CapÃtulo 31 - O nosso amor
Sara
Dormir na casa da Montserrat aos finais de semana acabou virando rotina nos últimos quatro meses. Annie já me via como a namorada da mami e com isso a nossa relação se estreitou ainda mais. Sua evolução só tem nos dado alegria, minha namorada se apegou a isso para tentar amenizar os problemas que passou e ainda está passando.
A estilista praticamente abriu mão da liberdade. Desde o atentado que sofreu, Montserrat tem seguranças por toda parte. É a proteção do governo esloveno na verdade. Queriam que ela fosse para o os Estados Unidos ou Reino Unido, porque existe a promessa de mais proteção. Mas meu amor recusou as ofertas, é muito mudança para a Annie.
O seu amado ateliê veio para casa. Montserrat evitava sair de casa por causa dos seguranças, seu local de trabalho lembrava o João e ela ainda não aceitou bem a morte do funcionário. Aliás, os últimos meses foi de muito sofrimento para todos nós pela partida do menino mais alegre que conhecemos.
Meu celular vibrou no sofá, com esforço estiquei o braço direito para alcançá-lo. Mensagem da Fernanda perguntando se está tudo bem, como foi meu dia. Não sei o porquê de ela perguntar isso aos finais de semana, ela sabe que passo o dia inteiro com a Montserrat, que cozinhamos, assistimos filmes, conversamos, tudo que a gente mais gosta é ficar uma perto da outra. Montserrat até tocou no assunto de morarmos juntas, ou seja, que eu me mudasse para cá. Mas ainda acho muito cedo, quero aproveitar o namoro.
Fernanda voltou para o Brasil quando acabou suas férias e está praticamente namorando a distância com a Carolina. Está dando tão certo que em um feriado, ela acabou fazendo a loucura de viajar para cá, mesmo ficando quase sem grana. Montserrat como dona do hospital liberou uma semana porque não aguentava mais a Carolina reclamando que a namorada estava longe.
Insisto em ligar a TV mesmo ainda não entendo uma frase completa em esloveno. Com o ato, acabei me lembrando do que realmente vim fazer aqui na sala. Era para eu estar escolhendo um filme e não divagar sobre meus últimos quatro meses. Montserrat sempre reclama que eu demoro para escolher um filme para assistir, por isso ela foi colocar a Annie para dormir enquanto eu deveria fazer com que já tivesse tudo no jeito para quando ela chegasse.
Peguei o controle para mudar o modo da TV, mas parei na mesma hora. Falando em inglês quem entra na tela para uma entrevista é o Carlos. Sim, esse cara só pode ser o Carlos ou um irmão gêmeo dele. Jamais esqueceria a cara dele e do modo que me olhava.
- Amoooooor - a chamei alto.
Nenhuma resposta.
- AMOR, CORRE AQUI, RÁPIDO! TEM UM AMIGO SEU NA TV - gritei.
Ainda demorou quase um minuto para a Mon pontar na porta da sala e se fazer presente do meu lado.
- Que amigo... - Mon ia perguntar, mas sua voz falhou quando viu o Carlos.
Sua expressão é de surpresa misturada a um pouco de mágoa. Montserrat tinha deixado para lá todo o imbróglio acerca da sua traição. Diferente do que eu e a Carolina pensamos, Mon não mexeu os pauzinhos para vingar do Carlos, recusou até mesmo um processo. Não sei se foi o baque que tomou ou se ela não acredita que o ex-amigo entregou os documentos.
- Sr. Carlos, minha primeira pergunta é a que mais intrigou essa entrevista. Você pode finalmente nos dizer por que você veio até nós? - a apresentadora perguntou em esloveno e o tradutor reproduziu para o Carlos.
O brasileiro de cabelo ondulado parecia nervoso e inseguro.
- Uma amizade que traí me trouxe até aqui. Eu estou sendo ameaçado. Estou me arriscando por estar aqui, mas eu não aguento mais. Tentei entrar em contato com ela, mas sou ignorado sempre. Eu fiz uma burrada na hora do aperto, mas eu posso tentar e quero consertar.
A apresentadora ficou assustada com a fala de desespero do Carlos. Depois que o tradutor falou, ela se apavorou ainda mais.
- Tenho certeza que nossa equipe entrará em contato com o governo e ele te dará segurança - tentou se tranquilizar.
Carlos apenas afirmou com a cabeça para o tradutor e continuou:
- Bem, eu não me importo de morrer, minha vida já está um inferno. Quem vou denunciar faz parte do governo. Eu... eu só quero consertar a burrada que fiz.
A apresentadora não sabia se o incentivava ou pediu para ele ir à delegacia. Por fim decidiu que ele falaria com exclusividade e o Carlos começou:
- Meses atrás, fui procurado por agentes do governo cobrando cem milhões de euros em impostos. Eu não tinha o dinheiro, nem sabia de onde tirar. Fui então informado que seria expulso do país e que meu passaporte ficaria inválido na União Europeia. Com medo de ser deportado, procurei um deputado para que pudesse interceder ao meu favor. Foi quando conheci o deputado Alekst Korošec. Pensei que me ajudaria por ser o seu trabalho, mas ele me pediu alguma coisa em troca. Eu não tinha a mínima ideia do que dar e fui pesquisar mais sobre ele. O fato dele combater a imigração foi um prato cheio para o que tinha descoberto sobre a minha amiga. Montserrat achava que o dinheiro dela não deixava rastros, mas eu consegui pesquisar por meios ilegais e acabei encontrando uma mina de ouro. Eu apenas entreguei os papeis que comprovavam, mas ele fez o trabalho de distorcer tudo. Montserrat Schubert nunca fez nada de ilegal ou errado. Ela nunca foi traficante, nunca explorou outras pessoas e muito menos quer ver a Europa explodir. Mon, como todos carinhosamente a chamam, só quis fazer o bem quando ajudou os imigrantes. Ela é tão incrível que não recuou. Teria continuado a ajudar de maneira anônima, assim como agora luta mostrando a cara, mesmo com toda pressão. Olha o que eu fiz com a vida de uma pessoa que só me ajudou. Fui egoísta, só pensei em mim. Agora eu estou sendo ameaçado para forjar provas para incriminá-la. Mas eu não farei! Podem me matar, mas trair a Mon pela segunda vez... não vou.
Montserrat permanecia em silêncio e respirava pesado. Alcancei sua mão e a puxei para mais perto de mim. Ela acabou me abraçando de lado, colocando sua cabeça no meu ombro. Seus olhos atentos não queriam se desligar da TV. As palavras de Carlos basicamente se repetiram na próxima e nas outras perguntas.
Quando a entrevista foi encerrada, Montserrat ainda demorou um pouco para falar alguma coisa. Aos poucos, tirou a cabeça do meu ombro e mordeu o lábio inferior.
- Eu entendo o Carlos, mas não consigo perdoá-lo. Será que esse idiota tem noção do que provocou? Minha vida de cabeça para baixo, a morte do João, as pessoas com discursos inflamados e perseguição aos refugiados - desabafou.
- Eu sei que ele fez tudo isso, mas acho que essa entrevista dele veio a calhar. Ele praticamente está te livrando das mentiras que o deputado e seus aliados inventaram.
- Não seja inocente, Sara. Carlos tem as mãos sujas de sangue do João e isso é imperdoável. Além disso, vão tentar o desqualificar de qualquer maneira.
- Você está sendo pessimista, meu bem. As coisas não funcionam assim, ele possui provas!
- Eu só não quero que você crie expectativa. Eu sei que é horrível namorar uma pessoa que mal pode sair e que...
- Já tivemos essa conversa antes, Mon - disse interrompendo-a. - Você sabe que se precisar morar em uma caverna para que você fique protegida, o farei com todo prazer.
Minha namorada me olhou de maneira apaixonada. Sempre a resgato das suas lamúrias com alguma declaração de segurança. A base da nossa relação é como nos apoiamos em diversas situações. O nosso amor é feito de superação, podemos passar por todo caos que vier porque juntas somos mais fortes.
- Prazer? Você disse prazer? - Seus lábios foram parar no meu pescoço.
- Sim, eu disse prazer, meu amor. Eu amo você, Mon.
Seu sorriso largo e iluminado me fez suspirar. Um suspiro de puro amor, de quem está se sentindo à vontade para ser quem é, de quem sente o coração saltar quando o toque é mais intenso.
- Você já arrumou suas malas? - Montserrat perguntou.
- Sim, espero não ter esquecido nada.
- Então vamos subir, eu preciso sentir a mulher que amo agora mesmo.
- Hum... se eu soubesse que te amar é tão bom assim, não fugiria daquele jeito - levantei do sofá e peguei sua mão.
- Eu tentei te avisar o quanto eu estava apaixonada e te faria feliz. Você está feliz, não é? - Seguiu comigo agarrada na minha cintura.
- Você ainda tem dúvidas? Você é a pessoa mais importante da minha vida, a mulher que eu amo e que me faz feliz. É minha luz, a estrela que me guia.
- Você está pronta para todos saberem do meu amor por você? - Paramos na porta do quarto.
- Eu tenho orgulho de ser como sou. Eu tenho orgulho do nosso amor.
Montserrat
Desembarquei em Genebra com a Sara às 14:00. O frio dava a lembrança de que o inverno será rigoroso. Passei a gostar do frio a partir do momento que ele trouxe Sara para a minha vida. Brinco com ela que a tempestade de inverno que me deu um amor.
Não estranhei quando vi um fotografo de longe tirando foto do nosso desembarque. Esta é a primeira vez que saio da pequena cidade Slovenj Gradec desde o atentado do João. Carolina me convenceu a discursar na sede europeia da ONU. Tudo faz parte da minha defesa, mas também é uma grande oportunidade para dizer o que está entalado na minha garganta. Carlos ontem deu-me uma grande ajuda, até os meus advogados estão comemorando. Mas eu não posso deixar de continuar magoada pela traição que sofri. Talvez um dia eu consiga perdoá-lo e conversar, mas hoje eu só quero voltar a minha vida normal.
Não demorou muito para chegarmos ao hotel. Escolhi um bem romântico, afinal é a primeira viagem junto com a minha namorada. Sara merece esses dias de descanso. Merecemos nos curtir sem aquela tensão que nos cerca. Olhei para ela toda feliz, parece uma criança pulando na cama.
- Meu amor, o que os outros hóspedes vão pensar com essa bagunça, desce daí. Mas nem a Annie teria uma atitude tão louca - disse me segurando para não pular em cima dela quando deitou-se e sorriu.
- Aposto que a Annie vai pular muito na cama ainda.
- Ela já está quase andando pela casa toda com as muletas. Não vejo a hora de ela subir as escadas e pular.
- Está chegando a hora dela ficar 100%, meu amor.
- E está chegando a hora da gente se arrumar para o evento. Temos duas horas para ficarmos arrumadas.
...
- Sara... Sara... você está tão linda. Tão linda!
Olhei para a minha mulher usando um vestido elegante que eu mesma desenhei para ela. Mesmo não pretendendo ser sexy, o vestido decotado acabou por ficar bem nas suas generosas curvas.
- Olha quem fala, a mulher mais bonita e elegante que eu já vi na minha vida.
Balancei a cabeça em negação para ela. Borrifei o meu perfume, comemorei quando vi seus olhos fechando e transpirando com força o cheiro que ela tanto eu sei que gosta.
- Nunca vou enjoar desse cheiro da combinação que esse perfume faz com a sua pele. É tão bom.
Apenas sorri e peguei na sua mão para sair do quarto de hotel.
Passamos pela recepção com os olhares atentos em nós. Relaxei após perceber Sara não se incomodar. Eu estou vivendo o paraíso com ela esses últimos meses, mas não posso deixar de pensar no tempo que ela se recusou a se entregar ao meu amor. Viver o amor trancada em casa é uma coisa, assumir para a sociedade é completamente diferente. Tive medo da Sara recuar aparecer comigo no evento sobre imigração das Nações Unidas. Medo infundado, meu amor está ao meu lado sorrindo e indicando que está à vontade com a nossa relação.
Os momentos seguintes foram de conversas com autoridades. Havia uma mistura de agradecimentos pelas coisas que vim e constrangimento pela minha parte. Por mais que queiram me mostrar que foi uma atitude belíssima para a construção de uma sociedade melhor, carrego no peito que fiz o que cada um poderia fazer. Se todos fizessem sua parte, o mundo seria um lugar melhor.
Agora estou atrás do palco esperando ser chamada. Já estou acostumada a falar em público, sei exatamente o que dizer e espero ser escutada.
- Montserrat Schubert!
Ouvi meu nome ser dito pelo diretor e criador do evento. Pisei firme com o salto e caminhei para cumprimentá-lo Agradeci a oportunidade dada ao me oferecer o microfone.
Ajeitei o pedestal com uma certa hesitação. Prometi para os meus advogados, mas de última hora resolvi esquecer um pouco o foco da minha defesa. É questão de horas para as investigações sob o meu patrimônio parar e o grupo que fez o atentado já estava todo preso. Não tenho tanto o que temer.
- Muito boa noite a todos. Eu sei que os senhores e as senhoras que estão aqui presentes e aqueles que estão acompanhando por algum meio de comunicação, sabem que sou uma famosa estilista que tem feito sucesso nos últimos anos. Alguns se perguntam por que e como me envolvi em toda essa trama. "Será que uma mulher que vivia no mundo do glamour tem alguma propriedade para falar sobre imigrantes e refugiados?", foi o que eu li esses dias no espaço de comentário de um portal. Eu sou uma imigrante. Uma imigrante que teve todas as oportunidades graças ao meus pais, mas que ainda sim teve que lidar com pessoas duvidando do meu talento por eu ser brasileira. Como pode uma brasileira entender de moda e não se limitar a se desfilar, não é mesmo?! Acho que vivi no meio de tanto preconceito que acabei me inserindo nele para tentar parecer natural no meio. É mais fácil dizer bobagens do que corrigí-las. O mundo hoje está mudando, ainda aos poucos, mas um dia se mostrar preconceituoso era uma sentença, não uma exceção. Tanto que até tentei esconder a minha homossexu*l*idade para não perder oportunidades. A paixão pela minha ex-mulher, a euro deputada Carolina, me fez despertar para o erro que estava cometendo. Deixo aqui o meu agradecimento a essa mulher tão especial que é um ser humano excepcional e uma mãe espetacular para a nossa filha.
Uma salva de palmas foi dada à Carolina que é querida por eles pelo seu ativismo em defesa dos direitos humanos. Assim que cessaram os aplausos, continuei:
- Bem, essa é uma noite especial para mim. Uma noite que eu não planejei e nem imaginei ter na minha vida. Há quatro meses, meus planos eram: apresentar um desfile na França e pedir a minha atual namorada em casamento. Se ela aceitasse, curtiríamos uma noite romântica que só Paris pode proporcionar. Eu não preciso nem mencionar o porquê da minha mudança de planos, mas quem sabe o pedido eu ainda possa fazer um dia, já que o desfile não farei - todos aplaudiram e deram risada da minha cara um tanto quanto irônica. - A minha namorada nasceu Sara Qubilah Abi-Abib, mas mudou o registro para Sara Salmen da Costa quando foi adotada por uma médica brasileira que viu os pais dela morrerem por causa da guerra do Golfo. Sara já nasceu com o cheiro da guerra impregnado na sua vida. Sara sabe o que é lutar para viver e foi quem me mostrou o que é ser um refugiado. É claro que a nossa convivência, antes do nosso namoro, influenciou a minha ajuda aos refugiados. Eu quis fazer um pouco para todo mundo o que eu fiz por ela. Eu sei o quanto é importante a primeira ajuda por causa dela. Só não esperei ser acusada de absurdos e ver uma vida desfalecer a minha frente por causa da intolerância.
Respirei fundo e senti minhas mãos tremerem ao reproduzirem a foto do João na tela atrás de mim.
- Esse rapaz cheio de vida e talento é o João. Era - corrigi-me com pesar. - Aos 28 anos de idade, João teve a infelicidade de morrer no meu lugar. João me salvou. Sinceramente? Não sei mereço - engoli seco. - Não quero aproveitar a morte dele e fazê-lo um mártir. João merecia viver e não virar um herói. Poderia ter sido eu, assim como foi Martin Luther King Jr quando lutou pelos direitos dos negros nos Estados Unidos. Poderia te sido eu assim como foi a Milada Haráková, morta pelo regime comunista da Checoslováquia por ser defensora dos direitos humanos. Eu poderia ter levado um tiro assim como Malala que luta por educação às meninas. Poderia ter sido eu morta ao invés do João. Quis o destino que eu ficasse viva. Por isso, vou honrar a morte precoce do meu querido João. Não será em vão, eu não vou parar. Por isso estou aqui nesta noite para anunciar a criação do Instituto João. Será construído em Slovenj Gradec, mas que será a primeira ajuda ao maior número de refugiados possíveis. Com o apoio de todos, espero que esse projeto cresça.
Mais aplausos e esse parecia não acabar. Senti-me emocionada ao mesmo passo que dei as costas para o público para olhar a foto do João. Aplaudi a presença dele na minha vida. Deixei algumas lágrimas caírem enquanto os aplausos começaram a cessar. Com a emoção tomando conta, voltei a encarar o público.
- Obrigada, muito obrigada. Boa noite senhoras e senhores. Viva o João.
Saí do palco feliz por ter anunciado meu mais ousado projeto. Quando cheguei na parte de trás recebi logo um abraço da Sara. Um carinho cheio de significados.
- Você foi incrível, Mon.
Beijei seus lábios com sede daquela boca. Aproveitei que não tinha ninguém por perto para aprofundar e agarrar sua cintura para colar seu corpo junto ao meu.
Encerrei o beijo com aquele gosto de quero mais e a abracei. Eu amo tanto essa menina que some no meu abraço por ser pequena, mas ao mesmo tempo tem uma fortaleza dentro dela que mais parece uma gigante.
- Montserrat? - minha assessora me chamou. - The press is waiting, let's go?
- Sure, I'm coming - me virei para a Sara. - Eu tenho que ir dar uma entrevista agora. Quero que esteja perto de mim. Vamos?
- Vamos, claro.
Caminhei ao lado da assessora que me dava as coordenadas da entrevista e já falava da repercussão positiva do meu discurso. Sara ficou um pouco para atrás nos acompanhando.
Sara
De longe vejo a Montserrat com toda seriedade responder diversas perguntas, inclusive sobre mim e nosso relacionamento. Em determinados momentos, seu olhar me procurava. O mesmo olhar de quando nos admirávamos sem saber ainda que já era amor. Com sorriso, correspondi a um de seus acenos e esperei com ansiedade parar ficar a sós com ela.
Mon talvez ainda não tivesse percebido, mas a assessora estava dando mole para ela. Não pude deixar de me incomodar, o que ficou claro no caminho de volta para o hotel. O ciúme me fez ficar em silêncio no carro que só se quebrou quando entramos no quarto.
- Você sabe que o seu ciúme é bobagem, não é? - Sorriu.
- Bobagem, Mon? Eu sei quando alguém está dando em cima de outra pessoa. Aquela mulher nem disfarçou no final.
- Sara, você entendeu que quero me casar com você? Eu praticamente te pedi em casamento no meio de um discurso. Eu sou sua e não quero ser de mais ninguém.
Eu não consigo ficar muito tempo em um clima ruim com ela. Somente eu conheço o coração da Montserrat porque consigo a sua transparência, enxergo sua alma.
- Nós não precisamos estar em Paris para você pedir - minhas mãos pousaram na sua cintura.
- É o que tenho pensado desde ontem. Sara, você quer se casar comigo? - fez o pedido simples.
- É o meu maior desejo, Mon. É claro que aceito.
Pulei em seu colo e ela me acolheu com facilidade. O toque de nossas línguas dava choque de prazer pelo carinho. Carinho com luxúria, coração afagado com desejo de nossos corpos.
- Você... quer casar comigo no Brasil?
Seus olhos com fogo pararam para me analisar ao fazer-me a pergunta.
- Brasil? - Questionei após tentar controlar a minha respiração.
- Sim, Brasil. Eu... eu estou pensando seriamente em morar no Brasil. Eu amo a Eslovênia, mas mesmo depois da minha defesa, sei que nunca terei paz completa aqui na Europa. Quero cuidar do hospital, posso abrir uma filial do ateliê lá e deixar a Charlotte no comando daqui. Além disso, você veio para cá cuidar da Annie. Agora que vamos nos casar, não tem por que você não cuidar dela no Brasil. Também tem o seu trabalho na rede Alcântara. Sei que deixou tudo para trás, até suas pesquisas. Um dia você terá que voltar, mocinha - Mon brincou no final.
- Mas a Carolina vai deixar a Annie ir com nós?
- Sim, eu já conversei com ela. Carol vai nos visitar sempre e a tecnologia também ajuda. Não é o ideal, mas ela sabe que o melhor para a nossa filha é crescer longe dessa bagunça.
- Eu estou tão feliz com essa proposta que nem sei o que dizer. Brasil foi a virada da minha vida, voltar para lá é também um desejo meu. Eu aceito casar com você no Brasil.
A noite foi longa. Sexo, amor, conversa e muita troca de carinho. Depois de tantas idas e vindas, depois de quase perder nossa liberdade, merecemos uma vida menos conturbada. Merecemos viver o nosso amor.
Fim do capítulo
Clima de despedida de Astrum...
Vocês já devem ter percebido que meu tempo está um pouco louco, sorry. Ah, capítulo só semana que vem de novo.
That's all.
Comentar este capítulo:
Flavia Rocha
Em: 15/04/2018
Que história mais linda. Muito emocionante. Obrigada, autora, por compartilhar.
Resposta do autor:
Obrigada :D.
Eu que agradeço por ler.
Abs.
Larissal200
Em: 08/04/2018
Parabéns, autora. Cada dia mais apaixonada por essa estória linda. Mon e Sara, já com saudades.
*_____*
Resposta do autor:
Obrigada!
Mon e Sara vão deixar saudades mesmo.
Abs.
[Faça o login para poder comentar]
Laura Veigas
Em: 07/04/2018
Que capÃtulo tão bem escrito e maravilhoso. Você só se supera cada vez mais. E esse final de capÃtulo? Coisa mais linda e suave. O engraçado é que não teve aquelas descrições tórridas de cenas de sexo, mas jamais perdeu o espÃrito da coisa que se encontra muito além disso, se encontra em gestos e em sentimentos. É uma pena que a minha história favorita esteja chegando ao, mas sempre na esperança de que você irá nos presentear com algo tão maior e belo quanto A Fortiori e Astrum. Meus parabéns!
Resposta do autor:
Olá, Laura (eu adoro esse nome).
Obrigada pelas palavras :D.
Ai, maior? Vocês ficam criando expectativas hahahaha.
Abs!
[Faça o login para poder comentar]
Donaria
Em: 07/04/2018
Olá Bastiat...você acha engraçado eu falar como se te conhecesse? mas nos leitoras conhecemos nossos autores, é claro que conhecemos vocês....ora pois!!! Convivemos e conversamos com vocês meses a fio... não se iluda, quando se escreve com o coração, sempre é colocado uma pitada de você em cada personagem. Quando a autora é linear em suas historias, ela cria personalidade para seus personagens, e essa personalidade leva uma pitada da criadora.... Eu acho que posso arriscar alguns palpites sobre sua personalidade (bastiat), levando em conta o que li na sua historia e nas trocas de comentarios...Vejamos, vamos palpitar...acho que você é inteligente (essa é facil né rsrsrs), disciplinada, discreta, empatica, timida com elogios, chego a ver você contorcendo na cadeira de vergonha com os elogios rsrsrsrsr. Hummm .... o que mais... acho que você não é jovem, tipo 24 ou 28, acho que você tem mais um pouquinho, e se for jovem tem uma alma antiga. Enfim vocês autores se apresentam e doam seus sentimentos/historias e nos leitoras os enxergamos e aceitamos esse presente lindo, obrigada por Astrum e fortiori, e que venham muito mais historias lindas por ai. beijos e já estamos com saudade....
Resposta do autor:
Olá, de novo.
Claro que acho engraçado.
As vezes colocamos no papel alguém que gostaríamos que fossemos.
Inteligente? Não... Disciplinada sempre, discreta também. Empática... depende do ponto de vista. Quando eu digo tímida é mais no contato social, não uma timidez que me faz travar, ficar me contorcendo (isso nunca haha, nem em imagino fazendo issso). Não sou uma tímida fofa como acredito que você imagina. Sou uma tímida que ouve um elogio, fica sem graça, sorri, agradece e muda de assunto. "Nem vermelha ela fica" acabou de falar alguém ao meu lado.
Como assim eu não sou jovem? Completei 23 anos de idade há pouco :O. Um misto de juventude com seriedade, sim... mas alma antiga acho demais.
E quem agradeço pela sua leitura :D.
Beijos.
[Faça o login para poder comentar]
Donaria
Em: 07/04/2018
Olá autora...pelo jeito o fim da minha historia preferida já está próximo, Astrum será um divisor de água na minha leitura lésbica, sempre fui chata ao escolher minhas leituras, a historia não precisa ser escrita por Sidney Sheldon, mas ela precisa ter alma, eu preciso sentir aquele baque no final....tipo....Meu Deus!!! a Sara e a Mon não são reais!!! Não adianta eu stalkear Face, Instagram ou Twitter, pra saber o que elas estão fazendo depois do final, elas não existem :( .... mas você me fez crer que elas são reais, a ponto de sentir tudo isso e ficar com saudade. Por isso amo ler, eu viajo no mundo da leitura, mas não são todos autores que conseguem me fazer viajar... você me faz! Inclusive desta vez você me levou pra eslovenia ...rsrsrsrsrs. Esse capitulo foi fantastico, a Sara com ciuminho e a Mon a pedindo em casamento foi tudo de bom, e elas voltarem pro Brasil então.. ai foi a cereja do bolo, Mon fazendo tudo pela Sara... ai ai ai minha diabete supitou de tanto docinho. Aguardando o proximo com ansiedade, torcendo pra não ser o último e você nos agraciar e escrever um bonus. beijos
Resposta do autor:
Olá, leitora.
Olha, que interessate você ser chata para escolher e gostar da minha haha.
Eu fiquei imaginando agora uma rede social de uma das duas hahahaha. Estranho pq sou tão nem aí para isso e elas lá conectadas haha.
Eslovênia é um país fantástico!!!
Capítulo fofo haha.
Não será o último e não terá bonus haha.
Beijos.
[Faça o login para poder comentar]
Nat
Em: 07/04/2018
Pelo amor de God, diga que você vai voltar com uma nova história?
Diz que sim, por favor hahahahah.
Amei o capítulo.
Sophie e os e comentários que adoro kkkkkkkk. Ela tem aquele humor. Hahaha
Bjs
Resposta do autor:
Claro que voltarei, só não sei quando ainda.
Obrigada ;D.
Tem é? Hahahaha, imagino que seja uma pessoa engraçada mesmo.
Beijos.
[Faça o login para poder comentar]
Jo Santos
Em: 07/04/2018
Boa tarde, moça!
Eu já estava em abstinência da tua história tão gostosa de ler e principalmente por ser uma das poucas que acompanho. Não nos deixe, tuas leitoras e fãs na inércia, Bastiat. Sou fã do teu sobrenome, além, claro, de ser da grande autora também. Concordo com a leitora Preguicella, tua história tem um contexto tão real e agradável de se ler que não queremos parar nunca mais. Isso é a essência, personagens tão reais e que podemos levar de fato, para nossa realidade. Aprendo muito com tuas histórias. São simplesmente fantásticas. Leve, suave, de um contexto tão real. É disso, exatamente que gosto e procuro nas histórias que leio, essência, amor, algo concreto e que faça sentido, coisa que você poderia tornar em um clichê, como problemas, como todo mundo tem na vida, você simplesmente transforma tudo em algo tão gostoso e simples.
A essência da tua história, me transborda de felicidade.
Grande Bastiat, um grande abraço, moça! Com todo carinho e admiração.
Cor.almt. : Jô.
Resposta do autor:
Olá, Jô.
Não vou mentir, deixarei por um tempo rsrsrsrs. Fã do meu sobrenome? Gente... nunca pensei. É um sobrenome normal haha.
Obrigada pelas palavras tão gentis:D. Sinto-me feliz por vocês sentirem tanto as personagens.
Um grande e carinhoso abraço para você também.
[Faça o login para poder comentar]
preguicella
Em: 07/04/2018
Exatamente, o final do capitulo sempre deixa um gostinho de quero mais, principalmente pq estamos na reta final da história!
Concordo com Sonhadora, sua história é uma mistura que deu certo, é simples sem ser superficial, aliás, de superficial não tem nada, as emoções e sentimentos são profundos, a "função social" é interessante, falar das dificuldade que um refugiado enfrenta, a xenofobia é feia, faz mal, e olha que a gente viu a parte boa, em que uma refugiada foi bem e recebida e teve apoio para crescer. Enfim, mais uma bela história!
Quanto ao tempo, a gente espera, a gente sempre espera! ;)
Bjão e até o próximo!
Resposta do autor:
E achei bem terminada, nem coloquei suspense hahahaha. Brincadeira.
Bem recebida até certo ponto, não é?! Mas sim, felizmente para Sara deu tudo certo.
Obrigada :D.
Beijos.
[Faça o login para poder comentar]
sonhadora
Em: 07/04/2018
Ah poxa, já tô com saudades!!! Esse capítulo deixou um gostinho de quero mais.... beleza de história, forte e sensível numa mistura que deu certo, aliás tudo que você escreve fica assim, tenso, dramático, leve, sensível e cheio de sentimentos que me toca fundo na alma!!! Parabéns!!!
Beijos de Luz!!!
Resposta do autor:
Hahahaha, calma, não precisa ficar com saudade já.
Obrigada pelas palavras :D.
Beijos.
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]