Capítulo 3
Elis caminhava pela calçada, quando, de repente, um carro veio desgovernado, cantando pneu, na sua direção. Ela não teve tempo de reagir, o carro já estava muito perto. Sentiu seu corpo ser impulsionado para trás. Tudo o que pensou foi que tinha sido atingida, mas quando abriu os olhos, viu que o carro desgovernado havia atingido o poste, perto de onde ela estava passando. O para-brisa estava afundado — assim como o capô — e todo rachado. O rapaz que dirigia o automóvel, saiu ileso, aflito, pedindo desculpas. Ele não havia atingido ninguém. Ela havia sido puxada antes que o carro pudesse pegá-la. Sentiu duas mãos desencostarem de seus braços. Se virou para olhar nos olhos da pessoa que tinha acabado de salvar sua vida.
— Obrigada! — ela disse de pronto, ainda meio em choque, para a mulher toda vestida de preto, agora à sua frente. Ela tinha o seu tamanho e a olhava como se quisesse falar alguma coisa ou como se a conhecesse. Elis sentiu uma estranha impressão.
— Eu conheço você? — ela não se lembrava, mas tinha a sensação de que sim, a conhecia.
— Não. — foi apenas o que ela lhe respondeu.
Elis observou a outra um pouco mais, na pouca visibilidade que a noite lhe dava. Ela tinha cabelos ondulados, o rosto quadrado, olhar marcante, misterioso, a boca emanava sensualidade. Aliás, ela toda emanava sensualidade. De repente, imagens tomaram a sua mente. Uma mulher a dominava na cama, beijava os seus lábios, tocava com paixão o seu corpo, lambia o seu pescoço, a arrebatando em prazer, até que lhe cravou seus dentes afiados. Elis lembrou-se do sonho erótico que teve dias atrás. A mulher que habitou o seu sonho, tinha a mesma feição da jovem mulher à sua frente. Ficou estarrecida, sem reação. Que coisa estranha era aquela? Tinha tido uma espécie de visão com aquela mulher? Pressentiu que iria conhecê-la?
— Você está bem? — ela a olhava de um jeito diferente. E tinha um jeitão sombrio.
Elis assentiu.
— Sim, estou. — na verdade, se sentia meio tonta com tudo que acabara de acontecer. — Só preciso me sentar um pouco, estou um pouco trêmula.
— Quer que eu te leve para sua casa? — ela pareceu preocupada.
— Não, a biblioteca pública é aqui perto. A funcionária que trabalha lá é minha amiga, eu posso pegar uma carona com ela depois. Se não for pedir muito, você pode me acompanhar até lá? Tenho receio de ficar pelo caminho.
A atraente moça, de presença forte, e que a olhava nos olhos, assentiu.
— Eu te levo. — ela passou o braço em volta de suas costas e segurou em sua cintura, firme, porém gentil.
Aquele toque.
— Obrigada.
Já na entrada da biblioteca pública, Elis olhou através da porta giratória de vidro, para confirmar se sua amiga estava mesmo trabalhando. Assim que a avistou, em seu posto, na recepção, falou:
— Lá está ela.
— Bom, eu preciso ir. Você se sente melhor?
— Alguma coisa. — Elis assentiu. Isso graças a sua estranha — ou nem tanto assim — salvadora. — Desculpe, eu não perguntei o seu nome. Eu sou Elis. — ela estendeu a mão para a outra.
— Natasha. — ela pareceu hesitar ao pronunciar, mas também lhe deu a mão.
Aquele toque de novo, aquela sensação em sua pele.
— Muito obrigada, Natasha, por salvar a minha vida!
Ela lhe olhou no fundo dos olhos.
— Cuide-se.
E então, se virou, e desceu as escadas.
Elis a fitou por um momento. Do jeito que ela apareceu, ela foi embora. Devia ter pedido o telefone dela. Quem sabe, tentar entender o que estava acontecendo. Ela entrou na biblioteca e foi direto falar com sua amiga na recepção.
— Carla, você não vai acreditar no que me aconteceu. — ela apoiou os braços no balcão e respirou fundo. — Você me consegue um pouco de água?
— O que houve Elis? — a mulher de cabelos curtos e olhar meigo por trás dos óculos pegou a sua garrafinha de água, despejou um pouco do líquido num copo e o entregou para Elis. — Por que a sua amiga foi embora?
— Minha amiga? — perguntou sem entender.
— Sim. Aquela do olhar penetrante, do outro dia, que vocês estavam lá nos fundos, conversando.
Elis paralisou. Ela acabara de conhecer Natasha, apesar de ter a impressão de que não. Mas se a conheceu antes, então por que não se lembrava? Ao mesmo tempo teve aquele sonho luxurioso com ela. A sensação ao sentir o seu toque. Não podia ser coincidência. Carla parecia muito convicta de que aquela era a mesma pessoa da outra noite. Afinal, então, por que Natasha mentiu dizendo que não a conhecia?
Natasha não entrou na biblioteca, pois sabia que a tal amiga de Elis a reconheceria, e Elis iria ficar confusa com o porquê de não se lembrar do dia em que se conheceram. A verdade era que Natasha havia usado da sua habilidade de sedução para fazê-la esquecer de toda aquela noite.
Natasha tinha acabado de descer as escadas, quando sentiu uma presença inoportuna. Franziu o cenho e olhou para cima. Pousado no topo do poste, lá estava o corvo.
Fim do capítulo
Obrigada pela leitura! Abraços.
E obrigada amor, pela revisão! <3
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Zaha
Em: 26/05/2018
Perfeito, amiga!!!!
Quero mais!! Tem que virar uma linda estoria!! Pode ir armando, Justin!!!!
Que ser esse corvo ou quem será ??? Adoro drama...kkk
Beijos, Rafita!
Resposta do autor:
Obrigada, Lai!! <3
Opa, se está pedindo mais, é porque estou acertando um pouco. Obrigada pelo incentivo, amiga!
Pois é, vamos ver o que vai acontecer com o aparecimento deste corvo. Ainda não defini.
Aguarde os próximos capítulos. rsrs Vou tentar prolongar um pouco mais a estória. ;)
Beijos.
RosanePatell
Em: 30/05/2018
Muito bom Rafa! Esse nem é meu estilo de leitura! Como chama mesmo essa categoria de estórias com seres alados e etc!?? rsrs Mas não consigo vencer a curiosidade de saber mais dessas personagens.
Resposta do autor:
Uau, muito obrigada! Fico contente que mesmo não sendo o seu estilo de leitura, você tenha gostado e, que tenha atiçado a sua curiosidade.
Muito obrigada pela leitura e pelo comentário! :D
Em breve posto mais um capítulo no desafio dessa semana.
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