- Calmo, o que aconteceu Henrique? - Alexandra estava assustada, podia ver o desespero no rosto do ex.

 

- Minha mãe Alex, minha mãe ta morrendo. - Ele chorava. - Ela sentiu uma dor no peito e caiu nos meus braços.

 

- Ai meu deus ... onde ela ta Henrique?

 

- No carro. - Soluçava.

 

- Vamos até lá.

 

Alexandra e Henrique correram até o carro, a mulher tinha visto o rapaz desesperado daquela maneira só uma vez, quando eles terminaram o noivado.

 

- Thiago pegue a maca, temos que levar ela pra dentro o mais rápido possível. - A morena falava com o enfermeiro.

 

- Mãe fala comigo- Henrique não conseguia parar de chorar. - Ela vai ficar bem né Alex?

 

- Henrique eu preciso leva-la pra dentro agora. - Alex tentava manter a calma, mas estava preocupada com a situação da ex sogra.

 

Quando colocaram a mãe de Henrique na maca, a morena fez os primeiros procedimentos inclinando a cabeça da mulher e viu que a mesma não respirava. Então ela pegou o reanimador manual e o apertou duas vezes, ventilando dentro da boca da senhora.

 

- Alex...- Henrique estava desesperado.

 

Alexandra então sobe na maca, coloca uma perna de cada lado em volta da cintura da senhora e começa a fazer a massagem cardíaca. Intercalava entre a ventilação e a massagem, mas a senhora não reagia.

 

-Corram. - Alex gritava enquanto os enfermeiros guiavam a maca pelo corredor do hospital, até que chegaram na sala de emergência. A morena desceu da maca e fez o necessário para que o uso do desfibrilador fosse correto.- Se afastem dela.- Deu o primeiro choque e por um milagre de Deus e da ciência a senhora deu um sinal de vida.

 

- Ela ta voltando. - O enfermeiro gritou.

 

- Obrigada meu Deus. - Disse Alex colocando a mão na cabeça em sinal de alivio.

 

Depois de mais alguns cuidados a morena saiu da sala e foi ao encontro de Henrique, os enfermeiros não haviam deixado ele entrar.

 

- E então Alex, fala que minha mãe ta bem! - O rapaz ainda chorava.

 

- Calma Henrique, nós conseguimos reanimar sua mãe, ela vai precisar de alguns cuidados, mas esta bem. - Disse calma.

 

- Ai meu deus obrigado eu...eu não sei nem como te agradecer morena. - Henrique não sabia se chorava ou sorria agora, foi então que surpreendeu Alexandra com um abraço, tirando a médica do chão, ele era maior que ela.

 

- Henrique...- A morena ficou sem graça com o gesto, sendo colocada no chão novamente.- Esse é meu trabalho, não precisa agradecer.

 

- Preciso sim, acredito em Deus, mas sei que se não fosse por seu esforço também minha mãe não ficaria bem. - Os olhos de Henrique brilhavam, Alexandra preferiu acreditar que aquele brilho fosse apenas pelo bem estar da mãe do homem.

 

- Tudo bem, é eu ... preciso voltar ao trabalho, os enfermeiros logo vão lhe encaminhar até onde sua mãe esta. - A morena já estava voltando para dentro da emergência, quando ouviu Henrique dizer.

 

- Obrigado mais uma vez e ... foi bom te ver. - Alexandra preferiu não dizer nada, apenas deu um sorriso com os lábios. Passou anos ao lado de Henrique, foi sua noiva, mas nunca havia sentido desejo ou metade do amor que sentia pela ruiva.

 

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Na fazenda

 

Bruno estava batendo na porta da casa de dona Elisa há alguns minutos, queria conversar com Helena, os pais da mesma haviam dito que ela estava ali.

 

- Helena você tai? - Bateu de novo.- Será que ela saiu?- Perguntava em voz alta.

 

O homem olhou pelo vidro da janela, a casa parecia vazia, mas onde Helena teria ido se perguntou e então decidiu abrir a porta devagar.

 

- Helena, é o Bruno, você tai?- Andou alguns passos para dentro da sala.- Seus pais disseram que ....- Não terminou de falar pois viu Helena caída no chão. - Helana, o que aconteceu, fala comigo!!!

 

Bruno segurou a cabeça de Helena com uma das mãos, enquanto a outra batia de leve em seu rosto, o rapaz então a pegou no colo e a colocou no sofá.

 

- Helena fala comigo!!!- Ele não sabia o que fazer a ruiva não acordava, os pais dela estavam longe dali, Eliza e Geraldo estavam nas plantações da fazenda, então decidiu não esperar mais e levar a moça para a cidade, ela precisava de um médico, não sabia o que tinha acontecido e não queria perder mais tempo.

 

Bruno pegou Helena no colo mais uma vez e a levou para sua caminhonete, acomodou a ruiva no banco de trás e correu pela estrada, sentido a cidade. O rapaz estava agitado, não tinha ideia do que poderia ter causado o desmaio da ruiva, desde que a conheceu se viu perdidamente apaixonado por ela, mas a moça não parecia ter os mesmos sentimentos que ele, sempre foi educada e atenciosa, porém nunca o bastante para lhe dar abertura de tentar algo a mais que amizade.

 

Chegando em frente ao posto de saúde o rapaz novamente a pega no colo e corre chamando por Júlia.

 

- Júlia, me ajuda!!!

 

- O que aconteceu moço?- Uma enfermeira logo apareceu.

 

- Cadê a Júlia?

 

- A Júlia ainda não chegou, no que eu poderia ajudar, o que aconteceu com essa moça?

 

- Eu a encontrei caída no chão, eu não sei o que aconteceu direito, não estava com ela!

 

- Entendi, irei ligar para o doutor agora mesmo, infelizmente ele foi atender outra emergência e só eu estou aqui agora. - Disse preocupada. - Mas eu irei prestar os primeiros atendimentos nela, a deite aqui, por favor, enquanto eu ligo para o doutor.

 

A enfermeira fez a ligação, pedindo para que o médico fosse até o posto de saúde assim  que possível, o mais indicado seria levar a ruiva para outra cidade, mas isso poderia levar de  duas a três horas, então preferiu prestar os primeiros socorros que podia no momento.

 

A enfermeira checou tudo o que era possível da ruiva,Helena estava repirando, sua pressão estava um pouco alta, a profissional fez tudo o que era possível naquele momento, infelizmente não podia fazer mais do que esperar a chegado do médico.

 

- Bom dia Bruno, o que faz aqui?- Júlia havia acabado de entrar no posto de saúde.

 

- Que bom que você chegou, a Helena ... eu encontrei ela desmaiada. - Dizia preocupado.

 

- Onde ela está?

 

- Tá ali dentro com a enfermeira, o doutor está em outra emergência e  não tem como pedir ajuda agora, demoraria horas.

 

- Ai meus Deus, esse posto de saúde precisa de outro médico o mais rápido possível. - Colocou a mão na cabeça em sinal de aflição. - Eu vou ver como ela tá, ver no que posso ajudar.

 

- Ta bom. - Olhou pra psicóloga.- Júlia eu aviso aos pais dela?

 

- Espere, vamos ver primeiro o que o médico vai dizer quando chegar.

 

A cidade era pequena, tinha um único médico, mas ele sempre estava atendendo a região toda, alguns moradores não tinham condição de ir até o posto de saúde, então o doutor precisava ir até essas pessoas. Aquela região precisava investir melhor no setor da saúde, pois um caso como esse da Helena ficar sem atendimento por um tempo estava se tornando cada vez mais frequente.

 

- Olá doutora Júlia, eu já fiz tudo o que esta no meu alcance, não posso fazer mais nada sem a autorização do médico. - Disse a enfermeira. 

 

- Tudo bem, ela como está?

 

- A pressão esta alta, tirando isso verifiquei se ela machucou alguma parte do corpo com a queda, mas parece tudo normal, porém ela esta sem acordar desde que chegou aqui.

 

- Entendi, o que aconteceu com você minha amiga? - Júlia acariciava a cabeça da ruiva.

 

- Eu não sei, deve ter sido algo bem estressante, isso poderia justificar a pressão dela alta, mas também tem o fato dela não acordar.- A enfermeira olhava distraída para a ruiva deitada.

 

Logo em seguida a enfermeira se retirou da sala, havia chegado algumas pessoas em busca de atendimento.

 

Helena acordou e percebeu que estava dentro de um carro, não entendia como havia parado ali, então olhou para o lado e viu Lucas dirigindo, seu coração disparou.

 - Nossa não imaginava que iríamos pegar chuva na estrada- disse Lucas olhando pelo vidro do carro o céu cinza. - Porque ta me olhando assim meu amor?- perguntou confuso.

- Lucas meu amor. - Helena não conseguiu segurar as lágrimas. - Eu não quero viver isso de novo.- Colocou a mão na boca.

- O que foi ruiva, o que você não quer viver de novo? - Olhou de forma assustada para ela. -Está me assustando.

Foi tudo muito rápido não deu tempo de dizer muito, não deu tempo de pedir uma nova chance, tinha apenas medo, uma velocidade incontrolável, barulhos fortes e cada vez mais altos.

 

-LUUUUCAAAAAAAS- Helena tentava se segurar em algo- PAAAARAAAA- seu choro parecia ser a única coisa a ser feita no momento- MEU DEUS SOCORROOO...

E de uma hora pra outra Helena se via em baixo de uma árvore no meio de um extenso gramado a sua volta, olhou assustada para o lado e viu Alexandra sorrindo.

- O que foi ruiva, você ta com uma carinha de assustada, sou tão feia assim? - Perguntou fazendo graça.

- Alexandra o que eu to fazendo aqui?- Estava chorando.

- Ei, o que foi meu amor? - Abraçou a ruiva.

- O acidente, aconteceu de novo. - Falava soluçando por conta do choro.

- Ta tudo bem agora meu anjo, nada de mal vai acontecer, eu to aqui com você hoje e sempre. - Alexandra dizia isso no seu ouvido, enquanto acariciava seus cabelos.

- Promete que sempre vai estar comigo? - Perguntou se afastando para olhar nos olhos da morena.

- Prometo... sempre vou estar com você e sempre irei te amar.

Agora Helena se via dentro d´água, não sabia o que estava acontecendo, apenas tentava nadar para chegar na superfície, mas algo parecia lhe segurar os pés, olhou para baixo e viu Lucas lhe puxando, não entendia o porque, de primeira pensou que ele tentava lhe dizer algo, mas depois viu que ele lhe puxava cada vez mais para o fundo, então Helena se via cada vez mais sem ar.

Ela tentava bater os braços, mas nada parecia fazer efeito, aos poucos perdia suas forças afundando devagar, foi então que apareceu uma luz vinda de cima, se aproximando do seu corpo, até que Helena viu Alexandra segurando sua mão e lhe puxando para cima. A morena parecia lhe arrastar com tamanha leveza pelas águas que logo não sentiu mais nada lhe prender, a não ser suas mãos entrelaçadas a da mulher carregada de luz. Quando as duas chegaram a superfície da água Helena viu apenas um clarão.

 

A ruiva aos poucos foi abrindo seus olhos, sua visão estava um pouco embaçada, olhou para o lado e viu algo que se parecia com uma pessoa, não a identificou de imediato, piscou algumas vezes e colocou a mão em seus olhos, tentando aperta-los.

 

- Helena você está bem?- Júlia viu quando a ruiva abriu os olhos devagar.

 

- Onde eu estou?- perguntou confusa, aquela voz era de Júlia.

 

- Você está no posto de saúde, se lembra do que aconteceu?

 

Helena não podia acreditar no que estava acontecendo, aos poucos sua visão foi clareando e ela foi vendo uma mulher de cabeço preto repicado e olhos castanhos ao seu lado.

 

- Eu to sonhando? - Perguntou chorando.

 

- Como assim Heleninha?- Júlia fez um carinho no rosto da amiga. - Você está chorando, sente alguma dor? - Perguntou preocupada.

 

Sim, a visão da ruiva havia voltado, não entendia como aquilo tinha acontecido, mas ela estava ali, vendo sua amiga pela primeira vez, nunca tinha visto Júlia, a conheceu depois de perder a visão, o que tinha era apenas autodescrições dela.

 

- Você é mais bonita do eu pensava. - Falava sorrindo entre as lágrimas, agora já se sentava com a ajuda de Júlia.

 

- Heleninha você bateu a cabeça muito forte, porque não ta falando coisa com coisa. - Júlia a olhava confusa. - O que aconteceu com você, não se lembra de ter desmaiado?

 

Helena passou a olhar tudo ao seu redor, levantou suas mãos e as olhou, sorriu mais um pouco. Olhou para Júlia e achou graça do seu olhar, de como suas sobrancelhas se fechavam em um ato claro de confusão. A ruiva então passou a mão no rosto de Júlia e falou olhando nos seus olhos.

 

- Eu pensei que nunca mais iria conseguir olhar nos olhos de alguém de novo.

 

- Do que você está falando Hele...- Abriu a boca, será que era o estava imaginando.- Você está me vendo, é isso? - Deixou uma lágrima cair, estava emocionada.

 

- Sim, eu estou enxergando de novo Jú.- Sorria enquanto lágrimas caiam.

 

- Não acredito ruiva.- Abraçou Helena a apertando.- Você conseguiu, mas me diz, ta vendo tudo normal?- Falou se afastando.

 

- Sim, está um pouco meio embaçada a minha visão, mas acredito que vai melhorar com o tempo.

 

- Claro, vai sim.- Juntou as duas mãos como se tivesse batendo palmas e as colocou no queixo.- Me fala, sou gata né?

 

- kkkkk é sim, até mais do que eu imaginava.- Falou galante.

 

- Aí nem brinca que sua morena me mata- sorriu.

 

- Meu deus a Alex... Preciso contar a ela.- Pensou em algo. - Eu quero contar pessoalmente.

 

- Quando ela volta? - Júlia perguntou curiosa.

 

- Não sei, mas não vou conseguir esperar, vou viajar para capital e encontrar ela. - Estava imaginando a felicidade da morena ao saber da novidade.

 

- Não to acreditando, ela vai amar a surpresa. - Abraçou a ruiva mais uma vez.

 

Depois de pensarem na viagem surpresa da ruiva para encontrar sua morena, Helena pediu para que Júlia chamasse o Bruno.

 

- Heleninha, a Júlia disse que você estava me chamando, como você está?- Perguntou o rapaz entrando na sala e vendo Helena sentada na maca.

 

- Estou muito bem. - Disse sorridente olhando para Bruno. -  Você não mudou quase nada desde a ultima vez que te vi a alguns anos, deixou a barba crescer, esta mais forte, mas nada que o fizesse ficar muito diferente.

 

- Como assim, como você sabe que eu deixei a barba... crescer?- Os olhos do rapaz brilhavam. - Você pode me ver?

 

- Sim, eu estou vendo de novo Bruno hahaha...

 

- Que felicidade ruiva. - Logo ele foi até ela lhe abraçando, não conteve a felicidade de saber que aquela mulher tão linda agora podia ver novamente.- Você esta me vendo mesmo?

 

-Não só você como tudo aqui. - Todos os três eram só sorrisos.

 

 

 

Fim do capítulo