Hoje, em mais uma madrugada,

meus fones falam comigo

Sussurram no meu ouvido, mil e um 

versos

Ritmados - rimados - 

como tua respiração forte contra

meu pescoço,

Me fazendo fechar os olhos, 

perder a razão...

Em um ato de libertação, 

você se despia para mim

Com suas milhares de constelações

brilhantes, gritantes 

Teu olhar me pedindo mais,

antes da boca dizer "vem"

E apesar de tudo isso, nunca 

nos pertencemos de verdade

Voávamos separadas, mas sabe,

essa brisa é complicada

E nos fez continuar o caminho 

lado a lado, e antes do beijo selado, soube

Que a nossa nudez não era apenas

de corpo - que louco!

Eu gosto dos teus braços.

Se prendem a mim como um laço,

nos mantém na mais perfeita e 

bela sincronia.

Gosto dos dedos, do teu toque

me preenchendo ora com pressa, 

ora devagar

Da maneira que mapeia minhas 

costas, do jeito que se junta

a mim

- enfim - 

Acho que gosto mesmo, é

de tudo que lhe compõe

Aprecio tua textura

assim como no violino,

Onde o breu faz a função de gerar

atrito do arco às cordas, para

provocar som,

Portanto, gosto especialmente da música

que compomos

E como ela se molda em poesia,

ainda que por mais desconhecidos 

sejam seus versos.

É uma linguagem que só a gente

entende, 

Onde brincamos sem o limite

de certo e errado

E ancontece assim, sem improviso

nem ensaio 

Como se já estivesse gravado

dentro de mim,

dentro de ti.

Medo, confesso que nem sinto mais, 

mesmo com esse teu olhar

A me queimar a pele

me concedendo fogo,

Ao mesmo tempo

que usas tua água pra me curar

Nesse ponto que se esquecem 

os pudores

Se fundem as almas

e grito de prazer me 

desfazendo com teu nome

Enquanto nossa canção chega

ao fim

E ficamos assim, largadas,

extasiadas, marcadas...

Agora, não tem jeito, preconceito ou pecado,

você está em mim.

by, Karina Meyer Braun

Fim do capítulo