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  • Capítulo 45 A Calmaria antes da Tempestade.

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An Extraordinary Love por Jules_Mari

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Palavras: 7744
Acessos: 4130   |  Postado em: 13/05/2018

Notas iniciais:

Boa noite a todas.

Segue mais um capítilo especial de AEL para vocês.

Boa semana.

Capítulo 45 A Calmaria antes da Tempestade.

Os redondos e expressivos olhos azuis de Manu encaravam intensamente Cosima, como se quisesse varrer sua mente. A mulher, por sua vez apenas olhava surpresa para a pequena criança diante de si. Não conseguia explicar, mas sentia que, de alguma forma o que ela lhe disse era verdade, de que já se conheciam. Mas, assim como tudo em toda aquela história, também parecia absurdo demais, pois certamente ela se lembraria de uma criança tão peculiar quanto aquela menina que lhe encarava com impressionante interesse.

- Cosima... Essa é a Manu! – Delphine se ergueu e tratou de apresenta-las. Assim como sua amada, achou estranhas as palavras da garota.

- Olá Manu! Muito prazer! – Lhe estendeu a mão com um doce sorriso. A menina encarou a mão diante de si, depois olhou com certa desconfiança para Delphine que apenas anuiu com a cabeça para que ela retribuísse o cumprimento. Ela então ergueu sua mão e apertou a de Cosima e imediatamente um sorriso luminoso brotou no seu rosto infantil.

- O prazer é todo meu! Que nome diferente o seu! Quer dizer o que? É em homenagem a alguém? – A enxurrada de perguntas fez Cosima arregalar os olhos e encarar Delphine, que apenas fez uma cara engraçada e ergueu e soltou os ombros, mostrando que nada poderia ser feito com a infantil curiosidade da criança.

- Na verdade Manu, o meu nome foi me dado por minha avó... – Cosima a explicou abaixando-se para ficar na altura dela. – Lembro de ter pesquisado algo sobre a origem dele, mas confesso que não lembro muito coisa agora, apenas que tem a ver com o Cosmos, as estrelas. – Apontou para o alto e a criança acompanhou com o olhar e soltou o assovio de admiração. – E o seu nome?

- Na verdade Manu é o apelido de Emanuelle... – Cosima e Delphine trocaram olhares sugestivos. – E fui eu mesma quem o escolheu! – Fez uma expressão solene e virou-se para frente. – Quem está com fome? Já é hora do jantar, vamos? – Cosima se ergueu e fitou sua amada com uma expressão curiosa. Surpreendeu-se com a mãozinha de Manu alcançando a sua e a viu tomar a mão de Delphine com sua outra. As duas mulheres se olharam e voltaram-se para a pequena que as guiava para o salão de jantar.

Assim que as três entraram no salão, o tenso clima que imperava lá dentro pareceu ser modificado e as mulheres que estavam lá olharam para aquela cena surpresas e ao mesmo tempo comovidas.

- Manu acho que é melhor você subir agora ou jantar com as demais crianças. Nós precisamos conversar. – S chamou a atenção da menina que já se dirigia ao seu lugar de costume.

- Tudo bem Siobhan! Vamos jantar primeiro, depois podemos discutir o que for necessário. Acredito que precisaremos de forças para enfrentar a longa noite que nos espera. – O peso da voz de Delphine atingiu a todas. S concordou sem maiores protestos e logo já estavam tomando seus lugares a mesa.

- Cosima senta perto de mim! – Manu anunciou. – E a Delphine fica do outro lado. – Todas as mulheres encararam Delphine que, para obedecer o pedido da criança, teria de sair de seu lugar à mesa. A loura coçou a testa e num suspiro se ergueu, seguindo para o lugar apontado pela menina. Era a primeira vez de Cosima naquele lugar, mas ela conseguiu ler o que acontecia ali. Haviam normas de conduta àquela mesa que acabaram de ser quebradas por uma diminuta porem poderosíssima criaturinha.

- Já sou sua fã! – Cochichou ao pé do ouvido da menina, que estufou o peito satisfeita ao ver Delphine “obedecê-la”. De fato Cosima fora conquistada pela menina assim que a viu nos braços de Delphine. A verdade era que não havia como não se apaixonar pela criança de belíssimos olhos azuis e cabelos longos e de um dourado escuro.

O jantar transcorreu tendo Manu como o centro das atenções, como já era de costume desde que aquela pequena pessoa chegou ali. Era a única criança que comia à mesa com as adultas e aquela era apenas uma das várias regras quebradas por ela. Por alguns instantes, o clima tenso do que acontecera deu espaço a leveza da alegria dela, fazendo até mesmo com que Delphine risse alto após a criança xingar Siobhan em Latin, depois de fazer uma pequena confusão com as palavras que estava aprendendo.

- Pronto Manu... Agora que o jantar acabou, já passou da hora da Srta estar na cama. – Delphine a retirou da cadeira e a colocou no colo.

- Tá certo! Mas eu só vou se for dormir com você! – Demandou a criança. Delphine abriu a boca sem saber o que dizer e olhou para Cosima, como se pedisse ajuda naquela “enrascada”. – Tudo bem, a Cosima pode vir junto e dormir conosco também! – As duas se olharam desconcertadas e ouviram risinhos divertidos pelo salão.

- Tudo bem Manu. Mas eu não devo ir para cama nem tão cedo. Temos coisas a resolver aqui embaixo. Vá com a Cosima! – E entregou a criança para ela. – Mostre o quarto a ela certo? – Lhe piscou um olhou.

- Pode deixar! – A menina bateu continência, o que arrancou novos risos. Cosima olhou para a criança e depois voltou-se para Delphine.

“Quem é ela Del?” Questionou mentalmente.

“Eu já disse! Sou Manu!” A criança se intrometeu na conexão delas. Cosima arregalou os olhos encarando a menina.

“Isso mesmo Cos...” Delphine a respondeu. “Ela é uma de nós!” Piscou o olho para a criança que sorriu inocentemente.

- Del... – Aproximou-se dela. – Tens certeza que não queres que eu fique com você?

- Querer eu até quero Cos... Mas não será possível! – Acariciou o rosto de Cosima assim que essa colocou Manu no chão. – E sabes os motivos. – A morena retorceu a boca um pouco e suspirou resignada.

- Bom... Saiba que eu estou aqui para você viu? – A abraçou, ignorando todas as pessoas que saiam da sala.

- E eu também! – Manu disse, abraçando as pernas das duas mulheres que olharam para a criança encantadas. Silenciosamente se despediram e Delphine assistiu as duas saírem do salão, tendo Manu como guia de Cosima.

- Calma Manu... Me diz novamente, que lugar é esse? – A mulher tentava diminuir o ritmo acelerado da menina.

- A Fundação Ártemis! – Ela ergueu as mãos gesticulando juntamente com as palavras. – Quem manda em tudo aqui é a Sra. S!

- E o que é “isso tudo aqui”? – Cosima repetiu o gesto da menina.

- É o lugar mais legal do mundo! – Ela deu ênfase ao “u” para destacar sua opinião, causando novo riso da mulher. – Tem uma escola onde eu aprendo várias coisas. Eu e outras meninas. Parece que tem uma outra escola para as meninas mais velhas e a Sra. S disse que eu vou pra lá quando chegar a hora, mas por enquanto eu fico aqui. As mulheres da Ordem treinam aqui também. A S não sabe, mas... – A menina pediu que Cosima se abaixasse para que ela lhe segredasse algo - Eu descobri que essas mulheres são o Exercito de Ártemis! Bem legal né? – Cosima arregalou os olhos ao constatar que estava em mais uma das instalações da Ordem do Labrys, e chegou a cogitar que aquele impressionante lugar era a própria sede da Ordem. Surpreendeu-se também em aquela menina saber de tudo aquilo, além do fato dela poder estabelecer a mesma conexão que possuía apenas com Delphine.

- Mas Manu... Qual sua relação com a Delphine? – Quis perguntar o que estava lhe consumindo desde que viu as duas juntas e percebeu que havia uma profunda ligação entre elas. Chegou até mesmo em cogitar algum parentesco entre elas, o que a incomodou um pouco, pois se for isso, não entendia porque a mulher não havia lhe dito nada a esse respeito.

- A Del me salvou! – Disse prontamente enquanto alcançavam o primeiro andar onde ficavam os quartos. Cosima parou bruscamente com aquela notícia. A menina olhou pra trás. – O que foi?

- Como assim ela lhe salvou? – Cosima disse as palavras com cuidado. Não sabia se a criança conseguiria explicar algo que fizesse sentindo.

- Sim... Eu morava numa casa ruim. Com pessoas ruins. Homens ruins. E eles faziam coisas ruins com as mulheres! – Cosima sentiu seu estômago retorcer com a imagem que começou a se formar em sua mente. A medida que a menina descrevia o seu antigo “lar” a poderosa conexão se estabeleceu entre elas e a mulher pôde ver vividamente tudo o que ela relatava. Inevitavelmente se deixou consumir pelo ódio e pelo pesar, contudo, uma profunda admiração se fez mais forte pela força e altivez da menina que na verdade era uma sobrevivente e que possuía uma bondade tão intensa, que não se deixou corromper ou contaminar com tanta podridão que viu naquele lugar. – Mas eu sempre soube que a Delphine viria me salvar! – Cosima assustou-se com a convicção contida naquela fala.

- Como assim Manu?

- Eu sonhava com ela... Com o dia que ela iria lá me salvar! Do mesmo jeito que eu sonhei com você e com esse dia de hoje! Chegamos ao quarto da Delphine, que eu uso sempre que ela não está! – Cosima se deixou ser levada para dentro sem nenhuma reação, pois ainda estava tentando digerir o que a menina acabara de lhe dizer. – Porque você sempre faz essa cara engraçada quando eu falo? – Manu colocou as mãos na cintura. Cosima ensaiou responder, mas a figura diante de si era algo que misturava fascínio, ternura e poder e lhe embaralhava o raciocínio.

- Certo! Deixa ver se entendi. Você viu no seu sonho que eu viria?

- Yep! – Ela respondeu já sentada de pernas cruzadas na enorme cama. – Segundo as anciãs que moram nos subterrâneos da Fundação eu sou uma Pito..Pitoic... Não... Espera! – Ela buscava uma palavra em sua cabecinha.

- Uma Pitonisa? – Cosima lançou.

- Isso mesmo! Uma pitonisa! – Estufou o peito novamente. – Só preciso aprender a falar essa palavra e a controlar meus sonhos. Mas estamos trabalhando nisso. – Ela informou.

- Mas você sabe o que é uma Pitonisa? – Cosima retirou seus sapatos e sentou diante dela, também de pernas cruzadas.

- A Sra Lorna me disse que eu posso ver as coisas antes delas acontecerem. – Cosima anuiu com a cabeça e encarou a menina com certa desconfiança. Era absurdo demais o que estava ouvindo, contudo ela estava imersa num universo onde o absurdo fazia parte do cotidiano.

- E quem é a Sra Lorna? Ela é uma professora sua?

- Sim... Uma das “vozinhas” que vivem aqui. Elas dizem que não é para chama-las assim, mas eu sei elas gostam. Vi na cabeça delas.

- Você lê mentes também? – Cosima abriu os braços mostrando que não poderia mais acreditar naquilo.

- Claro que não! Isso é impossível. – A mulher respirou aliviada. - Não tem palavras escritas lá para serem lidas, só pensamentos que eu vejo como filmes. – Cosima gargalhou, pois via que a menina falava sério. – Mas eu também tô aprendendo a usar isso. Quer tomar banho de banheira? – Manu arregalou seus olhões azuis e abriu um sugestivo sorriso enquanto esfregava uma mão na outra.

- Sim... Porque não? – Cosima levantou-se e a seguiu ao banheiro. – Mas então você está estudando em como trabalhar os seus... Dons?

- Estou sim, mas... – A menina parou e a olhou de baixo para cima. – Elas têm medo de mim. Eu sinto isso e vejo na mente delas. Assim como você agora também tem. – Um semblante triste pairou pelo lindo rostinho.

- Ei Manu. Não tenho medo de você. Apenas eu não sei ao certo o que pensar sobre tudo isso. – Ajoelhou-se e segurou o rosto dela com delicadeza. – Você vai ter de me ajudar a compreender tudo isso, certo? – Fez uma  expressão apaziguadora. A garotinha abriu aquele luminoso sorriso novamente.

- Claro que eu ajudo! – Disse enquanto ligava a banheira e jogava uma quantidade excessiva de sais de banho nela, causando uma porção de bolhas que começaram a voar pelo ambiente em contato com a água.

Cosima a observava com atenção e ponderava tudo o que a criança lhe dissera. Não podia ser mentira, pois uma criatura tão pequena não teria tão discernimento, contudo também era muito absurdo todo que ela disse que podia fazer. E imediatamente foi inevitável olhar para ela e não pensar na leitura que estava fazendo, Ela lhe lembrava muito uma outra criança poderosa e que assustava a quem se aproximava dela. A pequena Evelyne Chermont. E isso lembrou-lhe outra coisa.

- Ei Manu, você disse que escolheu o seu nome...

- Sim, eu não tinha um. Até que tive um sonho... Ei – A criança disse bruscamente. – Foi exatamente o sonho que eu tive com você. – Cosima chocou-se com aquela informação. – Nesse sonho você me contava sobre uma mulher muito poderosa que lhe impressionava muito e ela se chamava Emanuelle. – Manu dizia displicentemente como se fosse a coisa mais normal do mundo. – Você quer quente pelando ou mais ou menos quente? – A menina já estava só de calcinhas e pronta para entrar na banheira.

A principio Cosima achou estranho e desconfortável a possibilidade de tomar banho com uma criança que acabara de conhecer, mas Manu conseguia fazer parecer como se elas já se conhecessem há muito tempo e logo Cosima já estava junto a ela na banheira rindo das histórias que a menina contava de tudo o que aprontava por lá.

- Você tinha razão Manu. Banho de banheira era o que estava mesmo precisando. Mas agora temos de sair. Até minha alma já está enrugada. – Mostrou os dedos das mãos a menina que gargalhou deliciosamente. Cosima a ajudou sair e a se enxugar. Vestiu um roupão que havia ali e que imaginou ser de Delphine. Manu possuía roupas no closet e vestiu um pijama de girafa com direito a capuz. Quase como uma fantasia. Estava adorável.

- Nada melhor para tirar o estresse do que banho de banheira! – A menina disse parecendo gente grande. Logo em seguida bocejou demoradamente.

- Parece que alguém está com sono!

- Eu mesma não! – Colocou ambos os braços para trás do corpo e o balançou para frente e para trás.

- Bom, se você for para a cama agora eu vou com você! – Cosima barganhou. A garota tocou com seu dedinho indicador na boca e ponderou alguns instantes.

- Só se você prometer me contar uma história. – Correu e parou bem próxima a cama.

- Tudo bem. Você venceu! Deixe-me arrumar a cama.

- Yes! – A pequena comemorou e causou nova gargalhada em Cosima, que retirava a colcha e todos os inúmeros travesseiros que haviam ali. Pensou que só mesmo Delphine para dormir com tantos.

- Pronto, venha. – Deitou-se primeiro para convencer a menina que esforçou-se para subir, pois possuía algo nas mãos que tentava esconder atrás das costas e parou de joelhos diante dela.

- Quero que me leia uma história desse livro! – E lhe entregou o que trazia escondido.

- Onde você encontrou isso? – Cosima alarmou-se, pois o que lhe fora entrega era o Diário de Melanie, o qual ela estava lendo no avião e não lembrava-se de tê-lo trazido em meio a confusão.

- Ali. – Indiciou um canto do quarto. – Estava sobre as suas malas. – Cosima reconheceu suas coisas e as de Delphine e presumiu que alguém as levou para aquele quarto. Arrependeu-se momentaneamente por ter sido displicente e ter deixado o livro desprotegido. – Quem é Melanie Verger? – Perguntou ao ler o nome na capa novamente. Cosima olhou para a criança diante de si e questionou-se se deveria ou não contar-lhe algo, porém a menina parecia saber muito mais coisas do que ela mesma acerca da Ordem e, se ela estava sob os cuidados de Siobhan e Delphine, é porque deveria ser alguém de extrema importância. Recostou-se em meio aos travesseiros e mesmo antes que pensasse, a pequena aninhou-se em seu colo, procurando uma posição para ouvir a história que ela tinha a contar.

Cosima sentiu seu coração ser preenchido por um calor acolhedor e terno e pode sentir em seus braços o quão frágil e delicada era aquela criança, e sentiu ódio por todo o mal ao qual precisou ser exposta. Sem ter a clareza real do porque, jurou para si mesma que, se dependesse dela, aquela menina jamais sofreria novamente.

- Anda Cos... Conta logo! – A impaciência dela lhe chamou atenção.

- Bom... Melanie Verger foi uma jovem que fez parte da Ordem, há muitos séculos atrás. – Pensou por um instante. – Você sabe o que é um século?

- Espera! – Ela se ergueu e levou ambas as mãos às têmporas. – Acabei de estudar sobre isso. – Temos dia... Mês... Ano... – Parou e contou nos dedos. – Um ano tem 12 meses né? – Cosima anuiu com a cabeça. – Depois de ano vem... – Fez uma adorável careta como se estivesse realmente se esforçando. Cosima ficou tentada a novamente ajuda-la, mas já havia tido uma prova do quão inteligente aquela criança era. – DÉCADA! – Ela gritou, arrancando aplausos da mulher.

- Muito bem Manu. E o século tem quantos anos? – A desafiou.

- Espera! Não me diga! – Inclinou-se e colocou sua mãozinha sobre a boca de Cosima que segurou o riso. – A etimologia da palavra século vem do... – Pensou enquanto a mulher arregalou os olhos e encantou-se com a forma doce e inocente que aquela menina pronunciou “etimologia”. – Latim centum que significa... – Olhou para Cosima com sorriso vitorioso nos lábios. – CEM ANOS! – Recebeu novos aplausos e os agradeceu fazendo uma adorável reverência. – Merci!

- Vejo que tem prestado atenção às aulas.

- Se eu não prestar a Sra. S briga comigo! Mas a verdade é que eu gosto, embora goste muito mais de História, Latim e Literatura do que de cálculos. – Arrepiou-se ao falar.

- Toque aqui! – Cosima ergueu a mão e recebeu um tapa de volta. – Mas mesmo assim tem de estudar matemática. E também Ciências que pode ser bem legal também!

- Ei... Então a Melanie viveu há muitos anos atrás? – O tom empolgado da criança a alertou.

- Sim Manu... Ela viveu há séculos antes de nós. Numa época bem diferente dessa nossa. Onde era bem difícil ser uma mulher. – A menina anuiu com a cabeça e calou-se para ouvir. – Eu já estou bem adiantada em minha leitura, mas esse livro conta as memórias... – Olhou para a expressão séria da menina – Lembranças da Melanie. Desde quando ela era pequena, até ela entrar na Ordem do Labrys.

- O que mais? – A criança estava atenta e ávida por tudo o que havia naquela história. Cosima ponderou como contaria mais detalhes do teor do diário e se faria entender para uma criança de 7 anos.

- Fala também das mulheres da Ordem que ela conheceu. Em especial duas delas. Uma é a sua xará, Emanuelle Chermont e... – Pausou a fala quando caiu em si e confirmou o que a menina lhe dissera a pouco. Que havia previsto aquele momento.

- E como ela era? – O brilho no olhar da criança era fabuloso. Não teve como evitar.

- Alguém que certamente eu teria adorado ter conhecido, pois era uma mulher fascinante, bondosa e poderosa. Ela foi a Mestra da Ordem naquela época... O que a Delphine é hoje! – A menina arregalou os olhos.

- Tá vendo só porque eu escolhi o nome dela? – Disse resoluta! Cosima sorriu e recostou-se no travesseiro. – Mas... Qual a outra mulher que você falou? – Engoliu em seco com aquela pergunta. Pensou por alguns instantes e procurou as melhores palavras para se fazer compreender.

- A outra mulher da Ordem com quem a Mel se envolveu foi a filha da Manu. Ela se chamava Evelyne!

- Elas eram melhores amigas? – A inocência da pergunta a constrangeu.

- Mais ou menos isso Manu! – Sorriu nervosamente. – Só que um tipo de amizade daquelas que uma não consegue ficar longe da outra.

- Elas se amavam? – Novamente a desconcertante inocência lhe acertava em cheio. – Assim como você e a Delphine? – Cosima deixou seu queixo cair e baixou seu rosto para encontrar os olhos de Manu que a fitava com seriedade. Não tinha como aquela menina ter visto ou percebido nada em tão pouco tempo. – Mas eu sei sim. Eu senti assim que segurei as mãos de vocês duas. – A garotinha respondeu como se tivesse lido a duvida que pairou sobre o pensamento de Cosima.

- Isso mesmo Manu. Elas se amavam assim como eu e a Delphine nos amamos.

- Por isso eu gosto de você! – Manu disse de pronto. – Você faz a Delphine feliz. - Cosima olhou incrédula para aquela criança. Como alguém tão jovem poderia ter uma sensibilidade tão aguçada? – Mas continue com a história. Estou ansiosa. Espero que tenha final feliz.

- Eu também, mas ainda não cheguei lá! Bom... Mas o que eu já li foi... – E Cosima fez um breve resumo dos incríveis fatos relatados até então naquele livro, tendo o cuidado de escolher a melhor maneira de contar tais eventos e na metade desse resumo, a garotinha já piscava com dificuldade, denotando que ela lutava contra o sono. Conferiu as horas e viu que ela já deveria estar dormindo há muito, então a aninhou melhor em seus braços e acariciou seus perfumados cabelos. Em poucos segundos sentiu o pesar relaxado do corpo dela, e o ressonar profundo indicando que finalmente havia cedido ao sono. Tentou deitá-la mais ao lado, mas assim que ensaiou mover-se a menina gem*u e agarrou-se ainda mais nela. Desistiu de lutar contra Manu e aceitou que teria uma pessoinha grudada a ela a noite toda.

Pensou em ler um pouco mais do diário, mas o cansaço da viagem e a tensão que passaram começaram a cobrar seu preço e o respirar ritmado de Manu contra seu peito parecia uma aconchegante canção de ninar e logo, sem que percebesse, mergulhou no sono, abraçada a pequena menina.

 

______

 

- Acidente de automóvel? – Helena sugeria em meio a sala de reuniões da Ordem. – Penso que seja algo plausível e justifique que o caixão esteja fechado. – Debruçou-se sobre a mesa e encarou as demais.

- É... Pode funcionar! – Siobhan concordava com ela e recebia o aceno positivo de Genevieve e de Stella, que participava daquela reunião remotamente, desde os EUA. – O que acha Delphine? – Mas não obteve resposta alguma de sua Mestra, pois essa estava sentada em sua cadeira, mas sua mente parecia que não estava ali. Tudo estava sendo decido pelas demais, pois Delphine estava atordoada demais ao ponto que Siobhan exasperou-se. – Pelas Deusas Delphine! Preste atenção aqui. Precisamos que você se concentre nas questões que temos de decidir agora. Fique tranquila, ela está segura aqui. – S ergueu-se e apoiou ambas as mãos sobre a mesa. – Acabou sendo uma boa ideia tê-la trazido para a Fundação. Não existe lugar mais seguro para ela nesse momento. – Delphine finalmente a olhou nos olhos e pode então demostrar um pouco de alivio, embora a consternação de tudo o que acontecera a estava consumindo.

Estava mais uma vez experimentando o terrível gosto da perda de alguém querido. Alguém da Ordem e uma perda ocorrida, novamente por sua causa. Lembrou-se de todas as outras com as quais tinha de conviver e sentiu-se exausta. Foi então que se permitiu liberar o peso que lhe caia sobre os ombros e soltar o nó que comprimia sua garganta. Chorou copiosamente.

Helena saiu imediatamente de seu lugar e foi ao encontro da amiga, para tentar consolá-la. Ajoelhou-se e a abraçou, permitindo que ela chorasse o que fosse necessário. As outras três mulheres compreenderam então que deveriam esperar. Apesar de saberem de todas as histórias, não conseguiriam jamais saber o que era ser Delphine. Na verdade era unanime entre elas a admiração por sua Mestra, pois qualquer outra pessoa teria perdido o senso de sanidade se tivesse passado por um terço do ela passou.

- Obrigada minha amiga! – Ela agradeceu a sua Protetora e ergueu-se. – Bom, concordo com tudo o que foi dito aqui. Amanhã logo cedo enviem os avisos necessários acerca do... – Forçou que o nó em sua garganta fosse desfeito – Falecimento de Susan e do velório que deve acontecer no salão nobre da Sorbonne! S, a família dela já foi avisada?

- Ainda não, mas pretendo fazê-lo assim que encerrarmos aqui. A menos que prefiras fazer você mesma...

- Por favor, não! Não tenho condições para isso. – Siobhan concordou.

- Helena e S, peço que tripliquem a segurança sobre todas nós. Ninguém sai sem proteção e todas nós devemos prestar contas de nossos passos a vocês! – Demandou, mostrando que estava retomando o seu controle.

- Não se preocupe Delphine. Tenho planos para reforçar a nossa segurança – Helena anunciou. – Algo que eu e Stella já discutimos algumas vezes. – Ela olhou com ternura para a imagem da mulher na grande tela.

- E você se cuida ai Gibson! – Delphine lançou um olhar seguro para a tela.

- Eles que tentem se aproximar de mim! Estou com saudades de quebrar a cara de alguns machos do Martelo! – Stella disse, o que causou uma leve onda de risos nas demais. – E isso não exclui aquela cretina... – Disse entre dentes, referindo-se a Joana. Helena a fitou com dureza.

- Muito bem! Todas já sabem o que tem de fazer. Sugiro que agora que estamos aqui, descansemos um pouco. Podemos não ter outra chance como essa nos dias que se aproximam. – Ela não fazia ideia, mas estava sendo quase profética em suas palavras.

Despediu-se de todas e quando checou seu relógio, viu que já passava muito da meia-noite. Sentiu sua cabeça pesada e uma pontada em suas costas. Admitiu para si mesma que não estava acostumada a sentir dores e chegou a rir disso. Subiu para o seu quarto, mas decidiu que passaria antes no de Manu para dar-lhe um beijo de boa noite. Mas assim que entrou viu que a menina não estava, nem esteve lá, pois a cama estava perfeitamente arrumada. Assim como tudo nele, algo que não combinava com um aposento de uma criança. Então algo lhe ocorreu, e assim que entrou no seu quarto, teve a certeza.

Havia brinquedos e roupas infantis espalhadas por todos os lados. Sua mesa de estudos estava apinhada de livros da menina e no quadro acima dela havia uma série de desenhos coloridos. E quando se aproximou da cama, teve seu coração aquecido de uma forma que jamais experimentou. Contemplou a cena mais linda já tinha visto há muito tempo. Cosima e Manu dormindo em sua cama. A menina estava aninhada nos braços de sua amada que nem se quer havia retirado os óculos do rosto. Aproximou-se com cuidado e os retirou, depositando em seguida na mesinha de cabeceira. Fez o mesmo com o diário que estava ao lado dela e quando o estava retirando de baixo do braço da mulher adormecida, ela se mexeu.

- Del? – Sussurrou.

- Shiii... Sou eu sim meu amor. Volte a dormir. – Acariciou sua face.

- Você está bem?

- Agora eu estou! – Respondeu lacônica e com uma doce sorriso. Cosima sorriu debilmente e olhou para a menina que dormia tranquila, alheia a tudo o que estava acontecendo. Delphine ergueu e soltou os ombros, fazendo o mesmo com as sobrancelhas. Ambas sorriram e logo um bocejo indicou que o sono ainda estava presente na morena. – Durma meu amor.

- Você não vem?

- Em um instante. Vou só tomar um banho! – Beijou-lhe a testa e assim que se levantou viu que Cosima voltara aos braços de Morpheus.

Caminhou pelo quarto e aproveitou para juntar alguns brinquedos que estavam espalhados por ali. Contemplou alguns dos livros que estavam na bancada e surpreendeu-se com o tipo de leitura que interessava a pequena. Organizou mais algumas coisas tão somente para ter a sua mente ocupada em algo que não os problemas das ultimas horas e manter longe de seu coração o temor que lhe feria a alma.

O medo de que algo pudesse acontecer à Cosima. Ela agora, mais do que nunca, estava exposta. E o que era pior, completamente ignorante do risco que corria. Pensou em contar-lhe tudo antes mesmo do termino da leitura do diário. Seria cru e brusco, mas a cada instante que se passava isso se tornava mais urgente. Só que outro medo somava-se aos demais, o de que ela não aceitasse a verdade sobre si e isso estragaria tudo. Impediria que a Profecia pudesse ser cumprida. Pelo menos era o que Delphine havia interpretado do que lhe fora dito por sua mãe e pelas antigas anciãs, naquela noite terrível.

Sacudiu a cabeça para afastar aquela triste lembrança e começou a retirar suas roupas. Viu que o seu banheiro estava em um pequeno caos.

- Essas duas... – Disse para si mesma e decidiu que tomaria apenas uma ducha rápida. Deixou que a água quente massageasse suas costas e logo seus olhos estavam pesados. Pegou uma camisola em seu armário e essa não foi uma tarefa tão fácil, pois seu closet estava tomado pelas coisas de Manu. A menina havia realmente se apossado de seu quarto, mesmo tendo o próprio. A verdade era que aquela criança havia chegado com tudo. Ocupando cada espaço do que dizia respeito à Ordem e a ela mesma. Riu do pensamento que se formou em sua cabeça.

- Porque não? – Com aquela ideia em sua mente, retornou para a cama e teve de conter a gargalhada, pois a cena era realmente hilária. Cosima estava acordada e lhe olhava com ar de súplica, pois nesse pequeno intervalo de tempo a pequena Manu havia se mexido bastante, parando de forma atravessada na cama, deixando os dois pés repousados sobre a barriga de Cosima, que agora estava na pontinha da cama, quase caindo.

“Bom, como não tem espaço aqui para mim eu vou dormir no quarto da Manu.” Comunicou-se silenciosamente.

“Nem pense nisso! Vais dormir aqui conosco! Não passarei por isso sozinha!” Respondeu indicando que “isso” era a espaçosa criança. Com um sorriso nos lábios, Delphine sentou-se na cama e gentilmente tomou a menina no colo para devolvê-la a uma posição melhor para as três, colocando-a bem no meio entre ela e Cosima.

“Viu? Não é tão difícil!” E assim que acabou de se pronunciar ao se deitar, foi atingida por uma mãozada da menina em seu rosto. Foi a vez de Cosima lutar contra a gargalhada que chegou aos seus lábios. Mas antes que pudessem dizer qualquer outra coisa, um gemidinho proferido por ela as alertou.

“Ela tem muitos pesadelos.” Delphine informou enquanto abraçava a menina.

“Não é para menos... Depois de tudo o que ela passou.” A loura lhe olhou curiosa. “Ela me contou e me mostrou algumas coisas...” Trocaram olhares cumplices e então Cosima assistiu Delphine acalmar a criança e encantou-se com a forma gentil e delicada que a mulher cuidava da pequena.

- Você a ama! – Disse baixinho. A loura lhe olhou com os olhos arregalados, mas apenas anuiu com a cabeça.

- Não sei ao certo como explicar, mas... Eu e ela temos uma ligação muito forte.

- Eu posso dizer que lhe entendo um pouco. De alguma forma eu sinto o mesmo. – Confidenciou e isso alertou Delphine. – É assustador, mas parece que sempre que olho em seus lindos olhos azuis, parece que já a conheço. E... – Freou o que iria dizer em seguida, causando sobressalto na loura.

- E?

- Foi algo que ela disse... – Ambas cochichavam, para não acordar a menina. – Ela me disse que... – Hesitou mais uma vez e um olhar significativo de Delphine indicou que ela continuasse. – Escolheu o nome dela por minha causa. – A loura ergueu a cabeça do travesseiro para olhá-la atônita.

- Como assim Cos? – Estava realmente surpresa, pois desconhecia aquela informação. Sabia apenas que a menina havia escolhido o próprio nome. Pensou até que ela havia lido ele em algum lugar e o achara bonito.

- Del... Ela me disse que, assim como sonhou que você a salvaria, ela sonhou comigo. Com essa noite! – Delphine abriu a boca em choque, mas não disse nada. Via a confusão nos olhos de Cosima e na sua fala hesitante. – Ela sonhou comigo lhe contando uma história e nessa havia uma mulher incrivelmente bondosa, justa e poderosa, cujo nome era...

- Emanuelle... – Delphine sussurrou e acompanhou o olhar de Cosima até o diário que repousava sobre a mesinha de cabeceira.

- Ela me disse que é uma Pitonisa Del... Isso é... Impossível! Que loucura! – Sacudiu levemente a cabeça e coçou a testa. Delphine a olhou temerosa do que deveria ou não dizer.

- Siobhan desconfiava disso. Mas pelo visto ela confirmou... – Disse. A morena arregalou os olhos. – Cos... Esse é o dom mais raro, poderoso e temível que qualquer uma de nós pode possuir.

- Você está falando sério? – Cosima sentou-se na cama, encostando na cabeceira.

- Sim, estou... Você está lendo o diário... Está tudo nele... – A olhou intensamente, certificando-se de preencher de seriedade cada palavra. – Você leu a respeito de Celeste. A mãe da Emanuelle Chermont... – Disse com cautela, referindo-se a sua própria avó. Viu que Cosima havia se lembrado daquela passagem e que passou a ficar pensativa. Decidiu prosseguir. – Ela era uma Pitonisa, aliás, ela fora a única que temos registro e duvidávamos que seria possível haver outra, mas... – Olhou para a criança. – Parece que nos enganamos.

- Certo... Digamos que Manu seja mesma uma espécie de vidente. Porque esse dom é tão temível?

- Pense bem... – Baixou ainda mais seu tom de voz, falando quase como suspiros – Você ser capaz de antever eventos... Qualquer pessoa que detiver algo assim pode ter o que quiser. – Cosima arregalou os olhos. – É algo que ninguém deveria possuir. E ela é tão novinha... Além de ser uma castigo para essa pessoa. Não sei ao certo se esse é o caso de Manu, mas uma Pitonisa pode prever vários eventos futuros, inclusive o pior deles. – Cosima indicou que estava compreendendo onde sua professora queria chegar. – Prever a própria morte e a dos entes queridos. Já imaginou algo assim? – A morena anuiu negativamente e com extremo pesar.

- Por isso que ela disse que as mulheres aqui tem medo dela. – Soltou.

- Ela disse isso? – Foi a vez de Delphine erguer-se e encarar Cosima com espanto.

- Sim e... Para mim foi inevitável não compará-la a jovem Evelyne. – Delphine fechou os olhos e se sentiu arrepiar ao ouvir seu verdadeiro nome nos lábios de sua amada. Finalmente ela estava começando a compreender.

- Então entendes que temos de ter muito cuidado com ela? – Conseguiu dizer.

- Imagino que sim. Mas pelo pouco que ela me disse, esse é o lugar ideal para isso. – Referia-se a Fundação. – Porque não me contou sobre isso aqui? – Não teve a intenção, mas cobrou uma resposta.

- Eu contaria Cosima. No tempo certo. Mas... Infelizmente, não o controlo dessa forma. – Sorriu sarcasticamente. A morena franziu o cenho e não teve certeza se sua amada estava falando sério à respeito de sua habilidade de dominar o tempo. Era absurdo demais. – Quando ocorrer a sua iniciação será aqui. – Sorriu. Os olhos de Cosima brilharam e um lindo sorriso se formou em seu rosto, mas logo converteu-se em um bocejo. Denunciando que o sono ainda se fazia presente.

- Não vejo a hora! – Escorreu e aninhou-se na cama.

- É melhor descansarmos um pouco. Teremos uma semana longa pela frente. – Delphine fez o mesmo e assim que ambas encontraram posições confortáveis, sentiram os bracinhos de Manu abraçando seus rostos, conectando-as. E assim dormiram o restante da noite.

______

 

- Acordem! Acordem! – A energia matinal de Manu a fez despertar bem antes das mulheres que dormiram com ela. Ela saltava de joelhos sobre a cama, fazendo com que as molas perfeitamente ensacadas sacudissem um pouco e despertasse ambas.

- Calma Manu! – Delphine foi a primeira a protestar.

- Que horas são? – Cosima disse ainda de bruços e sem se virar.

- Ainda não são nem 07h da manhã! Manu! – A loura a repreendeu.

- Eu tenho aula e não posso me atrasar! Não se esqueçam que hoje é segunda-feira! – Num salto ela se pôs de pé na cama e apoiava ambas as mãos na cintura. – Andem... As srtas não vão levantar?

- Pensando seriamente em avisar que não irás para a aula hoje! – Delphine cobriu os olhos com o antebraço.

- Del... Não posso e nem quero perder aula. Diz para ela que aula é importante Cosima! – Finalizou a frase deitando-se sobre as costas da morena tentando virar o rosto dela.

- Ai Manu! – Cosima protestou, mas num movimento rápido se virou e inverteu as posições, colocando Manu deitada na cama sob um intenso ataque de cocegas. – Esse é o seu castigo por nos acordar tão cedo. – A deliciosa gargalhada da menina parecia uma bálsamo para o coração apertado de ambas.

- Para! Para! – Manu protestava sob risos.

- Muito bem então... - Delphine viu que não adiantaria mais adiar. - Para o banho mocinha. Aliás, as duas! – Cosima franziu a testa para ela e sorriu provocativamente. Então pegou a menina no colo e a colocou sobre os ombros, causando nova onda de risos. – E nada de banho demorado e caótico de banheira. As duas riram e logo estavam sob o chuveiro cantando uma música de Bowie que, para a total surpresa e encantamento de Cosima, Manu conhecia.

I, I will be king
And you, you will be queen
Though nothing will drive them away
We can beat them, just for one day
We can be heroes, just for one day (...)

 

Esperaram que Delphine também terminasse o seu banho e essa repetiu o mesmo que as outras duas fizeram e continuou cantarolando a mesma música e então as três desceram as escadas para o café da manhã de mãos dadas ao som da playlist de Cosima e que estava sendo comanda por Manu.

- Além de Bowie, o que mais a Srta gosta? – Cosima a questionou. A menina parou para pensar uns instantes e logo procurou algo no aplicativo de músicas online no celular da mulher. Foi então que Cosima e Delphine trocaram olhares surpresos ao ouvirem os primeiros acordes da música escolhida por Manu.

Maybe I didn't treat you
Quite as good as I should have
Maybe I didn't love you
Quite as often as I could have
Little things I should have said and done
I just never took the time
You were always on my mind
You were always on my mind (...)

Encontraram com Siobhan e Helena na grande copa da Fundação. Elas estavam terminando o seu café da manhã e as cumprimentaram.

- Bom dia a todas! Eu estou faminta! – A criança subiu no alto banco que ficava diante do balcão da copa. – Foi inevitável para todas rirem da espontaneidade da menina.

- Acho bom você comer bem Manu, pois hoje eu tenho uma surpresa para você. – A garota arregalou os olhos e freou uma colherada de cereal no meio do caminho. – Fiz uma pequena mudança no seu cronograma de estudos e... Aproveitando a presença de Helena e Delphine aqui... – Piscou para ambas que estavam tão surpresas quanto a menina. – Teremos aulas de equitação!

- Yes! – A menina proferiu. – Uma de minhas aulas favoritas!

- E quem disse que iremos participar dessa aula? – Delphine interrompeu a breve alegria infantil.

- Você monta? – Cosima ficou chocada. Delphine apenas a olhou de canto de olho. – Faz muito tempo que não monto.

- Por favozinho! – Manu juntou suas duas mãozinhas em suplica.

- Por mim tudo bem! – Helena recostou-se no banco. – Terei a chance da minha revanche? – Piscou o olho para Delphine.

- S... Temos muito o que fazer... Temos de voltar para Paris... Susan... – Argumentou.

- Tudo isso só acontecerá a tarde. – Siobhan parecia decidida e indicava a menina suplicante com a cabeça. – Você vai se surpreender com essa daqui. – Pousou as mãos sobre os ombros da criança que estufou os peitos.

- Tá bom! – Deu-se por vencida! – Mas ai de quem rir de mim se eu der algum vexame sobre um cavalo. – Piscou um dos olhos para Siobhan que entendeu de imediato o que ela queria dizer, uma vez que Evelyne Chermont sempre foi uma eximia amazona.

- Você monta Cosima? – Manu a questionou.

- O máximo que cheguei perto de um cavalo foi num circo quando era criança. – Agitou as mãos informando que se limitaria a assistir.

Logo após o café da manhã e com as roupas devidamente trocadas, Siobhan, Manu, Helena e Delphine seguiam, junto com Cosima, para os estábulos da Fundação. Só então Cosima teve a dimensão do tamanho daquele lugar, pois havia outros prédios mais espalhados pela propriedade além de uma pista de corrida com uma arena de equitação no centro.

- Escolham seus animais! – S anunciou já puxando o seu alazão marrom e branco, com longas crinas brancas.

- Vejamos... Montarei o Soberano! – Helena indicou que selassem o cavalo todo marrom e de porte imponente.

- Eu já tenho a minha! – Manu batia palminhas assim que avistou sua égua cor de caramelo claro e com crinas levemente amareladas.

- Quem é essa? – Delphine acariciou o jovem animal.

- Essa é a Argo! – Manu se aproximou e pediu que Delphine a ajudasse a montar no animal.

- Ei... Igualzinha a égua da Xena! – Cosima anunciou.

- Isso mesmo. Você também gosta da Xena? – Manu perguntou empolgada.

- Confesso que sim! – Cosima riu sem jeito e olhou para Delphine que balançava sua cabeça negativamente.

- Nerds! – Virou e caminhou, se afastando um pouco, até alcançar a penúltima baia. De lá saiu uma lindíssima égua cinza escuro com pintas brancas e pretas. – Essa é a Minerva II. – Olhou diretamente para Cosima que de imediato reconheceu a referência à égua da Manu Chermont.

- Ela é realmente linda! – Cosima suspirou assim que viu Delphine montada nela. O animal ainda deu alguns passos relutantes, como se estranhasse a sua amazona, mas S e Helena sabiam que era chame que ambas estavam fazendo.

- Manu... Mostre o que aprendeu! – Siobhan disso isso dando um leve tapa na traseira de Argo e essa logo lançou-se a correr sendo habilmente comandada pela pequena amazona, que inclusive conseguiu fazer com que a égua saltasse pelos dois primeiros obstáculos da pista de equitação. – Ela tem um dom natural. – S olhou sugestivamente para Delphine.

- Muito bem... Agora é a minha vez! Podem marcar o tempo! – Helena anunciou e se posicionou no inicio da pista. Esperou a autorização de S, que segurava um cronometro. E assim que essa baixou sua mão, Helena deu iniciou a trajetória da pista. Demonstrando incrível habilidade, terminou a sua volta em pouco menos de 4 minutos e tendo derrubado apenas dois sarrafos.

- Muito bom! – Manu a saudou.

- Conseguiu baixar o tempo da Delphine! – S indicou o cronometro para a mulher loura que o olhou e ergueu uma das sobrancelhas. Não disse nada, apenas empertigou-se sobre Minerva e dirigiu-se para o ponto de partida. S ergueu a mão e antes dela baixa-la, Delphine abaixou-se e acariciou o pescoço do animal e pareceu falar algo com ela. Então teve sua largada liberada.

Sob o suspiro de fascínio de Manu e o bufar contrariado de Helena, Cosima assistiu encantada a forma elegante e segura como Delphine comandava Minerva sem dificuldade alguma. Ambas passavam rápidas, leves e saltavam a vários centímetros dos sarrafos. De fato Delphine era uma amazona impressionante. Muito semelhante as antigas amazonas das quais estava lendo no diário.

- Três segundos a menos e nenhum sarrafo derrubado. Desculpe Helena, mas a Delphine continua sendo campeã da pista! – S anunciou. A loura riu deliciada e então todas viram a pequena Manu pedir que marcassem o tempo para ela. Cosima pensou em protestar, mas Helena foi mais rápida.

- Não S... Ela é muito pequena! – Helena disse. Siobhan olhou para sua Mestra e essa olhou para a menina. Seguraram o olhar por alguns instantes, até Delphine quebra-lo primeiro.

- Deixe-a ir! – Disse apenas. Então, num gesto rápido, S liberou a largada da criança que arrancou aplausos delas e das demais mulheres que também treinavam ali perto. Ao final, ultrapassou os quatro minutos, mas não derrubou obstáculo algum. Deixando-a ainda mais orgulhosa, porém, nem um pouco satisfeita.

- Vou bater o seu recorde Delphine. – Disse a menina solenemente.

Todas gargalharam do tom de desafio dela, e algo em Delphine lhe dizia que aquela pequena menina ainda a iria surpreender demais.

Ela não tinha dimensão do quanto.

Enquanto todas riam, Cosima estava preocupada olhando para o seu celular.

- Cos? Está tudo bem? – Delphine lhe tocou o ombro assim que desmontou de Minerva.

- Não sei... – Leu novamente a mensagem que acabara de receber. – recebi uma mensagem estranha do Marc... Parece que o Louis está com algum problema sério! – Olhou preocupada para Delphine e virou o celular para que essa pudesse ler a mensagem:

“Cos... Me desculpe incomodá-la, mas preciso que volte imediatamente para Paris. O Louis está com problemas e diz que só você é capaz de resolvê-los.”

 

 

Fim do capítulo

Notas finais: Heroes https://www.letras.mus.br/david-bowie/5354/traducao.html 
Always On My Mind: https://www.letras.mus.br/elvis-presley/31393/traducao.html

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Comentários para 45 - Capítulo 45 A Calmaria antes da Tempestade.:
patty-321
patty-321

Em: 16/05/2018

Não vá Cos. É uma armadilha. A Manu é impressionante, acho q ela é a reencarnaçao de emanuelle chermont.Será? Nossa essa mansão é impressionante. Maravilhoso universo esse q vc criou. Dar um ótimo filme. parabens. Bjs; Aguardo ansiosa o próximo capituo. Bjs

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Trupy38
Trupy38

Em: 14/05/2018

Olá Jules! 

Queria te felicitar pela História!  Não  é exagero mas é de longe melhor História  que ja li até hoje! E olha que já  li histórias muito boas mesmo! Mas este sem dúvida  é a melhor das melhores! Parabéns pela originalidade, pelo conteúdo que nos faz  entrar e viajar dentro da história! É como se estivéssemos a vive-la também! Não tenho palavras para descrever o que eu sinto ao lê-la! Um muito  obrigada por isso! Abraços vindos de Portugal 


Resposta do autor:

Olá... Te chamo de Trupy mesmo?

Nossa, fico muitíssimo feliz em saber que tens apreciado tanto a minha loucura. Quando pensei em escrever, pensei em algo que eu adoraria ler. E a história foi hanhando vida própria!

Mas... és brasileira ou portuguesa? Fico lisonjeada por uma leitora de tão distante rs...

Xeros

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