~ POV ALICIA ~

- Vejo que a senhorita precisa de ajuda... 

- É, o senhor destino não está muito pro meu lado esses dias não, hahaha.

- Certo, você tem o que precisamos no porta malas?

- Depende do que você está dizendo que precisamos, pois não entendo de nada.

- Ai Alicia, abre esse porta malas ai por favor.

Fiz o que ela me pediu, comecei a dá risada, aquela mulher elegante nem fazia o tipo de que sabia trocar pneus, mais apostei no seu potencial, e em menos de 30 minutos eu estava enganadíssima, pois o pneu foi trocado, e tudo já estava guardado pronto apenas para da partida.

- Nossa, realmente, mil e umas utilidades...

- Sim, nos mulheres temos que está pronta para qualquer imprevisto, e indico a você aprender trocar pneus, porque não é sempre que vai aparecer uma alma caridosa que nem a minha...

- Ah sim, nem se acha né? Mas, vou deixar você se achar porque fez um belo trabalho.

- Sempre que precisar é só me ligar gatinha... - Piscou pra mim e saiu em direção ao seu carro.

- Ei, muito obrigada viu?!

Ela apenas acenou e sorriu, logo entrei no carro, pois já passava das 9hs da manhã, já tinha faltado três dias de trabalho, não queria abusar da boa vontade da Camila, já que eu tinha tomado a decisão de não misturar as coisas, e quando eu saísse do trabalho iria passar na delegacia para saber se houve alguma novidade.

~ POV CAMILA  ~

Depois de uma longa noite, acordei mais cedo que o normal, levantei para fazer minha higiene matinal e me arruma para ir pro trabalho, estava ensaiando como chegaria na Alicia depois da noite passada, o mínimo que ela queria era me matar, mas também não era pra menos, vacilei legal! 

Vesti um vestido tubinho marrom acinzentado, com um scarpin preto, coloquei meu cabelo em um coque, peguei a minha bolsa e sai do quarto.

Iria passar direto, mas que anfitriã filha da mãe que eu seria se eu fizesse isso, ao menos acorda-la pra da bom dia ou sei lá o que for eu precisava fazer.

Bati na porta, mas não fui atendida, e rodei a maçaneta e estava aberta, chamei pelo seu nome mais sem sucesso. Percebi que não havia mais nada dela ali, porém havia um papel na cabeceira da cama com o meu nome, tratei logo de pegar, e comecei a ler.

“Camila, palavras não serão o suficiente para agradecer pelo que fez por mim esses dias, de fato você é uma pessoa extraordinária, meu coração será eternamente grato a você. Espero que um dia você reconheça a pessoa maravilhosa que existe dentro de você, e comece a quebrar essa barreira que você mesma impôs. Infelizmente não será eu e não será ninguém a fazer isso, porque só depende de você.

Não me leve a mal, a nossa noite foi maravilhosa, eu realmente nunca me senti tão bem com alguém como me senti com você, só que entre nos ficara apenas isso, essa única e perfeita lembrança da nossa noite juntas, e essa é a hora que me retiro de cena.

Eu desejo tudo de melhor que essa vida possa te oferecer, e quando precisa de mim estarei sempre aqui pra te ajudar ou apenas pra está ao seu lado, sempre. Mas a nossa relação a parti de hoje será apenas empregada e chefe, será melhor para nos duas.

Mais uma vez, obrigada por tudo... ah, diz ao Guga que adorei conhece-lo e se me permitir algumas vezes poder visita-lo ficarei muito feliz.

Grande beijo, Alicia! “

Ao termina de ler o bilhete eu já estava sentada na cama, totalmente arrasada, e lagrimas já rolavam pelo meu rosto, não sabia o porquê, mais não conseguir segurar a emoção de estar deixando ir embora a única pessoa que me fez sentir amada, feliz, e que tirou o melhor de mim... porém ela está certa, é melhor encerrarmos por aqui antes que as coisas começassem a ficar pior, eu preciso está bem comigo para poder está bem com outra pessoa, e a Alicia é jovem ainda, tem um futuro brilhante pela frente eu não atrapalharia a sua vida com as minhas complicações. Melhor assim!

Me recompus e segui para a cozinha, estava sem apetite, apenas tomei um gole de café e resolvi que deixaria o Guga na escola, queria nesse momento está perto da única pessoa que me ama de verdade e que sei que estará comigo sempre.

- Mama, a tia não vem com a gente?

- Não meu amor, ela saiu mais cedo para trabalhar, mas deixou um bilhete dizendo que amou te conhecer.

- Ela vem a noite né?

- Não, ela não vem mais a noite. – Minha voz saiu como um sussurro carregado de tristeza, e um vazio começou a tomar conta do meu coração.

- Não mama, pede a ela vai pra vim a noite. – Ele começou a ficar nervoso e agitado.

- Guga, calma meu amor...

- Não, eu “quelo” a tia, eu “quelo”. – Ele estava mais nervoso que o normal, tive que encostar o carro para poder acalma-lo.

- Ei, escuta a mama, tá bom? – Puxei seu rosto pra mim e a para a minha surpresa ele cuspiu em mim. – Gustavo, que feio! Isso não pode fazer, preste a atenção em mim, preciso que fique calmo.

- NÃO, ME LARGA, EU NÃO “QUELO VOCE, NÃO “QUELO”.

Havia anos que o Gustavo não dava uma crise dessas, como sempre eu nunca conseguir lidar com isso, ele ficava nervoso de um lado e eu nervosa de outro, nunca soube como acalma-lo, ele me recusava e eu não sabia como reverter a situação, me sentia péssima por isso... Nas consultas com a psicóloga ela sempre me ensinou a manter a calma e tenta acalma-lo com algo que ele goste, ou conversando amenidades diferente do que ele está pedindo ou falando, para que ele venha se distrair com o assunto novo e comece a manter a calma.

Só que nesse momento estava mais que impossível isso acontecer, porque além dele querer a Alicia eu também a queria, não saberia como iria acalma-lo nesse momento. Comecei a me desesperar, e a chorar, não conseguia manter o controle dele, nem o meu.

- Eu vou ligar pra ela, olha. – Mostrei o aparelho celular pra ele. – Fica calmo que eu vou ligar pra ela.

- Tá. – Ele já olhava fixamente pra frente, já respirava fundo tentando manter a calma.

Liguei e estava fora de área, tentei mais umas três vezes já pensando o que iria falar para ele.

- Guga, o telefone dela acabou a bateria, ela deve estar chegando no trabalho e vai colocar ele pra carregar e liga pra você tá?

- Não, não está, você que não ligou, é você... – Novamente ele começou a se debater no banco do carro, bem nervoso.

Simplesmente abaixei minha cabeça no valente e me derramei em lagrimas, com certeza era a menstruação que estava pra chegar pois eu estava muito sensível, o Guga ainda reclamava várias coisas de vez que eu não conseguia decifrar, estava me sentindo péssima por não conseguir encarar o meu passado, encerar a Alicia, encarar meus sentimentos e encarar o meu irmão que precisa de mim a todo momento.

Retornei para casa, chamando a Juci e ela veio rápido ao meu encontro e retirou o Guga do carro, ela saberia como fazê-lo se acalmar.

Segui para o trabalho péssima, me sentindo a pior pessoa do mundo, as coisas ao meu redor estava a cada momento piorando, meus sentimentos todo embaraçado, e eu sem saber o que fazer, a Alicia chegou e bagunçou a minha vida de uma forma sobrenatural, e a melhor coisa que aconteceu foi colocar um fim nisso, ambas tinham a mesma visão que não daria certo, e foi melhor assim.

Cheguei ao escritório a Patrícia já estava, e veio rapidamente ao meu encontro.

- Bom dia senhorita Camila, está tudo bem? – Ela percebeu a minha cara péssima de choro.

- Bom dia Patrícia, você tem alguma coisa pra me falar? Se sim, seja direta. – Fui rude e firme com ela.

- É... desc.. Desculpa! Sim, hoje ás 10hs terá uma reunião do comitê de São Paulo com cinco modelos de propagandas para fechara nova publicação do próximo mês, e eles precisam da sua aprovação para isso.

- Ok.

Dei as costas a ela entrando em minha sala, e assim que sentei percebi que a Alicia ainda não tinha chegado, e nem sabia se ela iria, pois eu acabei dando folga a ela essa semana para resolver as suas pendencias.

Mergulhei de vez no trabalho, havia muitas pendencias por conta das coisas que aconteceram na semana, precisava fechar o faturamento das filias ainda essa semana para mandar o resultado para os meus pais que estão fora do Brasil, que só me ligam pra cobrar, malmente perguntam se eu estou bem.

De repente olho para a entrada do escritório e vejo a Alicia entrando com a traste da Gabriela entre risadas e conversas, que pareciam que eram bem intimas.

Por isso que ela resolveu termina tudo entre a gente porque ela sempre esteve com essa Gabriela, agora eu com minha cara de idiota a ajudei e ainda a defendi dela naquele dia do bar, e hoje estão assim intimas.

- AH QUE SE FODA. – Bati com força na mesa, com toda raiva que poderia sentir com aquela cena.

Fim do capítulo