Enquanto isso na recepção da Delegacia.

 

Gabriela estava impaciente à espera da Alicia, já que a mesma não pode entrar junto com ela, andava de um lado pra outro, tentava disfarçar ao máximo, mas estava sendo difícil. Em sua cabeça passava mil e umas coisas ao mesmo tempo, sentia seu suor escorrer pelo pescoço de tanto nervoso e sabia oporquê, até que ela avista Alicia vindo em sua direção.

 

- Está tudo bem, Gabi? – Alicia fez cara de interrogação.

 

- Ah sim, está, só estou com um pouco de dor de barriga, achei que você ia demorar mais.

 

- Sério? Quer ir ao banheiro? Comeu alguma coisa estragada? – Alicia ainda fazia cara de interrogação para ela.

 

- Não, eu não estava bem esses dias do estomago, probleminha que tenho, daí atacou. Podemos ir? – Gabriela parou e fixo seus olhos no da Alicia.

 

- Podemos. – A cara da Alicia ainda era de interrogação.

 

Logo elas seguiram para o carro totalmente em silencio, Alicia perguntou se ela queria ir ao médico ou passar em uma farmácia antes para comprar algum remédio, e a mesma se negou, então ela seguiu diretamente para o apartamento da Gabi, cada uma com seus pensamentos.

 

 

~ POV ALICIA ~

 

Seguimos para o apartamento e a Gabriela ainda estava super estranha, quando cheguei naquela recepção da delegacia eu a desconheci, estava ofegante, eufórica e suando, mas já que me disse que era as dores do estomago resolvi não prolongar, já estou com problemas demais esses dias.

Autorizei a delegada colher provas referente a pessoa da imagem, confesso que estou morrendo de medo que as digitais batam, mas preciso acabar logo com essa drama que é a minha vida.

A Camila não saiu dos meus pensamentos hoje um segundo sequer, queria que nossa história fosse diferente, mas infelizmente a Camila já é diferente demais pra nossa história ser. Oh mulher complicada viu, a vida é tão simples, beijar, goz*r e amar e ela complica tudo, e ainda fica impregnada na infeliz da minha cabeça.

 

- Chegamos, espero que goste. – Ela já tinha se composto e soltava o seu sorriso.

 

- Sim.

 

- Você está séria, aconteceu algo lá?

 

- Não, só cansada mesmo. – Sorri de lado pra ela.

 

- Certo, vamos subir então que o dono do apartamento está nos aguardando.

 

Subimos em direção ao apartamento com a promessa de retorna para conhecer o prédio. Assim que chegamos fomos atendidas por um senhor de uns 60 anos, muito educado, se identificou como Humberto e dono do apartamento.

Realmente, perfeito o apartamento, e ele era semi-mobiliado, bem amplo, ao lado da sala tinha uma varanda enorme com vista para a cidade, a cozinha logo ao lado bem ampla também, seguindo para os corredores tinha um banheiro e mais dois quartos, e um dos quartos tinha suíte, com uma mini varanda no quarto, PERFEITO!

 

- Realmente é perfeito.

 

- Eu te disse, quando vim olhar na época me apaixonei de primeira.

 

Acabei fechando negócio com o dono, a Gabriela me encheu o saco para que eu viesse a comprar, porém eu tinha outros planos nesse momento que me cabia apenas em alugar, mas, daqui a dois meses daria a resposta ao dono se iria comprar, e assim concluímos com a promessa de assinar os papeis do aluguel amanhã à noite.

Providenciei de ligar para uns contatos que o sr Humberto me indicou de mudança, como amanhã seria sexta-feira, ficou perfeito para uma mudança de última hora, tratei de ligar para o Bernardo convocando ele pra me ajudar na mudança, e assim conclui todas as pendencias para amanhã.

 

- Ufa, que bom que deu tudo certo. – Gabriela seguia para a sua porta.

 

- Verdade, paz e sossego agora.

 

- Vem, vamos entrar. Fique à vontade, minha casa sua casa... – Deu espaço para entrar e sorriu.

 

Agradeci, e entrei em seu apartamento, muito elegante e organizado, ela me disse que morava sozinha, porém seu apartamento não me mostrava isso, apenas fiquei com esses pensamentos pra mim. A Gabriela me acomodou em um quarto, como minha mala estava no carro, antes de subir eu peguei algumas mudas de roupas e pertences pessoais, e me acomodei. Essa semana foi a semana mais estranha da minha vida, dormindo em duas casas completamente desconhecidas por mim, mais sendo muito bem acomodada, claro que eu preferia está com a Camila, mas ela dificultou as coisas então me restou a Gabriela, apenas como amiga, tá gente?!

 

Sai do quarto já tomada banho e encontro a Gabriela sentada no sofá mexendo em suas redes sociais.

 

- Isso que costuma fazer todas as noites? – Sentei ao seu lado.

 

- Quase isso, mas estava te esperando para pergunta qual sabor de pizza que gosta, porque eu na cozinha sou péssima.

 

- É, com essa carinha de dondoca, realmente, deve ser péssima. – Gargalhamos.

 

- Ta, um ovo eu sei fritar, viu.

 

- Menos mal. Mas eu gosto de pizza de 4 queijos.

 

- Af, quem come pizza de 4 queijos? Só você né, super sem graça essa pizza...

 

- Ih rapaz, meu gosto ooooh...

 

- Brincadeira... Se não se importa vou pedir pizza para a gente.

 

- Sem problemas.

 

Ficamos aguardando a pizza, o apartamento da Gabriela era no mesmo modelo do meu, com varanda e tudo mais, e assim seguimos para varanda e ficamos conversando.

 

- Te conheço tão pouco Gabi, me fale de você.

 

- Hum, quem muito se descreve se limita, prefiro que você me conheça.

 

- Ah, que clichê! Fala vai...

 

- O que você quer saber em especifico?

 

- Não sei, sua família, seus pais, o que gosta o que não gosta... Fala o que você acha que deve me falar. – Sorrir.

 

- Então, meus pais moram em Espirito Santo, são separados, cada um já tem outra família, juntando tudo eu tenho sete irmãos, sendo três da minha mãe e quatro de meu pai. Sim, os coroas gostam de produzir... – Rimos.

 

- Pois é, né! Percebi isso.

 

- Eu escolhi vim morar aqui porque logo quando passei na faculdade de ciências contábeis na Uneb eu conheci a minha ex- namorada, e ai ficamos morando em uma república, durante os 4 anos de faculdade, porém, quando iriamos dá o próximo passado para casar, eu confesso que vacilei com ela.

 

- Mas Gabi, traiu a menina?

 

- Sim, sei que foi um erro da minha parte, mas ela era muito ausente, e acabou dando espaço para que outra pessoa entrasse em minha vida.

 

- Nada disso, não há motivos para traição, por favor né. Motivo mais mesquinha esse seu.

 

- Opa, nunca te vi assim tão áspera, rs, confesso que lhe sinto diferente desde quando saiu daquela delegacia, algo que queira compartilhar?

 

- Ah, desculpa. É porque estou cansada. – Me mantinha séria olhando para ela.

 

- Certo! Voltando... realmente nada vai justificar a minha falha com ela, me arrependo muito, ela nunca me perdoou por causa disso, e claro entendo o lado dela, e hoje nem temos mais contato.

 

- E a menina que você ficou traindo sua futura esposa valeu a pena?

 

- Acredite, a pessoa era a Patrícia. – Ela gargalhou e eu não esbocei nenhuma reação.

 

- A Patrícia? Sério? Aiai viu.

 

- Uai, ela é feia?

 

- Beleza não é tudo Gabi.

 

- Então, ai ficamos ainda por algum tempo, ela quem me indicou para a Editora a mais ou menos três anos atrás, e ai acabamos ficando na amizade apenas.

 

- Hum, tem um bom tempo lá, né?!

 

- Sim, um tempinho... – As pizzas chegaram e fomos nos acomodar na mesa para comer.

 

- Eu lhe dava uns 20 a 22 anos, mas essa trajetória sua ai creio que seja mais velha, né?

 

- Hahaha, que modéstia a sua. Só a carinha que é de bebe mesmo, mas já vou entrar na casa dos 30.

 

- Sério? Gente, não parece mesmo.

 

- É as vantagens de ser morena, nunca aparentamos ter a idade que temos.

 

Apenas sorrir de lado, preferir me manter calada enquanto comia a Gabi ainda tagarelava várias coisas, inclusive sobre a empresa, falou sobre muitos funcionários, me contou praticamente a vida da empresa toda.

 

- E a Camila? – Saiu sem querer, eu juro.

 

- O que tem ela? – A Gabi começou a mostrar indiferença.

 

- Não sei, você falou tanto da empresa, mas dela não citou nada.

 

- É porque não tem o que citar, a Camila é aquilo ali que você conhece. Rodeada de mulheres, pega todas, e nunca quer nada sério, e depois coloca aquela posezinha de merd*. – Juro que subiu uma raiva mortal da Gabriela.

 

- Porque você acha que é posezinha de merd*?

 

- Porque sim, uai! A mulher toda fechada, antipática, aposto que nem sabe o nome dos próprios funcionários. – Ela resmungou.

 

- É, cada um com seu jeito.

 

- Pois é, não sei como as mulheres ainda ficam com aquilo ali, deve ser um iceberg.

 

- Não acho.

 

- Ah, realmente. Você deve ter caído nas garras dela depois daquela sexta-feira à noite. E não deve achar porque para conquistar as mulheres ela com certeza deve agir diferente. – Gargalhou.

 

- Não Gabriela, não cai na garra de ninguém, ela apenas me tirou de você que estava sendo inconveniente demais. – Eu já estava me exaltando.

 

- Ei mocinha, é brincadeira, não me leve a mal. – Ela levantou em direção a cozinha e retornou com um vinho e duas taças. – Vamos tomar um vinho para a senhorita relaxar.

 

- Ai Gabi, não estou afim de beber, amanhã o dia será longo.

 

- Ah Ali, vai, uma taça só para me acompanhar.

 

- Ta tudo bem, uma só. – Ela logo serviu nossas taças e começamos a beber.

 

- Sim, voltamos a senhorita Camila, ela é daquele jeito, não sabemos nada ao seu respeito, exceto as curtidas delas porque algumas das meninas a gente tem contato e ai elas abrem a boca.

 

- E o que elas falam?

 

- Ih, to dizendo que você está super interessada, vamos mudar de assunto vai.

 

- Não é interessada, apenas querendo entender.

 

- Deixa isso pra lá, vem, vamos pra varanda.

 

Preferir não prolongar mais essas perguntas sobre a Camila, pois poderia está levantando suspeitas. A Gabriela colocou uma musiquinha bem agradável na varanda, o nosso vinho que seria apenas uma taça já se tornou a segunda garrafa, ficamos conversando amenidades, a Gabriela me mostrava ser bem espontânea, conseguia tirar algumas gargalhadas de mim, a noite estava bem agradável, olhava toda hora para tela do meu celular na esperança de que a Camila pudesse me mandar mensagens ou me ligar, mas com certeza isso não iria acontecer, pois deixei bem claro no bilhete que estava tudo encerrado entre a gente, mas quando a bebida entra a bad aparece, e comecei a sentir saudades dela e me arrepender pelo maldito bilhete, eu deveria ter esperado o tempo dela, ela me pediu pra esperar e simplesmente virei as costas para ela e joguei fora a noite mais perfeita que eu tive em minha vida.

 

- Está triste? – A Gabriela percebeu o meu semblante.

 

- Ah, é que as vezes a gente deixa ir embora a única coisa que um dia nos fizeram bem.

 

- E porque não corre atrás daquilo que um dia te fez bem?

 

- Tarde demais, eu estraguei tudo. – Encostei de vez na cadeira.

 

- É o seu ex?

 

- Antes fosse. – Dei risada.

 

- Eita, alguém conquistou esse coraçãozinho ai. – Gabi fez uma cara de tristeza e abaixou a cabeça.

 

- É, deixa pra lá esse assunto, e me diz você, não está com ninguém?

 

- Não, tenho andando triste também, pois quero alguém que não me quer.

 

- Xi, ai é complicado mesmo.

 

Ficamos em silencio total, cada uma com seus pensamentos, eu sentia o vinho rodar em minha cabeça, já estava alterada, então a parti daí eu não me responsabilizaria por meus atos.

 

- Complicado mesmo, principalmente quando essa pessoa é linda, carismática e parece um anjo. – Percebi a Gabi vim em minha direção.

 

- É...

 

- Essa pessoa é você Alicia. – Ela se agachou em minha frente colocando as duas mãos na minha coxa.

 

- Eu não sei o que falar.

 

- Não fala nada, apenas me deixa te conhecer melhor?

 

- Gabi, me desculpa, mas eu só te vejo como uma amiga.

 

- Mas é assim que acontece os grandes amores, normalmente a gente se envolve com pessoas amigas, rsrs ou você queria com inimiga? – Demos risadas.

 

- Ah você é uma boba.

 

- Diz que sim vai.

 

Apenas dei o meu silencio, que foi interpretado por ela de outra forma. Ela ainda se mantinha agachada e começou a fazer carinho em minhas pernas, e eu fiquei olhando, até que ela se aproxima de mim, já conseguia sentir a sua respiração, suas carícias foram subindo até chegar em meu rosto, acompanhei cada movimento dela, quando ela fez a menção de me beijar, eu perguntei.

 

- O que você estava fazendo em meu prédio na segunda-feira?

 

Fim do capítulo