Capítulo 5
Passei o resto do dia em casa, não saí e nem fui à praia. Meus pais quando chegaram em casa, logo mandaram Dylan e eu nos arrumarmos porque jantaríamos fora.
Fomos a um restaurante bastante chique, garçons impecáveis e um serviço de primeira. O restaurante estava lotado.
Enquanto olhávamos o cardápio, nos serviram bebidas, suco para o Dylan e minha mãe, meu pai e eu ficamos no vinho. Eu bebia de vez e nunca.
— Com licença... Houve um problema na reserva de um casal e estamos lotados hoje, eu gostaria de saber se eles podem dividir a mesa com vocês? – Um homem, aparentando ter uns quarenta anos se dirigiu a nossa mesa, parecia o dono do restaurante.
— Claro, sem problema nenhum. – Mamãe logo se apressou em dizer.
— Muito obrigado, senhora. Vou trazê-los imediatamente. – O homem saiu.
— Poxa benzinho, podia ter dito que não. – Meu pai logo manifestou sua indignação. — Se eles fizeram uma bagunça na reserva, eles que resolvam de outra forma.
— Mas eles resolveram no momento em que eu aceitei colocar o casal aqui na nossa mesa. – Mamãe sorriu. — Não se fala mais nisso querido. – Ela encerrou a conversa com um sorriso duro.
Minha mãe era osso duro, até meu pai tinha medo dela. Ela tem jogo de cintura e ganha uma discussão como ninguém.
Peguei meu vinho e dei um gole para saborear. Dei outro gole, mas nem cheguei a engolir, cuspi na mesa e ainda me engasguei quando vi quem era o bendito casal.
— Alex, olha o que você fez menina. – Meu pai brigou.
Enquanto eu tentava me recompor, ainda tossindo. O dono do restaurante nos apresentou o casal ao lado dele.
Rapidamente vieram colocar outra mesa, juntando com a nossa. Não Sei de onde eles tiraram outra mesa, já que o restaurante estava lotado como disse o dono, mas não seria eu quem discutiria isso. O bendito casal nada mais era do que Lígia e Júlio que já estavam acomodados em suas cadeiras.
— Boa noite. É um prazer dividir a mesa com vocês, sintam-se a vontade. – Mamãe falou sorrindo.
— Obrigado. Ah, olá Alex! – Júlio tratou de me cumprimentar.
— O... Oi. – Falei sem graça e completamente estarrecida ao ver Júlio ali.
— Vocês se conhecem? – Minha mãe perguntou.
— Sim, moramos no sétimo andar, no mesmo prédio que vocês. A Lígia aqui é professora da Alex. – Júlio diz todo feliz.
Mamãe me olhou de uma forma nada legal. Lembrei que eu não tinha falado o nome da Lígia para a minha mãe, mas pelo visto ela já devia saber quem era. Algo me dizia que quando chegássemos em casa, a conversa ia ser longa.
Lígia estava visivelmente desconfortável, parecia querer sumir daquela mesa o mais rápido possível. Eu também estava completamente envergonhada, não só pelo fato de ainda estar vermelha por ter engasgado com o vinho, mas também por estar frente a frente com a Lígia.
— Uau, como você é gata! – Dylan falou olhando para Lígia, estava fascinado.
— DYLAN! – Meu pai brigou. — Comporte-se e seja educado. Desculpe por isso. – Papai se desculpou com a Lígia.
— Tudo bem, minha mulher está acostumada com elogios assim. – Júlio tratou de falar.
Mulher? Oi? Eles voltaram? E aquele papo de que ia se divorciar do Júlio?
Meus olhos encontraram os da Lígia e ela logo desviou o olhar.
— Ela é muda? – Dylan perguntou.
— Não, eu não sou. – Lígia falou tentando ser educada. Me arrepiei inteira ao escutar sua voz, ela percebeu mas fingiu não ver.
— Não liga não, ele as vezes não consegue segurar a língua. – Mamãe falou. — A propósito, eu sou a Ângela. – Minha mãe cumprimentou Lígia e Júlio com um aperto de mão. — Esse é Eric, meu marido. – Outro cumprimento de mãos da parte do meu pai. — Esse tagarela aqui é o Dylan. E a Alex que vocês já conhecem. – Mamãe apontou para nós na sequencia.
O que mais poderia dar errado essa noite?
Fizemos nosso pedido depois de chamarmos o garçom. Em nenhum momento Lígia e eu nos falamos, nossos olhares eram atraídos um para o outro, mas logo desviávamos. Nossa, que vontade de beijá-la que eu estava, sem contar o fato de ela estar tão linda naquele vestido.
O que eu não entendia era porque ela estava com o Júlio depois de uma bela traição? Ela não parecia ser esse tipo de mulher, que perdoa uma traição facilmente.
— Vou ao toalete, com licença. – Lígia disse e se pôs de pé, me lançando um olhar que não consegui identificar.
— Eu também vou. – Falei imediatamente. Lígia continuou me olhando, mas de uma forma dura.
— Alex, espera ela voltar e depois você vai. – Mamãe me puxou para perto e falou entre dentes. Parecia desconfiar do que aconteceria a seguir.
Nem dei ouvidos e me levantei, deixei-a ir na frente para poder ver seu belo rebol*do. O banheiro estava vazio e assim como o restaurante, ele também era muito bonito.
— Alex, o que você pensa que está fazendo? – Lígia me pergunta com aspereza, se virando para me olhar.
— Não entendi.
— Sei muito bem que me seguiu até aqui para tentar alguma coisa. O que você quer? – Ela continuou de modo frio.
— Eu não quero nada. Não passou pela sua cabeça que talvez eu esteja querendo ir ao banheiro? – Falei com uma voz irônica. Ela riu.
— Não me faça rir, Alex.
— Porque eu tentaria algo se vi claramente que você voltou para o Júlio? E aquela história de que ia pedir o divórcio? – Perguntei irritada.
— Isso não é da sua conta garota. – Lígia também estava se irritando.
— Não achei que você fosse esse tipo de mulher, que gosta de andar com um belo par de chifres.
Minha mãe entrou bem na hora de ver o tapa que a Lígia me deu no rosto. Está certo que eu peguei um pouco pesado ao falar sobre os chifres.
— Alex, o que está acontecendo aqui? – Mamãe perguntou assustada, vindo em minha direção.
— Droga! – Falei baixo e me afastei um pouco de Lígia. Era só o que me faltava, minha mãe ver aquela cena. — Não foi nada mãe. – Passei a mão na bochecha esquerda.
Lígia me olhava com raiva.
— Me desculpe dona Ângela. Eu perdi o controle. – Lígia se desculpou, passando a mão pelos cabelos lisos e macios, jogando-os para trás.
— Eu não sei qual é o problema de vocês duas, mas eu quero que resolvam. – Minha mãe falou duramente, olhando ora para mim e ora para Lígia. — Vocês já são adultas, não podem ficar se estapeando assim.
— É impossível conversar com a sua filha, dona Ângela.
— Olha quem fala, a senhorita “não é da sua conta”. – Falei debochando.
— Alex! – Minha mãe brigou. — Mais respeito. Você nunca tratou nenhuma mulher assim, qual o seu problema? – Mamãe parecia que tinha caído de paraquedas no meio de uma briga. Já escutaram o ditado: “Mais perdido do que cego em tiroteio”? Pois é, minha mãe estava assim.
— É ela que me tira do sério, mãe.
— Eu? – Lígia riu. — Quem inventou de me seguir até aqui? Sem contar que você mereceu esse tapa por falar demais. – Ela voltou a me olhar com raiva.
— Ótimo. – Falei bem magoada. — Você merece mesmo um cara como o Júlio, agora vocês estão quites.
Mesmo eu não tendo trans*do com a Lígia, ainda assim a beijei. E isso até que conta como uma traição, pequena, mas conta.
Saí do banheiro e voltei para a mesa.
— Que demora, o que vocês estavam fazendo lá? – Dylan pergunta. — E porque a sua bochecha está vermelha? Olha, tem até marca de dedos. – Ele diz rindo.
— Cala boca Dylan! – Falei bem irritada e alto o suficiente chamando a atenção de algumas pessoas próximas.
Júlio me olhava de uma forma interrogativa.
— Cadê a Lígia? – Ele perguntou.
— Alex, o que aconteceu? – Meu pai perguntou devagar.
— Nothing. – Falei com a cabeça baixa.
— O que ela disse? – Júlio perguntou para meu pai sem entender.
— Eu disse NADA. – Falei alterando meu tom de voz novamente e olhando Júlio com raiva. Algumas pessoas em outras mesas já nos olhavam com os olhos arregalados.
Minha mãe chegou naquele momento e me lançou um olhar de dar medo. Qualquer um que visse esse olhar poderia jurar que quando chegássemos em casa, ela me daria uma boa surra. Ainda bem que ela não é assim, nunca me bateu. Mas isso não significa que eu ia me livrar de uma boa bronca.
— We're going to talk at home. – Foi tudo o que ela disse e eu abaixei a cabeça. Ela chamou o garçom que prontamente veio e pediu a conta.
— Mas senhora, os pratos já estão quase prontos. – Ele disse sem entender.
— Olha senhor, eu sei que já estão quase prontos, mas qual a parte de “eu quero a conta” o senhor não entendeu? – Ela perguntou irritada.
— Sim senhora, só um momento. – O garçom saiu.
Lígia voltou do banheiro e apressou Júlio para ir embora também.
— Mas amor...
— Agora Júlio! – Ela disse furiosa.
— Está bem. – Júlio falou levantando as mãos em rendição. — Quando o garçom voltar...
— Menos explicações Júlio. Eu quero a conta, entende isso? – Ela disse e saiu do restaurante pisando duro.
Ficou um clima muito estranho depois que ela saiu. Minha mãe esperava a volta do garçom em pé, tamanha era a sua impaciência. Meu pai mal se atreveu a falar com ela senão sobraria para ele. E Dylan estava murchinho na mesa depois que gritei com ele. Nós dois já havíamos brigado muito, mas era briga de irmãos, nunca cheguei a gritar com ele daquela forma.
O garçom voltou e trouxe com ele o dono do restaurante. Isso não ia prestar, minha mãe só queria a conta e não o dono.
Levantei da mesa sabendo o que ia vir a seguir e fui esperar no estacionamento. Encostei-me ao carro e dei um suspiro, percebi que tinha alguém me olhando e virei o rosto vendo Lígia me fulminando com os olhos. Se aquele olhar matasse, eu já estaria morta.
Ela estava parada perto da porta do restaurante. Vi Dylan saindo e vindo em minha direção, quando chegou perto ele parou, com medo de se aproximar.
— Vem aqui. – Abri os braços. Dylan prontamente veio me abraçar. — Me desculpa por ter falado daquele jeito com você. – Senti que ele estava chorando. Dylan tentava ser forte, mas era mais sensível do que qualquer um lá de casa. — Não precisa chorar. – Abracei ele mais forte e fiz carinho em seus cabelos.
Meu olhar foi de encontro ao da Lígia, ela continuava uma fera. Dava para saber só de vê-la batendo o salto alto no chão.
— Aquela moça te bateu? – Dylan perguntou no meio do abraço, secando as lágrimas.
— Não foi nada Dylan, esquece isso. – Falei suspirando, ainda olhando Lígia perto da porta do restaurante.
Dylan e eu ficamos ali no estacionamento esperando pelos nossos pais. Não sei por que eles estavam demorando tanto, mas parece que o Júlio também estava enrolado lá dentro. Lígia passou a andar de um lado a outro completamente impaciente.
— Me espera aqui, Dylan. – Falei decidida a entrar e ver o motivo da demora. Assim que cheguei onde Lígia estava, uma viatura da polícia parou no estacionamento chamando a nossa atenção.
Olhei para ela já sabendo o motivo dessa viatura ali, ou pelo menos eu tinha a esperança de que aqueles policiais só tivessem ido jantar.
Dois homens fardados desceram do carro e um ficou na viatura. Os homens caminharam na nossa direção.
— Boa noite moças. – Um dos policias falou, detendo seu olhar em Lígia. Sorriu de um jeito malicioso. Os dois homens entraram no restaurante.
Olhei para Lígia com raiva pela olhada do policial e entrei também sendo seguida por ela.
Quando entrei e vi a cena, eu sabia que ficaria de castigo por muito tempo, até porque eu fui a causadora dessa situação. Naquela hora eu me arrependi de não ter dado ouvidos a minha mãe e ter ficado na mesa quando Lígia foi ao banheiro.
Lígia praguejou ao meu lado.
— Está feliz? Olha o que você causou. – Ela disse com raiva.
— Eu... Eu... – Nem consegui falar, ela passou por mim e se dirigiu até onde Júlio estava sendo contido.
Segui até a mesa onde estávamos sentados antes, entre um falatório seguido de várias acusações e explicações aos policias, eu descobri que meus pais e Júlio se recusaram a pagar a conta do restaurante que vinha cobrando os pratos que nem comemos.
E pelo que parece, o Júlio tentou sair do restaurante sendo impedido pelo dono e acabou rolando uma troca de socos, resultando no chamado aos policiais.
— Olha, eu não vou pagar por uma coisa que eu não comi, é um absurdo isso. – Minha mãe falou irritada a um dos policiais.
— Certo. A senhora e seu marido serão liberados. É só pagarem o que consumiram e pronto.
— Senhor policial... – O dono tentou falar. Ele estava com o lábio cortado.
— Eles não comeram nada, porque seriam cobrados por isso? – O policial perguntou.
— Está bem, é só pagarem as bebidas. – O dono falou derrotado. — Agora quanto a ele... – Ele lançou um olhar irado ao Júlio. — eu vou abrir um B.O.
Meu pai pagou as bebidas e os policiais nos liberaram. Quando eu passei pela Lígia, meu braço foi segurado.
— Você vai sair assim? Você é maior culpada disso tudo. – Ela olhava dentro dos meus olhos.
— Não fui eu que soquei o dono do restaurante, foi o seu maridinho. – Falei bem lentamente.
— Você é uma idiota, Alex. Vê se me esquece. Eu não quero mais ver você na minha frente. – Ela me soltou. Dei um suspiro e me encaminhei para a saída.
Fomos em total silêncio dentro do carro.
Chegamos em casa e eu já imaginava a bronca que ia levar.
— Você... – Minha mãe falou ameaçadoramente, me encarando. — Para o seu quarto agora.
— Mãe... – Ela apontou para o meu quarto e eu saí antes que ela me jogasse um vaso de flores. Sei que ela não faria isso, mas não queria ficar lá para ver.
Fim do capítulo
E aí, o que acharam?
Acham que a Lígia ficará brava com a Alex por muito tempo?
Comentar este capítulo:
Andys
Em: 16/02/2018
Oi autora,
Então a Alex levou mais um tapa?
Pensando aqui ela vai ter de comprar um capacete ai invés de colete!Hehehe
Ah mas ficou feio para dona Lygia bater no bebe da sogrinha (mesmo ela merecendo quem mandou provocar a onça?) o que será que vai ser agora?
Também tem aquele ditado cachorro ovelheiro so matando!Esse julio so vai aprontar se prepara para não passar na porta dona Lygia!
Brenda ganhou pontos..mas mesmo assim..
ABS!
Resposta do autor:
Oi.
Que bom que você voltou para comentar.
Pois é, Lígia resolveu bater na Alex bem na hora que a sogrinha chegou no banheiro. Na certa a mãe da Alex vai odiar a Lígia.
E sim, já fique preparada pois o Júlio ainda vai aprontar... mas a Alex vai mostrar que não tem medo dele não. kkkkk
Quanto a Brenda... bom, é melhor deixar as coisas acontecerem né?
Beijos ;)
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Socorro
Em: 12/02/2018
Ligia merece o marido que tem ...cruzess
Alex, minha acorda pra vida dar um belo GELO nessa professora e curta a Brenda
:(((
Resposta do autor:
kkkkkkkkkkk
Talvez a Lígia só esteja com medo dos sentimentos e de sofrer com tudo isso.
A Brenda pode ser furada hein? kkkk
;)
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Mille
Em: 12/02/2018
Olá Marcia
Como assim a Lígia voltou para o Júlio, será que esse casamento é só fachada??? Ou ela adora galhos kkkkk e está fugindo do que sente pela Alex???
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Oi Mille.
Acho que a Lígia está fugindo do que sente, só pode.
Acho que ela não quer permitir que a Alex vire a vida dela de cabeça para baixo. É o ditado certo: Porque trocar o certo pelo duvidoso?
Vamos ver no que dá essa confusão toda.
;)
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