Minha linda garota do guarda-chuva vermelho
Minha linda garota do guarda-chuva vermelho
Hoje faz um ano. Um maldito ano inteiro que eu não a vejo. E sinto saudades todos os dias. A chuva cair desesperada sobre o telhado. Lembro-me de como você amava a chuva. De como se deliciava com o barulho. De como se arrepiava com o frio e se aquecia entre os meus braços. De como fazíamos amor enquanto o mundo se acabava lá fora.
Então fecho os meus olhos por um minuto. E eu juro que posso te sentir... Posso te sentir sempre que há uma tempestade. Sempre que o céu chora. Eu posso sentir a minha linda garota do guarda-chuva vermelho.
E então volto ao dia em que a chuva me pegou no caminho. Eu estava atrasada, mas eu tive medo de me molhar. Então achei o abrigo mais próximo para me esconder. Para me esconder da chuva que transbordava desesperadamente do céu noturno. Estava frio e eu de mal humor. E há cada segundo eu olhava para o outro lado da rua. Impaciente. Foi quando eu a vi pela primeira vez. Ela e seu guarda-chuva vermelho. E eu ali escondida, com mais algumas pessoas em uma cafeteria qualquer. Eu era tão comum.
Você desfilava sobre o asfalto molhado. Como se fosse o dia mais feliz da sua vida. Você, sua passarela e o seu guarda chuva. E os meus olhos se recusaram a desviar do anjo logo a minha frente. E então você parou por um momento, e quando afastou o seu guarda-chuva vermelho. A tempestade caiu sobre o seu corpo como uma furiosa certeza. Mas você não se importava. Apenas fechou os seus olhos e se permitiu.
E você estava ali, livre sobre os pingos da chuva.
Foi então que eu descobrir que tinha acabado de encontrar a mulher da minha vida.
E então lá estava eu todos os dias, no mesmo horário e na mesma cafeteria. Olhando para o outro lado da rua esperando você passar. Mas talvez eu jamais seja notada. E eu te observei por tanto tempo, eu te amei de longe. Mas então houve um dia... Você finalmente me encontrou e os seus lindos olhos azuis brilharam.
Perdi tanto tempo por medo.
E então você disse oi. E sorriu. E eu ganhei o mundo.
Foram tantas tardes de olhares e sorrisos. De toques delicados e palavras reconfortantes. E então veio o primeiro de tantos primeiros beijos. E a primeira de tantas primeiras vezes. Por que com você tudo sempre foi uma deliciosa descoberta. Você me apresentou o seu mundo. E eu fiquei fascinada. E então eu perdi o meu medo da chuva.
Eu já não me importava em me molhar, não se eu estivesse ao seu lado. E então eu aprendi a pular nas poças, aprendi a espalhar a água da chuva.
Mas então veio as brigas, os gritos e as lágrimas.
E aquele maldito momento. Lembro-me de você se levantar. Estava chovendo lá fora. E aqui dentro.
Você pegou o seu guarda-chuva e se foi. Você se foi sem olhar pra trás. Você foi pra debaixo da chuva. E eu fiquei aqui, olhando enquanto você se distanciava. Como acreditei cegamente que poderíamos durar para sempre?! Mas não sobrevimos à tempestade. E enquanto a chuva caia, ela se misturava com as minhas lágrimas. Eu errei, você errou. Então qual de nós duas se machucou menos? Por que está doendo. Está sendo insuportável. Está sendo insuportável desde o momento em que vi você partir.
E eu esperei, esperei pacientemente. Por que eu acreditava que você voltaria. Mas tudo o que restou foi um guarda-chuva vermelho em pedaços. E um corpo sem vida jogado no asfalto. Por que a minha linda garota estava ali, logo abaixo de seu guarda-chuva. Mas então houve algo. Veio rápido e sem aviso. E nem mesmo o seu guarda-chuva foi capaz de protegê-la. Então nós duas saímos machucadas. Saímos machucadas no momento em que o seu sangue se misturou com as gotas da chuva. E tudo é tão vermelho, tão vermelho quanto o seu guarda-chuva.
Fim do capítulo
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