Capítulo 1
Todo finalzinho de tarde, Natasha abria a cortina blackout e, se permitia admirar o pôr do sol. Quando o céu passava de uma tonalidade alaranjada para o lilás. Era tão lindo, tão fantástico, o momento em que o sol se punha e a noite se fazia presente. Era o único momento em que se permitia fazer isso, pois os raios solares já estavam fracos demais para lhe atingir através da janela, de vidro espesso. Era assim que acordava a maioria das vezes. Sentada em sua cama, ela contemplava até que o último fio de claridade sumisse e desse lugar ao escuro profundo naquela imensidão. Agora a cidade estava acesa por luzes artificiais, que não lhe queimariam a pele. A luminosidade da lua clareava parcialmente o breu no céu, lhe fazendo um convite para sair. Era o seu momento. O momento em que ganhava vida. O momento de sair pelas ruas daquela cidade enorme e deixar fluir a sua natureza, saciando a sua necessidade. Não podia impedir, o seu instinto era mais forte, se debatia dentro de si. O seu organismo estava sedento. Não podia mais esperar. Ainda mais depois do que tinha acontecido. Se levantou da cama, tomou um banho, colocou suas roupas e botas pretas e, por cima, como de costume, o seu sobretudo, de gola alta, botões, cinta, comprimento abaixo do joelho e, igualmente negro. Parou de frente à janela. O seu reflexo não se via. Mas ela estava pronta. Com a segurança da escuridão e, adequadamente vestida, estava apta para sair. Pensou em sair com sua moto, ou ir caminhando, mas não podia, chamaria muita atenção. Olhou para a sua cama desarrumada. Ela ainda estava lá, deitada, nua, sem sinal de que iria acordar tão cedo. Com certeza estava fraca, depois do que havia acontecido, precisava de mais um tempo para recuperar a sua vitalidade. As horas que passaram juntas foram intensas, extremamente prazerosas, donas de uma sintonia que, até então, lhe era desconhecida. Mas o que lhe perturbava era que nunca havia interrompido a sua mordida. Depois que cravava os seus dentes afiados em sua presa, não tinha mais volta. Sim, sua presa. Ela variava o seu cardápio entre pessoas e animais. Quando acontecia de atacar pessoas, na maioria das vezes eram criminosos, arruaceiros. Porém, em raros momentos, chegou a atacar inocentes e, depois de sentir o gosto de sangue fresco em sua boca, não conseguiu parar. No entanto, com aquela moça, de nome Elis, tinha sido diferente. Havia conseguido interromper antes que fosse tarde demais. Mesmo tendo sugado um pouco de seu sangue. Ainda sentia o gosto dele, do beijo dela, de seu corpo, em sua boca. Aquilo a estava enlouquecendo. Pegou as roupas da moça e a vestiu. Precisava tirá-la dali. Não devia sequer tê-la levado para sua casa, não era algo que fazia, com suas presas ou trans*s. Havia mesmo perdido o controle quando a conheceu naquela biblioteca. Tão apaixonada, concentrada, curiosa, pelo que lia. Tão expressiva em seu olhar. Deixou-se levar pelo encantamento, já que também gostava de ler.
Ela deslizou uma folha da janela para o lado, abrindo-a. Colocou as mãos por baixo do corpo da moça e, a ergueu em seus braços. No pescoço dela os furos causados por sua mordida, eram notáveis. Na fronha a mancha do sangue escorrido. Subiu no parapeito da janela e olhou mais uma vez para aquela vista da cidade na noite, antes de saltar por entre os prédios. Ela seguiria para o centro da cidade. Segurava firme aquela jovem que fora sua durante algumas horas. Pulava do topo de um edifício para o outro, com uma agilidade anormal. Só parou quando se aproximou da biblioteca pública, onde as duas haviam se conhecido na noite passada. Desceu por um beco escuro e deserto. Vigiou a escadaria que dava para a entrada da biblioteca até que não houvesse ninguém passando por ali. Certificando-se de que ninguém a visse, deu um pulo até as escadas. Recostou a moça em um dos pilares. Deu uma última olhada nela, ainda estava dormindo, fraca, pelo sangue que lhe havia sido sugado. Aquilo não devia ter acontecido. O seu cheiro inebriava os seus sentidos. Antes que fizesse alguma besteira de novo, saltou para cima do edifício e permaneceu nas sombras, vigiando Elis, até que tivesse a certeza de que alguém a socorreria. Assim que apareceu alguém saído de dentro da biblioteca, que parecia conhecê-la e, a ajudou, Natasha partiu, perturbada com o ocorrido. Deixou seu corpo cair num vão entre os prédios e, tudo o que se viu, foi um pequeno morcego batendo suas asas em direção da parte mais violenta da cidade. Tinha fome e iria se alimentar.
Fim do capítulo
Inspirada em Carmilla. <3
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Zaha
Em: 12/05/2018
Ameiiii,simplesmente perfeito!
Nem imaginava que seria sobre vampiros qndo comecei a ler...
Acho que vc deveria desenvolver esse" romance"?
Beijosaaaa
Resposta do autor:
Oie, migs!
Uau, que bom que amou! Quis fazer um pouquinho de suspense sobre o conteúdo...rsrs
Sim, vou começar a desenvolver o texto para a segunda semana de desafio. Se tudo der certo será uma sequência mesmo.
Obrigada pelo carinho e por comentar!!
Beijosss
lusilenesetubal
Em: 29/05/2018
ola, amei o romance parabéns.
Qria a continuação pra saber se ela volta a encontrar a sua vitima ja que ela ficou encantada pela garota.
Resposta do autor:
Olá! Muito obrigada!!! :D
Então, eu participei das outras semanas de desafio. O texto da segunda semana é a continuação desse primeiro, e o terceiro texto é a sequência do segundo. A última semana de desafio está rolando e pretendo postar mais um capítulo da mesma estória. Pode ser que eu dê continuação com mais alguns capítulos após o término do desafio.
Se vc quiser conferir as sequências e dar a sua opinião, fique a vontade. ;)
Abraços.
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dannivaladares
Em: 24/05/2018
Rafa,
gostei do seu texto. Adoro aventuras vampirescas, sou fã mesmo. Continue, dê mais vida ao enredo, as personagens, viva mais o universo.
Uma dica que te dou é a organização visual. Fica mais deliciosa a leitura e mais fácil visualmente falando.
Parabéns!
Abraços.
Resposta do autor:
Oi, Danni
Obrigada por comentar e pela dica! É verdade, preciso trabalhar mais a organização visual, desenvolver mais as personagens. Agradeço mesmo pela dica e pelo incentivo. Que bom que vc gostou! Vou me esforçar para melhorar.
Abraços. ;)
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NovaAqui
Em: 12/05/2018
Uau! Uma vampira encantada pela sua presa rsrs será que ela volta para revê-la?
Resposta do autor:
Oi! Obrigada por comentar e favoritar! :D
Então, estou com a intenção de escrever algo mais. Fazê-las se reencontrarem. Quem sabe eu consiga dar uma sequência nas próximas semanas do desafio.
Abraço.
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