O dia estava levemente nublado ali em Nova York, os carros passavam barulhentos e apressados pelas ruas, sem dar muita atenção para as coisas ao seu redor. Uma garota de uma cidade do interior do Maine, chegara a cidade grande com a expectativa de poder se tornar uma bailarina profissional, ela estudou ballet sua vida toda, e agora tinha a chance de evoluir naquela profissão. Com uma mochila nas costas e duas malas medianas a tiracolo, Emma Swan, arrastava-as da rodoviária até o ponto de ônibus mais próximo para ir para seu futuro. Puxou de seu bolso traseiro um mapa, que dizia que ônibus devia pegar, e aguardou-o pacientemente, não estava com pressa para chegar no local. Memorias lhe passavam na cabeça lembrando-a de sua cidade, Storybrook, as pessoas da cidade que meio que a haviam adotado, as suas aulas diarimente, com um esforço sem fim para evoluir e deixar de ser o patinho feio, o dia que resolveu enviar seu vídeo de aplicação para a escola de ballet de Nova York, a animação da cidade quando ela recebeu a carta de aprovação. Um sorriso bobo apareceu em seu rosto, ela sabia o que a havia motivado a tanto esforço, aquilo era o que ela amava, e seguiria seu coração. Pouco precisou esperar na parada de ônibus, e logo chegou o que lhe levava para a academia de dança, Emma sentou-se em uma das primeiras cadeiras, que seriam de fácil acesso por conta de suas malas, e em uma viagem um tanto entediante de 45 minutos, ela chegou no local que ficaria um tempo de sua vida.

O olhar da loira estava vago na frente da academia de dança, pois sabia que ainda haviam alguns meses até a próxima competição que lhe daria chance para se tornar uma profissional. Tomou fôlego e adentrou o local. A entrada era simplesmente majestosa, não conseguia nem definir qual a altura daquele portal apenas olhando, o local tinha um ar de imponência, que estava deixando Emma totalmente excitada pelo que tinha por vir ali. Dentro dos portões, tudo parecia muito cheio de arabescos, não que não fosse bonito, mas aparentava muita informação visual os cantos das paredes tinha desenhos arredondados dando como se fosse uma moldura a elas, os quadros d bailarinas a muito formadas ali imortalizadas, o ar faltava por um segundo enquanto se observava aquilo, mas já era algo de se esperar de uma escola de ballet de longa data.

Ao longo de uma sala, com vários detalhes, via-se uma recepção, que mais parecia de hotel, com uma senhora de aparentemente seus 60 anos, com um sorriso travesso nos lábios e ruguinhas adoráveis nos olhos e sorriso.

– Boa tarde minha menina, você é a garota da bolsa?  Perguntou interessada, realmente, não devia ser comum meninas entrando fora da época de matrícula.

 – Sim senhora. – A loira respondeu energética, tinha que pelo menos que passar uma boa primeira impressão, não jeito de desinteresse.

– Oh minha menina, você vai pegar essas coisas – A idosa estendeu uma mão para a loira com uma bolsa delicada na mesma, Emma pegou-a com um sorriso de agradecimento – E então vai pegar a primeira entrada aqui na frente a direita, pode ir até o fim dela, você verá uma sala de espera, pode aguardar lá, que a sua professora irá buscá-la.

- Obrigada. – A loira foi na direção a qual a senhorinha que a havia atendido mandara, curiosa, abriu a bolsinha que havia recebido, era seu fardamento da instituição e um par de sapatilhas de ponta novo. Eles teriam que durar algum tempo enquanto ela não pudesse organizar seus horários de estudo e de trabalho.

Ao fundo se ouvia o toque de uma música para grand plié em sala, Emma se encontrava sentada na sala de espera. Via-se pelo vidro que dava para o corredor várias meninas correndo de um lado para o outro, algumas arrumando apressadamente seus coques para a aula, outras apenas rindo e brincando.

A situação aparentava tão agradável e era com certeza aquilo que ela queria para a vida. Mesmo tendo sentido aquele momento caloroso assim que ela havia chegado ao local, sentiu-se deslocada no local, não por não ter amor pela dança; principalmente ballet clássico. Sentia diferente por não se encaixar no padrão normativo que o local tanto se assimilava.

Deu um longo suspiro, se recostando na cadeira, no auge de seus dezoito anos, quase entrando para o segmento profissional da dança, precisava de mais treino e sabia exatamente qual seria sua meta ali, e manteria o foco até o conseguir.

A televisão mostrava uma apresentação de patinação no gelo, era o que tinha para se distrair enquanto a professora não fosse ao seu encontro. Com certeza mais uma senhora de idade, era o que seria de se esperar, tinha certeza que não se envolveria com ninguém ali e se caso se envolvesse, seria quieta e discreta, a pose que ela precisaria manter ali era outra.

Outro suspiro saiu de seus lábios e já impaciente levantou-se para o canto da sala para alongar-se. Em um suplex sentiu suas costas e posterior das pernas puxar os músculos, segurou sua perna direita levando-a acima da altura da cabeça. Como aquilo era gostoso, segurou sua respiração sentindo o músculo alongar mais, depois, trocou a perna, a esquerda sempre era um pouco mais chata para subir tanto, teria que trabalhar naquilo se pretendia ganhar a vida como bailarina. Estava concentrada em tentar aumentar a altura de sua perna, quando o barulho da porta e chamou a atenção.

 - Senhorita Swan ? – Emma ficou em choque, a perna que ela segurava no ar praticamente caiu, sem a graça que se esperava de uma bailarina no nível em que ela já se encontrava, batendo com força seu pé no chão, fazendo a mulher fazer uma cara de desagrado. Aquilo não eram modos para uma bailarina, mas como ser graciosa ao ver uma cena daquelas?

A mulher trajava um saltinho preto apropriado para salas de dança, saia rodada até um pouco abaixo do joelho que dava a sua cintura e quadril um movimento divino e uma camisa social de manga curta na cor branca, o que realçava seus seios em um decote um tanto ousado para uma professora. Seus cabelos negros estavam soltos de forma harmoniosa com todo o conjunto que ela vestia.

A mulher que, até então Emma não sabia o nome, baixou os óculos que ela usava até a ponta do nariz, olhando-a por cima do mesmo.   – Certo... – A mulher falou ainda analisando a loira que estava na sala, piscou duas vezes saindo de seu transe.

– Me chamo Regina, Regina Mills, serei sua professora durante o tempo em que você permanecer aqui. Não admito atrasos, não estar de coque em sala, nem faltar alguma peça do fardamento.

– Emma apenas teve a capacidade de sacudir a cabeça em afirmação. Seu rosto estava vermelho. Não tinha a capacidade de fazer seu cérebro funcionar naquele momento, só conseguia pensar em como ela ficaria em uma lingerie vermelha fazendo aquele mesmo olhar com o óculos na ponta do nariz. Regina observou a garota que visivelmente não estava reagindo, sem entender o que se passava na cabeça dela e respirou fundo. Se ela fosse sua aluna à mais tempo não agiria daquela maneira deselegante.

- Lhe vejo em duas horas na sala 13, senhorita Swan?

 Mais uma vez, a resposta da jovem foi balançar a cabeça em afirmação, seguido por um sorriso um tanto abobalhado, parecia ter recebido a melhor notícia da sua vida.

Uma garota entrou na sala com um sorriso gigante nos lábios, longos cabelos castanhos com umas ondas em suas pontas, aparentemente encantadora, o tipo de garota que talvez não fosse bom andar com, já que pessoas estonteantes demais deixavam Emma um pouco desconfortável.

– Essa é a senhorita Ruby, vocês irão dividir o quarto. – Regina acrescentou.

Ruby foi até Emma, e segurou suas mãos cumprimentando-a de maneira um tanto infantil, mas adoravel.

 – Prazer. Emma, certo? Vou te levar para nosso quarto. – A garota antes mesmo de ouvir a loira responder, segurou uma de suas malas, para ajudá-la. Ela ainda estava meio embasbacada com a situação, olhando da professora para a aluna.

– Obrigada, Ruby.

Emma pegou sua outra mala que estava ali e foi atrás da morena.  Regina não tirava os olhos dela, como se analisasse. Não que ela fosse reclamar disso claro, a professora não havia saído da porta, logo e ela teve que passar ao seu lado, sentindo um leve cheiro de maçã que fez seus sentidos se aguçar no mesmo instante. A loira teria um tempo difícil lavando suas calcinhas se sua vida fosse ser daquela forma.

– Prazer, professora.

Foi tudo que ela conseguiu dizer assim que passou pela mesma, o tom da voz de Emma foi quase sexy, ela perdeu o seu controle por tempo suficiente para fazer algo daquele gênero. Tornou a si, ficando um pouco corada, e seguiu a morena que já estava no fim do corredor, deixando para trás sua professora, que estava com uma sobrancelha erguida.

Fim do capítulo