Renata assim que chegou em casa jogou sua mochila em qualquer canto do seu quarto e rumou diretamente para o banheiro, jovem precisava de um banho quente para tentar relaxar e se acalmar, hoje o dia foi cheio, cheio de surpresas desagradáveis que estavam tirando o pouco de paz que existia em sua mente, saber que Beatriz irá lecionar na mesma escola em que ela estuda a deixou completamente perplexa.

[...]

Renata saiu mais cedo naquela manhã de terça feira e aproveitou o tempo livre para pegar o carro na oficina, o concerto ficou os olhos da cara, se a jovem não trabalhasse não saberia como iria pagar.

Resolvendo esses assuntos do seu carro ela se lembrou que Beatriz pediu para ela tentar conseguir emprego para sua filha Amanda. Amanda é a única pessoa que ela gosta naquela família, o pai é um chato de galocha, e a mãe nem se fala.

 “Acho melhor eu tentar conseguir um emprego pra essa garota, quem sabe assim Beatriz goste um pouco mais de mim, coisa que eu acho difícil.- pensou escorada em seu carro esperando os mecânicos terminarem de dar os últimos ajustes.

[...]

Renata chegou em seu serviço e ao invés de ir direto para a sua sala, foi até a sala da sua chefe, deu duas batidinhas na porta e assim que ela autorizou sua entrada ela entrou.

-- Oi Renata. O que você deseja?- Juliana perguntou com um belo sorriso no rosto.

-- Eu gostaria de conversar com você, está ocupada?

-- Não, para você eu tenho todo tempo do mundo, você é uma dos melhores funcionários dessa empresa.

-- Obrigada.- sorriu sem graça.

-- Sente-se por favor.- apontou para a cadeira onde Renata deveria se sentar, ela se sentou e depois juliana a olhou fixamente com os cotovelos apoiados na mesa e o queixo apoiado nas mãos.

-- Então eu vim até aqui te pedir um favor.

-- Se estiver ao meu alcance, eu irei fazer o possível para te ajudar.- sorriu sem mostrar os dentes e a garota sorriu totalmente sem graça.

“Mas por que diabos essa mulher fica olhando tanto para mim? E fica dizendo que eu sou uma dos melhores funcionários da empresa? Eu estou longe de ser uma boa funcionária desse lugar. Como a minha mãe diz eu não sirvo pra nada.-- É que uma amiga está precisando de emprego, tem alguma vaga disponível?

-- Eu tenho que dar uma olhadinha, vamos fazer o seguinte, eu vou checar e se tiver alguma vaga eu te informo.

-- Obrigado Juliana, obrigado por tudo.

-- Não à de que Renata, sempre que você precisar pode me procurar.

-- Tá ok, até depois.- Renata respondeu e caminhou até a porta, e se virou a tempo de ver ela dar um pequeno aceno.

[...]

Mais tarde, quando chegou em casa, se deitou em sua cama e aproveitou o pouco tempo livre que tinha para assistir sua série favorita. Depois de um tempo ela acabou pegando no sono e acordou faltando dez minutos para a aula começar, não teve tempo nem de jantar só teve tempo de vestir seu uniforme. Depois que ela entrou no seu carro percebeu que a sua blusa estava ao avesso, quando ela parou em um sinal a garota a vestiu corretamente.

 Estacionou o carro no estacionamento da escola e saiu correndo pelo os corredores. Se aproximou da sua classe e escutou a voz rouca de Beatriz, a garota xingou um palavrão mentalmente.

Suspirou e deu duas leves batidas na porta. Beatriz logo a abriu. A professora a encarou por alguns segundos e depois disse:

-- Já se esqueceu das regras Renata?- ela cruzou os braços enquanto a encara profundamente.

-- Desculpa eu me atrasei.

-- Isso tá na cara.- riu.- hoje você não vai entrar, isso é para você ver que eu não estou de brincadeira, o que eu falo tem que ser comprido, e isso serve de exemplo para todos vocês.- falou olhando para os alunos que já estavam assustados com a atitude da professora.

-- Por que você tem que ser tão carrasca? Custa você me deixar entrar?

-- Regras são regras Renata.

-- Quer saber Beatriz, vai me fazer muito bem não assistir sua aula, não estou afim de ficar olhando para sua cara.- Renata disse e Beatriz a fuzilou com os olhos.

-- Não vou ficar ouvindo desaforos de uma aborecente, vá para direção agora!- alterou o tom de voz e garota a respondeu no mesmo tom.

-- Quero ver quem vai me obrigar.- disse já caminhando, Renata olhou para trás a tempo de ver sua professora bufando e em seguida batendo a porta.

 Renata foi para o estacionamento e entrou em seu carro, inclinou o banco e ligou o rádio, depois de algum tempo acabou pegando no sono.

 Renata acordou com um leve barulho de batida, seus olhos estavam um pouco embaçados, mas dava para ver que era sua amiga Isabela do outro lado do vidro. Renata abriu a janela.  

-- Já está no segundo horário, você não vai assistir aula?

-- Vou, é que eu acabei dormindo.

-- Estou vendo.- sorriu.- você é louca de enfrentar a professora assim, você vai reprovar na matéria dela sua louca.

-- Disso eu já sei, ela não gosta de mim e não é de hoje.

-- Mas mesmo assim, toma cuidado.

-- Relaxa Isabela.

-- Vamos, nos temos que ir.- Isabela abriu a porta do carro e a puxou pelo braço.

-- Tá tô indo não precisa puxar.- a garota saiu do carro e as duas foram para a sala de aula.

O tempo demorou uma eternidade para passar, Renata não via a hora de encontrar sua cama, e assim que a garota voltou para casa ela se deitou e só acordou no dia seguinte com o despertador.

[...]

-- Renata? Tem um minuto?- juliana perguntou depois de dar duas batidinhas na porta.

-- Claro.- respondeu sorridente e sua chefe se sentou na cadeira de sua escrivaninha de frente para a garota.

-- Eu vim para te dizer que aquela vaga de emprego que você me pediu está disponível, agora você só tem que falar para sua amiga que ela tem uma entrevista marcada, se der tudo certo ela será contratada.

-- Nossa você foi rápida. Muito obrigado, eu vou falar para ela.- sorriu sem mostrar os dentes. Por alguns segundos veio Beatriz em seus pensamentos, Renata havia se arrependido ter pedido uma vaga de emprego para a sua filha, mas por um lado a jovem gostava da Amanda, ela sempre foi muito amigável com Renata.

-- Então é isso.- Juliana se levantou.- Ah já ia me esquecendo, fala para ela que ela vai precisar trazer um currículo, documentos como carteira de trabalho, RG e CPF. A entrevista está marcada para quarta feira, as 14:00 horas e ela precisa vir acompanhada de um responsável.

-- Tá ok, muito obrigado.- Juliana assentiu com a cabeça e se retirou. Renata voltou a fazer o seu trabalho, imprimiu algumas folhas e mandou alguns e-mails que Juliana havia pedido.

  [ ...]

Assim que o expediente se encerrou Renata foi para casa, antes de entrar em seu apartamento resolveu passar na casa da Beatriz, ela tocou campainha e logo Beatriz a recebeu.

-- O que você faz aqui Renata?- serrou os olhos enquanto encarava a garota.

-- É.. eu estou aqui, pela vaga de emprego que você me pediu.- Renata ficou descompensada quando o delicioso perfume de Beatriz invadiu suas narinas.

-- Que vaga de emprego?

-- Para a Amanda Beatriz, lembra?- Renata revirou os olhos.

-- Ah sim, lembrei.- Beatriz a olhou por alguns segundos sem saber o que fazer.

-- A Amanda está?- falou quebrando o silêncio que já estava ficando constrangedor.

-- Está sim, entra.- se afastou dando passagem para a garota.

Renata entrou e sentou no sofá da família Andrade enquanto espera Beatriz chamar a filha.

Logo quando Amanda e a garota dos curtos fios loiros se encontraram elas se abrasaram e Amanda deu um beijo no rosto de Renata, Beatriz ficou com cara de poucos amigos.

-- Nossa o que devo essa presença ilustre? Você nunca vem aqui em casa, até parece que tem medo da gente.- disse Amanda depois de esboçar um grande sorriso.

-- E que eu não tenho muito tempo.- sorriu sem graça.- mas enfim, eu vim até aqui por que a sua mãe me disse que você está querendo trabalhar.- olhou para Beatriz que estava em pé de braços cruzados encarando as duas.- na empresa em que eu trabalho à uma vaga disponível, se você estiver interessada.

-- Claro que eu estou interessada, o que eu faço para conseguir o emprego?

-- Você tem uma entrevista agendada para quinta-feira, ás quatorze horas, se você se sair bem tem uma grande chance de ser contratada.

-- Muito obrigada Renata.- a garota abraçou Renata novamente e Beatriz raspou a garganta por que o abraço das duas estava sendo muito demorado.

-- Eu te acompanho até porta Renata.- Beatriz disse já indo em direção a porta.

-- Mãe!- a menina encarou a mulher como se implorasse para a mãe parar de ser sem educação com a garota.

-- Tudo bem, já está na minha hora. Até mais Amanda, espero que você consiga o emprego.- foi em direção a porta e saiu sem ao menos olhar para Beatriz.

[...]

(Beatriz)

-- Nossa mãe, precisava você falar assim com a Renata? Ela veio aqui em casa para me ajudar, você sabe o quanto difícil é arrumar um emprego?

-- Eu já te falei que eu não gosto dessa garota.- Beatriz se sentou ao lado da filha que se levantou.

-- Você não gosta dela só por que ela coloca som alto de vez em quando?

-- Não, não gosto dela por que ela é muito atrevida é por isso.

-- E eu aposto que ela não gosta de você por que você é chata e grossa, mas já que você não gosta dela, por que você pediu á ela uma vaga de emprego para mim.- Amanda cruzou os braços enquanto encarava a mãe.

-- Olha como você fala comigo Amanda, eu nem deveria ter pedido emprego nenhum á ela, mas fiz isso por que eu amo você.

-- Para né mãe. Eu vou voltar para o meu quarto, lá pelo menos eu não passo vergonha.- a garota disse e saiu deixando a mãe falando sozinha.

-- Essa Renata sempre consegue me tirar do sério, me fez até discutir com a minha filha, e ainda mais fica de agarração com ela, já estou perdendo a paciência com essa garota.- Beatriz ficou alguns minutos pensando em alguns assuntos que envolviam Renata e depois disso foi se arrumar para o trabalho.

[...]

Já estava quase na hora de começar as aulas daquela noite, Beatriz saiu da sala dos professores onde estava tomando uma xícara de café e conversando com alguns colegas de trabalho.

Entrou na sala onde seria a primeira aula da noite. Acendeu as luzes e logo tomou um susto.

-- O que você está fazendo sentada no escuro garota? Está querendo me matar do coração.- levou a mão ao peito enquanto Renata ria discretamente.

-- Só estou tentando não me atrasar querida professora.- disse Renata com ironia.

A professora a encarou por alguns segundos, não disse nada, apenas caminhou até a sua mesa. Olhou as horas em seu belo relógio dourado em seu pulso esquerdo, ainda faltava aproximadamente dez minutos para a aula começar.

Beatriz foi até o quadro e apagou a matéria de um outro professor, Renata não tirava os olhos de Beatriz ela já estava começando a achar estranho o modo que sua aluna a olhava. Beatriz se sentou e abriu um livro, acabou se distraindo.

-- Esse livro é ótimo.- Renata se sentou em uma mesa perto da sua. Beatriz não tinha visto a garota se aproximar.

-- Hoje você tirou o dia para me assustar em.- fechou o livro e a encarou com as mãos ao queixo.

-- Só quero passar um tempo com você, te conhecer melhor.- Beatriz retirou os seus óculos de grau e o colocou sobre a mesa para olhar melhor a garota nos olhos.

-- Você está de brincadeira né.- gargalhou ironicamente.

-- Não, não estou brincando, quero tentar fazer você não ter tanto ódio de mim só isso.

-- Eu não tenho ódio de você Renata, as vezes você me tira do sério, lembra que eu te falei isso?

-- Tá bom, eu vou tentar não te tirar do sério prometo, ah e também prometo não ouvir mais música alta no meu apartamento. Você pode me dar um chance?

-- Tá bom Renata eu vou te dar uma chance.- sorriu.

As duas ficaram conversando sobre alguns assuntos aleatórios, mas tiveram que encerar a conversa por que alguns alunos já estavam entrando na sala de aula.

Fim do capítulo