* Por inteiro
Capítulo 23:Ad corpus
Lucas e Pedro pareciam crianças bobas dentro do carro novo de Diana, fazendo mil perguntas sobre a potência do carro, seus opcionais, recursos, perguntas que Diana não tinha a mínima ideia do que se tratava só se divertiu com o deslumbramento dos amigos.
-- Di, no caminho dá pra você dar uma desviadinha pra pegar alguém que vai conosco? – Lucas pediu.
-- Ai se for o chato do Cadu não paro não!
-- Não é ele. É a Natália, convidei-a para ir conosco, depois do episódio com aquele filho da mãe, ela ficou abalada, achei que seria bom pra ela ficar entre amigos.
Diana fingiu insatisfação em fazer esse favor, mas por dentro comemorava o fato de passar o dia perto de Natalia. Lucas foi pessoalmente buscá-la no seu apartamento. A expressão de Natalia ao se deparar com sua carona foi no mínimo inusitada: ficou boquiaberta olhando para o carro e deixou vir à tona um sorriso largo.
-- Natalia tudo bem? – Lucas perguntou curioso.
-- Er... Tá... Claro, é que...
-- Você está tão alegre assim exatamente por quê... – Lucas fez sinal com a mão para que Natalia completasse a sentença.
-- Por que... Esse carro é maravilhoso não é?
O rapaz franziu o cenho, abrindo a porta para Natalia entrar no carro.
-- Oi pessoal.
Natalia cumprimentou, recebendo resposta apenas de Pedro. No trajeto, não fugiu das encaradas que Diana lhe dava pelo retrovisor, chegou a sorrir várias vezes mordendo os lábios, jogando charme para a loirinha que tentou ficar indiferente, mas não conseguiu, ao final do percurso correspondeu com um sorriso discreto, para Natalia, era um sinal de que aquele passeio reservaria boas surpresas.
O sítio era muito simples, mas espaçoso e com uma natureza espetacular. A dona da casa, Ana Cláudia, que todos chamavam carinhosamente de Cacau, esforçou-se para todos ficarem à vontade no enorme alpendre que cercava a casa principal. Aos poucos, a turma se acomodou, emendando assuntos diversos, histórias passadas ali mesmo naquele cenário, até Lucas convidar:
-- Gente com um dia lindo desses, uma paisagem dessas, sem noção a gente ficar aqui dentro de casa! Vamos fazer trilha, tomar banho de rio!
Todos concordaram, exceto Diana:
-- Enquanto vocês ficam aí fingindo ser Tarzan e Jane, vou aproveitar pra trabalhar, fazer umas fotos.
-- Deixa de ser do contra Diana! – Cacau resmungou.
-- Ah Cacau, olha minha cara de quem vai ficar no meio do mato se perdendo de propósito!
Todos riram enquanto Diana recolhia a bolsa com seu material no carro. Natalia por sua vez, era a frustração personificada na sua expressão. Encarou Diana deixando evidente sua decepção. A loirinha se afastou no caminho da trilha sinalizada, enquanto os outros se aprontavam para sair em seguida.
Cerca de meia hora depois a turma de amigos adentrou na mata, numa trilha já conhecida pela maioria. Caminharam em um clima descontraído, e quando se aproximaram da cachoeira, Natalia que caminhava um pouco mais afastada dos colegas, assustou-se quando foi puxada para trás de uma frondosa árvore.
-- Shiii...
Diana segurava a boca de Natalia com a mão para que ela não gritasse.
-- Você quer me matar de susto?! – Natalia cochichou.
-- Ah para com isso, você conhece o mato melhor do que todo mundo que está aqui, você não veio de lá?
-- Foi pra isso que você me arrastou? Pra ficar com essas piadinhas de chamando de caipira?
-- Ainda nem te chamei disso... Caipira. – Diana riu.
-- Ah Diana vai-te catar! Vou pra cachoeira com o pessoal antes que eu me perca deles.
Natalia andou dois passos em direção à trilha que caminhava anteriormente e viu uma bifurcação.
-- Ah ótimo! Pra que lado eles foram?
-- Você está perguntando pra mim?
-- Não! Estou perguntando aos gnomos que estão ali sentados na pedra.
-- Então ta, vou voltar às minhas fotos.
-- O que? Vai me deixar aqui sozinha? Por culpa sua me perdi do pessoal, custa me dizer pra que lado é a cachoeira?
-- Ué, os gnomos não souberam te responder?
-- Diana! – Natalia esbravejou.
-- Não sei pra que lado foram se não quiser ficar aí sozinha, venha comigo, vou tirar fotos lá de cima daquela árvore.
-- Você pirou? Como você vai subir lá?
-- Você duvida?
Diana perguntou em tom de desafio.
-- Duvido.
-- Então me siga.
Diana fez sinal com a cabeça e Natalia revirou os olhos como se atestasse que não tivesse alternativa e a seguiu. A fotógrafa pendurou sua bolsa transversalmente no seu corpo, e habilidosamente escalou a árvore se apoiando nos galhos. Em minutos, a loirinha estava faceira balançando as pernas, exibindo seu feito para Natalia que estava com as mãos na cintura, balançando a cabeça negativamente, incrédula.
-- E aí caipira? Achou que a moça da cidade não se entendia com as coisas do mato?
Natalia sorriu com a provocação da outra.
-- Acho que você tem um pé no mato moça da cidade grande. – Natalia disse olhando para cima.
-- Agora, vou ter o ângulo que preciso pra captar essa luz maravilhosa!
Diana sacou sua câmera de sua bolsa, e como de costume quando fotografava, se concentrou naquela atividade, como se não existisse nada mais importante. Natalia poderia se sentir excluída daquele momento, mas não se importava em se deter em uma atitude contemplativa a cada movimento e expressão de Diana.
Depois de algum tempo, Diana se deu por satisfeita com o material clicado, guardou seu equipamento e com a mesma habilidade desceu da árvore, mas, ao tocar o chão se desequilibrou e foi amparada por Natalia.
Natalia segurou firme o corpo de Diana, deixando seus rostos numa proximidade desconcertante. As respirações aceleradas e o perfume de ambas sendo inspirado parecia anunciar o inevitável encontro das bocas desejosas por aquele momento.
O barulho de um camaleão se esgueirando pelas folhas secas distraiu as garotas, e assim Diana se desvencilhou rapidamente dos braços de Natalia.
-- Vamos por que ainda tenho muitas fotos pra fazer!
Ainda sobressaltada Natalia perguntou:
-- Pergunta importante: você sabe voltar para a trilha? Estamos nos afastando bastante...
-- Na sua mochila não tem um saquinho de milho? Amendoim? Bolacha? Faça um caminho com isso, assim a gente não se perde.
Diana disse em tom jocoso. Natalia bufou, mas seguiu a loira, convicta de suas inexistentes opções. Mais uma vez Diana parou em outra clareira, encantada com a luz entrecortada pelas copas das altas árvores e reiniciou seus cliques empolgados, não restando alternativa para Natalia que não fosse assistir o trabalho de sua companhia.
A alternativa de Natalia, ao contrário do que ela transmitia, não era nenhum sacrifício, exceto pela vontade de agarrar a fotógrafa que ela suprimia. Aos poucos, a luminosidade tão festejada por Diana, foi dando lugar a um natural preto e branco promovido pelas nuvens que se acirraram de repente, o tempo nublado anunciava que mais uma vez, a chuva batizaria o encontro de Natalia e Diana.
-- Não acredito! Chuva? - Diana resmungou.
-- Era só o que me faltava!
A neblina rapidamente se converteu em pingos densos e rápidos, as duas garotas correram se escondendo em baixo de frondosas copas das árvores, até chegarem a uma velha cabana de caça no meio da mata.
-- Que sorte encontrarmos essa cabana! – Natalia disse abrindo sua mochila.
-- É... Pura sorte.
Diana confirmou assanhando seus cabelos molhados com as mãos. Natalia enxugou superficialmente seu corpo com a toalha que trazia na mochila e ofereceu a peça para Diana em seguida. Para indignação de Natalia, Diana primeiro secou a bolsa que guardava seu equipamento antes de usar a toalha para secar seus braços.
-- Você tem cada uma... – Natalia disse revirando os olhos.
-- O que foi? Você sabe o quanto custa uma bolsa dessas?
-- Nem faço ideia, mas nem me interessa também.
O silêncio entre as duas se instalou, Natalia olhava pela janela da cabana, preocupada com a intensidade do temporal que crescia, enquanto Diana persistia conferindo a integridade de seu equipamento. Cada uma se concentrava em disfarçar a atenção que ambas destinavam uma a outra, até os olhares se encontrarem tímidos.
-- Os meninos devem estar preocupados com meu sumiço...
Natalia pensou alto atraindo a atenção de Diana.
-- Você voltou a atacar meus amigos então?
-- Atacar? Agora de caipira me transformei em bicho feroz?
-- Não é grande diferença, tudo é do mato, selvagem...
-- Como você consegue ser tão insuportável garota?
Natalia perdeu a paciência elevando a voz.
-- Eu sou insuportável? Olha só quem fala! Está aqui reclamando desde que se perdeu nessa mata, e o que fez pra reencontrar a trilha? Nada! Aí fica aí buzinando no meu ouvido!
-- Eu me perdi? Você me arrastou pro meio da mata, e pra quê? Até agora não sei pra que!
Diana ficou sem argumentos, andou de um lado para outro como se procurasse a desculpa perfeita para justificar sua atitude “furtiva”.
-- Fala Diana! Por que você me puxou? Já não basta você me confundir com esse comportamento de me rejeitar e depois me beijar daquele jeito e me deixar cheia de interrogações?
Diana permaneceu de costas para Natalia, nitidamente fugindo do olhar inquisidor da moça. Entretanto, Natalia colocou-se diante de Diana, de maneira que a loira não pudesse se esquivar de encará-la.
-- Não vai me responder? – Instigou Natalia.
-- Você acha que é só você que está confusa? Acha que eu não fico totalmente perdida com você? Uma hora você é a pessoa mais íntegra e transparente do mundo, outra hora você é a mais intransigente e indecifrável! Não entendo você, não entendo o que você sente, nem muito menos o que você faz comigo!
-
-- E o que você faz comigo? Sou indecifrável por que você virou minha vida, meus conceitos e ideias de pernas pro ar! Não imagina como me martirizei por não ter acreditado em você, por ter te afastado de mim, não te dar meu apoio quando sua mãe adoeceu... Passei os dias mais longos e mais angustiantes quando você esteve ausente, tudo que eu queria era estar assim perto de você nem que fosse pra te xingar ou ouvir você me chamar de caipira!
O desabafo de Natalia calou Diana por segundos, mas depois despertou um riso descontraído na loira.
-- Do que você está rindo agora? – Natalia perguntou irritada.
-- Nunca imaginei ouvir isso de você... Que sentiria falta de ouvir te chamar de caipira...
Natalia só conseguiu se manter séria por alguns segundos, antes de se entregar ao riso.
-- Você deveria sorrir mais... – Diana disse em um tom mais suave, quase tímido.
-- Por quê?
-- Por que... Seu sorriso é lindo.
Natalia desfez a expressão tensa. Novamente os olhos se encontraram, dessa vez não estavam nublados por mágoas, Natalia e Diana puderam se ler de novo, enxergaram o óbvio, e seus corpos se aproximaram como que atraídos por um ímã invisível. Dessa vez aquela atração irresistível provou sua força, como uma duna que se desfaz com o poder do vento, Diana e Natalia se derramaram uma na boca da outra em um beijo cálido.
Não conseguiam nem se quisessem desgrudar seus lábios, seus corpos, por que aquela entrega parecia predestinada, e contra o destino, elas não estavam dispostas a lutar. Diana apertou a cintura de Natália na medida em que se deliciava no sabor dos seus lábios, enquanto Natalia envolvia seus braços no pescoço de Diana.
Todo aquele desejo contido, que só crescia desde o primeiro beijo, anunciava sua explosão de sensações pelo corpo de ambas. Aos poucos as mãos de Natalia desceram pelo pescoço de Diana enquanto as mãos da loirinha faziam o percurso inverso, subindo até os seios da outra, a essa altura, túrgidos, excitados por aquele toque.
Não cabia mais a ideia de hora certa, e lugar ideal. Os gemid*s que escapavam a pele eriçada e a umidade que não provinha só dos corpos molhados pela chuva, evidenciavam que o momento certo era a oportunidade mais próxima, o agora.
-- Diana me faça sua.
Natalia sussurrou. O simples sussurrar da garota ascendia um prazer insano na loirinha, nunca sentira tanto tesão diante de uma voz como sentiu naquele momento, especialmente pelo pedido urgente, não só libidinoso, era acima de tudo carregado de sentimento sincero.
-- Você tem certeza?
Diana perguntou ofegante, trêmula, se sentindo tão virgem quanto Natália.
-- Nunca tive tanta certeza de algo na minha vida.
Diana beijou suavemente os lábios de Natalia. Pegou a toalha que usaram para se enxugar, estendeu-a no chão de madeira como se fosse um tecido nobre, queria um cenário especial, mas em qualquer lugar ela sabia que seria sagrado como estava sendo naquele momento. Aproximou-se de Natália disfarçando seu nervosismo.
-- Está nervosa?
-- Não, eu confio em você.
Natália respondeu desabotoando a camisa que estava por cima de seu top, tal gesto demonstrou uma sensualidade nunca prevista para Diana. A fotógrafa segurou as mãos de Natalia impedindo que ela continuasse a se despir, tomando para si essa tarefa. Abraçou Natalia por trás, beijando os ombros de Natalia agora desnudos, deixando que a camisa caísse pelo chão. Beijou as costas de Natalia, enquanto retirava seu top. A excitação que percorria o corpo de Natalia chegava a provocar espasmos no seu corpo e um arrepio ininterrupto na pele. As mãos de Diana agora envolviam a cintura de Natalia enquanto mordiscava o lóbulo de sua orelha, intercalando com beijos. Com delicadeza girou o corpo de Natalia ficando de frente para ela, com o dorso de sua mão, acariciou seus seios firmes, fazendo a moça corar. Entendendo a timidez, Diana colou seu corpo no de Natalia, emendando outro beijo tórrido acompanhado do movimento calculado de suas mãos pelo corpo que ansiava ser descoberto por aquelas sensações inéditas.
Natalia arrancou a blusa de Diana enquanto se deixava ser beijada e acariciada, peça a peça que as vestia se perdeu pelo chão. Muito mais do que tesão, naquele momento o que ambas sentiam era uma emoção incontrolável, indescritível. Com os corpos nus, se permitiram deitar-se sobre a toalha no chão. Diana caiu por cima do corpo de Natalia, num encaixe rematado. Os beijos que trocaram eram ritmados com os movimentos do corpo de Diana, que ao sentir a abundância da umidade dos seus sex*s deslizou sua mão até aquela cavidade, deixando que seus dedos massageassem, explorasse, tomasse posse enfim.
O sorriso na face de Natalia, seus suspiros e gemid*s, foram à trilha de sons composta tendo como melodia de fundo a chuva que sempre as aproximou. Inexplicavelmente para Diana, o seu corpo reagiu da mesma maneira que Natalia, mesmo sem ser tocada, chegou ao ápice no mesmo momento que Natalia.
Permaneceu sobre o corpo de Natalia, abraçando-a enquanto ambas recuperavam o fôlego e desaceleravam o coração palpitante.
-- Está tudo bem? – Diana perguntou acariciando o rosto de Natalia.
-- Está tudo perfeito. – Natalia respondeu com um sorriso radiante.
-- Eu te machuquei?
-- Não, você me deu o momento mais perfeito da minha vida.
Diana ruborizou.
-- Ai que coisa mais fofa! Ficou tímida? – Natalia perguntou apertando as bochechas de Diana.
-- Você expõe um lado meu, que nem eu mesma reconheço.
-- Diana... Eu estou muito feliz por ter me guardado pra você...
-- Espera... Você nunca...? Nem com meninos?
-- Nunca.
-- Ai meu Deus, quer dizer que de acordo com seus costumes, agora vou ter que casar com você se não seu pai vai me obrigar com uma espingarda?
-- Hurrum... Você me desonrou, agora tem que consertar o erro.
-- Erro? Achei que fiz tudo tão certinho...
-- Fez sim... Foi perfeita, mas, vai me deixar mal falada?
-- Sério? Casar?
-- Seria tão ruim assim? – Natalia fingiu ofensa.
-- Não gosto de quebrar costumes, além do mais, não quero que ninguém mais erre ou acerte com você... Quero direito exclusivo.
Diana encerrou o assunto com um beijo, antes de se entregarem mais uma vez ao desejo, como se fosse inevitável se darem ao prazer.
Fim do capítulo
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