Capítulo 23-Disritmia..
Loucura.
A palavra que melhor definia aquela situação toda era: loucura.
Eu estava em uma festa lotada de alunos e professores.
Mas não estava na sala, junto de todos. Estava no quarto.. Com Rafaela.
Beijando.
Sentindo as carícias se intensificarem a cada segundo. Sem conseguir parar.
Sem conseguir desgrudar daqueles lábios quentes e envolventes..
E foi assim por longos e deliciosos minutos. Entre beijos, amassos e abraços.
Até baterem na porta..
Nos desgrudamos rapidamente.
Rafaela escondeu-se. Eu abri..
Larissa..
-- O.. Oi, Mel.. – Ela disse com a voz falha e tímida. Eu senti meu rosto ficar corado. Ela olhou para dentro do quarto, ainda escuro e continuou: – Eu vim procurar a Rafa.. Ela..
-- Estou aqui, Lari. – Rafaela saiu de onde estava escondida e veio até a porta, acabando com as possíveis dúvidas de Larissa do que se passara ali, deixando-me ainda mais constrangida.
Afastei-me, deixando as duas conversando. Entrei no banheiro, tentando me recompor.
Olhava no espelho e via a minha imagem refletida. Por alguns segundos, nem a reconheci.
Só conseguia me olhar e repetir mentalmente:
'' Loucura.. Poderia ter sido qualquer pessoa. Algum outro aluno. Até um professor. Meu Deus.. Onde estou com a cabeça?! ''
Passei uma água no rosto e senti o contraste entre a água gelada e o rosto quente.
Quando abri os olhos, vi a imagem de Rafaela refletida no espelho. Virei para perguntar como tinha sido a conversa com Larissa e quando me preparei para fazer, a imagem sumiu.
Suspirei cansada.
'' Só essa que me faltava. Ficar enxergando coisas.. ''
Voltei para o quarto e elas continuavam lá, na porta.. Com a diferença de que agora, a luz estava acesa.
Rafaela olhou para trás e me viu.. Sorriu.
Abaixei a cabeça, visivelmente sem graça.
Logo voltamos para junto de todos. Sem falar nada.
Quando estávamos quase chegando na sala, Larissa me puxou pela mão e me abraçou. Sussurrando em meu ouvido:
-- Cuida bem dela, Mel..
Sorriu.
Sorri de volta, acenando com a cabeça e concordando com o seu pedido.
E o restante da festa passou sem mais acontecimentos.
Rafaela e eu só trocamos olhares. Em um mútuo entendimento de que terminaríamos o que começamos naquele quarto, em um outro quarto. Em um outro dia..
E assim foi..
-- Rafa, calma.. A gente já está chegando no motel. – Ela tinha urgência em me beijar. Mas os beijos eram calmos. Doces. E estavam tirando, totalmente, minha concentração – Você não me deixa dirigir desse jeito.
Ela só parou quando entramos no lugar..
Um mês havia se passado. E, Rafaela e eu, continuávamos a nos encontrar..
A cada encontro, eu descobria algo novo ao lado dela. Por incrível que pareça, Rafaela, com sua pouca idade, ensinava-me mais do que eu a ela.
E hoje, especialmente, eu sentia algo diferente em seu toque. Diferente do que eu estava acostumada.
Após entrarmos no quarto, ela não tirou minha blusa com urgência e nem me beijou com pressa.
Fez ao contrário. Sentou na cama e me puxou para seu colo. Segurou meu rosto com ambas as mãos e o puxou para junto do seu, colando nossas testas.
Eu sentia sua respiração bem próxima da minha. Sua boca roçando suavemente..
Até que ela sussurrou baixinho:
-- Adoro ficar assim, respirando o mesmo ar que você.
Abri os olhos e vi tanta ternura nos seus..
Sorri.
Ela beijou-me devagar. Saboreando e explorando cada canto da minha boca e língua.
Tirou minhas roupas e as suas. Sem deixar de me olhar. Seu olhar estava turvo. Profundo.
Deitou-me cuidadosamente na cama e cobrindo meu corpo com o seu, passou a movimentar-se lenta e cuidadosamente.
Sentia seus lábios percorrendo meu pescoço. O ombro..
Ela aumentou o ritmo. Seu sex* cada vez mais em contato com o meu.
Eu arranhei suas costas. Apertei o bumbum, trazendo seu corpo para mais junto, fundindo-se com o meu.
Ela mordia a orelha e ameaçava sussurros, mas não os dizia..
Eu já sentia meu corpo convulsionando-se, numa lenta e torturante espera pelo gozo.
Até que ele veio. Tranqüilo, mas intenso. Sem pressa, mas urgentemente saboreado.
Rafaela apoiou o peso de seu próprio corpo nos braços e afastou-se, de maneira que pudesse me olhar melhor..
E olhou..
Olhou com um brilho nos olhos tão intenso que eu tive vontade de perguntar o motivo..
E eu o faria se ela não tivesse me calado com um beijo terno. Lento..
Sua mão deslizou vagarosamente pelos meus seios. Apertou e massageou um. Logo depois, fez o mesmo com o outro.
Passou pela barriga, em um carinho suave, e desceu até meu sex*. Já molhado. Exigente. Pulsante.
Acariciou.
Eu gemi..
Ela desgrudou os lábios dos meus e beijou toda a extensão de meu rosto.
Até o lóbulo da orelha. Mordeu. Beijou e sussurrou com a voz quente. Rouca.. Louca.
-- Me apaixonei, Mel. Me apaixonei por você..
Ela disse e logo me penetrou rapidamente. Não tive tempo de associar as palavras.
Minha mente tentava me alertar, mas a urgência, a febre do corpo não deixava.
Até que ela, após movimentos rápidos e lentos. Fortes e fracos. Saciou a sede de prazer que meu corpo sentia..
Deixou que seu corpo pesasse sobre o meu e repetiu baixinho:
-- Estou completamente apaixonada por você, Mel..
Fechei e apertei os olhos. Não querendo ouvir.. Prendi a respiração e me contrai, sem saber o que fazer ou falar.
-- Não precisa dizer nada, Mel.. – Ela disse enquanto deitava ao meu lado. – Eu só precisava te dizer.
-- Desde quando, Rafa?
-- Acho que desde a primeira vez que te vi. – Fechei os olhos enquanto ela falava. Senti seus dedos trêmulos acariciando meu rosto. – Você é perfeita, Mel.. Me encantou. Me hipnotizou desde a primeira vez.
Abri novamente os olhos e sentei-me na cama. Ela fez o mesmo..
-- Rafa, eu não quero te magoar. Acho melhor a gente parar por aqui. – Eu disse, preocupada. Assustada. – Isso tudo já foi longe demais e ...
-- Shii.. – Ela tocou meu lábio com o dedo. – Não fala nada. Eu não quero que você se sinta pressionada. Não quero que me responda e nem faça nada. Eu só precisava compartilhar esse sentimento contigo. Não agüentava mais guardar pra mim..
-- Mas eu..
-- Não vai mudar nada, Mel.. O acordo é o mesmo. Só não fala nada, deixa eu te amar. Eu preciso..
Sem saber como agir, eu deixei. Me entreguei.
E ela amou. Se entregou.. E doou. A noite inteira..
Sentia paixão em cada toque. Em cada beijo..
Sentia seu coração bater na boca que acariciava, nas mãos que tocavam..
Sentia o meu bater acuado.. Descompassado.
O silêncio do quarto era ocupado com o som de gemidos e
Corações batendo..
Disritmia.
'' Eu quero ser exorcizado pela água benta desse olhar infindo.
Que bom é ser fotografado, mas pelas retinas dos seus olhos lindos.
Me deixe hipnotizado pra acabar de vez com essa disritmia. ''
Disritmia – Composição Martinho da Vila – Interpretado por Zeca Baleiro
Fim do capítulo
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