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Maktub por Sam King

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Palavras: 4259
Acessos: 3459   |  Postado em: 17/05/2018

Capítulo 12

 

Pietra

 

- amor , claro que vai ter o menor dano possível para a natureza. E por isso que estamos no controle, para garantir isso.

 Eu andava de uma lado a outro no escritório que ocupava na fábrica em Céu Azul, era a diretora geral dela agora. Meu pai havia me promovido há um ano atrás, provavelmente ficaria no cargo por mais alguns anos, até ele me oferecer a vice presidência e enfim o seu legado. Se era isso o que almejava para minha vida? Não importava, já havia selado o meu futuro há uma década atrás.

Otavio era gerente adjunto do setor financeiro, por isso ficávamos separados durante a semana, não era viável ele viajar 6 horas todos os dias, para ir e vir de Pé de vento. Contudo ser a diretora da fábrica tinha uma grande vantagem, meu pai não vinha mais a fábrica e muito menos na nossa casa.

Mas no momento meu noivo, ainda era estranho pensar nele assim, está sentado no sofá da minha sala, me mostrando todos os documentos para o novo empreendimento da empresa. Como se precisássemos de mais. Meu pai havia acordado com o prefeito atual, e claro seu amigo, para nos tornarmos sócio de uma pousada em Céu Azul, a cidade havia dado um "boom" no turismo, e com isso surgiram restaurantes, cafés e a feira ao ar livre de artesanato. Só que não tínhamos onde acomodar os turistas. Então foi feito um plano para a construção de uma pousada de médio porte, a prefeitura cederia os terrenos, que ficava a margem das nossas cachoeiras e a nossa empresa entrava com o financiamento. Era isso que eu e Otavio discutíamos, meu pai havia me dado o projeto, até agradeci dessa vez. Queria que a empresa responsável pela construção fosse a mais ecológica possível, Otavio me reafirmava isso naquele momento. Eu também tinha pesquisado e realmente a empresa era uma das melhores no ramo, contava exclusivamente com um escritório de arquitetura e engenharia que tinha como prioridade projetos ecologicamente sustentáveis.

Me sentei ao seu lado e peguei os documentos com toda a informação da empresa e disse resoluta:

- tudo bem, marcaremos com o arquiteto, se ele apresentar um projeto que nos agrade, fechamos.

Otavio me beijou suavemente e disse alegre:

- vai dar tudo certo amor.

 

 

 

Clara

 

Não sei como cheguei em casa, só sei que quando percebi estava estatelada na cadeira da cozinha e jogando todos os projetos em cima da mesa com uma raiva tão grande, que minha mãe se assustou e correu para ver o que estava acontecendo.

Eu ainda admirava o quanto ela havia ganhado peso e rejuvenescido depois que saiu da cadeia. Seus cabelos agora estavam longos e brilhosos, assim como sua pele. O que ainda não havia adquirido brilho eram seus olhos. Estavam sempre cautelosos e na presença do meu pai ficavam arredios e saudosos.

E isso ai, adivinhem que mora com a mamãe e o papai.

Quando me deram um cargo melhor no escritório, até pensei em ir morar sozinha, mas não queria deixá-los, já que minha mãe teve muita dificuldade para arranjar emprego, e só com minha indicação conseguira a menos de seis meses de copeira no escritório. Portanto fiquei, na zona da guerra fria. Eles mal se falaram durante esse 3 anos, acho que isso se deve mais ao fato do meu pai, porque já peguei muitas vezes minha mãe tentando uma reaproximação.

Quanto a mim, foi muito bom conviver com ela todos esse tempo, finalmente a conheci.

Ela agora me encarava com expressão preocupada, abaixei minha cabeça sobre meus braços estendidos na mesa junto a confusão de papéis. Mamãe se aproximou e alisou minha cabeça, e eu, menina mimada agora abracei sua cintura e soltei um longo suspiro e disse aflita:

- minha vida é uma merd*!

- que isso Clarinha.

Ela ergueu meu queixo e disse resoluta:

- o que aconteceu?

- aconteceu a pior coisa que poderia mãe, algo que nem em meus pesadelos mais loucos acharia possível.

Sonia alisa minha bochecha carinhosa, depois puxa uma cadeira para sentar-se ao meu lado, começa a juntar os papéis espalhados pela mesa. Eu volto para minha posição anterior e de lá com a voz abafada conto meu problema terrível:

- eles querem que faça um projeto.

- e qual o problema?

Eu viro a cabeça para encará-la:

- em Céu Azul.

Ela me encara espantada e solta:

- Nossa!

- pois é. E pior não e isso, ainda vou ter que lidar com aquele velho cretino.

- quem?

- Senhor Flavio de Alcântara, o dono do mundo.

E isso mesmo, além de ter que voltar para cidade infernal ainda teria que trabalhar com aquela empresa miserável. Minha mãe me olha confusa, eu suspiro novamente e me largo na cadeira a encarando:

- a empresa dele é nosso cliente. Mãe não sei o que fazer, meu chefe disse que se conseguir o cliente, vou me tornar sócia adjunta.

- mas isso é maravilhoso Clara.

Quem disse isso foi meu pai, que nos fez saltar da cadeira de susto quando adentrou a cozinha, ele veio sentar-se do meu outro lado, cumprimentou minha mãe sem olha-la e continuou:

-  seu sonho se realizando filha.

- o senhor ouviu o resto pai?

- ouvi.

- você sabe que ele não vai me dar o projeto, portanto não vai dá-lo para a minha empresa.

- porque ele não daria ? - perguntou ingenuamente minha mãe.

- porque ele nos odeia.

Falei olhando para baixo, minha mãe apenas encarou o chão também e sua face ficou ligeiramente corada.

- desculpa mãe, não queria soar amarga, mas algumas coisas são o que são.

Mas antes que ela pudesse me responder, meu pai soltou:

- acho que deve ir Clara, mesmo que ele rejeite, pelo menos você o enfrentou de cabeça erguida e mostrou ao seu chefe que estava fazendo o seu trabalho da melhor maneira possível. Ora e talvez nem seja ele pessoalmente que te atenda.

- não importa pai, meu nome vai estar no projeto. Não sei, acho que deveria falar com o meu chefe e pedir para ir outro arquiteto, terá mais chance.

- e sua promoção Clarinha? - disse minha mãe

Me levantei angustiada, esperava anos por uma oportunidade daquela, quando me explicaram que a empresa exigia um projeto ecologicamente clean, sabia que eu seria a escolhida. Porque sou uma das arquitetas que mais prezam por isso, por ter vivido a maior parte da minha vida escondida na mata, fazia projetos mais ambientais possíveis. 

- será que esse é o problema mesmo Clara?

Me virei aturdida para o meu pai, e já sabia ao que se referia.

Pietra.

Seu nome ainda fazia revirar meu estomago e imaginar que talvez poderia encontra-la não estava me acalmando nenhum pouco. Não soube de mais nada dela nesses últimos anos, mesmo que as vezes me corroesse de vontade de saber como ela estava. Mas queria deixar o passado onde ele deveria ficar, no passado. Respondo com indiferença para o meu pai:

- sim pai, e apenas a raiva de ser rejeitada por aquele homem e por aquela cidade novamente.

Ele me puxou pela mão e me fez sentar, me encarou bem dentro dos olhos e disse seríssimo:

- se e apenas isso, você vai.

- pai...

- e seu sonho Clara, e você vai lutar por ele.

- mesmo que seja uma batalha perdida?

- mesmo assim, porque vai saber que tentou. Você nunca desiste minha filha, não vai começar agora não é?

Eu respirei fundo e disse resoluta:

- não vou!

Estava decidido, voltaria para o lugar que mais havia me feito sofrer, mas também o lugar ao qual fui mais feliz.

 

 Pietra

 

Estava respondendo alguns e-mails quando Otavio entrou de supetão no meu escritório me assustando, fiz uma careta de desagrado mas ele apenas deu seu sorriso aberto, esbaforido jogou a pasta em cima da sofá e me levantou da cadeira:

- o que isso Otavio, ta doido?

- não, a arquiteta chegou.

Olhei para a porta esperando mais alguém, mas ninguém entrou, olhei confusa para meu noivo. Ele começou a me puxar escritório a foi me explicando:

- ela está no pátio, chegamos juntos. E ela está esperando lá em baixo, para irmos ao terreno, quer conhecer o lugar para o projeto.

- nossa que falta de educação, nem ofereceu nada a moça, e se ela estiver cansada da viagem?

Ele fez uma careta repreensiva e me puxou para dentro do elevador dizendo :

 

-logico que perguntei se queria água e essa coisas- ele me encara com a expressão confusa agora- mas ela negou e não sei , parecia meio arredia. falou que se pudesse nos aguardava para partimos logo.

 

Estranhei a atitude da mulher, mas não posso negar que também estava ansiosa, queria logo me livrar disso. Aprovar o projeto e deixar o resto nas mãos de Otavio, que ficaria com a parte financeira. Já estava com agenda lotada com os problemas da fábrica. Fomos de mãos dadas para o lugar que ela nos aguardava, a fábrica ocupava um enorme espaço. Constituída por três prédios e um amplo estacionamento e o pátio que ficava na entrada.

Eu cumprimentava vários trabalhadores que estavam em horário de almoço, as vezes alguns me paravam para contar algum problema, mas Otavio que mais parecia uma criança esperando para abrir o presente de natal continuava a me incitar a andar.

Foi quando a vi , olhando a rua, seus cabelos estavam da cor natural castanho escuro, estavam mais comprido, até o meio das costas. Ela usava uma camisa de linho branca com mangas curtas, uma calça jeans e coturnos. Eu travei e com isso acabei puxando Otavio que me encarou aturdido. Meu coração parou um instante e depois bateu tão violentamente que levei a mão ao peito achando que poderia estar tendo um ataque cardíaco, minha respiração ficou rasa.

Tudo causado por ela.

Porque mesmo se passassem mil anos, mesmo de costas, mesmo no escuro, eu sempre reconheceria Clara. 

- está tudo bem?

Otavio veio para o meu lado e perguntou preocupado, mas meus olhos continuavam nela, portanto vi quando ela se virou  e percebi quando ficou em choque. Não por causa do seu olhar, este estava coberto por óculos escuros, foi seu passo para trás e sua mandíbula travada que me deu a indicação. Respirei fundo e encarei meu noivo , dei um sorriso amarelo e assenti a cabeça:

- sim, calor ta demais.

Ele me encarou por um tempinho ainda,  depois decidiu que estava bem, se virou para Clara sorrindo e disse sem preâmbulos:

- Senhora Assunção, essa é Pietra, a diretora geral.

Clara se posicionou a nossa frente e a pude ver mais de perto. Ela não havia mudado praticamente nada, seu rosto apenas adquirira aquele amadurecimento adulto. Ela deu um pequeno sorriso e olhou Otavio dizendo:

- pode me chamar de Clara. - e quando se virou para mim, o sorriso tinha se apagado e com um tom que beirava a secura - como vai Pietra?

- estou bem e você?

Minha voz saiu tremida, mesmo com o tom dela, fiquei emocionada com meu nome sendo dito depois de anos por aqueles lábios que tanto amei, mas antes que ela respondesse, Otavio interferiu:

- espera? Vocês se conhecem amor?

Clara chegou a abrir a boca de surpresa, mas fechou tão rápido que apenas eu percebi o deslize. Fiquei sem graça, e antes que eu pudesse responder, ela soltou:

- fomos conhecidas.

Falou de forma fria, quase como se fosse uma vergonha ter me conhecido, meu coração se confrangeu e abaixei os olhos para o chão, meu noivo alheio a tensão fala alegremente:

- que coincidência! Bom já que estamos entre amigos, o que acha Clara, de irmos finalmente conhecer o lugar que vai ficar o imóvel?

- ótimo, vou no meu carro , sigo vocês.

- ta bom.

Otavio pegou a minha mão e por um momento fiquei tentada a solta-la, de repente queria que ele fosse para longe, esse sentimento me assustou, pois Clara havia voltado a menos de cinco minutos e eu já queria dispensar meu noivo!

 

 Clara

 

Estava atordoada quando entrei no meu carro ,  vi Otavio manobrando o deles e começarem a sair do estacionamento, liguei o meu e o rádio ligou , fiquei bestificada, havia esquecido de que estava ouvindo Daughtry e justamente Over you começou a tocar, sério parece coisa do destino, dá uma sacada na letra:

"Agora que está tudo dito e feito

Não consigo acreditar que você foi a única

A me construir e depois me destruir

Como uma casa velha e abandonada.

O que você disse quando partiu

Me deixou com frio e sem fôlego

Eu caí tão fundo, foi bem intenso

Acho que deixei você ter o que eu tinha de melhor"

 

Pois é!

Comecei a segui-los pelas ruas da cidade, que parecia a minha antiga cidade e ao mesmo tempo diferente. A mesma sensação que tive a olhar Pietra. Na aparência a mesma, apenas o cabelo mais curto e aparentemente abandonara as lentes de contato. Até as roupas hippies continuavam a mesma, já que ela usava uma blusinha amarela e uma saia rodada florida. Mas ao mesmo tempo diferente, começando pela sua função, diretora da fábrica, e me deixando de queixo caído, gostava de homens agora! Puta merd*, sabia que havia uma pequena chance de encontrá-la, e tentei mesmo me preparar psicologicamente para isso, me dizendo que afinal havia se passado dez anos e tudo o que vivemos ficou no passado.

Como você pode perceber, não deu certo, vê-la mexeu com minhas estruturas, não estava preparada para reencontra-la!

Eles estacionaram no começo da floresta pela parte da pedreira, eu encostei um pouco depois e confesso que me senti saudosa ao sair e admirar a minha floresta. Otavio se aproximou de mim, ela ficou para trás, não me olhava.

- pronta para uma caminhada?

Ele era um cara gentil com um sorriso fácil, ainda assim não gostei dele, e pode parar se você estiver pensando que é por causa de ciúmes, e que não curto gente alegre demais! Confirmei com a cabeça e entrando na trilha que conhecia bem, falei presunçosa:

- esse lugar foi minha segunda casa.

- ah..certo você cresceu por aqui.

Apenas assenti e comecei a caminhar. Minhas lembranças voltaram, minha casa ficava um pouco mais para cima, o riacho deveria aparecer a qualquer momento. Se fosse mais para noroeste chegaria a nossa cachoeira, do nosso segundo beijo. Do nossos banhos que não conseguia acalmar meus hormônios. Otavio ia ao me lado contando mais sobre o que eles queriam, as vezes ele olhava para trás para Pietra e perguntava algo, ao que ela respondia com monossílabos. Me perguntei se ela também estava se lembrando, não me atrevi a olha-la.

 Finalmente chegamos ao um grande terreno, ele estava desmatado, virei meio brava para eles:

- mas você já começaram a arrancar as árvores? Porque?

Pietra finalmente nos alcançou e foi ela que respondeu:

- foi um erro, a prefeitura estava tentando limpar a mata. Mas nós paramos para esperar o parecer de vocês.

Eu fiquei mais tempo do que deveria olhando-a, mas estava com meus óculos de sol ainda, portanto não ficou evidente. Balancei a cabeça entendendo a situação e comecei a andar ao redor, ficaram parados enquanto eu averiguava o terreno. E por isso pude ver a interação deles, Otavio se aproximou dela e tirou galhos que estavam presos nos cabelos loiros. Depois depositou um beijo na têmpora dela, e cochichou algo no ouvido que a fez dar um pequeno sorriso. Ainda não conseguia acreditar, que Pietra era hétero ou bissexual? E meu deus, aquilo não deveria me incomodar, já fazia anos.  Ainda assim me vi pigarreando e atrapalhando o momento deles:

- a primeira coisa que faremos , será reimplantar essa árvores, nossa política para cada uma derrubada, plantaremos duas. E claro que isso vai forçar um pouco orçamento - olho ao redor e calculo rapidamente - aqui deve ter sido derrubada umas 50 , e para o projeto , serão derrubadas mais algumas.

- não tem problema.

Pietra responde rápido com um tímido sorriso, aquiesço com a cabeça, começo a discorrer sobre outras ideias. Precisava me manter no campo profissional e não pensar no quanto meu coração saltou um pouco mais rápido com aquele mínimo abrir de lábios.

 

 

 

 

 

Pietra

 

Ela falava de modo muito profissional e firme, suas ideias ditas de formas clara, o meio ambiente era sua prioridade número um. Ser ecologicamente sustentável ditava todo o seu projeto. Mesmo que não fosse ela, seria contrata por isso, mas por ser Clara fiquei mais orgulhosa ainda. Eu queria muito ver seus olhos, mas em nenhum momento ela tirava os óculos, parei de sonhar acordada quando Otavio me cutucou e parecia que era a segunda vez que me chamava:

- você concorda?

Fiquei sem graça, pensando com o que deveria concordar, ele aperta meu ombro e diz brincalhão:

- nossa amor, você está distraída hoje hein! - fiquei incomodada com o vocativo - a Clara perguntou se pode nos apresentar um pré-projeto, ela vai esboçar a planta e apresentar em dois dias.

- claro.

Clara se aproximou de nós e completa:

- se for aprovado, entramos em contato com a minha empresa e já me comprometo a começar a desenhar a planta definitiva.

- vai ficar quanto tempo?

Tinha entusiasmo contido no meu tom.

- se tudo correr bem, uns 15 dias.

Então subiu os óculos para a cabeça e me encarou. Nossos olhares ficaram presos, ela começou a esboçar um sorriso, o meu já estava escancarado.

 

- acho que a Clara pode ficar lá em casa amor, o que você acha?

Seu sorriso se apagou e ela deu alguns passos para trás, os óculos voltaram para o lugar e meio assustada ela disse:

- não precisa.

- mas Clara, vai ficar longe para você ir e vir da cidade vizinha, e você ainda vai construir a nossa pousada.

Otavio finaliza brincado, posso perceber que aquela ideia aterrorizava Clara, me sinto mal, seria tão terrível assim ela ficar um tempo perto de mim? Ela balança a cabeça negativamente e responde resoluta:

- vou ficar com uma amiga, não se preocupem. E se não temos mais nada, acho que deveríamos ir. Estou um pouco moída da viagem.

- Claro.

Nós começamos a caminhar, dessa vez Clara foi na frente e Otavio foi ao meu lado, falando super entusiasmado sobre a pousada e as ideias fantástica de Clara. Eu prestava pouca atenção, estava empolgada também, mas por outros motivos.

 

 

Clara

 

Estacionei o carro em frente a única casa de Céu Azul que me recebeu de braços abertos. A casa da minha melhor amiga e bom do seu marido.

Ana e eu havíamos feito a mesma faculdade, só que ela fez história, naquela época foi uma barra, eu ainda chorava por causa de Pietra e ela chorava por que Arthur estava longe. Foram 4 anos para ela de muito namoro a distância. Mas assim que se formou, voltou imediatamente para casar com ele. Eu fui a madrinha. Então quando Dona Rosa e Seu Geraldo decidiram mudar para um cidade do litoral depois da aposentadoria dele, deram a casa para o casal.

Atualmente Ana dava aula na escola da cidade e Arthur era dono de um mercadinho. Eles viviam apertados, com 4 filhos, eu os conhecia e os amava ,Ana sempre os levava para a capital nas férias, já que me recusava a voltar. Mas o mais importante de tudo, e que eles eram extremamente felizes.

Assim que adentrei o portão carregada de bagagens, o mais novo, Junior, de 3 anos veio correndo me abraçando pelas pernas me desiquilibrando. Depois começou a correr em volta perguntando se tinha presentes. Sua gritaria chamou a atenção dos outros 3, que nem me deixaram chegar na porta, e já vieram me abraçar também. A primeira a esmagar minha barriga foi Lucia, de 6 anos, depois Jorge de 5 anos, e Felipe de 4 anos. E serio minha amiga engravidava quase no resguardo.

Não teve jeito, larguei minha mala, meus tubos onde guardava minhas plantas saíram rolando e comecei a fazer festa com meus sobrinhos postiços. Minha melhor amiga surgiu, com um barrigão de 7 meses. Ela estava esperando o quinto. E deu um berro:

- larguem a tia de vocês, e vão logo lavar as mãos para jantarem.

Eles fizeram muxoxos, mas correram de volta para dentro, dei risada e comecei a juntar minhas coisas. Parei em frente à minha amiga e disse puta:

- porr*, porque você não me falou que ela era a diretora?

Eu havia ligado para ela contando a novidade e perguntando se eu podia ficar com eles por uns dois dias, achava que assim que encontrasse Seu Flavio, ele me mandaria embora, sem nem me deixar abrir a boca. Ana me deu um sorriso sacana e tentando parecer séria:

- há muito tempo atrás, alguém me disse e repito com suas próprias palavras " Ana se algum dia você menciona-la, eu não falo mais com você", bom não queria ficar sem falar com minha melhor amiga.

Dei risada e a abracei:

- você é uma filha da mãe!

Ela me soltou fez uma careta e alisou a barriga:

- bom mãe com certeza sou mesmo, agora entra que vamos jantar e conversar sobre o grande reencontro com o amor da sua vida.

- meu primeiro amor, você que dizer.

Ela me olha sabendo que eu estava mentindo, mas não diz nada.

Foram dois dias infernais, não sei como consegui terminar o pré-projeto, já que era impossível trabalhar com aquelas crianças gritando o dia inteiro, minha amiga estressada quando chegava da escola, com pés inchados e destilando raiva para todo o lado. O coitado do Arthur era um santo, sempre carinhoso, atencioso com todo mundo. Até comigo.

Mas a gota da água , foi quando Felipe disse que queria ser arquiteto também, pegou meus desenhos quase terminados e resolveu que eles estavam muito sem graça, e coloriu com lápis de giz. Eu fiquei estarrecida, e realmente pensei em ligar para Pietra e dizer que gostaria de mais prazo, mas acho que Arthur se condoeu da minha miséria, e levou os meninos para o mercado, e assim consegui arrumar a cagada e terminar o bendito projeto.

Sei que eles estavam fazendo o melhor possível, mas aquele não era o ambiente ideal para trabalhar. Fora que minhas costas estavam tortas por conta do sofá.

Fui para reunião com os miolos queimando tentando achar uma solução, mas a única provável era me hospedar na cidade vizinha, o que realmente seria uma merd*. Porque eu precisaria ir ao terreno muitas vezes para fazer medições e estudar melhor o ambiente.

Assim que cheguei a fábrica, fui levada para a antessala dela, uma secretária de uns 80 anos me atendeu e pediu que aguardasse.

Estava muito cansada, quase não dormira na noite anterior, porque Júnior passou mal a noite toda , com dor de barriga e não deixou ninguém dormir. Fui acusada pela mazela da criança por Ana, que disse que enchi os meninos de chocolate. Já que eu queria trazer presentes, porque não comprar roupas, ao invés de "veneno com gosto maravilhoso" ( chocolate), que as crianças comiam até não poder mais, não liguei para o sarcasmo e fúria da minha amiga, sabia que Ana virava a menina do filme do exorcista nos últimos meses de gravidez.

Portanto iria me apresentar com olheiras enormes, que nem minha maquiagem conseguia esconder e uma cara de cansaço.

Sem demora a secretária mandou eu entrar, ela estava sentada na cadeira atrás de sua mesa, assim que me viu se levantou, deu um sorriso de partir as bochechas, me apontou o sofá para sentarmos. Assim que nos acomodamos, senti seu perfume doce, era ainda o único do qual gostava, ela deixou de sorrir e perguntou preocupada:

- está tudo bem?

Fez menção de passar os dedos debaixo dos meus olhos para demonstrar que falava das olheiras, mas me afastei assustada, temia minha atitude se suas mãos me tocasse, a melhor das hipóteses seria querer mais. Ela ficou levemente corada e baixou os olhos e a mão constrangida. Me senti um imbecil, porque eu tinha que dramatizar tanto? Respondi afável :

- as crianças da Ana estão me enlouquecendo, mas tirando isso, to bem sim.

Ela me encarou novamente e deu um sorrisinho, falou brincando:

- ela está querendo povoar o mundo sozinha.

- verdade.

- ela e Arthur , quem diria, a gente estava lá no primeiro encontro.

Nos encaramos e tudo voltou, a sensação de estar me apaixonando por ela, a esperança de que não estaria mais sozinha. Fui a primeira a desviar o olhar.

- Clara, acho que deveríamos conversar.

Enrijeci, não queria trazer o passado, ele estava enterrado mesmo que as lembranças me assaltassem a cada segundo e só porque trabalharíamos juntas, não queria dizer que seriamos próximas novamente. Fechei o semblante e o falei duramente:

- nós não precisamos Pietra. Não vamos falar do passado, e do presente , falaremos em âmbito profissional apenas. Aqui sou sua arquiteta e você e minha cliente. Nada mais que isso. Tudo bem?

 

Pietra engole em seco e diz triste:

- tudo bem, quando você quiser.

Com o queixo assinala aos documentos e o tubo que trago na mão. Entrei no modo profissional e comecei minha apresentação.

 

 

Fim do capítulo


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Comentários para 12 - Capítulo 12:
Lea
Lea

Em: 06/07/2022

Ana do céu,o que é isso pra que tanto filho.kkkkk

Mas se são felizes,isso é o que importa.

Gostei da Clara,assim firme nas palavras. Se não quis no passado,no presente também não terá,nem a amizade.

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perolams
perolams

Em: 17/05/2018

Peguei birra de Pietra com esse noivado, acho que esse noivo está mesmo é querendo dar o golpe do baú. Ana não conhece métodos contraceptivos kkkk.
Resposta do autor:

Ola,

Pietra e sua tentativa de se encaixar... será q esse noivado resiste agora q a Clarinha esta de volta?!

A Ana deu uma empolgada mesmo..hahaha

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