FREAKS por Marcya Peres
Capítulo 8
E O BEM ENCONTRA O MAL!
No dia seguinte o Concièrge do hotel providenciou o que Nic havia pedido na madrugada, logo que fizera o check in...duas camisetas, um short, um par de sandálias e um vidro de remédio antibactericida. Deixou tudo na porta do quarto e tocou a campanhia, retirando-se em seguida.
Nic acordou e a primeira coisa que sentiu foram os lanhos na parte de trás de seus braços, provocados pelas unhas de Lori, ardendo ao toque do lençol ! Virou e ficou olhando os machucados como se fossem relíquias...eram quatro de cada lado, com aproximadamente 20 centímetros cada um, a pele estava esfolada e com sangue ressequido. Tocou-os e, com a leve dor que sentiu, vierem também as lembranças de como foram feitos...
“ Eu sabia que você não era apenas uma florzinha singela, Lori! Mas também não imaginei que pudesse demonstrar tanta ira e ardor como vi ontem! E isso é muito pior de lidar que sua suavidade! Sinto tanto desejo pelo seu corpo, em tomá-la inteira pra mim, que tenho vontade de enterrar-me viva pra que não caia nessa tentação absurda! Pela primeira vez na vida eu não sei o que fazer!”
Aquele pensamento abalava Nic e a fazia enxergar cada vez mais que aquela estória poderia não ter um bom final pra ambas.
Foi até a porta e pegou as coisas que havia solicitado. Limpou os ferimentos com o remédio e, à medida que os sentia arder, imaginava a simbologia do momento...à partir daquele “corpo a corpo” que tivera com Lori na noite anterior, certamente as coisas ficariam ainda piores...mais doloridas, mais magoadas, mais rasgadas... como aquelas chagas abertas em seus braços !
Lori não tinha conseguido praticamente pregar os olhos durante a noite toda...cochilou por breves momentos e quando viu já era quase hora de Mark chegar.
“Definitivamente tinha que resolver aquela questão com ele!” . Pensava, enquanto dirigia-se pra o banho. Olhou-se no espelho e viu duas enormes manchas escuras em volta dos olhos claros, desceu o olhar e lá estava ela...a marca de sangue pisado da mordia de Nic em seu ombro esquerdo...os caninos e os incisivos inferiores e superiores perfeitamente marcados em sua pela alva. Tocou- a levemente e fechando os olhos pôde sentir novamente a dor daquela mordida... o gosto do suor de Nic em sua boca... o cheiro inebriante que exalava de seus poros...sua boca, nariz, o rosto inteiro, as mãos, fazendo aquele passeio louco e tão erótico por toda sua face, pescoço e colo... a pele dela entranhando em suas unhas, no momento em que a agarrou pra não deixá-la escapar de junto de seu corpo.
“Ah, Nic! Eu daria qualquer coisa que me pedisse naquele instante! Qualquer coisa que desejasse você teria de mim! Até minha alma se quisesse, eu entregaria sem ao menos pensar! Como gostaria de beber de novo o sal do seu suor! Aspirar o aroma da curva de seus seios! Lamber outra vez sua pele tão macia e gostosa! Mas o que mais queria era sentir em minha boca um beijo seu! Mesmo que não fosse um beijo de Amor! Eu aceitaria qualquer beijo...de raiva, de indignação, de ódio, de punição, de dor! Qualquer um, desde que viesse dessa boca que quero tanto!”
Deixou rolar a lágrima que conteve por toda madrugada e chorou baixinho, só pra si, com o receio descabido que alguém pudesse ouvir seu pranto por Nic!
Quando desceu, Mark já a aguardava no Living central. A olhou com uma expressão preocupada e perguntou:
- Aconteceu alguma coisa depois que te deixei aqui, Lori? Nic voltou e te aborreceu mais ainda?
Lori estava abatida, mas também cansada de sua situação com aquele rapaz, respondeu com enfado:
- Não! Nic não voltou pra casa! Deve estar ainda se divertindo com o idiota do Gladiador!
- Parece que o fato dela ter ficado com aquele cara te deixou mal, irritada! Por que?
Lori ficou embaraçada por um breve instante e então falou assumindo um ar de irritação:
- Com quem Nic sai ou deixa de sair não é problema meu e nem me interessa, Mark! O que me chateou foi ela ter feito aquilo na frente de meus amigos! Estava sendo vulgar e isso sim me irritou!
- Pra ser sincero, eu não vi nada tão anormal assim, afinal todo mundo da nossa idade faz a mesma coisa nos Bailes! O que talvez tenha chamado mais atenção foi o fato de ela estar tão sedutoramente atraente e mostrar pra todos o que pretendia fazer depois daquele baile com o Gladiador. Confesso que dava calafrios olhar, mas também era extremamente sexy! Ela encarnou com perfeição a sedução do mal e o coitado do Gladiador parecia a vítima perfeita...forte, mas totalmente dominado por aquela Feiticeira Maligna! Hahahhahahaha! Desculpe, Lori! Mas que deu uma vontade danada de ser uma mosquinha pra poder voar até eles e ver o que aconteceu depois, isso deu!!!
Mark não tinha a menor noção de como suas palavras atingiam Lorena! Eram novamente aquelas emoções tão negativas com as quais ela não tinha a menor idéia de como lidar...ciúme, raiva diante da impotência, dor pela repressão do desejo... vontade de agredir Nic e trancá-la em um lugar onde só ela tivesse a chave e niguém mais soubesse! E aquele medo assustador da Paixão que sentia!
Gritou toda sua raiva pra Mark...
- Cale-se seu estúpido! Você também é como toda essa gente que Nic atrai e depois despreza! Se encanta por ela e depois são destratados e pisados como um inseto nojeto! Ela usa todo mundo pra saciar suas perversões e depois os descarta como um papel higiênico usado! Eu até entendo porque Nic depois sente tanto desprezo por gente assim...a culpa é tanto dela como dos que se deixam ser tratados dessa forma tão vil! Me enoja tudo isso!
Mark estava aturdido! Nunca tinha visto tanta acidez em Lori, sempre tão delicada e gentil, que mesmo quando estava aborrecida com algo, não perdia o tom calmo e compassado de voz! Ela nunca perdia o controle e costumava quebrar as pessoas mais grosseiras com sua meiguice e gentileza! Não reconhecia na sua frente aquela Lori descontrolada, agressiva, que mostrava em sua voz ira e destempero...
- Peraí, Lori! Eu só falei o que todos comentaram depois que eles saíram! Eu não desejei Nic! Pelo contrário, ela me dá medo e me deixa nervoso com aquele jeito bizarro dela! Não creio que esteja com ciúmes de mim por eu ter elogiado a beleza de Nic!
Lori não conseguiu evitar um sorriso sarcástico com a falta de percepção de Mark!
“Ele acha que estou com ciúmes dele, coitado!”
Balançou a cabeça, respirou profundamente e recuperou-se um pouco daquela inesperada cólera, então falou...
- Mark, acho que devemos dar um tempo na nossa relação! Nosso namoro não está nada bem e estou querendo dedicar os próximos meses que virão a me preparar pra próxima etapa de minha vida...a Universidade!
- O que você está dizendo?! Acabar o nosso namoro?! Mas nós nos amamos, Lori!!! E nossos planos pra nos casarmos quando eu me formasse?! O que está acontecendo com você?! Nunca a vi tão transtornada como agora há pouco! Só pode ser influência dessa sociopata da Nic!
Lori o interrompeu com um gesto e prosseguiu mais controlada...
- Pelas minhas olheiras, você pode perceber que não dormi direito. Pensei muito esta noite e decidi aproveitar as férias e fazer uma viagem pela Europa, sozinha, pelos próximos meses até que comecem as aulas na Universidade. Quero uma viagem tipo “mochila nas costas”, pra pensar melhor e pôr minhas emoções em ordem. Estou confusa com muitas coisas que venho sentindo e pretendo ficar longe daqui pra voltar limpa e mais forte! Acho que preciso desse tempo sozinha, pra tentar me reequilibrar depois de toda essa tragédia que aconteceu em minha vida!
Abaixou a cabeça e finalizou com um gesto demonstando cansaço...
- Estou cansada! Preciso ficar só! As pessoas que mais amava em minha vida foram arrancadas de mim e no lugar ficou um enorme vazio...uma dor que parece não ter fim! Preciso recompor minhas forças, senão é capaz que eu também me deixe vencer!
Essa constatação tinha um duplo significado para Lori! Além da dor pela perda dos Pais, havia também a dor pela descoberta que algo poderoso e forte demais a ligava a alguém como Nicole MacGillian...a perversa, a cruel Nic! Precisava afastar-se pra analisar de longe o que acontecia e arregimentar forças pra defender-se!
Mark não se conformava com o que Lori pretendia. Gostava muito dela, já namoravam há bastante tempo e não queria deixar de tê-la como namorada por causa de uma crise...tentou ponderar...
- Olhe bem, Lori! Eu aceito que você faça essa tal viagem sozinha e que ponha em ordem suas emoções, que tente se recuperar dessa situação tão ruim que você viveu...mas não aceito que pra isso tenhamos que acabar nosso namoro! Eu posso perfeitamente respeitar esse seu momento e estar aqui quando você voltar pra recebê-la de braços abertos, minha querida! Nós nos amamos e será muito mais fácil me ter ao seu lado quando voltar pra casa!
Mark não desistiria dela tão facilmente! Lori continuou firmemente...
- Você sabe muito bem que os planos de casamento nunca foram meus, Mark! Sempre foram seus planos, seu desejo e não meu! Eu não pretendo casar-me tão cedo e se este é o seu desejo, então definitivamente eu não sou a noiva que você está buscando! Não quero ser dura com você nem magoá-lo! Eu também gosto de você, mas não pra casar-me daqui a dois anos! Estou confusa com meus sentimentos e preciso estar longe pra melhor analisá-los! Não quero que você fique atrelado a mim durante este tempo nem pense que precisa devotar-me fidelidade! Por isso quero partir deixando a situação entre nós bem clara pra não ser injusta com você! Eu prefiro terminar agora esse namoro pra não nos culparmos de nada depois!
Mark estava atordoado! Lori sabia ser muito firme em suas convicções e sempre tinha um argumento pronto pra rebater qualquer objeção que ele fizesse. Perguntou em tom de mágoa...
- Quando você pretende viajar?
- Logo que souber se fui aceita na Universidade ou não! Não vou precisar levar muita coisa. Só o básico pra uma viagem sem luxos...simples e sem pesos....já bastam os que eu tenho que carregar dentro de mim! Pretendo ficar pelo menos três meses!
Ainda assim, ele estava certo que a amava e falou querendo dar um ponto final aquela conversa que o machucava...
- Então quando voltar eu estarei aqui esperando por você! Nossa história ainda não teminou, Lori! E vou continuar observando a influência de Nic sobre sua vida! Pode apostar nisso! Gosto muito de você pra deixar que ela a atinja e te faça sofrer com sua crueldade! O jeito agressivo com que falou comigo agora só prova isso...a Nic consegue interferir na sua vida e em suas emoções de maneira muito negativa! Por isso, eu estarei de olho! Pode apostar nisso!
E saiu da casa com lágrimas nos olhos, sabendo de antemão que seria muito difícil convencer Lorena a reatar o namoro. Conhecia seu jeito de ser...suave, mas firme...delicada, mas determinada em suas decisões...dificilmente voltava atrás quando estava certa de algo! A esperança que tinha era que ela estivesse apenas confusa realmente e que percebesse que ele a amava e que seria o melhor pra ela.
Lorena jogou-se no sofá e mais uma vez deixou as lágrimas cairem livremente pelo rosto.... “ Precisava chorar suas dores, senão poderia acabar como Nic!”...pensava, deixando que o choro lavasse um pouco sua mente e seu coração tão em conflito!
“Gostava de Mark, mas não do jeito que ele queria! Muito menos era do jeito que precisava que fosse pra não se deixar atormentar pelo que sentia por Nic! Sim, preciso saber defender-me de você, Nic! De seu magnetismo, de sua ira, e desse desejo tão intenso que sinto por você! Tenho que conhecer seu jogo e ter armas suficientes pra proteger-me de você! Senão serei mais um lixo descartado em sua vida! Mais uma que você irá destruir com seu egoísmo e falta de afeto pelo próximo! Ou faço você me olhar com respeito ou mato você em mim, mesmo que pra isso tenha que morrer também!”
E se deixou ficar ali até que a escuridão da noite caiu sobre aquele ambiente.
Nic só voltou pra casa na segunda-feira pela manhã. Precisava acompanhar Lori em sua entrevista na Universidade e tinha que cumprir seu papel de tutora. Tinha tentado se preparar pra este momento de estar a sós com ela novamente durante as duas noites que estivera fora, mas assim que viu Lori descendo as escadas do Living Central, percebeu que travaria uma batalha a cada momento como este.
Notou que Lori tinha olheiras e estava bastante abatida, mas a olhou com firmeza e diretamente. O que fez Nic perturbar-se mais uma vez!
Quando ficaram frente a frente, Lori falou com uma voz fria e aparentemente controlada...
- Estou pronta pra irmos! Tem certeza que quer me acompanhar? Já tenho minha licença pra dirigir e posso ir sozinha se assim preferir!
Nic a olhou profundamente tentando captar naquele tom gelado o que na verdade se passava com Lori...em vão! Ela parecia uma estátua de mármore! E sua expressão era impenetrável, apesar de notar uma melancolia no seu olhar. Sabia que aquela postura devia-se exclusivamente ao que tinham vivido naquele Baile e às emoções fortes e embaraçosas que se permitiram deixar aflorar! Assumiu um semblante sério e falou...
- Acho que você tem ciência que sua licença só permite que você dirija no perímetro de sua cidade! Não pode viajar sozinha nem dirigir depois das 20:00 horas, portanto não venha bancar a autosuficiente e querer me descartar agora. Vim aqui pra isso e vamos juntas pra essa tal entrevista. Se não quiser falar durante o trajeto, saiba que é um favor que me faz! Estou precisando de silêncio mesmo!
Lori ignorou o comentário, levantou o queixo e dando as costas a Nic, dirigiu-se até o carro.
Nic estava irritada com aquela postura dela, mas não conseguia deixar de pensar que ela tinha toda razão por agir assim. Deu partida no carro e seguiram viagem. O silêncio caiu pesado entre elas e Lori manteve todo o tempo a cabeça recostada no banco, com o rosto virado pra sua janela. Era como se viajasse sozinha em um ônibus e ao seu lado uma desconhecida conduzisse o veículo. Só ela sabia a profusão de sentimentos que escondia sob aquela postura glacial.
Aquele silêncio incômodo era o significado maior do quanto a situação entre elas era delicada e séria. Se ao menos pudessem conversar amenidades, com certeza tudo pareceria menos importante. Poderiam mascarar por algum tempo que fosse o desconforto do que haviam acabado de descobrir...a paixão latente que sentiam uma pela outra! Uma paixão que gritava! Que exalava seu odor e clamava pra ser aplacada! E que engoliam e as fazia engasgar como um pedaço duro de carne que entala na garganta e doí ao abrir passagem e acomodar-se desconfortavelmente no estômago!
Uma não tinha idéia do que se passava com a outra e criavam seus próprios monstros e pesadelos!
“Incrível como uma adolescente como ela sabe se manter mais firme que uma mulher de mais de trinta anos como eu! Cheguei aqui pensando encontrar uma menina assustada ou indignada ou embaraçada...o que fosse! Menos com essa cara indiferente e gelada, como se eu fosse uma criada dela! Talvez eu tenha mesmo razão...ela é uma menininha mimada que estava apenas curiosa e divertindo-se às minhas custas...quando viu que a coisa podia ficar séria ou fugir ao controle, ela simplesmente desinteressou-se! Mas porque fico tão abalada com isso?! Que se dane, Lorena! O que mais me interessa em manter essa tutela é o dinheiro que venho recebendo e mais ainda o que vou receber no final! Portanto, não vou me deixar atingir pela sua vontade, pela sua birra! Procure outro brinquedo pras suas horas de tédio! Não se brinca com coisas inflamáveis!”
Chegara à cidade onde ficava a Universidade de Arte e Design da Florida. Fizeram uma refeição leve e foram para a entrevista, que agora não causava tanto calafrio em Lori como a presença calada de Nic ao seu lado! Era incrível como apesar do clima tenso e do desconforto pairando entre elas, ainda assim, preferia Nic ao seu lado que estar sozinha ou com outra pessoa qualquer, naquele momento!
A entrevista com o Decano durou aproximadamente 45 minutos. Ele ficou com mais meia dúzia de desenhos que Lori havia feito especialmente para aquela ocasião e disse que daria uma resposta definitiva até o final da semana, quando um telegrama chegaria com a decisão final do conselho de admissão da Universidade.
Pegaram a estrada de volta e o mesmo silêncio parecia que dominaria toda a viagem novamente! No entanto, Lori precisava dar ciência a Nic de seus planos e pedir sua autorização para a viagem que pretendia fazer. Queria partir em no máximo uma semana, já que saberia o resultado da Faculdade dentro de poucos dias…virou-se e fitou o rosto sério e compenetrado de Nic…seus olhos foram então captados pelos ferimentos no braço dela...os lanhos que Lori havia produzido com suas unhas e sua ânsia pelo corpo de Nic junto ao seu! Sentiu os pêlos eriçarem…os machucados apresentavam uma leve casca escura e Lori chegou a erguer a mão pra tocá-los, sem pensar, quando Nic tirou os olhos da estrada por um momento e a encarou, percebendo que ela falaria algo…
- O que foi?
A pergunta foi direta. Lori assustou-se um pouco, mas sustentou o olhar e criou coragem pra começar a falar, em tom baixo e pausadamente com sempre fazia...
- eu preciso de sua autorização pra uma viagem que pretendo fazer dentro de poucos dias!
- Viagem de férias?
- Sim, mas será uma viagem mais longa que o normal. Quero passar três meses na Europa! Viajando de mochila nas costas e indo onde meu instinto me levar! Acho que o momento é o ideal pra eu ter essa experiência e me fará bem estar longe de tudo isso aqui por algum tempo! Não pretendo levar muito dinheiro e vou fazer pequenos trabalhos pra conseguir me manter por lá durante esse período. Só espero que você não ponha obstáculos a esse meu desejo e me obrigue a ter que pedir autorização ao Juiz Tutelar.
Nic mais um vez virou-se e olhou profundamente nos olhos de Lori. O cenho franzido demonstrava o desagrado com a frase final de Lori, que a desafiava...voltou sua atenção para a direção e fez um silêncio longo... ao final disse com a voz grave e meio rouca, que denotava uma certa tristeza...
- Não precisa se dar a esse trabalho todo! Não vou fazer objeção alguma a essa sua viagem e também acho que virá bem a calhar! Depois dos últimos acontecimentos, acho que quanto mais afastadas ficarmos uma da outra melhor será pra nós!
- Sem dúvida! Acho que pela primeira vez concordamos plenamente com alguma coisa!
Mais uma vez aquele ar “blasé” em Lori que tanto irritava Nic! O que ela não sabia era que Lori agia assim para esconder a decepção com o “pouco caso” com que Nic tratava aquela situação, como se fosse um alívio vê-la longe...Nic soltou de vez suas farpas...
- Nunca escondi que aceitei esta tutela mais pelo dinheiro que por qualquer outra coisa, então não me importa se pretende passar os próximos três meses fazendo faxina ou servindo em algum restaurante sujo pra se divertir um pouco pela Europa. O problema é seu! Só espero que você se mantenha afastada das drogas e confusões, do mesmo jeito que age aqui!
- Não precisa se preocupar tanto com meu bem estar, Nic! Apesar de termos o mesmo sangue, sou bem diferente de você! Não sinto atração por coisas sórdidas e sujas como você tanto admira! Não me julgue por você quando tinha a minha idade porque somos pessoas completamente diferentes! Minha viagem tem como objetivo o apredizado...conhecer melhor outras culturas...entender diferenças entre os diversos povos...e saber como respeitar essas diversidades! Quero ter experiências que me enriqueçam como ser humano e não que me degradem!
Lori falou com toda a mágoa que as palavras de Nic a faziam sentir. Olhava seu rosto de pedra, virado para a estrada e sentia uma enorme vontade de tocar-lhe a face, de puxar seus cabelos e fazer com que olhasse pra ela e visse a mágoa que provocava cada vez que era tão cruel... “Deus, me ajude a não deixar que Nic mexa tanto comigo! Me ajude a ser resistente, a saber enfrentá-la com suas próprias armas!”
Nic sentia novamente aquele frio na barriga e o coração acelerar... “essa menina sabe como me atingir!”...manteve a postura rígida e falou...
- Muito nobre! Vou pedir aos advogados que preparem o documento de autorização pra eu assinar. Sabe que seu dinheiro estará disponível caso desista dessa idéia estúpida de viver por conta própria durante a viagem. Quando pretende partir?
- Se o Decano cumprir sua palavra e me der o resultado ainda esta semana, viajo na próxima segunda, direto para Amesterdan.
- Então até sexta-feira te dou a tal autorização. Faça bom proveito.
E a conversa foi encerrada, caindo mais uma vez um pesado silêncio entre ambas. Cada uma com suas conjecturas e suas emoções tão conflitantes.
Chegaram em casa e foram pra seus respectivos aposentos. Não queriam mais estar naquela situação tensa e desconfortável perante a outra.
Nic achava que Lori estava certa e mais uma vez demonstrava mais sensatez que ela ao querer afastar-se naquele momento tão delicado. Mas em seu íntimo, sentia também uma profunda melancolia e decepção em constatar que Lori buscava outros interesses fora ela...que procurava desfocar sua atenção de Nic....seu ego esmigalhou-se ao percebeu que, mais cedo que esperava, Lori havia encontrado novos objetivos e deixava de lado sua curiosidade por ela e por sua vida.
“Acho que a graça acabou, né Lori?! Com certeza nessa viagem você descobrirá um mundo muito melhor e mais interessante que aquele que pensou ver em mim! Seu desenhos certamente encontrarão outras inspirações que não seja eu! E provavelmente quando voltar, não verá mais em mim o fascínio que a encantou por um breve tempo!”
Passaram os dias seguintes evitando se encontrar para que outros embates não fossem travados, principalmente dentro delas mesmas.
Na quinta-feira, no final do dia, chegou o tão esperado telegrama e Lori o abriu com mãos trêmulas...ansiava tanto por uma resposta positiva...era seu sonho!
E lá estava escrito:
“ A Universidade de Arte e Design da Florida tem o prazer de aceitar e receber no seu corpo discente a Srta. Lorena MacGillian, por suas notas irrepreensíveis durante a high school, bem como seus trabalhos artísticos que fundamentaram a decisão desta comissão julgadora e...blá, blá, blá...”
Lorena já não conseguia mais visualizar direito as letras que seguiram depois de ver que havia sido finalmente admitida! Vibrava de felicidade e seu primeiro impulso foi correr para a ala de Nic, a fim de dar a tão sonhada notícia! Acabou esquecendo-se de tudo...do interfone...do acordo entre ambas de sempre avisar...de que nunca havia ido até a ala que Nic ocupava desde que ela estava lá...só tinha em mente o fato que seu sonho profissional agora teria a chance de dar os primeiros passos pra se tornar real e sentia uma necessidade indomável de dividir imediatamente com Nic aquele momento tão aguardado!
Dirigiu-se a ala leste e subiu as escadas que levavam ao andar que Nic ocupava. A ampla sala estava vazia, bem como a cozinha, ambas na penumbra. Chegou até a varanda e olhou pra ver se ela estava ali, nada. De repente ouviu ruidos estranhos...apurou melhor os ouvidos e notou que pareciam sons de correntes misturado a gemidos...e vinham do quarto de Nic!
Ela aproximou-se sorrateiramente pra não fazer barulho algum. Foi até a porta do quarto e os sons ficaram ainda mais fortes! Ouviu gritos de mulher e um silvo, como se um chicote estivesse sendo usado! Correntes pareciam estar sendo arrastadas e a voz de Nic soou como um trovão ordenando que a mulher fizesse o que estava mandando! Sentiu seu coração disparar! As pernas ficaram completamente trêmulas e previu o que encontraria caso se atrevesse a olhar pra dentro daquele quarto, que estava fechado!
Sentia um medo tão grande do que poderia ver que seus passos mal coordenavam com o resto do corpo e um tremor intenso se apoderou de seus membros! Mais uma vez chicotadas...correntes...gritos...e a ordem de Nic: “Faça o que mando, sua cadela!”
Mas a curiosidade mórbida em ver Nic agindo com uma de suas vítimas foi ainda maior que o medo de ser flagrada olhando a cena. Tentou olhar pelo buraco da fechadura, mas a chave não deixava ver absolutamente nada no interior do quarto.
Então como num lampejo, lembrou que a sacada da sala se estendia até o quarto de Nic! Caminhou, pé ante pé, até a varanda e foi se aproximando bem devagar pra que sua presença não fosse notada. A porta de vidro estava fechada, mas a cortinha encontrava-se entreaberta, dando espaço suficiente para que Lori vislumbrasse muito bem o interior daquele enorme cômodo.
E finalmente pôde ver, secretamente e de uma posição privilegiada, a cena que produzia aqueles barulhos macabros!
O quarto estava à meia luz, com vários potes de velas vermelhas acesas em volta da cama, por sobre o criado mudo e ao redor da jacuzzi, que impregnavam o ambiente de uma difusa luz vermelha! A cama com um enorme dossel de madeira clara entalhado em forma de silhuetas nuas, tinha um mosquiteiro de filó que chegava ao chão! Um espelho de aproximadamente 1,80 cm de altura, numa moldura também de madeira, jazia em pé de frente pra lateral da cama, reproduzindo pras protagonistas, a cena do que praticavam! Tudo fazia lembrar o quarto de alguma Meretriz do século XIX.
Nic usava um espartilho de couro negro, com colchetes na frente e os seios quase saltando pra fora do bojo arredondado...calçava sandálias de salto agulha e meias 7/8, seguras pelas ligas presas à cinta...em uma das mãos tinha o tal chicote que usara no Baile de Formatura....na outra, segurava firmemente uma coleira, dessas usadas em cães de grande porte, que estava presa ao pescoço de Anette!
Levou um susto quando reconheceu sua governanta agachada de quatro, levando chibatadas de Nic e bebendo algo numa vasilha típica usa para alimentar cães! Ela estava completamente nua! Tinha as mãos e os pés amarrados por correntes grossas de metal, que deixavam apenas um espaço de mais ou menos 15 cm entre um membro e outro, pra que conseguisse se movimentar daquela forma. Nic a xingava todo o tempo e vez ou outra puxava com força a coleira pra trazer a cabeça de Anette pra cima e esbofeteá-la por algo que não tinha gostado. O chicote era usado pra açoitar as costas e as nádegas da pobre mulher, que já se encontravam com enormes vergões por toda a pela clara.
Lori assistia a cena horrorizada! Nunca tinha imaginado esse tipo de humilhação pra alguém, muito menos que uma pessoa com a postura e o caráter reservado de Anette, pudesse submeter-se aquilo! Nic parecia uma Rainha das trevas e inflingia dor à sua vítima com um sorriso de prazer e um olhar de desprezo! O pior era que parecia que a tal “brincadeira” estava apenas começando...
Lori viu Anette arrastar-se até os pés de Nic e começar a lamber-lhe os dedos! Sugava um a um com o prazer estampado em sua face e passava a língua por todo o pé até chegar a panturrilha de Nic, quando então levava uma bofetada pra não ir adiante! Ela olhava Nic com adoração e fechava os olhos em regozijo cada vez que sentia as pontas finas do salto de Nic ferir suas coxas e pisar suas mãos! Gritava, uivava como uma cadela agonizante, mas pareciar estar em júbilo com o modo sádico com que Nic a machucava!
Nic puxou a coleira e fez Anette subir na cama. Pôs os braços dela acima da cabeça e os prendeu no espaldar do leito. Abriu as pernas da mulher e as prendeu pelos tornozelos aos pés da cama, também usando as correntes. Pegou dois potes de velas e passou a jogar a cera líquida e fumegante nos bicos dos seios de Anette, que gemia de dor, sem conseguir camuflar o prazer que sentia com aquele tormento! Ficou sentanda entre as coxas de Anette e jogou a cera quente pelo abdome, fazendo um desenho no corpo dela...então clamou:
- Isso é pra você não esquecer quem é sua “Mistress” pelos próximos dias! Eis meu nome gravado em sua carne!
Lori não conseguia ver o que Nic tinha feito no dorso de Anette, seu corpo sentado sobre ela tapava sua visão, mas aí olhou na direção do espelho...ele refletia tudo o que se passava num “take” lateral...e pôde ver impresso, à cera quente na pele clara, em letras garrafais o nome...NIC!!!
Então ela resolveu jogar a cera líquida também sobre o clit*ris de Anette...ouvi-a gritar alto e tentar arquear o corpo numa tentativa inútil de escapar àquela dor intensa...Nic abriu uma maleta que encontrava-se ao lado da cama e tirou de lá uma espécie de cinta, onde acoplado estava um p*nis enorme de látex.
Vestiu o apetrecho, cuspiu na própria mão e passou no sex* de Anette... e aí, arremeteu-se dentro dela sem a menor complacência com seus pedidos de clemência! Passou a copular naquela mulher como se fosse um macho violador! Dava fortes tapas no rosto dela e arranhava a lateral de suas coxas cada vez que sentia Anette arquear um pouco mais o corpo pra frente!
Começou a perceber que Anette parecia estar gostando daquela violência atroz, que causava espanto e aversão em Lori!
Nic a fustigava sem a menor pena e bradava o seu poder:
- Você só vai goz*r quando eu quiser, sua puta enrustida! Seu prazer me pertence e só eu posso dá-lo a você! Não pense que mexendo desse jeito você vai poder antecipar seu gozo, você só o terá quando eu deixar, entendeu bem?!
E mais uma bofetada soava!
Nic retirou-se de dentro da mulher e subiu o corpo pra fazê-la abocanhar o membro postiço. Fez com que ela o ch*passe por um bom tempo até ver que brilhava de saliva. Voltou a sua antiga posição, só que dessa vez resolveu flagelar outro orifício!
Lori via tudo através do espelho em frente a lateral da cama em que estavam! Não pôde deixar de notar o brilho de pavor, mas também de extrema excitação que viu no olhar de Anette quando Nic a penetrou o ânus. E outra vez um urro saiu de sua boca, mas ao invés de cerrar os olhos como seria normal naquela situação de intensa dor, Anette os manteve bem abertos, fitando com devoção o rosto de sua algoz.
Lori então viu que Nic massageava lânguidamente o clit*ris de Anette...enquanto meneava os quadris ora com força, ora bem devagar, numa dança sensual e cadenciada. Quando percebia que Anette estava prestes a goz*r, ela parava e apertava-lhe os bicos dos seios já ardidos pela cera quente ou mordia-os um a um, provocando mais dor na sua vítima. Ficaram nessa torturante investida por longos minutos, até que ouviu Anette implorar:
- Por favor, “Mistress”! Permita que meu gozo venha logo! Não sei se meu corpo aguenta mais por muito tempo!
Nic então curvou o corpo pra frente, ainda a penetrando e ficou com o rosto a meio palmo da face de Anette. Por alguns segundos, Lori pensou que ela fosse beijá-la, viu Anette abrir os lábios e passar a língua entre eles, sedenta pela boca de Nic! Mas ao invés de beijá-la, Nic parou e cuspiu no rosto da mulher, que imediatamente lambeu aquela saliva e a sorveu como se fosse o líquido mais precioso da face da terra. Depois ergueu novamente o tronco e recomeçou aquela massagem erótica e torturante no sex* de Anette, dizendo:
- Vou deixar que você goze! Não quero um corpo desmaiado ao meu lado quando terminarmos! Goz* logo sua piranha velha...goz* para sua Dona...goz* como só eu sei fazer você goz*r!
E viu o corpo de Anette começar a tremer num ritmo intenso, à medida que Nic tocava-lhe o clit*ris e penetrava-a pela frente com três dedos...em nenhum momento Nic havia parado de fazer sex* anal. De repente a viu convulsionar revirando os olhos e dizendo palavras desconexas, totalmente embriagada pelos orgasmos que se sucediam sem trégua...ela tremia tanto que as correntes pareciam que iriam partir-se a qualquer momento ou então arrebentar seus pulsos e tornozelos! Viu com olhos arregalados a mulher ter vários espasmos seguidos, que pareciam intermináveis, levando vários minutos até que começasse a amenizar as contrações do corpo e relaxasse por completo o peso sobre o colchão! Nic esperou que os tremores involuntários das pernas e no rosto de Anette cessassem, para então retirar-se de dentro dela e desacorrentá-la da cama.
Anette parecia desacordada e Lori temeu que Nic tivesse se excedido e causado um mal pior àquela mulher. Viu que ela dava tapinhas de leve no rosto de Anette e então, parecendo impacientar-se com aquilo, pegou um copo com água que estava na mesinha ao lado e jogo no rosto dela!
Imediatamente Anette voltou a si e com as feições completamente grogues, olhou ternamente pra Nic, dando um sorriso mole, sem forças, mas de profundo agradecimento e veneração! Ouviu-a dizer:
- Obrigada, minha ama! Agradeço humildemente o prazer sem medida que me deste! Como quer que eu retribua sua generosidade e a faça goz*r?
Nic a olhou com desdém e falou:
- Não quero que me toque! Estou com asco de você hoje! Levante-se e suma da minha frente! Não consigo olhar essa sua cara estúpida nem mais um minuto! Vá, anda! Evapore antes que eu a tire do meu quarto a ponta pés que é o que uma cadela como você merece!
Anette imediatamente catou suas roupas e tentando vestí-las foi andando em direção à porta...mas as pernas ainda trêmulas não permitiam que ela fosse tão ágil. Nic então a pegou pelos cabelos e a levou até a porta, onde a jogou no chão e lançou sobre ela o resto de suas vestes...disse com nojo...
- Você chegou a pensar que eu fosse beijá-la hoje, não foi Anette?! Pois minha boca só chegará na sua pra arrancar sangue de seus lábios...jamais pra acarinhá-los com minha língua! Agora desapareça! Não quero avistar sua cara pelos próximos dias, ouviu bem?!
E Anette se foi como um bicho assustado temendo ser devorado pelo seu predador!
Lori estava atônita com o que tinha presenciado! Uma sessão de sadomasoquismo tão violenta e cruel parecida com as que tinha lido nos livros de Nic! Afastou-se um pouco do vidro da porta e começou a pensar sobre o que tinha visto. Mesmo sabendo das preferências dela duranto o ato sexual, jamais conseguiu imaginar o que seus olhos viram e seu ouvidos tão bem escutaram. Nic era ainda mais sádica do que pensava e o mais incrível de tudo era ter visto Anette como sua “escrava”! Jamais, em seus delírios mais loucos, poderia imaginar Anette sendo torturada e humilhada daquele jeito e ainda por cima se deleitando com tudo aquilo! Ela que era sempre tão impenetrável, tão fria, como uma típica Inglesa conservadora! Quantas vezes tinha visto seu olhar de censura quando ela flagrava Lori beijando Mark com mais ardor...ou quando os via subindo para o quarto e devia imaginar o que fariam em seguida. Ficou espantada em saber o quanto as pessoas podiam enganar os outros com suas máscaras de falsa moral!
E mesmo sem querer, conseguiu entender porque Nic as desprezava tanto depois! Mas para Lori, aquele tipo de jogo era asqueroso demais! O sadismo de Nic a fazia sentir calafrios! O mais estranho pra ela foi que não sentiu ciúmes de ver Nic com aquela mulher, como havia sentido no Baile com o Gladiador! Era como se tivesse apenas visto Nic participar de um jogo sádico, que lhe trazia prazer, mas não a sensibilizava! Lembrou que chegou a sentir o ciúme chegar quando pensou que Nic fosse beijar Anette, mas então ela cuspiu nela e Lori viu que pessoas como aquela, jamais chegariam onde Lori queria chegar...no coração, na alma de Nic!
Voltou a olhar pra dentro do quarto e viu Nic saindo do banheiro, vestindo uma camiseta curta e a calcinha preta. Ela recolheu os objetos que haviam sido usados há pouco e os guardou na caixa e no armário. Notou que seu rosto estava com uma expressão de enfado, de cansaço...o que era? Parecia tristeza sim! Viu ela apagar as velas e juntá-las em um canto. Acendeu o abajur ao lado de sua cama e deitou-se...ficou um bom tempo olhando para o teto, pensativa, com um semblante indefinido...então Lori percebeu que ela se tocava por baixo do lençol fino...fechou os olhos e começou a gem*r baixinho com o rosto afogueado e o corpo mexendo por baixo das cobertas, buscando seu prazer...Lori assistia a cena com o sex* pulsando! Sentiu um líquido morno escorrer de dentro de si mesma e viu seus mamilos ficarem rijos...a boca secou e não conseguia tirar os olhos da expressão mais linda que já vira até então...a cara de gozo de Nic! Viu quando ela chegou ao clímax e quase sem perceber apertou o próprio sex* pra calar seu desejo! Mas ele não a abandonou! Queria Nic com tanta intensidade que também masturbou-se ali, de pé, do lado de fora daquela varanda, olhando embevecida pra Nic deitada, parecendo já dormir!
Quando o orgasmo chegou, fez suas pernas bambearem e ela sentou-se no chão...chorando!
Deixou que o pranto viesse mais uma vez tentar aliviar aquela dor de não poder gritar um desejo...de não poder permitir-se viver aquela paixão...de ter que calar a vontade louca de entrar naquele quarto e agarrar-se ao corpo de Nic e pedir que a fizesse de sua “escrava” também! Por que sabia que precisava lutar contra aquela necessidade que tinha de Nic ou então só conseguiria ter dela, aquele olhar de nojo que a viu dar à Anette...e isso seria pior que qualquer coisa, até mesmo pior que a distância que se obrigaria a ter pra não ceder ao que seu corpo tanto implorava!
Olhou mais uma vez pela janela e Nic parecia dormir.
“Será que se masturbou pensando no que tinha acabado de fazer em Anette?” E sentiu novamente o ciúme invadir seu peito já tão dolorido!
Voltou para os seus aposentos. Tinha até mesmo se esquecido do telegrama da faculdade! No dia seguinte falaria com Nic! Estava tão perturbada com o que tinha visto que não sabia como olharia pra ela. Pensou de novo em Anette.... “Por isso algumas vezes a tinha procurado pela casa sem encontrá-la! Será que era amante de Nic há muito tempo?! Naquele dia do churrasco elas sumiram por horas! Agora as coisas se encaixam!”...ficou rememorando fatos e viu que elas deviam fazer aquilo desde logo que Nic chegara àquela casa. Sentiu raiva de Nic e de Anette!
“Vocês se merecem mesmo! São nojentas iguais! Sinto raiva de mim por, mesmo depois de tudo que vi, ainda sentir desejo por Nic! Pois ela que se contente com o tipo de gente desprezível que ela subjuga! Porque a mim, ela jamais dominará daquele jeito!”
No dia seguinte interfonou para o quarto de Nic e avisou da forma mais gélida possível o resultado da faculdade.
Nic não entendeu porque Lori estava ainda daquele jeito tão distante, já que tinha esperando tanto por aquela notícia. Pensou que pelo menos aquilo a deixaria mais feliz!
Pegou o papel da autorização para a viagem assinado e decidiu levar para Lori. Era apenas uma desculpa pra poder estar com ela mais um pouco, afinal ela iria ficar muito tempo fora. Sabia que estava sendo imprudente agindo daquele jeito, mas a vontade de vê-la era mais forte!
Não a encontrou pela casa, nem nos jardins, então decidiu ir até o quarto dela...mesmo quebrando a regra de avisar, mais uma vez!
Bateu na porta e esperou. Ouviu a voz de Lori meio sonolenta:
- Não quero café da manhã ainda! Depois desço e como alguma coisa!
Ela devia pensar que era uma das empregadas. Nic então girou a maçaneta e entrou. Lori estava na cama deitada, abraçada a um travesseiro, como Nic já havia visto antes...parecia tão frágil! Mas não foi fragilidade o que viu nos olhos dela quando ela viu que era Nic entrando em seu quarto...
- O que faz aqui? Como ousa invadir meu quarto sem permissão? Saia já!!!
Lori havia se levantado e estava de joelhos na cama. O pequeno baby doll deixava à mostra os seios firmes e generosos...as pernas de Lori pareciam ainda mais belas naquele short que mais lembrava uma calcinha. Nic ficou parada, admirando o quanto linda ela era daquele jeito! Acordando pela manhã, com os cabelos desalinhados e soltos, os olhos apertados e o rosto vermelho pela raiva que estava sentindo com sua invasão.
Nem tinha ouvido direito o que Lori dissera...focava seu olhar apenas naquela figura sensual, idílica, que tanto atormentava seu sono! Aproximou-se da cama bem devagar, como uma cobra sorrateira prestes a dar o bote no pequeno ratinho. Lori sentia o corpo todo tremer e o coração bombeava descompassado. Sentia tanto medo! Mais ainda por saber que talvez não resistisse se Nic a tomasse pra si!
Nic chegou tão próxima de Lori que notou a tremor do corpo dela. Olhou nos seus olhos e viu o medo neles! Recuou! Não era aquele sentimento que buscava naqueles olhos! Não era pra aquilo que tinha ido até o quarto dela! Queria apenas falar-lhe e ouvi-la mais um pouco antes de fosse embora...poderia ser qualquer coisa, o assunto não importava...bastava apenas ouvir sua voz cálida, ver seu gestos delicados e olhar mais uma vez aquele verde mar sem fim!
Estendeu o papel que estava em sua mão e o entregou a Lori dizendo com voz apagada...
- Já vou sair! Apenas vim entregar-lhe sua autorização, pois achei que tinha pressa! Parabéns pela admissão na faculdade! Tinha certeza da sua vitória! E já que não vou vê-la mais, pois pretendo ir pra minha casa hoje, boa viagem! Se precisar de alguma coisa, basta ligar!
E deu as costas saindo rapidamente daquele quarto. Deixando atrás de si uma Lori confusa e com uma dor intensa no peito!
“Eu não deveria ter entrado nesse quarto outra vez! Ela me atordoa demais! Me deixa completamente fora de mim! Quase faço uma bobagem e a agarro ali mesmo naquela cama! Eu estou perdendo o juízo de vez! Pelo menos terei três longos meses pra tentar me refazer de você, Lori! E juro que vou empenhar todas as minhas forças nisso!”
Nic então foi também fazer sua mala pra ir pra casa! Não ficaria naquele lugar sozinha sem Lori! Ainda mais depois que notou que seu interesse por Anette também estava acabando!
“A única coisa que me faz ficar neste lugar é você, Lorena! Sem você aqui, toda essa beleza perde o brilho...fica sem sentido! Não quero vê-la partir! Tomara que encontre o que quer buscar nessa viagem, pois eu levei 13 anos procurando pelo mundo e não achei! Boa sorte!”
E também partiu pra seu refúgio!
Da varanda, Lori acompanhava o carro de Nic sumir pela alameda da entrada da casa...
“Vá, Nic! Fuja como sempre faz! De nada adianta! Seus tormentos continuarão a te acompanhar, pois eles estão dentro de você!”
Fim do capítulo
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