~ POV CAMILA ~

 

Ainda desesperada no que fazer, comecei a lembrar do meu passado, o que fizeram comigo naquela festa, da forma que eles agiram comigo, e pensando se eu não tivesse desmaiado, estaria lá suportando cada dor de cada agressão que sofri naquela noite... Seja lá o que estiver acontecendo, ele a machucou, está evidente isso pra mim, já comprei essa briga mesmo e o que vier agora é lucro, vou levar ela comigo! 

 

- Alicia, não há mais nada o que fazer aqui, o que eu lhe oriento agora é dá uma queixa relatando que seu apartamento foi invadido e que quebraram praticamente tudo. Preciso saber de você se você tem ideia de quem seja? – Eu estava agachada de frente pra ela.

 

- É, eu ... eu tenho ideia de quem seja. – Sua voz saiu tremula.

 

- Ótimo, podemos fazer isso? – Segurei em suas mãos.

 

- Não. – WTF?

 

- Alicia, me escuta. Seu apartamento acabou de ser invadido, você recebeu ameaças hoje no shopping onde supostamente alguém está lhe seguindo, você precisa intervir que algo pior venha a lhe acontecer, preciso que confie em mim. Não podemos deixar pra lá isso, as coisas podem piorar. – Eu estava nervosa já com a sua atitude.

 

- Camila, foi o Luan. – Sim, eu sei e todo mundo sabe “dã”

 

- Tudo bem, não importa agora quem foi, o que importa é que temos que ir na delegacia da uma queixa.

 

- Eu não posso.

 

- Como assim não pode, Alicia? – Levantei já passando as mãos pelos cabelos.

 

- Tem explicação pra essas atitudes dele.

 

- Sim, e quais são? – Juro que já estou nervosa, já quero esganar ela.

 

- Ele não aceita o termino, eu vou procura-lo essa semana e vou conversa com ele... É que ele não está sabendo lidar com isso, não posso dá uma queixa dele assim sem mais nem menos.

 

- Oi? Como assim Alicia.... Quer dizer que ele pode te ameaçar, fazer o que fez ai no seu pulso, vim em seu apartamento e quebrar tudo e você não pode dá uma queixa sem mais nem menos, ou seja, sem motivos? – Eu já estava alterada, minha voz já era estrondosa assustando todos que estavam ao redor.

 

- Camila, por favor, podemos sair daqui? – Sua voz era calma e suave, parecia que nada tinha acontecido pra ela.

 

- Ok. Vamos! – A puxei pela mão e agradeci aos vizinhos.

 

Fomos em direção ao meu carro, eu estava bufando de raiva, ela era muito teimosa, olha o estado do apartamento e como as coisas estavam se encaminhando e ela disse que não pode da queixa sem mais nem menos, no mínimo essa garota é maluca, e ainda vou ter que levar ela comigo, era só o que me faltava.

 

- Camila, eu sei que você deve estar confusa nesse momento, eu só te peço que tenha paciência comigo, eu preciso digerir tudo agora, eu sei que devo da queixa, e eu vou fazer isso, mais preciso colocar minhas ideias em ordem, ou ao menos conversa com ele primeiro, por favor. – Ela me olhava, seus olhos já estavam cheio de lagrimas.

 

- Tudo bem, você sabe o que é melhor pra você. – Ah, tô com raiva rum.

 

- Nossa, grossa! – Ela virou pra frente, cruzando os braços parecendo aquelas crianças mimadas.

 

- Hum. – Nem me dei ao luxo de responde-la.

 

- Pra onde estamos indo? – Ela me olhou assustada.

 

- Pra minha casa. – Olhava fixamente o transito.

 

- Ouuuuuush, porque sua casa? Perguntou ao menos se eu queria? – Ela se exaltou.

 

- Uai, e você pretendia ir pra onde mesmo lindinha? – Comecei a alterar a minha voz.

 

- É... – Ela abria e fechava a boca como se não tivesse pensado nessa possibilidade.

 

- Imaginei. – Soltei uma risada bem sarcástica.

 

- Pro hotel, ou uma pousada uai.

 

- Ótimo, ainda dá tempo, qual pousada ou hotel você quer ir? – Parei o carro no acostamento.

 

- Porque você é assim, hein? – Ela tirou o cinto e virou pra mim.

 

- Eu estou lhe fazendo um favor, ainda estou te levando pra minha casa, e você age dessa forma e quer que eu seja como, hein? – Que garota ingrata viu.

 

- E precisa jogar na minha cara que está me ajudando? Idiota. – Cruzou os braços de novo e fez bico.

 

Já tinha perdido a minha linda paciência desde a hora que ela me disse que não queria da queixa, resolvi nem prolongar isso. Voltei a atenção ao volante e continuei indo pra casa, se ela quisesse lá ir pra hotel ou o caralh* a quatro ela ia sozinha, porque pra mim já deu.

Estava quebrando todas as minhas regras com essa garota, e uma delas era levar alguém desconhecido pra meu apartamento, eu não sabia nem mais como voltar atrás, doida pra que ela quisesse ir pro hotel mesmo, meu peito queimava de tanta raiva de como tudo estava acontecendo, mas ainda sim sentia a necessidade de cuida-la, não teria coragem de deixa-la sozinha nessa altura do campeonato, pra ser mais precisa, as 1:45h da manhã.

Estacionei o carro na minha vaga, ela me olhava emburrada a todo momento, eu nem dava muito ibope, no elevador e a todo o momento o silencio era nosso melhor amigo, melhor assim, não estava afim de entrar em outra discussão com essa coisa mais linda do mundo. Entrei em casa, dando passagem para que ela entrasse, como sempre o meu apartamento a escuridão se fazia presente, apenas 2 abajur ligados, que a Jaci deixava para quando eu chegasse.

 

- Você quer alguma coisa? Agua, suco ou algo especifico?

 

- Não, obrigada! Seu apartamento é lindo. – Ela olhava tudo em volta.

 

- Obrigada, me acompanhe que lhe mostrarei o quarto que irá dormir. – Segui em direção ao quarto sendo acompanhada por ela.

 

Meu apartamento era bem amplo, uma cozinha enorme com uma sala de jantar, logo ao lado uma sala de estar que tinha um minibar que eu adorava, lá pra dentro tinha uma sala de vídeo, e ao lado tinha o escritório e no andar de cima ficava meu quarto, o do Guga e mais dois quartos de hospedes, porém um a baba do Guga usava para ficar sempre próximo dele caso viesse precisa dela, e no último andar ficava uma sacada. Na sacada podia ver a vista do mar, era toda aberta, ficava uma piscina pequena e uma mesa de sinuca (nem tinha amigos para jogar isso kkk) e uma churrasqueira (também nunca usada), ou seja, praticamente era tudo enfeite, só de vez em quando eu e o Guga tomávamos banho de piscina, fora isso, não existia mais nada.

Cheguei ao quarto de hospede e a acomodei, expliquei onde estava tudo, que no banheiro tinha toalhas e material de higiene pessoal, falei que se precisasse de algo poderia bater na porta do meu quarto. A deixei e seguir para o meu quarto, eu me sentia exausta, a minha cabeça parecia que ia explodir, comecei a me despir, e fui para o banheiro. Resolvi tomar um banho completo, fiquei de baixo do chuveiro mais de meia hora, deixando aquela água gelada cair sobre mim, a espera de que todo cansaço e preocupação fosse embora junto com a água... Logo após me enxuguei e peguei uma toalha para secar o cabelo, e distraída sai do banheiro secando o cabelo com a toalha, até que tomo um susto.

 

- Ai que SUUUUUUUUUUUSTO. Ta louca? Como entra assim em meu quarto? – Sai correndo pra buscar uma toalha. – E ainda me pegando desprevenida.

 

- Estamos quites agora, você me viu nua e agora eu te vi nua, a propósito, muito lindo a vista. – Ela gargalhava em cima da minha cama, que garota abusada.

 

- Af, diz o que quer Alicia. – Relaxei os ombros. – E porque está apenas de toalha?

 

- Então, vim aqui lhe pedir uma roupa emprestada. – Falou com voz de dengo fazendo biquinho. Juro que me perdi nessa cena, meu corpo já estava em chamas pelo corpo dela, pela boca, pelo tudo... – Ei... Psiu... tem alguém ai? – Ela chamou a minha atenção.

 

- Ah sim, vou pegar uma roupa pra você. – Seguir pro closet e peguei um baby doll para ela e lhe entreguei.

 

- Obrigada senhorita. – Piscou pra mim e foi para seu quarto.

 

Essa garota quer me deixar louca, só pode!

Voltei a secar meu cabelo, logo após comecei a lembrar do seu jeito, como era tão espontânea, como conseguia manter o sorriso nos lábios mesmo perdendo tudo, estando passando por essa situação difícil, e isso era incrível, se fosse eu já teria matado ele com minhas próprias mãos, deixei escapar um sorriso.

Voltei para o quarto, vesti minha roupa e comecei a organizar a cama para deitar, desliguei a luz e deitei. Puro engano, rolei pra um lado, rolei pra outro e não conseguia dormir, resolvi levantar e ir até o seu quarto, só pra saber se estava precisando de algo, só por isso mesmo.

Assim que rodei a maçaneta, pude perceber que o abajur estava ligado.

 

- Oi... – Ela estava deitada de lado, virada pra porta.

 

- Ainda acordada? – Falei apenas com a cabeça pra dentro do quarto e o restante fora.

 

- Não conseguir dormir. – Ela solta um sorriso forçado e bate na cama me chamando. Ai meu coração...

 

- Você precisa de algo? – Entrei fechando a porta e sentando na beira da cama dela.

 

- Sim...

 

- De que? – Ela se levantada da cama, sentando ao meu lado.

 

- De um abraço, pode me dá? – Como alguém podia ser fofa assim, gente...

 

- É... Eu confesso que não sou muito dessas coisas de... – Nem terminei de falar ela me abraçou.

 

Eu sentia meu corpo todo tremer, eu nunca tive esse gesto de afeto de alguém comigo, não sabia nem como agir nem o que fazer mediante a sua atitude.... Mais pra ela parecia o mundo, ela me abraçava tão forte, seu rosto estava em meu pescoço, podia sentir sua respiração descompassada, seu coração acelerado... Até que sinto uma de suas mãos puxar a minha para abraça-la, e assim fiz, comecei a acariciar as suas costas em um movimento que não era eu, na verdade, era eu kkk... Meu corpo já estava em chamas, eu precisava beija-la, eu sentia essa necessidade, eu queria ela, pronto falei!

Em um movimento rápido, puxei o seu queixo para mim, fazendo ela me olhar, sua pupila estava dilatada, podia ver desejo em seu olhar, eu não perderia mais tempo, comecei a me aproximar, já sentíamos nossas respirações se cruzarem, fui me aproximando bem lentamente da sua boca, que estava entre aberta, até que vejo o seu sinal... Ela fecha os olhos, me aproximo mais rápido, quando encostos nossos lábios, a sinto suspirar.

 

- Eu estou com medo. – Suas lagrimas começaram a cair descontroladamente.

 

- Eu vou te proteger. – Sussurrei na sua boca.

 

Senti suas mãos invadindo a minha nuca, fechei os olhos com esse ato, suspirei de prazer e não me convite, colei nossos lábios, no começo a sentir resistente, continuei e pedir passagem com a minha língua e logo fui atendida, nosso beijo se encaixava perfeitamente, sua língua enrolava na minha em um beijo calmo, suave, explorei cada canto de sua boca, dando leves puxadas em seus lábios... Ficamos nos saboreando por alguns minutos, até que a sinto cessar os beijos com pequenos selinhos, logo abro os olhos e a vejo me olhando, vou me afastando aos poucos dela, comecei a temer por sua reação.

 

- Deita aqui comigo até eu dormir? – Ela começa a se ajeitar na cama me puxando pela mão.

 

- Certo... – Deitei ao seu lado e logo ela colocou a cabeça no meu ombro. – Porque eu Alicia? – A pergunta que eu queria faze-la a muito tempo.

 

- Como assim, porque você? – Sua voz era suave e sonolenta.

 

- Eu sou o tipo de pessoa que a sociedade evita... E pude perceber que você insistiu muito em está perto de mim.... – Falei em um folego só.

 

- Porque você acha que a sociedade te evita? – Ela levantou o queixo para me olhar melhor.

 

- Não sei, talvez eu não saiba lidar com a sociedade? – Sorri de lado.

 

- Se eu for pelo menos esse 1% da sociedade digo que você mandou muito bem... – Abriu um lindo sorriso e isso estava me deixando a cada momento mais derretida por ela.

 

- Só você mesma. – Fechei os olhos.

 

- Camila....

 

- Oi.

 

- Obrigada por tudo, viu? – Beijou meu pescoço, e isso ativou novamente o meu infra vermelho hahahaha.

 

- Quer me contar o que houve no sábado com você? – Ainda falava de olhos fechados.

 

- Sim, acho que é o momento certo.

 

A Alicia começou a narra tudo que ocorreu com ela no sábado, como o seu pulso e pescoço ficou machucado, que ele quebrou o celular dela por esta tocando, lembrei que nesse horário era eu quem estava ligando pra ela, se não fosse esse imbecil eu não teria passado o que passei o final de semana por não saber notícias dela, a cada momento que ela ia me contando ia me subindo mais raiva dele, eu já estava nervosa, e ela percebeu e tentou me acalmar de diversas formas carinhosas, que mulher perfeita viu? Logo após me contou como conheceu o Luan, como chegou aqui com ele, e o medo de denuncia-lo, o que a impedia de fazer isso, e ela tinha os seus motivos mais nenhum deles me convenceu de que não devíamos denuncia-lo, eu já estava decidida de quando acorda irmos direto a delegacia prestar queixa, e ela não iria me fazer desistir... E assim ela continuou narrando tudo, até que terminou, eu nada disse, apenas continuei com os olhos fechados ouvindo cada palavra sua, e quando dei por mim já estávamos deitadas e abraçadas como um casal apaixonado, kkkk, ela fazendo carinho em meu rosto e eu fazendo carinho em suas costas, e eu? Estava amando, nunca me senti tão bem, tão amada em toda a minha vida.

 

Fim do capítulo