​~POV ALICIA~

 

A segunda-feira chegou e com ela a volta da realidade, acabei saindo um pouco mais cedo da casa do Bernardo pra poder passar em casa e pegar minha roupa pra poder trabalhar, o Bernardo foi mega gentil comigo e ainda falou que se eu quisesse fica na casa dele essa semana que eu poderia e perguntou novamente se eu não queria denunciar o Luan, agradeci por toda a gentileza e sua amizade, mas preferi voltar pra casa e seguir com minha vida, porém ainda decidida procurar o Luan durante a semana pra poder resolver tudo que aconteceu.

Chegando em casa tomei um banho, coloquei uma roupa simples e seguir para o trabalho, ao chegar a toda poderosa já se encontrava, como era de praxe quando ela ia a empresa sempre chegava primeiro que todo mundo... Coloquei minha sala em ordem, conversei com a minha equipe de setor pra saber o que iriamos fazer nessa segunda-feira e resolvi ir na sala dela pra poder agradecer pela sexta-feira e me desculpar, pelo menos da parte do beijo que eu me lembrei...

 

Bati em sua porta e logo ouvir a sua autorização, sem nem ao menos verificar quem seria, normal né, melhor eu me acostumar com isso!

 

- Entra. – Entrei indo em direção a sua mesa.

 

- Bom dia Srta Camila. – Eu realmente queria paz naquela manhã, tentei transmitir a melhor voz e não transparecer que eu não estava bem.

 

- Bom dia Alicia, vejo que está bem melhor que sexta. – Sua voz firme, seu olhar penetrante tem um efeito em mim, quando ela falou comigo, levantando a cabeça pra me olhar “pelo menos dessa vez olhou”, sentia que minha alma saia do corpo naquele momento.

 

- É... Eu acho que sim. E é justamente da sexta-feira que vim falar contigo. – Eu não tinha ideia de como começaria essa conversa, mas senti seu semblante mudar quando toquei no assunto da sexta.

 

- Pois diga, e seja breve, estou muitíssimo ocupada. – BINGO, sua postura mudou totalmente e seu ar arrogante voltou a cena.

 

- Serei, só queria agradecer por me levar pra casa e cuidar de mim, amanheci muito bem, e se não fosse a senhorita nem sei como seria meu final de noite. – Preferir deixar essa história do quase beijo pra lá e encerra logo essa conversa, eu estava sem saco pra sua frieza.

 

- Creio que preparei você muito bem para o final de semana. – Voltou a me olhar como se quisesse decifrar o meu interior.

 

- Não entendi? – O que ela quer dizer com isso?

 

- O que houve com seu pulso? – Logo ela mudou de assunto perguntando meu pulso, a raiva começou a subir pra cabeça, em um flash rápido lembrei da brutalidade do Luan, senti as lagrimas presas na minha garganta, e resolvi fugir dali.

 

- Ah... Nada não, eu preciso ir. Mas uma vez obrigada pela sexta-feira e desculpa todo transtorno que lhe causei. – Escondi os pulsos e sai disparada da sua sala.

 

- Ei, Alicia... – Ainda pude ouvi-la me chamar, mas eu não estava pronta para falar ou ter que mentir do possível ocorrido.

 

 

Sai daquela sala totalmente transtornada, eu não imaginava que ela repararia meus pulsos roxos, e pelo que observei deve ter visto no meu pescoço também, que estava com um kg de maquiagem, que com certeza não deu um efeito esperado por mim... então nem olhei pra trás, nem deixei ela terminar de falar o que queria, aquele assunto já tinha me machucado demais durante final de semana eu não queria envolver outras pessoas nisso.

Assim retornei as minhas atividades e quando estava perto do almoço os meninos saíram antes e eu recebi ligação da minha mãe, até porque eu não tinha falo com ela esse final de semana porque acabei ficando sem celular, inclusive vou tirar meu horário de almoço pra ver se eu consigo comprar um e logo...

Assim que ouvir a voz da minha mãe eu não aguentei e comecei chorar, a saudade de um colo, a saudade das palavras certas bateu nesse momento, eu só queria está com ela, ouvir sua voz dizendo que tudo ficaria bem, ou me dizendo que foi apenas um sonho... e só pelo meu tom de atender minha mãe já sabia que algo aconteceu, acabei contando pra ela, não queria, faria ao máximo para não deixar eles preocupados, mas sabe quando a gente fala com a mãe e deixa todas as barreiras de lado, já era, ai tem que contar a verdade mesmo.

Ela falou que era pra eu ter denunciado assim como o Bernardo sugeriu, mas eu a tranquilizei dizendo que ele não estava normal e que eu iria procurá-lo essa semana pra poder conversar, que com certeza isso não iria mais ocorrer, ela começou a chorar do outro lado da linha se martirizando por não está comigo, por tudo que ocorreu na minha vida eu praticamente lutei sozinha para poder dá o melhor para eles, e nessa altura já chorava ela, já chorava eu e ainda pude ouvir meu pai ao seu lado chorando também, até que percebi que já tinha chamado a atenção de uma grande parte da empresa “malditos vidros”, e tentei tranqüilizá-los, dizendo que estaria saindo agora para o almoço para comprar um celular e ligar a noite para eles, com muito custo minha mãe aceitou e desligamos, cada um com seu coração apertado pela distância.

Minha convivência com meus pais sempre foi perfeita, nós conversamos sobre tudo, mesmo sendo pessoas pacatas, de roça, sem estudos, na sua religião, eles sempre foram abertos comigo e meus irmãos, qualquer problema nunca hesitávamos em conversamos uns com os outros. Eu era a mais velha dos filhos, então sempre ajudei meus pais a criar meus dois irmãos que é o Pedro Lins, hoje com 14 anos e o Davi Lins com 17 anos, e como eles precisavam sair pra trabalhar eu ficava com meus irmãos, então nosso carinho e respeito são além de irmãos, todos os dias eles me ligam, e se não ligarem mandam o dia todo mensagens no WhatsApp, as vezes até se uma agulha furar a ponta do dedo deles eles me dizem, hahahaha, eu acho até engraçado, mas amo, amo muito os dois. O Davi está concluindo o ensino médio e me pede todos os dias para vim morar comigo na cidade, pois ele quer ser médico, sempre foi muito estudioso, as melhores notas nas escolas, nunca deu trabalho aos meus pais, e eu agradecia por isso, porque sabia que na minha ausência ele assumiria a casa. Com certeza minha intenção é traze-lo pra cá e torcer para que ele se torne um ótimo médico, mas falei a ele que teria que passar na federal, sem passar não há trato, mas só foi pra incentiva-lo mesmo, porque sem dúvidas ele passaria.

Estava mais calma e resolvi sair pra almoçar, no caso, pra comprar o celular que o idiota do Luan quebrou, porém não encontrei nada do meu agrado, e também não estava me sentindo bem e o tempo estava meio quente, preferi ir ao restaurante mais próximo e comer qualquer coisa e voltar pro trabalho, iria me preocupar com isso quando saísse daqui, pretendia passar no shopping pra comprar ou amanhã via isso caso não desse pra hoje, e não teria pressa e antes de ir embora eu ligo pra minha mãe pra falar.

À tarde foi chegando e acabei me distraindo no meu trabalho, consegui dar algumas risadas com os meninos na sala, porém não conseguia mais olhar na sala da toda poderosa porque se eu tive coragem de fazer aquilo bebendo, principalmente por tentar beijá-la, é porque ela estava despertando algo dentro de mim e isso não era certo, não era os princípios que cresci, não foi isso que meus pais me ensinaram, mesmo não tenho nenhum preconceito referente a sexualidade, mas eu preferi me afastar antes que começassem a surgir sentimentos da minha parte e principalmente da dela, só que por mais que meu pensamento fosse de estar longe dela o meu coração não queria isso, mesmo evitando olhar pra sala dela toda tarde, todo momento o meu coração pedia diferente, e isso estava me deixando angustiada, nunca fui de fugir de sentimentos, nunca me privei de conhecer algo novo, mesmo tendo apenas o Luan, mas tudo com ele eu me permitia, então sempre soube que estaria preparada para um novo amor se não viesse dar certo com ele, e hoje mesmo frustrada, traída, machucada ainda sim estou aberta para novos amores, agora com mulheres? Acho que não. Nunca me senti atraída por nenhuma, nunca tive desejos e nunca me imaginei beijando uma... Mas com a toda poderosa é diferente, ela desperta dentro de mim sentimentos jamais percebidos, desejos loucos, ate sonhos eróticos eu tive com essa mulher, o que será que esta acontecendo comigo... Falando em mulheres, percebi que a Gabriela não tinha vindo na minha na minha sala hoje e nem foi falar comigo e todas as vezes que passava pela porta da sala ela nem olhava, mas eu estou com tantos problemas hoje que não tenho tempo para pensar na Gabriela agora, nem muito menos para entender o porquê dela está diferente comigo, até porque nessa historia quem deveria está muito chateada e diferente era eu, por todos os limites que ela ultrapassou naquela noite! Agora quem sou eu pra falar de limites ne, porque meu limite foi além do meu normal ao tentar beijar aquela boca linda, macia, e que cheiro intrigante aquela mulher tinha, parecia que eu ficava hipnotizada perto dela, acho que poderia viver o resto das minhas vidas naqueles braços, sim eu me lembro que fiquei um bom tempo caída naqueles braços.

Nossa, olha o que eu já estou pensando, melhor voltar aos meus afazeres... E assim fiz, foquei novamente nos meus trabalhos, meus projetos e o final da tarde foi se aproximando e pude perceber a toda poderosa saindo, quando olhei no relógio era o horário que o sol estaria se ponto naquela vista linda da cafeteria, e em um impulso eu levantei e quando cheguei na porta a razão começou a falar se realmente eu deveria ir, se realmente eu deveria encarar de frente o meu problema, os meus dilemas, e ai veio o coração louco para cair naqueles braços novamente, louco para sentir aquele cheiro maravilhoso, louco para olhar aqueles olhos penetrantes que faz qualquer pessoa perde as estribeiras, e ai eu te pergunto, entre a razão e a emoção, quem ganha?

 

Acertou quem disse a emoção, pois aqui estou eu a caminho da cafeteria, para ser mais clara, sentando na mesma mesa que ela, ficando de frente para aquela que está invadindo os meus pensamentos sem pedir licença.

O seu olhar sobre mim era penetrante, como se estivesse surpresa por eu esta ali de frente a ela, retribuindo cada olhar, com a respiração descompassada, com meus pensamentos em beijá-la, senti-la... Acho que eu estou... Enlouquecendo!

 

Volto a fitar o mar, aquele mar que leva todos os problemas embora, que só trás a paz, e começo a sentir essa paz dentro de mim, até que sinto suas mãos se aproximando de mim, e com as pontas dos dedos passando por cima do meu roxo, eu faço a menção de tirar as mãos de cima da mesa, até que ela impede me segurando com delicadeza.

 

- Deixa. – Sua voz era firme e suave.

 

Meu corpo estava em brasas apenas com seu toque, fiz o que ela pediu e fiquei observando-a, ainda com as pontas dos dedos passando pelo meu pulso machucado, me penetrando com aqueles olhares como se pudessem desvendar tudo que ocorreu naquela manhã com o Luan.

 

- Te liguei... – Ela ainda me olhava firme.

 

- Meu celular quebrou. – Minha voz saiu no sussurro que quase não era possível se ouvir.

 

- Foi ele? – Ainda continuava fazendo contornos em meu pulso.

 

- É... – Não consegui falar mais nada.

 

Lagrimas começaram a invadir a minha face descontroladamente, me senti fraca perto dela, como se ela fosse o meu porto seguro, como se ela estivesse ali pra me proteger, enxugar todas as minhas lagrimas, eu não tinha forças pra ser dura perto dela, eu temia que isso pudesse acontecer, e então aconteceu.

Ela afastou rapidamente suas mãos das minhas, deu um murro forte em cima da mesa, vi seu olhar fitar o mar depois de longos minutos como se estivesse tentando manter o controle logo virou para mim.

 

- Eu vou matar ele. – Fez a menção de levantar da mesa.

 

- Camila, por favor, senta. – Minha voz era de desespero, assustada com a sua reação, a toda poderosa preocupada comigo.

 

- Porque ele fez isso em você, Alicia, por quê? – Seu tom era alto e grosso, podia sentir a raiva saindo por seus olhos.

 

- Camila, por favor, fica calma, não estou entendendo a sua reação, porque se importa?

 

- Eu te fiz uma pergunta Alicia, eu exijo uma resposta.

 

- Ei, ei calma ai, porque eu deveria lhe da essa resposta? Eu realmente não estou entendendo o porquê da sua revolta com isso, tudo bem que pode esta preocupada por eu esta roxa e tudo mais, porém... – Ela não me deixou nem concluir a frase.

 

- Alicia, me desculpe, eu me descontrolei. Mas por favor, me diga, porque ele fez isso com você? – Ela estava mais calma, porém passava suas mãos a cada segundo por seu rosto e nuca.

 

- Camila, é complicado. Você não sabe nada sobre mim, nada sobre a minha vida e meu relacionamento.

 

- Então ele ainda é “seu relacionamento”?

 

- Não foi isso que quis dizer, não tenho mais nada com ele, eu quis dizer referente a você não saber nada a meu respeito.

 

- Então me diz, me conta as coisas sobre o teu respeito. – Ela parecia tensa e encostou-se na cadeira.

 

- Porque esta tão interessada assim em saber sobre a minha vida?

 

- Porque não para de me responder com perguntas, acho que seria melhor para a nossa comunicação, não acha? – Resmungou.

 

- É porque realmente eu não consigo lhe entender, mal olha na minha cara, na cara das outras pessoas e agora essa preocupação. Primeiro aquele piti no bar, beleza, sou grata pelo que fez por mim, e agora me exigindo dessa forma uma explicação, eu estou começando a ficar assustada com isso.

 

- Desculpe-me, não sou boa com pessoas. – Fez uma cara de decepção e voltou a fitar o mar.

 

- Ufs, tudo bem, eu que te peço desculpas agora. -  Me arrependi no tom grosseiro que acabei de tratá-la, eu via que ela estava tentando, pelo menos manter uma comunicação comigo.

 

- Hum. – Ainda olhava o mar sem desviar sua atenção dele.

 

Resolvi ficar em silencio, eu tinha acabado de tratá-la mal, e também não conseguia agir diferente, eu queria entender, eu sabia que ela era a maior pegadora de Salvador, que poderia ter qualquer mulher, também tinha consciência de que ela poderia esta com segundas intenções comigo, mas querer saber de mim, isso muito me admirou, eu não estava sabendo lidar com essa situação, muito menos com essa atitude dela, não era isso que as pessoas falavam dela, não era essa mulher que apenas em alguns contatos eu pude perceber o quão arrogante era, e porque isso comigo?

A escuridão da noite já se apossava daquele mar, sabia que a qualquer momento ela levantaria e iria embora, e eu deixaria aquela chance de me aproximar, de tentar entender ela, de ate conseguir a sua amizade, ir por água abaixo, até que mais uma vez a razão perdeu e a emoção tomou conta.

 

- Vamos ao shopping comigo comprar celular? – Sorri de lado.

 

- Primeiro me trata mal e agora me convida pra ir ao shopping com você? – Ergueu uma sobrancelha.

 

- Vamos pontuar o trata mal aqui, tenho na minha memória todos os momentos que a senhorita me tratou super mal. – Af acho que acabei de estragar tudo.

 

- Vamos ao shopping comprar o celular. – Falou firme e logo se levantou seguindo pra saída.

 

Que mulher misteriosa, viu? To gostando disso! Automaticamente abrir o maior sorriso diante daquele ato, yes, eu acho que estou domando a fera, hein... Logo em seguida voltei ao escritório, já passava das 18hs, então não havia mais ninguém, entrei na minha sala, arrumei minhas coisas e comecei a desligar as maquinas e fitei a sala da Camila, ela estava fazendo a mesma coisa que eu, até que a vejo colocando a sua bolsa no braço e saindo, acompanho cada movimento dela, e a cada passo que ela dá meu coração parecia palpitar, fiquei tão vidrada nisso que não percebi quando ela parou em frente à minha sala e fez cara de interrogação pra mim, e ainda sim eu estava em outra dimensão, até que sou despertada do meu transe com a sua voz autoritária.

 

- Vai ficar parada ai me olhando? – Ergueu a sobrancelha.

 

- Af grossa, me distrair. – Ela revirou os olhos e saiu na minha frente.

 

Não sei se vi bem mas senti um meio sorriso se fazer em seus lábios... Logo a segui em direção ao estacionamento, eu não costumava ir de carro pro trabalho por morar perto, então não tivemos problemas enquanto a isso, fomos no carro dela. Era um Compass 2.0 Flex da Jeep, branco, perfeito por dentro. Sentei no banco do carona e a observei ligar o carro, o silencio reinava dentro desse carro, até que eu decidir colocar uma música.

 

- Licença, mas vou colocar minha play list aqui, porque esse silencio já está me matando. – Resmunguei.

 

Ela apenas me olhou e voltou a prestar atenção na direção, e assim fiz, conectei minha play list e a primeira música que tocou....

 

A Thousand Years (Christina Perri)

 

Heart beats fast

(O coração acelerado)

Colors and promises

(Cores e promessas)

How to be brave

(Como ser corajoso)

How can I love when I'm afraid to fall

(Como posso amar quando eu estou com medo de cair)

But watching you stand alone

(Mas vendo você sozinho)

All of my doubt suddenly goes away somehow

(Todas as minhas dúvidas de repente vão embora de alguma forma)

One step closer

(Um passo mais perto)

 

 

Meu coração gelou com essa música, parecia que o momento estava propício para ela, até que comecei a cantarolar, eu não era muito boa em inglês mas podia entender cada palavra dita pela cantora, e uma alegria invadiu meu coração, era isso que eu queria, era isso que estava acontecendo “como ser corajosa, como posso amar quando eu estou com medo de cair? Mas vendo essa mulher misteriosa sozinha, todas as minhas dúvidas de repente vão embora...” algo novo está acontecendo dentro de mim.

Me perdi naquela música e nas demais que começaram a tocar, eu olhava a rua pela janela do carro, com a cabeça encostada no banco, eu me sentia em paz, me sentia segura ao lado dela.

Chegamos ao shopping, ainda não trocávamos nenhuma palavra, seguimos lado a lado, em direção ao piso superior onde tinha lojas de telefone, e perguntei.

 

- Qual loja indica?

 

- Podemos ir na Apple.

 

- Eita, eu não sei mexer em Iphone, não sei nem pra que lado isso vai, melhor pegarmos um mais simples mesmo e prático.

 

- Não sabe mexer porque nunca pegou, então, podemos pegar ele e descobrir como funciona, não acha? – Ela apertou os olhos me fitando e aquilo fez meu coração quase pula pra fora.

 

- É, pode ser! – Sorrir. Pra vê se ela sorri também, porque ne ....

 

- Ótimo, que bom que está aberta para novas coisas. – Piscou pra mim. Só eu senti segundas intenções nessa frase dela?

 

E assim fizemos, seguimos para a loja e pegamos um Iphone, ela indicou um maior, me explicou as funções, disse que para digitar, trabalhar, até fazer meus desenhos era melhor, eu fiquei meia assim porque ele era muito grande, eu não estava acostumada com essas coisas avantajadas, mas como já tinha topado pegar um Iphone mesmo, o que é um peido pra quem está cagada, né? Vamos de Iphone, e ainda enorme. Aproveitei recuperei a minha linha telefônica, logo após comprei uma capinha bem cheguei sabe? Coisa de menina mimada, ela me recriminou disse que estava chamando muito a atenção, dei língua pra ela e disse que queria chamar a atenção mesmo, até que pela primeira vez na vida eu a vi sorrindo, tudo bem que não foi um sorrisão, mas ela deu uma risada de canto de boca e logo após me chamou de boba.

Ela estava mostrando o seu lado legal, foi super atenciosa, paciente, me explicou tudo do Iphone, nesse momento já estávamos na praça de alimentação, e ela me explicando como usar, me ajudou a configurar tudo, colocou minhas redes sociais, aplicativos que eu usava, e eu estava encantada com sua forma de falar, sua forma de explicar, seus olhares, os seus toques em minhas mãos, realmente essa mulher estava me fazendo suspirar por ela, e ca entre a gente, a boquinha dela na hora de falar era coisa de outro mundo, era muito linda, calma, educada e bem firme né... eu não conseguia parar de olhar pra sua boca, até que resolvi intervir meus pensamentos.

 

- Ai, me deu fome. Vamos comer algo aqui mesmo?

 

- Sim, o que quer comer? – Ela me olhava bem firme e séria, ela era sempre séria, e isso estava me deixando .... Excitada? Ai gente, socorro.

 

- Que tal comida japonesa, aquela ali. – Apontei pro restaurante. – Eu amo, o que achas?

 

- Vamos de comida japonesa então. – Acenou pra mim.

 

Levantamos, fomos até o restaurante, fizemos nosso pedidos, até nossas escolhas eram parecidas, brinquei com ela que tínhamos algo em comum pelo menos, mas uma vez a vi sorri de canto de boca, e isso estava me deixando tão feliz, eu não queria que essa noite acabasse tão cedo. Voltamos para a mesa, já com nossos pedidos, até que ela esqueceu de pegar o “tau do melhor molho do mundo” dizendo ela, ne... Fiquei fitando ela sair da mesa, naquela roupa social perfeita, ela era muito linda, muito elegante, uma mulher bastante finíssima, acho que a minha educação não chegava aos pés dela, mas “tamu ai”.

Até que se aproxima um rapaz e me entrega um bilhete, olhei assustada pra ele, porém ele saiu depressa, que nem conseguir olhar o seu rosto. Estava assustada com sua atitude e não demorei em abrir o bilhete.

 

“Vejo que está muito feliz, já esqueceu o que aconteceu sábado, né? Mas eu vim aqui te relembrar, quero você longe dela, quero você longe de qualquer pessoa que venha te deixar com esses brilhos nos olhos, eu já te disse, eu te mato e mato quem estiver com você, veja bem Alicia qual rumo você vai tomar pra sua vida... passar bem.”

 

Entrei em choque na mesma hora, o bilhete era do Luan evidentemente, e com certeza ele está me seguindo.

Comecei a me desesperar na mesma hora, olhando para os lados e logo avistando a Camila vindo, nesse momento eu já estava em prantos, não conseguir segurar as lagrimas, comecei a sentir medo, muito medo, o que o Luan seria capaz de fazer? E porque ele me quer longe da Camila? O que ele quer dizer com isso?

 

Fim do capítulo