Dueto: perdurável

23º aniversário da Jeannine

 

Numa quinta-feira, Lay sentiu um forte mal-estar e precisou deixar o trabalho antes do expediente terminar.

 

- Mãe, tudo bem? (Jeannine questionou quando viu a mãe entrar na sala de casa).

- Tudo (respondeu se sentando no sofá).

- Tem certeza?

- Só uma indisposição.

- Mas mãe a senhora está pálida.

- Pega um remédio para dor de cabeça, por favor!

 

Jeannine atendeu ao pedido dela, pegou o remédio e também fez massagem na mãe, que logo adormeceu, acordando uma hora e meia depois.

 

- Mãe, melhor? (Perguntou Jeannine que estava sentada no sofá ao lado).

- Sim.

- Me deixou preocupada.

- Não fique, foi só um mal-estar. Deve ser a mudança de tempo.

- Quase liguei para a mãe Vi.

- Não fale nada para ela, nem quero levar nenhuma bronca e nem ouvir todas as recomendações dela.

- Tudo bem. Mas se voltar a ter alguma indisposição vamos falar para ela e procurar seu médico.

- Ok! Vou tomar um banho.

 

Naquela noite, Jeannine que preparou o jantar e elas não comentaram nada com Vitória. Porém, na madrugada, Layza voltou a passar mal e acabou acordando a esposa.

 

- Lay, o que se passa?

- Só um mal-estar, volte a dormir.

- Amor, o que você está sentindo?

- Dor de cabeça, um pouco de tontura e uma dor muito forte nas minhas costas.

- Começou agora?

- É (falou disfarçando).

- Desde quando você mente para mim?

- Precisei sair mais cedo do trabalho. Começou a tarde.

- Poxa, você nem me avisou.

- Não quis te preocupar. Jeannine me deu um comprimido para dor de cabeça, tomei, dormi e melhorei.

- E ela também nem me disse nada no jantar.

- A meu pedido.

- Layza!

- Amor, bronca agora não, estou com dor.

- Remédio para dor?

- Por favor!

 

Depois que o medicamento fez efeito, elas voltaram a adormecer. Na manhã seguinte, Layza acordou indisposta.

 

- Lay, melhor você não ir trabalhar hoje.

- Eu acho que não aguento mesmo (falou desanimada).

- Amor, estou achando que é complicações do diabete (Vitória comentou pensativa).

- Filha, você pode ligar para a secretária do consultório?

- Claro, o que eu falo para ela?

- Que não melhorei, para desmarcar com meus pacientes e pedir desculpas no meu nome.

- Pode deixar!

 

Jeannine usou o celular da mãe e fez o que foi pedido. Vitória entrou em contato com a clínica do médico que atende Lay e conseguiu um encaixe para aquela tarde.

 

- Eu preciso ir trabalhar, mas retorno no horário do almoço e te acompanho na consulta à tarde.

- Amor, muito obrigada, bom trabalho e até mais tarde.

- Mãe Vi, fique tranquila, eu cuido dela e qualquer coisa te ligo (garantiu a jovem).

- Se a febre voltar, este é o medicamento e não me escondam nada! (Vitória disse antes de sair).

 

Durante aquela manhã, Layza se sentiu muito mal e Jeannine não desgrudou da mãe. Vitória ligou umas duas vezes para receber notícias. Lay não conseguiu almoçar, teve ânsia e vômito.

No período da tarde Vitória acompanhou Layza. Jeannine não conseguiu acompanha-las, tinha uma apresentação em um sarau com seu grupo profissional. Infelizmente, a ruiva estava certa e tratava-se de complicações do diabete. O médico a diagnosticou com infecção e pediu exames para confirmar se já tinha afetado os rins, explicando assim a intensa dor na região das costas. No mesmo dia iniciaram as medicações e os exames foram agendados para a próxima segunda-feira.

 

Naquela noite, Jeannine jantou no restaurante da namorada e também levou comida para as mães.

 

- Meu bem, tudo estava delicioso.

- Que bom!

- Amanhã nos encontramos que horas?

- Eu te ligo assim que eu acordar. Você me busca em casa e almoçamos juntas?

- Claro! Combinadas.

- Boa noite!

- Boa noite e melhoras para a Lay.

- Obrigada!

 

O restaurante de Yanna funciona de segunda a sexta, durante o almoço seu público-alvo são as pessoas que trabalham nas imediações da avenida paulista. Já durante o jantar ela trabalha com um cardápio mais elaborado, abordando comidas típicas de diversos países. Ela não abre o estabelecimento durante o final de semana, visando descansar e aproveitar o sábado e domingo com a namorada.

Layza e Vitória adoraram o jantar do restaurante da nora. Ainda naquela noite, Jeannine precisou participar de um rápido ensaio, para uma apresentação de teatro no domingo.

No sábado devido a indisposição, Lay passou o dia na cama e no domingo não foi diferente. Vitória sempre muito companheira e cuidadosa passou o final de semana cuidando da esposa.

Jeannine acordou tarde no sábado e próximo do horário do almoço saiu com a namorada; elas optaram por almoçar em um restaurante em Pinheiros, quem as atendeu foi uma das funcionárias de Yanna, que no sábado, visando lucros extras também trabalhava neste local.

 

- Amor, achei está moça que nos atendeu prestativa demais e não gostei da forma como ela te olha.

- A Nick?

- Sim. Eu já tinha observado, certa vez no seu restaurante e hoje notei que ela se insinua.

- Nossa e eu achava que ela fosse hétero.

- Devo me preocupar? (Questionou já dentro do carro).

- Não, de forma alguma. Você sabe que sou fiel e que pode confiar em mim.

- Se ela tentar algo, me conte.

- Conto sim e cortarei qualquer tentativa.

- Ótimo! Agora, vamos até a casa da sua mãe? Preciso experimentar a roupa que vou usar amanhã, ela fez o favor de ajustar.

- Claro, vamos sim. Ela gosta muito de ti.

 

Uns quinze minutos depois já estavam na casa de Luciene.

 

- Nine, que vestido lindo (Yanna comentou quando viu a namorada experimentando).

- Bonito né amor, mas estava grande, cabia duas de mim aqui dentro. Tia Lu, ficou ótimo, muito obrigada!

- A barra também ficou boa?

- Sim e vou usar um saltinho.

- Vocês passam para me pegar amanhã? Quero assistir à peça.

- Mãe, primeiro eu levo a Nine, pois ela precisa chegar antes e depois venho te buscar.

 

Elas passaram boa parte da tarde com Luciene e depois foram para o apartamento de Yanna. Assistiram filmes e namoraram bastante.

No domingo, Layza e Vitória pela primeira vez não conseguiram prestigiar a filha, pois a morena não estava bem para sair e a ruiva não a deixaria sozinha. Jeannine compreendeu, Yanna e Luciene a prestigiaram; a peça foi muito bonita.

 

- Amor, vamos comemorar sua bela apresentação tomando um bom vinho naquele restaurante do meu amigo? (Yanna sugeriu depois que se despediram de Luciene).

- Adorei!

- E depois podemos ficar na sua casa se você preferir.

- Prefiro sim, estou preocupada.

- Não se preocupe, à Lay é forte e vai se recuperar logo.

- Assim espero.

 

O domingo terminou tranquilo. Na segunda-feira, Layza foi submetida a inúmeros exames e Vitória não estava gostando nem um pouco, pois o quadro clínico da esposa, não era nada simples.

Durante toda a semana Lay passou por diversos médicos, sempre acompanhada de Vitória ou de Jeannine.

 

Na quarta-feira, Luciene almoçou no restaurante da filha e também observou as atitudes de Nick.

 

- Não gosto dela.

- Porque?

- Sabe quando o santo não bate e ela fica forçando para ser agradável (ponderou).

- Nossa mãe.

- E ela é falsa.

- Dia desses a Nine me falou que não gosta da forma que ela me olha e que acha que ela se insinua para mim.

- Eu no lugar da Jeannine já teria tirado satisfação.

- Não é para tanto, a Nick nunca tentou nada e é uma boa profissional.

- Algo nessa Nick, me diz que ela faz de tudo para ter o que quer. Só se atente para ela não atrapalhar seu relacionamento.

- Credo, nem fale isso.

- Ela é dissimulada!

 

Naquela mesma semana, Yanna teve a certeza do que sua namorada e mãe tinham alertado. Nick a convidou três vezes para sair, primeiro o convite foi para uma balada, depois ela apareceu com dois ingressos para um show e a terceira tentativa foi para um happy hour num barzinho. Yanna, recusou as três propostas.

Certa noite, o restaurante estava com lotação máxima e Yanna muito atarefada não viu as ligações de Jeannine, como era urgente ela também ligou no restaurante e Nick atendeu.

 

- Yanna Gourmet, boa noite! Por gentileza, com quem eu falo e em que posso ajudar?

- É a Jeannine, por favor a Yanna.

- Ela está atendendo clientes, quer deixar recado?

- Quero sim.

- Pois não.

- Com quem eu estou falando?

- Monick Pampierry.

- Por favor, avise a minha namorada que tenho urgência para falar com ela.

- Ok!

- Não esqueça de dar o recado, é importante.

- Entendi.

- Obrigada!

 

Propositalmente, o recado não foi dado e Yanna só viu as inúmeras chamadas perdidas no final daquela noite.

 

- Alô!

- Amor, você me ligou?

- Poxa Yanna, perdi as contas de quantas vezes te liguei.

- Desculpa, foi muito corrido hoje no restaurante, estou exausta...

- E eu estou no hospital.

- Lay passou mal?

- Ela desmaiou.

- Nine, você deveria ter ligado no telefone fixo do restaurante.

- Eu o fiz e deixei recado com a Monick.

- Me manda o endereço por mensagem. Acabei de fechar o restaurante e já te encontro.

 

Lay precisou passar a noite no hospital em observação, Vitória ficou com ela, Yanna depois de muita insistência convenceu Jeannine e deixaram o hospital no começo da madrugada.

 

- Princesa, desculpa por ter demorado tanto para retornar suas ligações.

- Tudo bem, você estava trabalhando.

- Amanhã conversarei com a Nick, que absurdo ela não ter dado o recado.

- E eu ainda avisei que tinha urgência.

 

Jeannine dormiu pouco, teve insônia devido à preocupação com a mãe.

Layza recebeu alta logo pela manhã, retornando para casa ao lado da sua esposa e filha.

Yanna, cumpriu o que tinha dito e no dia seguinte, antes da chegada dos clientes pediu para falar com Nick.

 

- Quero saber por qual razão não fui informada sobre o recado da Jeannine.

- Nossa, me esqueci completamente...

- Era importante, minha sogra estava no hospital.

- Ontem, o restaurante estava lotado, acabei esquecendo do recado.

- Que isso não se repita, quando ela ligar me chame.

- A senhorita estava com cliente.

- Mesmo se o cliente for o papa, o deixarei aguardando por alguns instantes e atenderei a mulher que eu amo.

- Ela tem sorte.

- Não é questão de sorte e vou aproveitar para deixar esclarecido, meu contato contigo é exclusivamente profissional, não aceitarei nenhum convite e exijo respeito. Você é minha funcionária. Conversadas?

- Sim.

- Neste tempo trabalhando comigo você sabe que sou uma chefe bem humana e parceira. Disposta a ensinar e dialogar. Tem algo que é bem marcante na minha personalidade, que é a seriedade. Sendo assim, acredito que não teremos problemas, já que somos exímias profissionais e por falar nisso, que tenhamos um ótimo expediente.

 

______________________________________________________________________

|23º aniversário da Jeannine| Cortaram um bolinho em casa mesmo, já que Lay, estava debilitada e não tinha condições para sair.

“Aprendi com as primaveras a me deixar cortar para poder voltar inteira”. |Cecília Meireles|

 

 

 

 

Fim do capítulo