Capítulo único
Mais um dia que começava com briga. Já tem um certo tempo que isso vem acontecendo, minha esposa e eu andávamos, como posso dizer, com as polaridades inversas. Ela queria um filho, e eu um cachorro. Depois da enésima briga, peguei um casaco preto, meu guarda-chuva vermelho e sai batendo a porta. Não tinha condições de trabalhar daquele jeito, enviei uma mensagem para o Alberto, meu colega de profissão e sócio, pedindo para que assumisse qualquer eventualidade que acontecesse no escritório naquele dia.
Precisava pensar, a algum tempo minha mãe tinha dito que esse meu medo de ter um filho era normal, afinal, desde criança eu não sabia muito bem dividir. Por isso, para mim seria mais fácil cuidar de um cachorro do que de uma criança.
Depois de rodar horas a ermo embaixo de chuva, resolvi voltar para casa. Andar sempre me acalmava, e me ajudava a organizar as ideias. Ao abrir a porta estava pronta para dar um fiz àquelas sessões de brigas, quando Letícia pulou em meus braços chorando e alisando meu rosto:
– Meu amor, que susto. Que bom que você está bem. Acabei de ligar para sua mãe, achei que tivesse ido para lá.
– Calma! – disse enquanto a envolvia em meus braços. – O que você tem?
– Eu achei... nossa. Que susto. Que bom que voltou pra mim.
– Let, calma. Respira – beijei sua testa – tá tudo bem, meu amor.
– Jura pra mim que não vai sair mais assim de casa, jura?
– Não vou sair. Mas calma, você tá tremendo.
– Eu fiquei assustada, te liguei várias vezes e você não atendeu. Pensei que tivesse acontecido alguma coisa contigo, sei lá.
– Eu estou bem, tá tudo bem, fui só dar uma volta. Eu te amo, e jamais sairia de casa assim, se é o que está pensando. Pensei muito nas nossas últimas brigas, e quero muito que elas acabem, por isso, quero saber de você se podemos ter o cachorro – ela levantou aparentemente irritada e encostou na janela, fui ao seu encontro e pousei meu queixo em seu ombro, dizendo calmamente: – Deixe-me terminar.
– Você diz querer acabar com as brigas, mas se continuar com esse papo, vejo que logo iniciaremos outra. Sabe bem o que penso sobre isso.
– Amor, calma. Só ia dizer que se quiser podemos ter os dois. Não sei se o apartamento vai dar para isso, mas a gente arruma um jeito, e de uma coisa eu tenho certeza, amor não vai faltar aqui dentro.
Ela se virou, em seu rosto tinha um misto de incerteza e surpresa, me apertou em seus braços dizendo de forma apressada:
– Você tá falando sério?
– Claro! Eu só quero fazer da nossa família a mais feliz do mundo. Só te peço calma, como minha mãe costuma dizer, eu sou meio egoísta, e dividir você, no início vai ser meio complicado pra mim.
– Boba! Eu te amo, – ela sorria e chorava enquanto beijava meus lábios – Você não faz ideia do tamanho da felicidade que estou sentindo agora. Nossa família vai crescer.
– Vai sim, amor. Vai sim.
E assim dois anos depois a nossa casa tinha mais dois integrantes, nosso filho nasceu e depois que ele fez um ano, me senti realmente a vontade para ter o dog. Pela Let, a Amora, tinha vindo antes do Pedrinho, mas preferi esperar.
Hoje, cinco anos depois, Pedrinho e Amora não se separam, acreditem ou não, ela obedece mais a ele do que a nós duas. Eu jamais imaginaria que naquele dia chuvoso eu tomaria a melhor decisão da minha vida, felicidade ainda é pouco para definir o que sinto. Sou uma mulher bem melhor e completa desde que a nossa família aumentou.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
dannivaladares
Em: 27/05/2018
Lily Braun, que texto lindo. <3 <3 <3 <3
Vamos, você tem que fazer uns 40 capítulo - no mínimo. Rsrs ;)
Bjs.
Resposta do autor:
Boa noite, Danni.
Obrigada! Poxa, vou ficar devendo esses 39 caps restantes por hora.
Quem sabe um dia... rsrs.
Se cuida querida, bjs.
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