O sol tinha dado uma folga para elas naquele dia, o dia se encontrava até que fresco. Ana abriu os olhos devagar e reparou que não estava em seu quarto, mais uma olhada e reconheceu o quarto da amiga, estava na cama gigante que Cecília tinha, macia e cheirosa, mas mesmo assim se sentia mal, ao tentar levantar, sentiu a consequência de tanta bebida bater em sua cara, sua cabeça doeu forte, mas foi rápida e voltou a deitar. Olhou para o lado e Catarina ainda dormia, virou para o outro lado e viu um copo e uma cartela de comprimidos, pegou um e tomou.

 

 

 

- Veja quem acordou – Cecília dizia num tom divertido enquanto entrava no quarto.

 

 

 

- Fala baixo, Lia, sem necessidade de gritar – A japonesa fechou os olhos com força – O que aconteceu ontem? Não me lembro de nada.

 

 

 

- Nada demais, vocês beberam, dançaram, Manuela dançou colada me provocando, Melina estava quase trans*ndo com uma morena na festa e Júlia bateu na morena – Cecília falou e riu com a cara da outra.

 

 

 

- Como assim? Júlia sentiu ciúmes? – Disse se divertindo com aquele pensamento, mas logo lembrou da outra frase – Manuela te provocou?

 

 

 

- Não, eu acho – disse pensativa – e sim! – A loira respondeu e sentou na ponta da cama – A menina que a Melina estava ficando, esbarrou na Júlia e derrubou a bebida dela na roupa, Júlia ficou furiosa, perguntou qual era o problema, mas até aí, tudo bem, a coisa ficou sinistra quando a Manu disse para Júlia ficar calma, – Cecília fez um pausa irritada lembrando da fala da outra – a garota disse pra Júlia escutar a “gostosinha” e mandou a ruiva ficar na dela.

 

 

 

- Quanta ousadia! – Ana disse rindo e conseguiu, finalmente, se sentar – Me conta da Manu agora.

 

 

 

- Não tem muita coisa, Ana, ela apenas dançou me olhando, dançou na minha frente, ela rebol*va tão... – Cecília suspirou com a lembrança – Tão gostoso, é difícil não imaginar coisas com ela.

 

 

 

- Ela é linda mesmo! – Concordou e riu quando viu a amiga arquear a sobrancelha – Ela é sua, calminha e...

 

 

 

- E mais nada, isso não vai passar de amizade, não quero nem pensar em beijar ela, eu cairia muito fácil de quatro por aquela mulher – Cecília deitou no colo da amiga e olhou pra cima – Aliás, qualquer pessoa né.

 

 

 

- Lia, calma, tem dois dias que vocês se conhecem, ela pode e nitidamente, está interessada em você – Ana fazia um pequeno cafuné na loira – Sugiro você a ficar com ela, mas apenas depois de conhecer melhor, pra saber que tipo de pessoa ela é, ela é sedutora, isso é nítido, ela também mostra ser uma ótima pessoa, muito boa e do bem, se ela for a metade disso, não vejo porque não ficar de quatro por ela... Ou pra ela – Ana gargalhou.

 

 

 

- Sua suja! – Cecília ria também, não conseguia tirar o rosto da morena da cabeça.

 

 

 

A campainha tocou e a japonesa quase chorou, Cecília riu e foi abrir, assim que fez, encontrou dois pares de olhos quase idênticos, sendo a da mais baixa, mais claro. A loira deu espaço para as irmãs passarem e Rafaela se jogou no sofá, enquanto Melina ia direto pra geladeira pegar água.

 

 

 

- A famosa intimidade – Cecília disse rindo.

 

 

 

- Lia, eu vou morrer de tédio! – Rafaela falou com voz manhosa – Vamos fazer algo!

 

 

 

A loira concordou sorrindo, Rafaela com certeza era a mais ativa naquele grupo, era espoleta e detestava ficar mais de uma hora parada, a garota tinha cabelos longos ao contrário da irmã e tinha pequenas ondulações nas pontas. Após meia hora discutindo, resolveram passar o dia jogando vídeo game, logo Ana se juntou trazendo Catarina, que de dez em dez minutos ia para o banheiro vomitar. Melina escolhia o jogo, todas já sabiam o que ela escolheria: Mortal Kombat.

 

 

 

Era perto de 16 horas quando Cecília saiu a procura de uma pizzaria, deixando as meninas em casa. Comprou 3 de variados sabores e um pequena doce, já que apenas ela comia. Na hora da volta, a loira passou pela porta da morena e ficou ali olhando, sua mente batalhava em chamar Manuela ou não, se sentia nervosa perto da morena e não sabia o que falar sobre ontem, ela suspirou e ia saindo quando a porta foi aberta, Cecília parou e olhou pra quem saia, era a ruiva, que sorriu assim que viu a outra.

 

 

 

- Manuela, Cecília está na porta! – Júlia gritou colocando apenas a cabeça pra dentro do apartamento e voltou a olhar para a mulher a sua frente – Isso tudo é pra você?

 

 

 

- Não, – a loira riu – as meninas estão lá em casa, ia chamar vocês, vocês topam?

 

 

 

- Queria muito, mas tenho que ir pro hospital, o dever me chama – a ruiva riu e só então Cecília reparou nas roupas brancas, com toda a certeza do mundo, ela ficava bem de branco, que destacava bastante os cabelos e os olhos verdes – E eu não estou afim de encontrar sua amiga agora. – Sorriu sem graça

 

 

 

- Tudo bem, se eu fosse você, também não iria querer vê-la – a loira olhou para trás da ruiva e viu Manuela chegar com um short curto largo e uma blusa que ia até na cintura – Oi, Manu – Disse sem reparar que a ruiva revirou os olhos e foi para a direção do elevador.

 

 

 

- Ia na sua casa agora, só estava tomando banho – Manuela disse sorrindo, Cecília concluiu que ela tinha o sorriso mais lindo do mundo e sorriu com o pensamento – Isso tudo é pra você?

 

 

 

- Não! – Riu de novo – As meninas estão lá em casa, vamos? – a loira perguntou esperançosa.

 

 

 

- Deixa eu só trocar de roupa, entra aqui! – Manu chamou e a ruiva se despediu de ambas assim que o elevador chegou.

 

 

 

Manuela entrou e ajudou a loira a colocar as pizzas no balcão que separava a sala da cozinha americana, depois a puxou para o quarto e abriu o guarda roupa. Cecília olhava tudo naquele quarto, tudo parecia demais com Manuela, delicada mas forte, a parede era vinho, o chão tinha porcelanato branco e a cama era branca com lençol da cor da parede, os travesseiros também eram brancos, perto da janela tinha uma mesa com um notebook, uma luminária e alguns papeis, o guarda roupa era branco e tinha uma espelho enorme no meio, que ficava na frente da cama, onde Cecília sentou.

 

 

 

- Manu, a gente só via ficar lá em casa, pode ir assim – a loira ria da indecisão da morena.

 

 

 

- É rápido! – a morena disse e tirou a blusa e o short, ficando apenas de calcinha e sutiã.

 

 

 

 Cecília prendeu a respiração e os olhos não conseguia desviar, por mais que tentasse. A sanidade da loira estava por um fio, tão pequeno quanto a calcinha que Manuela usava, mas foi embora assim que a morena abaixou pra pegar o short, Cecília levantou, foi em direção a Manuela e a levantou pelo braço, tentando ser delicada, a morena olhava para a loira confusa, Cecília soltou o braço e suspirou.

 

 

 

- Eu não sei se reparou, Manuela, mas eu sou lésbica, eu gosto de mulheres e eu gosto muito! – Manuela ainda tinha o olhar confuso e a loira bufou – Ontem foi difícil com você dançando e me olhando, chegando perto e sussurrando, você é uma mulher linda, tem o corpo lindo e me parece ter a alma mais linda ainda. – A loira colocou a mão na cabeça, pensando em como concluir de forma mais calma e amigável, mas desistiu – Fica difícil pra caralh* com você seminua, num quarto, tendo um metro de distancia de mim, com um espelho enorme na frente, se abaixando com essa calcinha minúscula pra pegar um short. Então, por favor, coloca uma roupa e vamos. – Concluiu saindo do quarto e indo pra sala se sentar

 

 

 

Manuela ainda ficou 5 minutos no quarto parada pensando no que tinha acabado de escutar, colocou uma roupa ainda pensando se devia mesmo ir pra casa da outra ou ficar em casa, decidiu ir, então ela foi em direção a sala, com um short um pouco maior e uma camisa de meia manga cinza, que marcava bem as curvas dela.

 

 

 

- Cecília, – a morena chamou a outra com a voz um pouco baixa e a loira olhou – me desculpa! Eu não sei o que fiz ontem, mas, eu deveria ter me ligado, eu esqueci.

 

 

 

- Não é como se eu fosse uma descontrolada perto de mulheres – a loira riu e foi pegar as pizzas seguindo pra porta – mas é que você me desperta algum interesse e esse jeito sexy que você tem não ajuda – Manuela olhava com os olhos arregalados pra loira que sorria – Eu te respeito e por isso, vamos evitar de você ficar seminua, tá bem? – Cecília riu – Mesmo que eu me esforce, é inevitável alguns pensamentos. – Ela concluiu abrindo a porta com dificuldade. – Vem, as meninas estão esperando.

 

 

 

Manuela não sabia o que falar, ao mesmo tempo que estava surpresa, estava encantada com a sinceridade e o respeito da loira, se fosse qualquer outra pessoa, se aproveitaria pra dar uma olhadas ou qualquer coisa, ela sabia que provocava as pessoas, mas era natural dela, fazia sem notar, mas fazia quando tinha certo interesse. A morena ficou mais surpresa quando descobriu sozinha que tinha interesse na loira, ela sabia que a outra era linda, tinha ciência disso, o corpo que parecia ser malhado, um pouco forte, os cabelos que iam até o meio das costas, os olhos bem verdes, uma sorriso maravilhoso, tudo era chamativo demais em Cecília.

 

 

 

- Se coloca em seu lugar, Manuela, você não é mulher pra ela – a morena disse pra si mesma suspirando e saindo de casa, foi pro final do corredor e entrou na casa que tinha as portas abertas esperando por ela. – Oi meninas, que bom ver vocês.

 

 

 

- Oi Manu, demorou mulher – Catarina disse sorrindo, estava um pouco abatida.

 

 

 

- Eu estava fechando as janelas e a varanda, caso chova... precaução – respondeu sorrindo.

 

 

 

- Manu! – Melina chamou a morena e suspirou – Cadê a Júlia?

 

 

 

- Ela foi pro hospital – Manuela respondeu estranhando Melina ter perguntado da ruiva, as outras a olharam com certa duvida também.

 

 

 

- Aconteceu algo? – Foi a vez de Rafaela perguntar.

 

 

 

- Tá sim, ela só foi fazer a residência, como ela não foi nos últimos dias, ela precisa repor o horário, graças a Deus minha irmã tá acabando com isso e vai poder descansar um pouco – Manuela dizia com certo alívio.

 

 

 

- Nossa... – Melina disse e todas a olharam mais uma vez, cada vez mais estranhando a situação.

 

 

 

- Por que esse interesse todo? Até ontem você estava odiando ela – Ana disse estreitando os olhos para a mais baixa.

 

 

 

- Nada chatas, eu só queria me desculpar pela Natália – Melina confessou e todas a olharam surpresa.

 

 

 

- Você pedindo desculpas? – Rafaela foi a primeira a se pronunciar.

 

 

 

Melina revirou os olhos e voltou a atenção na televisão ignorando os comentários e piadinhas que as outras soltavam. O resto de domingo foi só preguiça para as meninas, que só levantavam pra ir ao banheiro ou buscar mais refrigerantes. A sala de Cecília era só colchão. Elas riam o tempo todo, até mesmo nos filmes de terror onde Ana faltava estourar os tímpanos de alguém com os gritos agudos. Mas nem isso tirava as palavras de Cecília da cabeça de Manuela, mesmo tentando ignorar. Na mesma noite, a morena foi dormir com os pensamentos na vizinha.

Fim do capítulo