A ATRAÇÃO...

Lori subiu para o quarto, estava cansada e um pouco agitada pelos acontecimentos daquela pequena festa. Não conseguia entender porque se deixava atingir pelo comportamento de Nic, tinha ficado irritada com seu sumiço, pois algo em seu íntimo dizia que ela estava aprontado, só não sabia exatamente o que. Mas o que mais a incomodou foram os olhares insistentes de Nic em sua direção. Exatamente depois que Lori dera um banho em Nic com aquele mergulho, ela começou a acompanhar Lori em todos os seus movimentos, como se de repente tivesse passado a perceber Lori de uma maneira diferente. E a fitava de um modo tão intenso que, por várias vezes, Lori esqueceu que havia outras pessoas em volta e se deixou captar por aquele olhar...como um potente ímã que a prendia àqueles olhos cinza-aço...pensava que talvez pudesse ler neles o que Nic estava querendo ou sentindo!

”E porque raios queria saber o que Nic sentia! Não tinha cabimento! Devia se preocupar com seus próprios sentimentos e deixar um pouco Nic de lado! Ela era a pessoa mais arrogante e intratável que já conhecera e já estava começando a cansar de suas atitudes cheias de prepotência!”

As pessoas sempre trataram Lori como se fosse uma Princesinha e era assim que ela sempre se portara...era educada, gentil, atenciosa e sempre muito generosa com todos à sua volta, fossem os amigos da família, os empregados ou as pessoas que assistia nos Centros de Caridade nos quais era voluntária vez ou outra. Não conseguia entender porque Nic era tão irascível com ela e pior, muitas vezes ela simplesmente ignorava Lori, olhava pra ela com desprezo, com desdém, como se sua delicadeza fosse falsa ou algo menor, ridículo.

Lori pegou seu caderno de desenhos e começou, praticamente sem notar, a rabiscar os traços do rosto de Nic....”Ela é tão linda! As linhas de seu rosto são de uma harmonia ímpar! Simetria perfeita entre olhos, nariz e boca...e que boca perfeita! Lábios cheios, num formato que lembram uma cereja rubra e suculenta! Mas que imbecil que sou! Nic desdenha de mim e eu aqui pensando no quanto ela é bonita! Pro inferno Nic! Hoje você me encheu a paciência! Vou deitar que faço melhor! Aposto como ficou me encarando o tempo todo só pra me embaraçar na frente das pessoas! Mas não sou nenhuma idiotinha indefesa! Vou saber me defender desse seu gênio intragável...você vai ver! Vou provar que minha delicadeza pode ser mais forte que sua ira selvagem!”
E largou o lápis e o caderno no chão, indo pra sua cama tentar relaxar e esquecer o jeito de Nic olhar pra ela....”Que droga! Porque isso não sai da minha cabeça!”...pensou revirando-se na cama pela enésima vez...até que o corpo cansado relaxou e trouxe pra ela um sono agitado de sonhos confusos.

Em seus aposentos, Nic não conseguia deixar de pensar no que tinha acontecido com ela naquele dia tão cheio de emoções...algumas já velhas conhecidas emoções...outras completamente novas e incompreensíveis! Quando Lori se jogou na piscina espalhando água sobre ela e Sean, ela se virou na direção da menina a fim de fazer um comentário jocoso, quando então notou, como se estivesse vendo Lori pela primeira vez, o quanto aquela garota era bonita! Foi como um estalo na sua mente, espalhando corrente por todo seu ser! O corpo não parecia o de uma adolescente, tinha curvas bem feitas, seios de tamanho médio pra grande, pernas bem torneadas, cabelos longos num tom loiro acobreado muito raro de se encontrar e uma pele tão linda, luzindo sob aquele sol! Quando Lori olhou pra ela com os enormes olhos verdes claros brilhando pela graça que tinha feito, Nic se sentiu completamente desconcertada e sem ação, como se tivesse sido pega num tremendo ato falho, sem desculpas! Nunca na vida havia se sentido tão invadida e pega de surpresa por sentimentos que desconhecia! Ficou incomodada demais com aquilo! Tinha voltado pra festa com Anette e sua pequena orgia sexual na cabeça e de repente se vê assaltada...invadida...arrebatada por um olhar e um sorriso que apesar de já conhecer, era como se os tivesse percebido só naquele momento! Não conseguia entender o que estava acontecendo...passou o resto da festa sem conseguir tirar os olhos de Lori e a se perguntar todo o tempo o que de fato estava se passando com ela! Porque aquela atração tão inoportuna e descontrolada!

” Isso não pode estar acontecendo comigo! Logo com Lori, minha prima e tutelada! Uma garota que mal saiu dos coeiros! O bem mais precioso que Alex me confiou! Não posso fazer isso com ele! Aliás, não posso é fazer isso comigo! Deixar uma fedelha metida a Cinderela abalar minhas estruturas desse jeito! Calma Nic! Foi só uma atração física que você vai esquecer logo, logo! Basta voltar a encontrar gente grande de verdade, como Anette, Moly e porque não o coitado do Sean...ele é um gostoso e posso ensiná-lo como ser um bom escravinho, bem submisso!”

Nic procurava a todo custo afastar de sua mente aqueles pensamentos sobre sua mais recente descoberta...o quanto Lori era linda e sexualmente atraente pra ela! Não conseguia se imaginar com uma adolescente, pior ainda ser ela sua tutelada! Poderia ir para a prisão por aquilo...se apenas uma sombra de dúvida que fosse chegasse à cabeça e aos olhos do Juiz Tutelar, Nic poderia passar os próximos 6 anos na cadeia, só pela intenção ou assédio a uma menor sob sua responsabilidade confiada numa Tutela. Imagine se algo chegasse a se concretizar...seriam uns 10 anos no mínimo!

”Cruzes! Eu sempre fui maluca, mas acho que dessa vez tô me superando! Sentir qualquer tipo de atração por essa menina será meu fim! Não posso jamais permitir que isso aconteça! Sempre tive controle absoluto sobre minhas emoções e não vai ser diferente dessa vez! Vou passar a ignorar mais ainda Lori e tentar me manter afastada o máximo possível! Quanto menos contato melhor! Afinal vou ter que passar quase 5 anos ao lado dela, sendo responsável por ela e não posso me deixar levar por um simples tesão inoportuno...fora de lugar! Quem sabe eu a desprezando cada dia mais ela também passe a me detestar, aí ficará mais fácil me manter à distância! Será mais seguro assim!”

E também encontrou um sono agitado e com sonhos sombrios.

No dia seguinte Nic decidiu que não sairia da sua ala...ficaria vendo filmes e programando alguma pequena viagem para pôr as idéias no lugar e não se deixar contaminar pelas novas emoções. Se ficasse na casa teria que pelo menos vez ou outra ficar perto de Lori na hora de alguma refeição ou caso fosse para os jardins e isso, naquele momento, seria muito inconveniente. Tinha que colocar em ordem seus sentimentos e a última coisa que precisava era de Lori por perto. Precisava se afastar por algum tempo e talvez sua antiga casa fosse uma excelente opção.

O interfone tocou e Nic levou um susto...estava absorta em seus pensamentos e o barulho estridente do aparelho a pegou de surpresa...atendeu e do outro lado ouviu a voz suave e polida de Lori:

- Olá Nic, espero não ter te acordado! Mas é que já passa das 9:00 e queria saber se você quer descer pra tomar o café da manhã aqui comigo na piscina. Está um lindo dia e poderíamos nadar um pouco depois...o que acha?

Nic fez um silêncio longo e Lori chegou a pensar que ela havia desligado, quando então ouviu sua voz dizendo, meio abafada:

- Não vou descer hoje, Lori. Estou um pouco indisposta e prefiro ficar nos meus aposentos vendo um filme ou lendo. Também estou planejando ir pra minha casa ficar uns dias e espero que você não se oponha. Acho até que você vai gostar de ficar com a casa toda só pra você e Mark, sem o risco de me encontrar vagando pelos jardins.

Lori sentiu um aperto no peito com aquelas palavras e sem entender o que sentia falou num fio de voz:

- Então tá bom, Nic. Desculpe se a importunei com meu convite. Não me oponho que você vá pra sua casa. E fique o tempo que achar necessário. Boa viagem pra você.

- Obrigada.

Lori desligou o interfone e não soube dizer porque sentia tanta tristeza com a recusa de Nic e principalmente em saber que ela ficaria fora por um tempo que não sabia quanto. Tinha percebido que Nic apenas dera uma desculpa pra não estar perto dela e isso a magoava muito!

Do outro lado Nic pensava ter feito o melhor:
”Não posso deixar essa atração tão idiota me afetar! Não podia acontecer coisa pior comigo, ter desejo por Lori! Vou matar isso em mim de qualquer jeito! Mas não posso ser burra, preciso do dinheiro que ganho com essa Tutela! Lori é minha galinha dos ovos de ouro e isso pra mim tem que ser mais importante que qualquer desejo sexual imbecil que eu possa ter por essa garota!”

E pensando assim foi arrumar suas coisas para partir no dia seguinte...precisava de um tempo afastada de Lori para reorganizar suas emoções e pôr a cabeça no lugar!

Quando Nic chegou em sua velha casa, sentiu-se feliz, afinal voltava depois de mais de um mês longe e seria bom abrir a casa, deixar entrar a luz do sol, dar uma arejada no ambiente em volta e nela própria também. Gostava daquele lugar, por isso sempre havia relutado tanto em se desfazer daquela casa. Era o único bem que possuía e se não fosse burra, com o dinheiro que ganhava como Tutora de Lori, poderia viver com bastante conforto, inclusive gastando com suas excentricidades...além do mais haveria o grande prêmio no final de tudo...3 milhões de dólares...aí sim ficaria tranquila! Era só não se deixar levar por pensamentos idiotas ou sentimentalismos piegas...tinha que agir com a razão acima de tudo e não se deixaria levar pelos encantos juvenis de Lori.
”Era apenas uma garotinha pela qual tinha sentimentos diferentes, talvez por ela ser filha de Alex, o único por quem teve o que se poderia chamar de amor fraternal! Mas o que gosto mesmo é de uma mulher bonita e gostosa...vou ligar pra Moly!”

Moly ficou felicíssima por Nic tê-la procurado...isso nunca tinha acontecido...era sempre ela que tinha que correr atrás de Nic implorando atenção e algumas horas de sex*...ou tortura...dependia muito do humor de Nic! Ficou sabendo dos últimos acontecimentos...da tutela...da nova vida que Nic estava levando morando com sua prima....e da nova vítima de Nic, Anette!

- Você não perde tempo hein, Nic! Mal chegou na casa de sua prima e já atacou a empregada! Ainda bem que Lori é ainda quase uma criança e está fora do seu padrão, senão não sei o que seria da pobrezinha!

Nic ficou irritada com o comentário de Moly e se levantando, pegou-a pelos cabelos erguendo seu rosto e aproximou-se de sua boca, falando entre dentes:

- Cale esta boca imbecil e venha cá que quero te mostrar o que fiz com Anette! Acho que nós duas podemos nos divertir muito com ela. Por falar nisso, quero que traga aqui amanhã aquele seu amigo bonitão que trabalha com você na agência, o Rob...acho ele muito gostoso e estou com vontade de ter o corpo de um homem também!

- Porque Nic? Tem alguma coisa a incomodando que quer esquecer? Você não costuma sentir falta de Homem! Queria tanto que ficássemos só nós duas e...

Nic levantou e trouxe enroscado em seus dedos os cabelos ruivos de Moly...começou arrastando-a pela casa como se estivesse puxando um cão teimoso pela coleira...Moly gemia de dor, mas não opunha objeção a Nic, apenas mostrava que sentia dor e que era totalmente subserviente a ela...sempre!

- Venha minha cadela de rua! Chega de conversa fiada que não trouxe você aqui pra ficar papo furado! Não somos namoradas e não quero seduzi-la! Você sabe o que quero, então venha me saciar agora!

- Sim, Nic! Me mostre como fez com Anette! Quero sentir tudo o que ela sentiu! Não quero que fique mais com ela, eu posso dar a você tudo o que gosta! Conheço como sente prazer e não quero outra mulher no meu lugar!

Nic virou Moly pelos cabelos e deu um forte tapa em seu rosto, grunhindo em seguida:

- Não seja ridícula, Moly! Nem pense em ter esse tipo de sentimento por mim! Dispenso os seus ciúmes, não significa nada! Você sabe muito bem que tenho a Mulher ou Homem que quiser, na hora que bem entender e não preciso esconder isso de ninguém! Você é apenas mais uma cadela que me satisfaz! Não se iluda com exclusividade que isso não vai acontecer nunca! Com você nem com ninguém!!! Eu sou livre e vou ser assim sempre!!!

Moly sentia o rosto arder a inchar pela bofetada potente de Nic, mas no seu jogo masoquista decidiu provocá-la um pouco mais, virando-se e completando:

- Você tá querendo convencer quem disso, Nic? Talvez a si mesma não é?! Bem que achei que havia algo diferente no seu olhar quando cheguei! Tinha algo de melancólico...não sei dizer! Será que aconteceu algum milagre e alguém conseguir tocar o coração da insensível Nic MacGillian!!!! Tá fugindo do quê? Ou melhor, de quem? Sinto que não é essa tal de Anette...é homem ou mulher que está te incomodando? Ah, deve ser mulher! Afinal você prefere as mulheres mesmo, não é?! Aiiiiiiiii!!!!

Nic passou a bater em Moly e só parou quando percebeu que havia ido longe demais! Moly estava com a boca sangrando e quase desmaiada, atordoada pelas pancadas no rosto. Nic perdeu todo o tesão que estava sentindo. Decidiu levar Moly para o quarto dela e ir para o seu quarto sozinha. Tinha perdido completamente a vontade de fazer com Moly o que tinha feito com Anette...pelo menos naquela noite. Moly mesmo tonta e com o rosto doendo ainda protestou:

- Não Nic, não me deixe aqui sozinha! Desculpe ter falado aquelas bobagens! Fique aqui e durma comigo, juro que não vou mais tocar nesse assunto! Ainda quero sabe o que fez com Anette! Por favor!

- Hoje você me cansou com suas baboseiras, Moly! Estou irritada demais e posso te machucar muito se tentarmos fazer algo! Não quero perder o controle como fiz há pouco! Vamos dormir e em quartos separados! Amanhã poderemos nos divertir um pouco, desde que você não me venha com imbecilidades como as que falou!

E fechou a porta com força, deixando atrás de si uma Moly boquiaberta:
”Realmente alguma coisa aconteceu com Nic! Mesmo quando me bateu com raiva, parecia abatida, sem energia! E recusar uma noite de sadomasô comigo! Ela deve estar doente! Não vou mais tocar nesse assunto, não quero desperdiçar o tempo que tenho com Nic com isso! Seja o que for, vai passar! Nic sempre consegue se livrar dos seus problemas e olha que os que teve não foram poucos!”

Nic foi para o quarto irritada demais! Estava aborrecida pelas palavras de Moly, mas o que a deixava pior era aquela apatia...uma tristeza que não sabia dizer porque...até mesmo a vontade de ter uma sessão de sex* sádico com Moly tinha sumido, abafada por uma melancolia que não conseguia explicar nem pra si mesma. Foi dormir pensando:
”Amanhã melhoro! Vou me desligar daquela casa e daquela garota por uns bons dias! Não quero nem lembrar que Lori existe! E quando voltar, tudo já estará sob controle novamente!”
E pensando assim, tentou dormir...

Os dias que se seguiram foram de muita agitação para Nic e Moly. A fim de afogar aqueles sentimentos que a estavam incomodando tanto, Nic decidiu cair de cabeça nas orgias e na badalação que sempre trouxeram tanto prazer pra ela. Foram festas, passeios de barco, boates e inferninhos, onde encontrava prazer em sessões de sex* selvagem ou de sadomasoquismo, com participações de alguns velhos conhecidos e outros novos, mulheres ou Homens, os quais subjugava e os usava pra satisfazer seu prazer de inflingir dor às pessoas. Adorava ver uma pele clara ficar rubra e com vergões grossos pelas chibatadas do couro de seu chicote ou cinto. Vibrava em ver um Homem ou uma Mulher encoleirado e lambendo seus pés, pernas, como um cão implorando a atenção e o carinho de seu dono insensível. Sentia imenso prazer em provocar dor usando grampos de pressão nos mamilos de suas vítimas...adorava ouví-los urrar de dor e prazer quando fazia sex* anal tanto nas Mulheres como nos Homens e os subjugavam com palavras de humilhação pessoal.Esse era o maior prazer de Nic...humilhar e torturar seus parceiros, mesmo quando dava a eles prazer...porque isso ela também sabia fazer como ninguém! A dor e a humilhação era sempre acompanhada de momentos de muito gozo, sabia o que agradava pessoas como aquelas, que se permitiam serem abusadas e tratadas como lixo!

Uma coisa incomodava Nic...o vício de Moly em cocaína! Ela sempre alertava Moly que esta cheirava demais e que acabaria por se matar qualquer dia tentando ultrapassar cada vez mais seus limites. Moly enlouquecia nesses sessões de sex* alternativo com Nic e dizia que a droga apenas potencializava suas sensações. Nic tinha receio que ela errasse a mão e um dia viesse a trazer problemas pra ela. Além disso, Moly era uma mulher belíssima e não queria perder sua parceira de aventuras para uma subtância alucinógena...no fundo até sentia pena dela...uma mulher linda, com uma bela carreira pela frente, totalmente dominada pelas drogas! Muito mais que pelas loucas sessões sexuais com Nic! E o que acontecia era que quando Moly ficava muito doida pela droga, Nic perdia o interesse nela, o tesão ia todo embora!

Todos os dias Nic ligava para casa a fim de saber como estava Lori. Dizia para si mesma que era apenas pra mostrar aos empregados que não havia abandonado a menina à própria sorte e se preocupava com ela...mas no fundo não era somente isso...queria realmente saber o que ela estava fazendo. Procurava ligar nos horários que sabia que Lori estava na escola e sempre para o telefone principal da casa, pois sabia que seria Anette ou uma das outras empregadas que atenderia. Perguntava quantas vezes Mark estava indo visitar Lori e ficava bastante aborrecida quando sabia que ele havia dormido lá. Depois que os Pais de Lori haviam morrido, Mark dormia com ela pelo menos umas duas vezes por semana e só não ficava mais porque a própria Lori não queria.
Numa dessas vezes, estava falando com Anette, quando ela perguntou:

- A Srta. Lori acaba de chegar! Quer falar com ela?

Nic apressou-se em dizer:

- Não, Anette! Estou com pressa, tenho um compromisso! Diga a Lori que ficarei aqui ainda mais alguns dias...tenho outros negócios a resolver!

E desligou rapidamente. Não sabia porque, mas preferia não ouvir a voz de Lori. Não queria contato com ela de jeito nenhum naqueles dias. Decidira se afastar para poder recuperar sua razão e não deixaria que nada abalasse suas convicções. Quando voltasse queria estar completamente restabelecida com seu emocional, como sempre fora...fria e sem sentimentalidades baratas! Queria poder voltar a se relacionar com Lori sem deixar que atração sexual alguma pudesse a fazer perder o senso diante daquela garota. Iria conseguir cumprir o papel que Alex deixara para ela de qualquer jeito. Ele foi a única pessoa que acreditou em Nic e que de alguma maneira quis fazê-la se sentir importante com uma missão crucial na vida...cuidar de Lori! E haveria de dar conta daquele encargo custasse o que custasse!

”O dinheiro ainda é muito importante, mas agora quero provar pra todo mundo e pra mim também que Alex fez a coisa certa! Minha responsabilidade será cuidar de Lori até sua maioridade e não vou falhar nesse propósito...pelo dinheiro e também pelo meu orgulho!”

Lori chegou em casa e viu Anette ao telefone, percebeu que ela falava com Nic e ouviu a Governanta perguntar se Nic queria falar com ela...um pouco depois desligou, falando com um gesto de impotência...

- Sinto muito Srta. Lorena. Ela disse que tinha um compromisso e que ligaria depois para a Senhorita.

Lori abaixou a cabeça e subindo as escadas para o seu quarto comentou...

- Não tem problema, Anette. Falo com ela mais tarde.

Lori chegou em seu quarto e notou o quanto aquele lugar estava bagunçado! Eram roupas espalhadas pelo sofá, no cabideiro e no chão...caixas de DVDs e CDs por todos os lados...e os desenhos que arrancava de seu caderno, rasgados ou amassados...todos do rosto de Nic!Ela sempre fora tão organizada e agora não conseguia se reconhecer desde aquele sábado fatídico do churrasco! Estava desligada com suas amigas, não tinha paciência para Mark e rezava para que o semestre terminasse logo...não aguentava mais o colégio! Já tinham se passado mais de três semanas e nada de Nic voltar pra casa! Não conseguia entender porque aquela fixação toda na sua prima louca! Tinha feito uns vinte desenhos de Nic e depois os rabiscava e amassava como se com aquele gesto pudesse também apagar o rosto dela que insistia em ocupar sua mente. Não sabia explicar porque sentia falta dela, sempre tão intratável...porque ficava tão triste quando Anette ou Maria lhe diziam que Nic não quisera falar com ela...porque a incomodava tanto o fato de Nic não atender suas ligações...porque ela deliberadamente evitava estar perto de Lori...porque a queria de volta logo em casa!

”Não entendo porque me incomoda tanto Nic não estar nesta casa...afinal a gente não se via todos os dias mesmo! E quando fazíamos alguma refeição juntas, Nic sempre encontrava um jeito de ser desagradável em algum momento! Porque ela é assim e porque eu não consigo me desligar dela?! Talvez ela esteja sendo bem mais inteligente que eu...será mais fácil levar essa convivência até o final se de fato convivermos o menos possível....ela deve estar tentando evitar algum desconforto pra mim ou pra Mark...ou pra ela mesma...sei lá! Chega de pensar em Nic! Estou aqui perdendo horas e dias pensando no que Nic está fazendo, no que ela está pensando, sentindo...e eu mesma estou aqui, esquecendo da minha vida, dos meus compromissos com os estudos, do meu namorado! Isso mesmo, vou dar mais atenção a Mark que faço melhor!”

E pensando assim, ligou para o namorado e o chamou para dormir lá com ela naquela noite.Mark já havia notado o mau humor de Lori nos últimos dias, mas nem passava pela sua cabeça que o motivo era a viagem de Nic. Pensava que era porque o período escolar estava no fim e mais dois meses apenas e ela estaria graduada na High School, pronta para ir pra a Universidade e ser considerada quase uma adulta. Ficou surpreso quando ela o chamou para ficar o final de semana todo com ela. Era um feriado prolongado e só voltariam às aulas na quarta-feira. Geralmente Mark só dormia lá uma ou duas noites por semana, por desejo da própria Lori e também porque a Universidade onde estudava ficava há quase duas horas e preferia só vir pra cidade na sexta-feira. Estavam conversando na varanda da frente da casa, admirando a bela fonte, quando Mark perguntou sobre os planos de Lori:

- Meu bem, você já pensou que curso quer fazer na Universidade? Seu Baile de Formatura será daqui a dois meses e você já tem que começar a preencher os formulários de onde quer estudar!

Lori virou-se pra Mark sorrindo...

- Se fosse apenas pra estudar algo que gosto muito e me dá prazer...eu faria Artes Plásticas ou algo ligado à área...você sabe o quanto amo desenhar e pintar...mas...

E abaixou a cabeça um pouco triste...

- Papai queria que eu fizesse administração de empresas...para continuar a administrar os bens da família algum dia...sinceramente não sei ainda o que fazer...talvez decida por “business” mesmo e mais tarde faça Artes para meu prazer.
Falou, esperando que Mark dissesse algo em contrário, mas...

- Não é uma decisão tão difícil assim! Uma coisa é o que você gosta, mas não te dará nenhuma projeção, nenhum retorno...já se você seguir o que queria seu Pai, você poderá ter controle sobre seus negócios, sem a interferência de terceiros...e isso sim é mais importante que seu Hobby pelo desenho! Isso você poderá fazer nas suas horas vagas...pense bem, Lori...você terá uma fortuna pra administrar...é o seu futuro!

Lori não gostava de ouvir Mark menosprezando seu gosto pela Arte...achava que era tão importante quanto qualquer outra profissão e seu sonho era poder ser reconhecida algum dia como uma artista plástica de renome...
”Tinha tanto a aprender ainda! E queria muito poder fazer isso!”
Mark continuou...

- Claro que se casarmos logo, eu mesmo tomarei conta dos seus negócios pra você, querida...aí você não precisará se preocupar com nada...eu cuidarei de tudo! Em três anos me graduarei em “Business” e poder administrar os bens de minha mulherzinha será um prazer...além dos meus próprios, é claro!

Lori não quis prosseguir com aquela conversa...não se via casada com Mark e com ninguém tão cedo! Mas não diria isso a ele, não queria magoá-lo à toa, afinal Mark era sempre gentil com ela e gostava dele. Deu por encerrado o assunto e foram ver um filme e depois namorar um pouco antes de dormir.

Fim do capítulo