãe, quando ainda éramos meninos. Contudo, só muitos anos depois eu descobri que fora ele e o Martelo que mataram a minha mãe. – Ele encarava os sapatos de Delphine, pois estava assustado demais para encará-la no rosto. – Ele nos criou dentro de todos os rigores do Martelo e, meu irmão... Paul – Ousou olhar de relance para cima e arrependeu-se, pois sentiu o sangue gelar ao ver a face do terror estampada no rosto de sua professora. – Bom, ele se mostrou bastante... A vontade, com tudo aquilo. Mas eu não. Contudo, eu sentia que devia algo aquele homem, então sempre procurei fazer tudo o que ele me mandava, mas muitas vezes fracassava, ao ponto dele envergonhar-se de mim e me escantear. Só me tornei útil a ele, justamente por ter pouquíssimo a ver com ele e com o Martelo e isso favoreceria a minha aproximação da... Senhora. – Estremeceu.

Delphine ouvia a todo aquele relato totalmente consternada, sentindo o latejar de seu coração em seus ouvidos e toda a sua refeição revirar no estômago. Sua lucidez começava a ser consumida por uma densa névoa sombria e como se sua consciência começasse a falhar, alertou-se. Estava prestes a perder o controle sobre si mesma.  Levou ambas as mãos a cabeça e lutou contra si mesma. Sem saber o que estava por vir, o pobre rapaz continuava a sua confissão.

- Criamos todo um passado fictício para mim, pois sabíamos que eu seria investigado, inclusive precisei criar essa personagem... Um jovem pesquisador gay, com um relacionamento que... A principio deveria ser de fachada, mas que... Acabei me envolvendo de verdade. – A olhou novamente, mas essa estava de costas para ele – Enfim... Bastava apenas que eu estivesse próximo a você, contudo isso nunca me forneceu nenhuma informação significativa para eles até... – Ela se virou atenta para ele – Recentemente, quando o meu pai me fez um questionamento... Algo que parecia ser muito importante e que eu, finalmente poderia oferecer-lhe... – Delphine empertigou-se, antevendo o que viria a seguir. – E essa informação era a... Cosima!

Num átimo de segundo o rapaz foi erguido do chão e lançado violentamente contra a porta de madeira, parando suspenso a mais de um metro do chão. Pavor era o que melhor descrevia o que Louis experimentava. As janelas e as portas começaram a bater e relâmpagos e trovões ecoavam assustadoramente.

- Você é um homem desprezível... – Ela disse entredentes e com os olhos fechados. Louis sentiu como se uma mão gelada e invisível lhe comprimisse o pescoço. Foi então que ele teve uma prova do poder aterrador da professora Cormier, daquilo que seu pai tanto lhe alertou. Ela abriu os olhos e eles estavam tão negros como a mais escura das noites e logo teve a certeza que o seu fim estava próximo.

- Delphine! Por favor, me deixe entrar! – A voz aflita vinda do outro lado da porta trouxe um filete de esperança para o pobre e condenado homem.

- Cos... – Ele tentou pronunciar com extrema dificuldade, porém a mulher diante dele pareceu não ter ouvido. Desesperou-se e começou a se debater.

- Não faça nenhuma loucura Delphine... Por favor! – Cosima novamente insistiu enquanto socava a porta. Helena fazia o mesmo e gritava por sua Mestra, mas nada acontecia. Ambas sabiam que algo terrivelmente ruim estava acontecendo ali dentro e que precisavam entrar urgentemente.

- Cosima! Faça o que só você é capaz de fazer! – Helena lhe segurou o braço e demandou em suplica.

- Eu... Eu não... – E então percebeu o que a outra queria dizer. Respirou fundo.

“Delphine... Meu amor.” Tentou estabelecer a poderosa conexão entre elas, mas parecia que sua mente se chocava contra uma parede invisível, que bloqueava a sua entrada. Insistiu. “Por favor Del, seja lá o que estejas passando, me deixe lhe ajudar.” “Me deixe estar com você!” Nada parecia acontecer e a certeza de que Louis estava lá dentro e de que algo muito ruim estava acontecendo a desesperava. “Não faça nada que vá se arrepender meu amor... Eu a amo.” E finalmente sentiu como se uma escuridão a envolvesse e até mesmo a voz de Helena, que estava ao seu lado, parecia que estava se afastando.

“Delphine?” A viu diante de si, novamente flutuando, suspensa sobre o mar negro de algo que lembrava piche. Correu em sua direção e sem perceber estava caminhando por sobre aquela pegajosa superfície, mas pouco se importou com aquela sensação, queria desesperadamente alcançar a sua amada. Parou diante dela. “Eu estou aqui meu amor, por favor venha comigo!” Suplicou tentando alcançar as mãos delas que estavam fora do seu alcance. Ergueu suas mãos e tocou seus pés. A mulher, que parecia paralisada, estremeceu e sacudiu a cabeça. “Isso amor... Vem comigo.” E com delicadeza, Cosima começou a puxá-la para baixo, alcançando as pernas dela, depois a cintura até trazê-la quase totalmente à sua altura. Sem que ela tocasse o chão, Cosima ficou na ponta dos pés e segurou o rosto de Delphine entre as mãos, essa ainda estava com os olhos fechados e parecia resistir. “Olha pra mim meu amor.” Suplicou e tornou a suplicar mais algumas vezes e então, esticou-se ainda mais e trouxe os lábios dela contra o seu.

Inicialmente foi um beijo frio, quase sem vida, mas aos poucos, a loura começou a mover seus lábios e então os abriu, para receber a intensidade e o calor dos lábios e língua de Cosima que logo transformou aquele beijo numa busca insaciável por vida.

“Você está aqui!” Cosima afastou seu rosto e contemplou a face de Delphine diante de si, ainda viu a negritude que havia neles ser dissolvida sob a luminosidade das verdes íris. “És minha luz!”

Com uma nova investida de Helena, a porta se abriu, pouco depois de ouvirem o estrondo de algo caindo ao chão.

- Delphine! – Sua protetora adentrou a sala e foi em direção a ela, mostrando Cosima, que ainda estava paralisada de pé, com os olhos arregalados e as mãos espalmadas.

- Cosima! –Delphine pareceu acordar e se deu conta da presença da sua amada ali que assim que ouviu seu nome, também pareceu despertar e num sacudir de cabeças, viu aquela cena. Encarou sua amada e depois seus olhos foram atraídos para o corpo desacordado e caído ao chão, bem no meio da sala.

- Louis! – Cosima correu até ele e o virou. – Ele não está respirando! – desesperou-se. - Delphine?! – Gritou com ela, como se pedisse ajuda, essa apenas cambaleou para trás ainda atordoada.

- Saia daí! – Helena empurrou Cosima para o lado e checou a respiração do rapaz. Posicionou-se ao lado dele e iniciou uma massagem cardíaca, alternando com a respiração boca a boca. Repetiu aquele procedimento algumas vezes sob a apreensiva observação de Cosima, que segurava a mão do amigo.

- Vamos Louis, acorda...! – Repetia várias vezes até que num suspiro turbulento, o rapaz puxou o ar e despertou. – Isso mesmo! – Ela riu em meio às lágrimas e olhou para Helena que se erguia. – Obrigada!

- Cos... Me... Me desculpe! – Delphine finalmente disse algo. A morena, que ajudava seu amigo a se sentar a olhou com uma expressão séria.

- Por que você fez isso? – A questionou com dureza. – Você quase o matou! POR QUÊ?! – Gritou e partiu para cima dela, segurando-a pelos braços e a sacudindo.

- Eu merecia Cos. – A fina e alterada voz de Louis se fez ouvir. As mulheres ali presentes se voltaram para ele e a expressão incrédula de Cosima o alertou. Helena se afastou e retornou com um copo de água e ofereceu ao rapaz que, em meio aos goles, disse com certa dificuldade, tudo o que havia acabado de confessar a Delphine.

- Então Cos... – Buscava o ar – A minha vida e a de meu irmão estão em minhas mãos, mas eu... Não poderia traí-la Cos. Não suportaria viver com isso.

Cosima ouvia tudo com absurda incredulidade e estava com seus sentimentos em plena confusão, pois o amor e o carinho que tinha pelo amigo foram duramente abalados pela decepção de saber que ele era um espião, colocado ao lado de Delphine para prejudica-la. Para fazer mal ao seu grande amor.

Batidas na porta atraiu a atenção de todas.

- Com licença Profa. Cormier, mas o caixão com a Reitora Ducan chegou, assim como alguns convidados para o velório. – Uma das seguranças as avisou.

- Obrigada, informe que já estou descendo. – Delphine procurou se recompor e dispensou a mulher. Olhou ao redor da sala e passou a mão nos cabelos com exasperação, tentando organizar as ideias em sua mente. – Bom, é óbvio que temos muito ainda o que conversar e... – Olhou para Cosima - Eu ainda preciso decidir qual será o destino do Sr... Lamartine aqui. – Indicou o homem que se levantava com a ajuda de Helena.

- O que quer que eu faça com ele Delphine? – Sua protetora a questionou enquanto Cosima a olhou com expectativa.

- Por enquanto nada. Temos um velório para comparecer e se, qualquer um de nós estiver ausente, chamará a atenção. – Ponderou por alguns instantes. – Ele virá conosco. Deixarei o destino dele nas mãos do Conselho. – Sua protetora concordou com aquela decisão e ajudou o rapaz a se erguer. Saíram da sala sendo seguidas por Delphine e Cosima.

- Obrigada por sempre estar comigo! – A loura disse assim que segurou a mão da morena enquanto se dirigiam para as escadas que as levariam para o salão principal da reitoria.

- Você ainda dúvida? – Cosima a respondeu reclinando e encostando a cabeça no ombro dela. – Mas Del... Temos muito que conversar. Sinto que tens algo muito importante para me dizer e isso tem a ver com a morte da Reitora Duncan – Desceram os primeiros degraus e viram lá de cima o burburinho da imprensa.

“Onde ela está?” Delphine paralisou assim que ouviu aquela odiosa voz em sua mente. “Sei que quem quer que seja estará aqui com ela...” Ouviu mais uma vez e como se todo o mundo ao redor ficasse em câmera lenta ela o viu.

John Lamartine parado no pé da escada, posando para alguns fotógrafos e, como se sentisse a presença dela, ele foi se virando. Numa troca de olhar rápida com Helena, se fez entender.

Louis foi largado ao lado de Delphine e numa fração de segundos, Helena jogou-se contra Cosima, fazendo-a cambalear para trás, e quase cair ao chão. Tudo isso aconteceu numa batida de coração, pouco antes do olhar de Delphine encontrar o de Lamartine.

- O que ele está fazendo aqui? – Sussurrou discretamente para Louis que a olhou desconcertado.

- Eu não sei... – O rapaz baixou o rosto assim que sentiu o peso de seu pai sobre si. Delphine endireitou sua postura e procurou não esboçar nenhuma reação, embora estivesse em plena convulsão interna. E a audácia da ida dele só piorou tudo aquilo. Era uma clara e evidente declaração de guerra a presença dele ali e o pouco que conseguiu ler na mente dele, lhe dizia qual a real intenção daquele monstro.

Percebeu que mais uma vez conseguiu ter acesso a mente dele justamente por ambos estarem na presença de Cosima, e isso, de alguma forma afetava a ambos. Desceu calmamente os degraus e tinha a intenção de passar direto por ele, contudo, alguns fotógrafos insistiram que ambos posassem juntos. Esforçou-se para não revirar os olhos e assim que parou ao seu lado ele a envolveu pela cintura e sorriu cinicamente para os repórteres.

- És realmente um escroto pretencioso vindo aqui. – Disse entre dentes e em meio a sorrisos falsos.

- Ora... Vim prestar minha sincera homenagem a uma grande mulher e ex esposa. – Ele não se preocupou em disfarçar a sua fala. – E não perderia por nada ver a sua cara diante do caixão de uma de suas vadias. – Disse ao virar-se para lhe beijar a face. Porém, antes que Delphine pudesse responder qualquer coisa ele se afastou e fingiu chamar alguém mais adiante, deixando a mulher paralisada e completamente desatenta as perguntas recebidas.

- É muita ousadia! – Genevieve veio em sua direção, para resgatá-la.

- Onde está a Cosima? – Siobhan juntou-se a elas, e as três se dirigiram para as cadeiras reservadas a elas na primeira fileira.

- Está com Helena. – Disse secamente e com os olhos procurou por Louis. – S, mande suas meninas ficarem de olho em meus orientandos. – As duas mulheres se alertaram com aquele pedido. – Eu explico depois, só quero ter todos os passos deles vigiados. Percebeu que Lamartine e seus homens sentaram-se na fileira logo atrás delas e a simples presença deles ali, representava uma afronta sem tamanho a memória de Susan.

- Lamartine... Paul! – Siobhan virou-se para cumprimentar os homens que pareceram surpresos com o sorriso irônico estampado do rosto da mulher. – É realmente maravilhoso perceber o quanto estão perdidos e desesperados, ao ponto de virem aqui, achando que descobririam alguma coisa. – Sorriu novamente e maneou negativamente com a cabeça enquanto retornava a sua posição. Delphine a olhou de canto de olho e com o toque de mão, agradeceu.

O vice-reitor da Universidade subiu ao púlpito e deu início as solenidades daquela cerimônia, destacando a trajetória de vida da reitora Susan Duncan.

 

______

 

- Helena, por favor. O que está acontecendo? – Cosima questionou a mulher que lhe puxava pelo braço enquanto atravessavam o corredor do primeiro andar, de onde dava para ver a cerimônia acontecendo lá embaixo.

- Ele está aqui! – Ela disse secamente.

- Ele quem? – Mas não precisou da resposta, pois viu, quando passava por trás de uma coluna , o grande inimigo de Delphine e da Ordem ao lado de sua amada que estava evidentemente desconfortável e surpresa com a presença dele. – John Lamartine - Sussurrou

- Isso mesmo e ele jamais pode vê-la ao lado da Delphine! – Helena emendou, ao que Cosima paralisou o puxou seu braço com violência.

- Mas porque ele não pode nos ver juntas? – Parou bruscamente. Helena a encarou de cima a baixo e bufou diante da teimosia da mulher.

- Isso não cabe a mim lhe dizer. Tenho apenas que mantê-la segura e, por enquanto, longe da Delphine. – Cosima a encarou com raiva, mas sabia que realmente não era culpa da Helena. Ela estava apenas cumprindo ordens, mas sentia-se ainda atordoada pelos últimos eventos, especialmente após ter descoberto a traição de Louis e saber que a informação que o Martelo tanto precisava era ela mesma.

Tentava desesperadamente encaixar as peças em sua mente. Enquanto seguia Helena, repassou os eventos que a levaram até ali e se pegou pensando porque tudo aquilo estava acontecendo a alguém tão insignificante quanto ela.

“Não sou ninguém!” Repetiu para si mesma várias vezes.

- Venha por aqui. – Helena as conduziu por outra escada, que as levaria para fora do salão principal. Assim que passaram pela porta, alguém a reconheceu.

- Cosima! Onde está o Louis? – Marc se aproximou, acompanhado de Amélia e Sophie.  A morena olhou para a mulher que a guiava e com um gesto de ombros, virou-se para os amigos.

- Ele está com a Delphine. – Indicou o salão principal que já estava com bastante gente.

- Mas ele está bem? – Cosima e Helena se olharam.

- Agora ele está. – Respondeu a Marc de forma sugestiva.

- Mas você já está indo embora? – Amélia a questionou.

- E você descobriu o que tanto o afligia? – Marc insistia em saber sobre Louis. Cosima esfregou a testa com denotava exasperação. Não sabia o que poderia ou não contar a Marc e, até onde sabia, a partir da traição de seu amigo, qualquer pessoa também poderia estar envolvida.

- Ainda não tive a oportunidade de falar com ele e... – Dirigiu-se para Helena que anuiu a cabeça em resposta. – Realmente tenho de ir agora. – Mas antes de se afastar de seus amigos a ouviu. Virou-se, ainda na entrada do salão e viu que Delphine estava de pé, ao lado do caixão da Reitora Duncan, discursando em homenagem a ela.

- Eu poderia elencar inúmeros adjetivos para definir quem foi Susan Duncan e mesmo assim nem chegaria perto de me aproximar da grandiosidade dessa mulher. – Sua voz era firme e ritmada, capturando a atenção de todos os presentes. – Contudo, a humildade e a dedicação ao que ela fazia certamente serão as características mais marcantes. Eu a considerava muito mais do que uma amiga, e sim uma irmã. – Olhou sugestivamente para Siobhan e Genevieve e teve soa voz levemente embargada ao ver que ambas tinham lágrimas em seus rostos. – Uma mulher extraordinária e de feitos igualmente grandes que teve, contudo, uma interrupção precoce. – Voltou a firmar sua voz. – Lamentavelmente a morte veio de forma repentina e injusta para ela. E aqueles que foram responsáveis por tal atrocidade, irão pagar! – Fixou seu olhar em Lamartine e todos os presentes experimentaram uma desconfortável sensação e a tarde parisiense pareceu dar lugar á noite adiantadamente.

O clima tenso que se instalou pareceu se dissipar assim que os olhos de Delphine encontraram os de Cosima. Esse contato durou poucos segundos, pois a loura sabia que não deveria demonstrar nada mais significativo, especialmente na presença daquele homem. Então palmas começaram a ecoar pela sala e logo todos aplaudiam o emocionado discurso da Professora Cormier que deixou o púlpito e retornou para sua cadeira, dando lugar para que parentes e demais colegas prestassem a sua homenagem.

- Cosima, devemos ir agora. – Helena insistiu, atraindo a atenção de Marc, Amélia e Sophie.

- Tudo bem! Meus queridos, prometo que conversaremos em um outro momento, mas agora eu realmente preciso ir. – Despediu-se com beijos e abraços desconfortáveis e deixou os amigos com muito mais dúvidas.

Helena a levou até as seguranças que estavam responsáveis pela proteção dela e as instruiu que a levassem para o castelo Cormier, como era a vontade de Delphine.

- Você não vem? – Cosima a questionou.

- Não! A Delphine precisa de mim aqui. – Explicou de pronto. – Ela irá ao seu encontro assim que possível. – Deixou claro que não cabia mais nenhum questionamento e a Cosima só restava seguir mais instruções.

Fez todo o caminho até a casa de Delphine em silêncio e com a cabeça em turbilhão devido a tudo o que estava vivenciando. As suas seguranças lhe ajudaram com as malas e a deixaram no castelo, informando que estariam a sua disposição a qualquer instante. Cosima as agradeceu educadamente e lhes informou que não tinha planos de sair dali enquanto Delphine não retornasse e que as mulheres poderiam descansar. Se surpreendeu ao saber que não era assim que as coisas funcionavam e que a missão delas era estar vinte e quatro horas protegendo-a. E novamente um receio amargo lhe subiu pela garganta. Aquele que lhe dizia que algo muito ruim estava na iminência de acontecer e agora mais do que nunca, pois acabara de perceber que estava sob a mira de um dos homens mais perigosos do mundo. Um gelado calafrio desceu por sua espinha e ela se viu sozinha em meio aquele imenso e frio castelo.

Tratou de acender todas as luzes possíveis para tentar, com aquilo trazer-lhe um pouco de calor. O silêncio também estava lhe incomodando, então procurou e ligou a TV da cozinha e seguiu para o quarto de Delphine, arrastando sua bagagem. Lá colocou a sua playlist para tocar no volume máximo, mas nem mesmo a Janis ou a Alanis estavam conseguindo fazê-la pensar em outra coisa.

Sentiu o peso da viagem e do dia caindo sobre seus ombros e tratou de tomar um longo e demorado banho sob a ducha forte e quente. Sacou de sua mala o seu pijama de flanela, que fora presente de sua mãe. Ele sempre lhe fazia sentir bem, mesmo não sendo nada sexy.

Perambulou pelo castelo, novamente admirando a impressionante coleção de arte contida ali. Delphine realmente sabia apreciar o que era bom e raro. Enquanto fitava uma tela da artista plástica japonesa Tomie Ohtake, sentiu seu estômago alertá-la de que precisava se alimentar com urgência.

- Muito obrigada Delphine! – Disse com brilho nos olhos ao contemplar o recheio da imensa geladeira de inox. Percebeu que desconhecia a maioria das comidas que estavam ali, mas percebeu que havia uma variedade de queijos e torradas. Pegou o que achou que gostaria, além de algumas uvas e pêssegos. Focou na imensa e chamativa porta de madeira que ficava mais ao fundo. Foi até ela e assim que entrou, as luzes suaves se acenderam, mostrando a impressionante adega de Delphine.

- Uau! – Foi tudo o que conseguiu dizer. Passou os dedos por várias garrafas, percebendo que era praticamente uma analfabeta em se tratando de vinhos. Mas então encontrou um dos pouco que conhecia. Pensou se sua amada iria se incomodar se ela o retirasse dali, mas sabia que aquela seria a ultima das preocupações de Delphine.

Comeu e bebeu um pouco do delicioso vinho enquanto torturava o controle remoto, até que lhe chamou a atenção uma reportagem falando sobre o precoce e suspeito falecimento da reitora da Sorbonne. O repórter trazia um breve relato da trajetória de vida dela e as imagens mostraram uma Susan Duncan jovem, quando participou ativamente do movimento cultural do Maio de 1968 e de como ela galgou sua vida acadêmica. Ao final da reportagem, a imagem mostrada fez a comida revirar no seu estômago. Era a cena do velório, onde Delphine estava lado a lado com John Lamartine e Cosima pode então perceber a animosidade evidente entre os dois. Qualquer desavisado não perceberia, mas para quem sabia quem aquelas duas pessoas representavam, ficava evidente que aquele era um encontro extremamente perigoso. Desejou mais ainda que sua amada retornasse logo para si e com esse desejo em mente, ouviu o vibrar de seu celular. Era uma mensagem dela.

“Meu amor me desculpe, mas terei de demorar um pouco mais para encontra-la, pois preciso me reunir com as demais já que temos muita coisa para decidirmos. Conforta-me saber que estás bem e segura em minha casa. Estarei com você assim que possível. Te amo.”

Releu a mensagem algumas vezes e todas elas lhe faziam sentir mais triste. Desligou a tv e quando seguia para a escada, ouviu o estalar de madeira vindo de uma sala que estava com as imensas portas entreabertas. Era aquela fabulosa biblioteca onde a lareira estava acesa, o que a fez pensar nas governantas que tomavam conta daquela propriedade. Aquele local foi onde estivera antes e onde teve uma noite maravilhosa com Delphine regada a queijos e vinho. Riu daquela lembrança e pensou que aquele seria um bom lugar para continuar o que lhe restava para fazer. Continuar a leitura do diário de Melanie. Buscou o livro que estava em meio a sua bagagem e retornou para a biblioteca à tempo de ver os últimos raios de sol se despedirem definitivamente. A aproximação do verão tornava os dias mais longos e Cosima apreciava aquilo. Aconchegou-se na confortável poltrona próxima à lareira e recostou sua cabeça enquanto tomava fôlego para reiniciar a leitura. Queria e precisava de algo leve e tranquilo para acalentar o seu coração, e torcia para que o decorrer da história de Mel e Eve trouxesse o que ela precisava.

Localizou o ponto onde havia parado, mas antes checou a quantidade de páginas que restavam até o final e percebeu que faltavam bem menos da metade.

“O fim está próximo!” Pensou e então localizou o ponto onde havia pausado.

 

******

 

A principio eu me assustei ao vê-la tão frágil daquele jeito, chorando em meus braços, pois aquela não parecia a Evelyne Chermont das histórias que eu ouvia às escondidas ou dos relatos magoados da Manu. Então tive a clara certeza de que nenhuma daquelas histórias fazia jus a você. Elas, de alguma forma ajudavam a construir essa personagem que intimidava e causava admiração na mesma proporção.

Aquela em meus braços era a verdadeira Evelyne e que estava se desnudando completamente para mim. Foi impossível não me sentir uma privilegiada e a admiração que eu sentia por você não diminuiu em nada por ver suas “fraquezas”, pelo contrário, ela foi multiplicada. E se era possível, eu a amei ainda mais.

- Agora deves ir se banhar Eve. Precisas descansar. – Lhe acariciei o rosto e você me olhou embevecida.

- Sim, eu sei que preciso, mas confesso que estou cansada demais. – Seu esforço para se por de pé foi só mais uma prova do quão extenuada estavas. Eu jamais conseguirei imaginar o que você e as demais enfrentaram nesses últimos dias. Lhe ajudei a caminhar até a fonte. Você parou diante da água e lhe vi cambalear um pouco. A segurei e você pareceu se firmar, como se buscasse suas ultimas forças. Minhas mãos trêmulas denotavam o meu nervosismo ao executar a tarefa que me propus em silêncio. Ajudá-la a se despir.

- Tudo bem Mel. Eu ficarei bem. – Você segurou minha mão gentilmente. - Posso seguir sozinha agora. – Você me disse com um meio sorriso. Era evidente o meu desconforto e você percebeu aquilo.

- Lhe esperarei no quarto. – Eu disse sem necessidade. Você apenas anuiu com a cabeça e sai, quase tropeçando em meus próprios pés.

Hoje percebo o quão patética eu fui, mas a verdade era que eu ainda precisava descobrir como me portar perto de você. Principalmente em momentos íntimos como aquele, que em minha cabeça, seria muitos e constantes dali em diante.

A esperei no quarto, ainda enrolada na manta e uma leve batida na porta anunciou a chegada de Yara e Clementine, trazendo as roupas e uma bandeja com pratos de sopa, pães escuros e vinho caseiro. As agradeci por tudo e soube que Manu e Izabelle já estavam comendo e que Alba estava descansando. As agradeci e tratei de me vestir. O vestido que me trouxeram era simples, mas tinha um delicioso e refrescante perfume de lavanda e salvo por uma pequeno aperto na região de meu busto, me servia perfeitamente. Vi o que era para você e decidi leva-lo até onde estavas.

Paralisei logo antes do tecido, pois não tinha certeza se deveria ou não entrar. Decidi lhe chamar.

- Eve? – Mas você não me respondeu. Tornei a chama-la, mas novamente não obtive resposta. Aquilo me preocupou e sem mais hesitar eu mergulhei naquela pequena sala. Percebi que as velas que iluminavam aquele espaço haviam se apagado, deixando-o completamente escuro, exceto pelo fraco feixe de luz que vinha do quarto. Forcei meus olhos para ver se enxergava melhor. Lentamente dois pequenos pontos de luz foram se acendendo no fundo da sala. Inevitavelmente eu me lembrei da noite em que domei Atalanta, quando a encontrei sob a escuridão e seus assustadores e intimidadores olhos alaranjados me encararam.

Da mesma forma, quase da mesma cor, eram os dois pontos cor de âmbar brilhante. Contudo, novamente não me senti intimidada e sim atraída por eles e caminhei até a borda da fonte e subi os dois degraus, parando de pé.

- Melanie – Seu tom de voz sobressaltado me acordou.

- Eve! Eu, eu... – Gaguejei pateticamente. – Vim lhe trazer o vestido... Pensei que estavas dormindo... – Atropelei as palavras.

- Acho que adormeci sim. – Havia uma certa ironia em sua voz. – É que essa água quente é tão relaxante... – Você se movimentou e a marola da água quase molhou meus pés. Recuei assustada e então tive um rápido vislumbre da sua silhueta, quando você ficou de pé e a água chegava pouco acima de sua cintura.

Meu amor, eu gostaria de dizer que não vi muito naquela ocasião devido a escuridão, mas o fato era que meus olhos já haviam se acostumado com a pouca luz, e a brancura de sua pele colaboraram. Eu quis, juro que quis me demorar em minha admiração, mas o meu nervosismo me fez desviar o olhar e quase jogar o vestido contra seu corpo assim que você saiu da fonte.

- O... Jantar está servido! – Disse de pronto e corri de volta para o quarto. Eu juro que ouvi um leve sorriso seu, mas não posso garantir que o tenhas dado ou se foi fruto de minha imaginação.

Poucos minutos depois você entrou no quarto, já devidamente vestida e secando seus longos cabelos. Eu já estava sentada a beira da mesinha tomando a deliciosa sopa de legumes com carne.

- O cheiro está divino. – Você disse e pegou o seu prato. Eu apenas anui com a cabeça. – O tempero da Yara é fantástico.

Jantamos em silêncio, apenas saciando as necessidades de nosso corpo e nos permitindo sentir e apreciar a companhia da outra. Não aguentei tomar toda a minha sopa e você não se fez de rogada e garantiu que não houvesse desperdício.

Ainda sob o desconfortável silêncio, encerramos a nossa refeição e nos dirigimos para as camas. Você estava visivelmente exausta, mas com uma expressão bem melhor após o banho e o jantar.

- Sempre durmo na cama próxima a janela, mas tens alguma preferência? – O silêncio foi quebrado por sua voz suave. Olhei para ambas as camas e não vi problema algum em dormir na mais próxima a porta e ao pequeno forno a lenha que havia para aquecer o ambiente. Seria até melhor.

- Tudo bem, posso dormir nessa aqui. – Joguei-me nela. – Lhe vi caminhar até o armário e retirar de lá pesadas colchas de pele. Foste em minha direção e gentilmente me cobriu com uma delas.

- Aqui faz frio de madrugada. – Meu coração acelerou quando lhe vi se curvando sobre mim e senti como se fosse parar de respirar.

- Durma bem meu amor. Amanhã será um dia bem melhor! – Senti seus lábios em minha testa e experimentei um misto de sentimentos. Ternura e frustração foram os que se sobressaltaram.

Você se deitou e também se enrolou na colcha e ficou virada para mim. Ficamos nos olhando, novamente em silêncio. Um hábito que começou a ser comum entre nós, uma mutua contemplação.

- Obrigada! – Eu disse quase como sussurro.

- Não tens que me agradecer Mel... Eu faria tudo de novo por você! – Me respondesse com um filete de voz. Então lhe assisti adormecer com rapidez, devido a sua exaustão. – Eu te amo Melanie... – Mas ainda tivestes um lampejo de consciência.

Aquela declaração ficou reverberando em minha mente e o sorriso bobo não saia de meu rosto. Devido a isso e a tudo o que vivenciei, demorei a conciliar o sono e quando finalmente consegui, ele foi permeado de pesadelos com a cerimônia que teria sido o meu casamento e lembro-me de ficar ouvindo aquela frase aterradora em meus sonhos:

‘Pater abençei fructum’

E quando recobrei minha consciência e abri meus olhos de forma abrupta me deparei com seu rosto preocupado bem próximo a mim.

- Mel? Tudo bem foi só um pesadelo. – Mas a angustia me consumia e as lágrimas foram inevitáveis, pois os pesadelos pareceram reais demais e pude ter um vislumbre do que poderia ter acontecido comigo se você não tivesse chegado a tempo.

Meu choro dolorido lhe comoveu e então você me abraçou enquanto se deitava ao meu lado, sobre a pequena e estreita cama que mal cabia uma pessoa, quiçá duas. Após me acalmar, com o calor de seu corpo, senti um conforto maravilhoso e acolhedor, e quando você fez menção a se levantar eu protestei.

- Por favor, não vá. Dorme comigo? – Lhe olhei de onde eu estava, com a cabeça repousada sobre seu peito e aquela posição me possibilitou sentir a mudança descompassada na velocidade das batidas de seu coração. Aquela reação ao meu pedido me comoveu e fez aumentar a minha certeza sobre onde era o meu lugar. Era ao seu lado.

Adormeci em seus braços e várias horas depois, acordei com o delicioso e delicado carinho de seus dedos em meu rosto. Piquei os olhos várias vezes, para ter certeza que não era um sonho e de que estavas ali mesmo. Sorri embevecida.

- Bom dia senhorita. Ou melhor, boa tarde! – Seu sorriso luminoso me saldou. Me espreguicei com alguma limitação, pois eu ainda estava com meu corpo sobre o seu.

- Bom dia. Que horas são? – Me sobressaltei.

- Já passou bastante do meio-dia. – Você continuou sorrindo.

- Caramba! – Ergui-me e confirmei o que ela disse devido a forte luz do sol que invadia aquele ambiente. – Me diz que você também acabou de acordar? – Supliquei.

- Embora eu pudesse dizer que não, que havia acordado a algum tempo e estava apenas curtindo a sua presença, mas não foi o que aconteceu. Infelizmente! – Novo sorriso. – Eu também acabei de acordar.

- Ainda bem.

- Até porque não estou mais sentindo a parte esquerda do meu corpo... – Você brincou ao tentar se mover sob mim.

- Minha nossa Eve... – Me afastei e quase cai da estreita cama. Isso só não ocorreu por que você segurou em meio a uma deliciosa gargalhada.

- Mel, adoraria passar a tarde aqui com você, mas temos de nos organizar para partirmos em poucas horas, logo que a noite cair.

- Sim sra! – Levantei e me coloquei em posição formal. – Mas antes podemos comer? – Relaxei a postura. – Será que ainda tem daquela maravilhosa sopa? – Nova gargalhada sua.

Em poucos minutos nos lavamos e nos organizamos para descermos, mas antes fiz questão de passar pelo quarto onde Alba estava e certifiquei-me que ela estava bem e os ferimentos que sofrera, embora fossem sérios, já foram muito bem cuidados.

- Olha quem finalmente acordou! – Manu festejou assim que chegamos à sala.

- Sim mamãe, precisamos levantar embora se dependesse dessa aqui – Você acariciou minhas costas – Ainda estaríamos na cama. – Não havia malicia alguma em sua voz, mas todas as mulheres ali trocaram olhares sugestivos. – Ei... Podem se acalmar que não aconteceu nada.

- Oi? – Eu quase engasguei diante da insinuação que fora lançada e fiquei extremamente constrangida.

- Sério!? – O espanto de Izabelle lhe custou uma cotovelada de Manu, a repreendendo.

Você fingiu não se incomodar com as insinuações contidas nos comentários e sentou-se na mesa, me puxando para ficar ao seu lado.

- Ainda tem da sopa de ontem Yara? – Você questionou alto. A mulher gritou que sim.

- Mas tem um assado de cordeiro fabuloso. – Manu anunciou.

- Hum, adoro, Pode ser um pouco dos dois? – Questionei e logo estávamos terminando nosso almoço tardio.

Finalmente, ao cair da noite, estávamos preparando os animais para a viagem de volta. Alba tinha pedido ao seu amigo cocheiro que conseguisse uma carruagem para nos levar, especialmente a ela, que ainda estava bastante debilitada.

Agradecemos a gentil acolhida de Yara e Clementine e já estávamos na estrada. A saída de Nice foi um pouco tensa, pois havia sempre o temor de que os homens de meu pai estivessem a espreita, mas conseguimos sair sem maiores dificuldades e o restante da viagem foi tranquila, onde inclusive, por vezes, pude montar Atalanta com você e outras vezes sozinha.

Devido ao bom tempo e as ótimos condições das estradas, chegamos a Paris na metade da manhã do domingo e assim que atingimos os limites da propriedade Chermont vi que algo acontecia.

- O que é isso tudo Manu? – A questionei.

- Preparativos para a celebração do solstício de verão. Não se lembra? – Fiz uma cara de espanto, pois havia realmente esquecido daquilo devido ao meu quase casamento. – Sua iniciação criança. Será hoje a noite! – Manu deu um leve apertão na mãos e eu arregalei os olhos e mal pude conter a minha alegria.

Fomos recebidas com muita festa pelas mulheres da Ordem que ficaram ainda mais felizes ao me verem ali com as demais. Vi Manu se inteirando de como estavam os preparativos para a cerimônia de mais a noite.

E assim que pisei no castelo, todas as minhas angustias e dúvidas foram dissipadas por completo.

- Bem-vinda ao seu lar! – Você me disse baixinho e bem próxima a mim. Lhe olhei encantada. Você não saiu do meu lado enquanto eu era recebida e acolhida por todas. Parecia que querias ter a certeza de que eu estava ali ou que querias me dizer algo.

- É maravilhoso ter a Mel aqui conosco, mas... – Manu me puxou gentilmente. – Precisamos começar com os rituais de purificação. – Eu a olhei curiosa. Havia lido várias vezes sobre aquele ritual, mas os relatos não eram tão precisos e eu queria muito saber em que consistiam os chamados “banhos de expiação.”

- Mamãe espere! – Você a interrompeu, o que chamou a atenção de todas as presentes, especialmente a minha. – Eu tenho uma solicitação... Não! Um pedido a fazer a senhora e as demais membros da Ordem. – Seu tom solene alertou a todas.

- Peça minha filha. - Manu gesticulou para que você continuasse. Você olhou nos olhos de cada uma delas e finalmente focou sua atenção em mim e em Manu, que segurava minha mão.

- Sei que tenho falhado com a Ordem e me arrependo disso sempre. – Buscaste imprimir toda a sinceridade possível naquelas palavras. – Meus caminhos e minhas escolhas me levaram para longe de minha missão e por isso eu peço perdão. A vocês e em especial a minha mãe, a Mestra. – Você curvou sua cabeça diante dela. Um suspiro de surpresa varreu a grande sala, pois muitas ali jamais viram aquela cena. – Então, se vocês puderem me perdoar e me permitirem retornar à Ordem eu... – Lhe vi nervosa e me surpreendi – Gostaria de ter um novo ritual de iniciação hoje... – Todas ali se entreolharam e focaram seus olhares em Manu.

- Eve... Precisamos discutir isso em conselho, como bem sabes. – Manu respondeu como se prestasse contas. Você baixou a cabeça, mas concordou com aquela ressalva. Já esperavas por isso.

- E se for possível... – Você as parou novamente e então fixou seus olhos em mim. – Eu gostaria de pedir pelo Rito de União... Com a Melanie. – Senti sua mão apertando a minha e assim como a minha, ela estava gelada. – Isso claro, se a Mel aceitar. – Você se apressou. Todas ficaram tão ou até mesmo mais chocadas do que eu, pois eu desconhecia a que ela se referia, mas a palavra “união” ficava dançando em minha mente.

- Melanie? – Manu me chamou. Olhei para ela e quando me virei lhe vi se abaixando e se postando de joelhos diante de mim.

- Melanie Verger... Você aceitaria unir-se a mim perante nossas irmãs e perante a deusa? – E ali eu tive a certeza de que jamais havia provado a verdadeira felicidade. Pois a experimentava pela primeira e definitiva vez.

 

******

 

- Elas vão se casar? – Cosima disse em voz alta, com a voz embargada e os olhos marejados.

- Sim Cos, elas irão se casar! – A voz de Delphine, que chagara a alguns minutos, a alertou e assim que seus olhos se encontraram, a morena viu que os amados olhos também estavam marejados e ambas compartilharam aquela incrível emoção. Algo como se tudo aquilo estivesse acontecendo com elas mesmas.

 

 

Fim do capítulo


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Comentários para 47 - Capítulo 47 O Fim está Próximo:
patty-321
patty-321

Em: 04/06/2018

Ai autora maravilhosa. Meu coração nao aguenta tantas emoçoes assim. Até eu fiquei com lágrimas nos olhos nesse final; elas vão casar; oh amor lindo, no passado e presente; coitado do louis, foi por pouco que a del não o matou. mas q bom q ele não entregou a cos. Lerei o outro amanha. bjs


Resposta do autor:

Estava sentindo falata de seus comentários mesmo... 

Espero que as lágrimas tenham sido decos rs... Sim, elas irão casar e essa cena já está muito bem escrita no capítulo 48. Boa leitura rs...

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