Capítulo 1
Mais uma vez aquele barulho irritante me acordou, olhei para o despertador 5:00h, teria de levantar se quisesse tomar um bom banho, me arrastei até o chuveiro e deixei que a água expulsa-se o sono do meu corpo, há mais ou menos um mês eu havia entrado para F.A.B (Força Aérea Brasileira), ter conseguida ingressar na carreira militar foi muito difícil foram meses de estudo e dedicação para passar na prova escrita, isso sem contar nos teste de resistência, teste psicológico, e os intermináveis testes médicos, mas esse era meu sonho desde menina, muitas pessoas me disseram que isso era coisa de homem, que se quisesse tanto assim fazer parte do Exército eu deveria ser uma médica ou veterinária, talvez até uma psicóloga, mas meu sonho era maior que todas essas pessoas, um dia eu iria voar, iria proteger meu país do céu, fazer carreira nas forças aéreas e ser uma grande piloto, assim como meu avô foi, eu tinha consciência que o caminho seria difícil, meu pelotão era um dos poucos composto por mulheres e não passávamos de vinte, dava para ser contado quantas outras já haviam chegado aonde eu queria, mas desistir não era comigo, eu me tornaria uma piloto.
O quartel ao qual pertencia era muito bom, tínhamos recreações, academia e tudo que uma pessoa precisa para viver bem, eu até tinha um quarto, quer dizer meio quarto eu o dividia com Clara, no começo essa divisão foi difícil a convivência ainda era, mas acabamos nos acertando, mantinha-mos uma cordialidade recheada de provocações e pequenas discussões, não posso dizer que a culpa era sempre dela, nunca fui uma pessoa muito fácil, mas minha companheira de quarto também não era um amor de pessoa .
– Anda logo Isabel, eu preciso entrar no banheiro.- por pensar no diabo...
Me olhei no espelho uma última vez e encarei a estranha de olhos castanhos e pele bronzeada que sorria para mim “Ei eu até era bonitinha" admiti para o reflexo sorrindo, não que tivesse muitos atrativos, mantinha o corpo em forma pelo exército, mas na rua eu passaria despercebida como mais um rosto qualquer, se me perguntassem eu mesma diria que me faltava aquele “Q” a mais que me fizesse destacar, sai do banheiro enrolada na toalha dando espaço para Clara passar, ela esbarrou em mim e dando seu melhor sorriso bateu a porta na minha cara. Algo me dizia que hoje seria um longo dia...
As seis da manhã com o toque da alvorada sai de meu dormitório, o deixando arrumado e seguía para o “rancho” onde serviam as refeições, o café era sempre quieto, costumava me sentar sozinha nesse horário, meu humor nunca foi dos melhores de manhã eu mesma não me aguentava, e nesse dia não foi diferente, quando já estava terminando escutei o toque de corneta, me apressei para não chegar atrasada na “formatura” onde me apresentei em junto a os outros em formação para o comandante da Unidade para receber as ordens diárias e orientação sobre civismo e os valores castrenses, na maioria das vezes, todo o batalhão desfilava e executa movimentos ensaiados, com a banda do quartel, que geralmente entoava hinos e canções militares, hj foi mais um dia desses dias, sem nada de novo.
Perto da hora do almoço meu pelotão foi liberado, assim que entrei no rancho segui direto para as bandeja e entrei na fila esperando minha vez de ser servida, para ir me sentar com as colegas de pelotão, sentei entre Renata e Cristina, de todas as outras garotas foi com elas que eu me enturmei primeiro.
– Então Cris o tenente me pediu para fazer isso amanhã pro resto do pelotão ver, eu ainda não tenho idéia de como fazer – dizia Renata, seus cabelos negros balançavam no seu perfeito rabo de cavalo enquanto ela mexia a cabeça e sorria. - Você bem que podia me ajudar, sei que você já fez esses tipos de atadura… - a garota resmungou baixo antes de continuar. - A esposa dele deve estar fazendo um péssimo trabalho, aquele velho anda cada dia mais rabugento e deve estar de marcação com minha cara só pode, vocês acreditam que me fez pagar 20 flexões porque minha farda estava amarrotada? Eram 6:00 h da manhã. Quem se preocupa com a farda as 6:00h da manhã.
–Se você estava fora do quarto deveria se preocupar. - eu disse rindo da desgraça alheia, Renata era aquele tipo de pessoa gente boa e super brincalhona, mas que quase nunca levava as coisas a serio e vivia arrumando desculpas quando estava errada, uma boa pessoa, mas eu me perguntava se ela realmente queria estar ali.
-Até posso te dar uma força, mas terá que me cobrir no meu dia de vigia. -Cris falava enquanto dava mais uma colherada no seu almoço. - E você Isabel já treinou os socorros?
– Estava dando uma olhada no material ontem antes da Clara aparecer...
– Ela ainda ficam se provocando?
– Sabe Rê às vezes só o fato dela respirar me incomoda – as duas riram. -Não sei qual é o problema daquela garota, ela parece ter prazer em me irritar, parece que cismou com minha cara, ela se dá bem com todo mundo não sei o que fiz a ela.
-Você sabe o que eu penso disso Isa, ela tem é um amor platônico por você…
-A ta, e por isso ela me dedurou pro sargento… paguei 500 pra ele, pensei que nunca fosse acabar aqueles agachamentos, minhas pernas doem só de lembrar.
– Odiosa chegando -alertou Cris.
Nós mudamos de assunto rapidamente antes que Clara passasse por nossa mesa, eu tinha um objetivo ali dentro e não ficaria perdendo meu tempo com uma garota mimada que pensa que ainda estamos no 2º grau e fica o tempo todo arranjando motivos para discórdia, embora às vezes reclama-se dela com as meninas eu evitava ao máximo criar problemas com os outros soldados, até porque Clara era gentil com todo mundo, muito diferente de mim que procurava ficar mais na minha, então se fosse ficar arrumando confusão no meio das pessoas duvidava muito que ficariam do meu lado, então conseguiria apenas um punição inutil.
A tarde se passou sem grandes novidades, treinamento em equipe, em resgate, tarefas nas dependências do quartel, meu corpo já estava dolorido, rezava aos ceus por um descanso quando a cabo Duran finalmente dispensou o pelotão, juro que quase sorrir, rumei direto para o rancho, aquele dia havia sido tedioso e puxado, talvez Renata estivesse com razão e o Tenente estivesse mesmo amargurado cada dia ele parecia tornar o treinamento ainda mais puxado, engoli a comida de qualquer jeito, meu corpo doía pedindo por descanso, quando cheguei ao corredor do meu dormitório pesquei o pequeno celular em meu bolso e parecia que estava adivinhando pois ele mau havia ligado e já tocava anunciando uma ligação.
– Alô.
“-filha sou eu a mamãe.”
– Oi mãe eu vi seu número no identificador.
“-Bel você vai vir pra casa esse fim de semana?”
– Não mãe, tenho que ficar de guarda.
“-Você não pensa mesmo na sua família Isabel! - a voz dela se alterou e isso me irritou profundamente – Faz semanas que você não aparece, não dá notícias, louca de preocupação eu fico e você nem se importa. Isso que eu ganho por te carregar nove meses na barriga, que filha desnaturada essa a minha.”
– É serio isso dona drama? eu já tenho vinte anos e mesmo antes de eu vir pra cá, já estava morando sozinha, a senhora sabe que eu sempre me virei por favor para de drama eu te conheço e sei que isso é só para me fazer se sentir culpada...
“-É isso que você pensa que estou fazendo? - ela disparou, meu rosto queimou, se existisse um prêmio para mãe mais dramática a minha teria ganhado por anos seguidos, ela sempre foi assim, mas desde que eu vim para a F.A.B os dramas estavam cada vez piores, a cada ligação era a mesma coisa ela me acusava de ser uma filha ingrata e terminava com uma das duas desligando o telefone na cara da outra. -Pois bem vou te deixar em paz!”
E desligou o telefone na minha cara como previsto, senti o sangue ferver, isso já estava virando mania, quem diz que maturidade se adquire com a idade deveria conhecer minha mãe.
Abri a porta do quarto pronta para me atirar na cama quando reparei que ela estava desfeita, meus olhos percorreram o quarto se encontrando com os olhos de Clara, ela estava com o meu Notbook no seu colo.
– Quem deixou você mexer nas minhas coisas?
Eu avancei para cima dela tirando o Notebook de suas mãos e o depositei sobe minha cômoda. Em seguida virei para encara-la, ela estava assustada obviamente pela minha reação, como eu disse eu procurava evitar as provocações dela, mesmo que às vezes eu mesma procurasse rolo, ao se recuperar do choque ela gargalhou e se levantou para me encarar, eu era um pouco mais alta que ela e tinha mais músculos também, Clara tinha aquele “Q” a mais que me faltava, ela parecia aquelas mulheres dos anos 60 que vemos em filmes antigos com aquela beleza clássica bizarra, então obviamente era do tipo de mulher que as pessoas virariam para olhar na rua, corpo bonito pele rosada com cabelos longos e loiros sempre bem retocado quem não a conhecesse diria até que era uma loira natural, algumas vezes até cheguei a me perguntar o que uma garota como aquela fazia ali, Clara não combinava nem um pouco com aquele lugar, na verdade se eu encontrasse com ela na rua eu pensaria em milhares de coisas, menos que ela sonhava em ser do exército, não que houvesse algum tipo, ela apenas parecia ser “ fresca" demais para alguém que escolhe a carreira militar.
– E daí? deixe de ser chata Isabel – ela me empurrou para trás, dando uma risadinha de deboche tão característica sua que já nem me deixava surpresa – Eu devia dar uma lição em você.
Simplesmente costumava ignorar suas ameaças, porem naquele dia por algum motivo que nem eu mesma conheci eu revidei, a empurrei com força, ela cambaleou e caiu na cama meio desorientada com a minha reação, eu nunca havia perdido a cabeça antes, não assim, mas a raiva era tamanha, já estava farta daquelas provocações, estava farra dos dramas da minha mãe e descontei tudo ali, se ela queria me dar uma lição que assim fosse, me atirei sobre ela socando cada parte do seu corpo que ficava em meu caminho, ela reagiu rápido me acertando os lábios, senti o gosto de sangue na mesma hora, aproveitei do meu tamanho ea imobilizei contra o colchão com muito mais dificuldade que pensei que teria e a olhei com uma expressão dura em meu rosto, ela ria, uma risada tão descontraída que até parecia que estávamos brincando ao invés de travando uma luta feroz, pelo menos eu pensava estar sendo feroz, mas aquele riso me desconcentrou, quem em sã consciência sorri quando está sendo socada, rapidamente Clara me jogou no chão me atacando, deitou sobre mim prendendo minhas mãos ao lado do corpo e usou o seu peso para me segurar, obviamente Clara deveria estar treinando muito combate corpo a corpo pois do jeito que me segurava eu mal podia me mexer, fiz uma anotação mental para prestar mais atenção nesse tipo de ensinamento, já estava me dando por vencida, fechei os olhos respirando fundo buscando uma solução para sair daquela chave de corpo, o corpo dela apertava o meu, senti sua respiração nos meus lábios ela podia até estar me prendendo, mas tambem fazia muito força para me manter assim, já estava quase no meu limite quando ela afrouxou um pouco o aperto e cravou seus olhos nos meus em uma conversa muda de entendimento.
Ficamos assim por algum tempo, seu corpo sobre o meu sua respiração ofegante nos meus lábios, seus profundos olhos me encarando, era contato demais, Clara sorriu para mim e um tremor subiu por meu corpo, ela baixou seus lábios e os deixou ainda mais próximos dos meus, aquilo fez meu coração disparar, o que ela estava fazendo? Que espécie de maluca ela era? Eu já tinha ouvido boatos de ataques nos alojamentos, mas aquilo chegava a ser insano vindo dela, estava pronta para começar a gritar como uma desesperada quando ela se afastou.
Clara levantou e rapidamente ofereceu sua mão para mim “ -Vamos dizer que deu empate, certo?” eu me afastei dela perplexa, minha raiva havia se transformado em abismo, agora eu já não tinha dúvidas que aquela garota era mesmo perturbada...
-Você... Você é tão... - eu gritei correndo para o banheiro enquanto procurava uma palavra para descrevê-la, mas o único adjetivo que me vinha era -Estranha!
Batia a porta atrás de mim e comecei a trocar de roupa, caminhar iria me ajudar a clarear as idéias, sai do banheiro e fui direto para porta do corredor, Clara se encolhia na cama me observando de longe, com aquele sorriso cínico na cara, abria o porta dando de cara com o Tenente rabugento, ele me encarou em dúvida “-Clara Angeloti?” balancei a cabeça negativamente e o deixei entrar enquanto saia para o corredor...
Fim do capítulo
Espero que gostem...
Comentar este capítulo:
Tebf
Em: 28/12/2017
Oi autora não sou muito de comentar, mas a sua história é uma das poucas q me chamaram a atenção.
Tô gostando muito, só acho os capítulos curtinhos rsrsrs
Resposta do autor:
Oi, poxa que bom que tu resolveu comentar, fiquei feliz.
Sempre que puder vem aqui me dizer o que está achando viu :)
Então... Os capítulos são curtos mesmo, mas tem uma explicação, essa foi a primeira história q escrevi a muitos anos atrás, por ser a primeira história era difícil de desenvolver, TD muito novo, eu não tinha nenhum parâmetro para história lesb, ficou TD muito corrido entende? Quando resolvi reescrever para postar aqui eu pensei em fazer os capítulos maiores, mas achei que se me alongase demais a história ficaria muito diferente da original e como tenho um carinho muito grande por ela optei por não fazer isso, tbm tem o fato que se fissesse isso não postaria com tanta frequência e quando postasse seria praticamente o mesmo que postar todo dia.
Espero que vc continue gostando e acompanhando :)
Um abraço pra ti
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