Dueto: perdurável

21º aniversário da Jeannine

 

Lay ganhou de um cliente ingressos para uma apresentação de MPB, no teatro net em São Paulo. Numa terça-feira, compareceu na Vila Olímpia acompanhada da esposa, da filha e também de Yanna. O show foi muito bonito e elas adoraram o passeio.

Naquela mesma semana, colegas da faculdade convidaram Jeannine para sair na sexta-feira e ela trocou mensagens com Yanna, a convidando.

 

Amiga, o que você vai fazer hoje à noite?

Nada e você?

Eu vou com uma galera da faculdade em uma balada. Vamos?

Nine, pode ser. Qual balada?

Bubu Lounge, em Pinheiros.

Olhei na agenda deles, hoje a dj Bárbara Labres, toca lá. Adoro ela.

Também gosto e vai ter apresentação da banda Luppa.

Legal. Que horas?

Por volta das onze. Posso me arrumar no seu apartamento e saímos juntas?

Claro! Até mais tarde.

 

 

Para aquela sexta, Yanna só tinha planejado elaborar e testar uma nova receita; combinou de fazer durante o almoço, na casa da sua mãe e Luciene que conhece muito bem a filha, notou que a mesma, estava muito pensativa naquele dia.

 

- Yanna, algum problema?

- Não.

- Você está muito pensativa hoje e não é só por conta da nova receita. Com quem conversava por mensagem?

- Com a Nine.

- O que ela queria?

- Me chamar para sair com ela e uns colegas da faculdade.

- Você vai?

- Vou.

- Onde vocês vão?

- Numa balada gay em pinheiros.

- Você não está animada para ir? Deveria estar empolgada, é um local que você vai se sentir à vontade, é bom sair para espairecer e se divertir.

- Estou sim, gosto da dj que vai tocar lá hoje e também da banda que vai se apresentar.

- Então o que te aflige?

- Receio de ver a Nine ficando com alguém.

- Agora entendi seu tormento.

- Complicado!

- Quando você vai assumir e revelar o que você sente?

- Não vou estragar a nossa amizade.

- E vai esconder para sempre?

- Vamos almoçar, já está pronto.

 

Mãe e filha almoçaram. No período da tarde foram visitar o espaço que Yanna escolheu para abrir seu restaurante, dentro de um mês todas as obras já estariam finalizadas e ela estava muito animada com o novo empreendimento.

Por volta das nove horas da noite Jeannine chegou ao apartamento de Yanna, carregando uma mochila e uma caixa de pizza.

 

- Oi meu amor, passei na pizzaria aqui do lado. Você tem coca na geladeira?

- Oi, tenho sim (falou cumprimentando a amiga e na sequência arrumando a mesa para jantarem).

 

As duas se alimentaram e depois começaram a se arrumar. Yanna optou por um look total black, calça jeans preta e uma camisa da mesma cor com certa transparência. Já Jeannine escolheu uma saia também preta, com uma fenda lateral bem generosa, deixando a produção bem sexy; optou por uma blusinha floral, sandália, acessórios e maquiagem. Decidiram ir de Uber, pois pretendiam beber naquela noite. Na fila encontraram três colegas de Jeannine e todos já estavam muito animados. Para o sossego de Yanna, naquela noite, Jeannine estava muito disposta a dançar e beber; dispensando quem se aproximava com outras intenções. Quem via as duas juntas, com certeza acreditava que eram um casal, já que não se desgrudavam, dançando juntas e aproveitando muito aquela sexta à noite.

Já de madrugada uma colega de Jeannine que não tirava o olho de Yanna resolveu sondar sobre elas e posteriormente investir.

 

- Jeannine, vamos no bar? (Paula chamou).

- Vamos! Yanna, já volto, o que você quer agora?

- Cerveja mesmo.

 

Paula e Jeannine foram até o bar mais próximo da pista, pediram uma cerveja e duas caipirinhas.

 

- Jeannine, você e a Yanna se relacionam?

- Não. Ela é minha melhor amiga.

- Gostei dela. Tem um estilo dyke que me atrai. Já que vocês não estão juntas, vou investir.

 

Jeannine não respondeu nada e se sentiu estranha. Estava tão bem dançando e bebendo com a amiga. Não queria que Yanna a abandonasse para ficar com a Paula; começou a ficar enciumada. Paula que entregou a cerveja para Yanna e começou a dançar com ela.

Yanna já tinha percebido os olhares de Paula, mas se fez de desentendida. Queria mesmo continuar bebendo e dançando com Jeannine. Umas três vezes, Paula tentou beijar Yanna, que se esquivou, para a alegria de Jeannine. Paula notando que já tinha levado alguns foras, desistiu e acabou conhecendo outra mulher.

 

- Não gostou da Paula?

- Gostei.

- Mas não quis ficar com ela.

- Estou bem dançando e bebendo contigo.

- Eu também.

- E você Nine, não quer ficar com ninguém?

- Estou bem assim com você (respondeu abraçando a amiga).

 

E assim as amigas passaram toda a noite, juntas, dançando e bebendo. Deixaram a balada no começo da manhã e foram para o apartamento de Yanna. Jeannine tomou banho primeiro e logo deitou. Em seguida Yanna fez o mesmo. Adormeceram logo. No sábado acordaram depois do meio dia e almoçaram em um shopping na Paulista.

 

- O que vamos fazer hoje? Temos que aproveitar o sabadão.

- Nine, nem sei. O que você quer fazer?

- Vamos ao cinema? Faz tempo que nem vou.

- Pode ser.

 

Foram ao cinema, assistiram um filme de aventura, que tinha lançado naquela semana e depois voltaram para o apartamento de Yanna. Jeannine ligou para as mães avisando que estava bem e que passaria o final de semana com a amiga.

No sábado à noite, as duas estavam no sofá da sala e ainda não tinham decidido para onde sairiam.

 

- Amiga, tem um conhecido que acabou de mandar mensagens, chamando para um churrasco.

- Conhecido, sei.

- Sabe o quê?

- É só seu conhecido mesmo?

- Nós já saímos e ele é gente boa.

- Vai você, não vou junto para ficar assistindo você ficando com ele (falou demonstrando irritação);

- Ei, eu não quero ficar de novo com ele. Se você preferir podemos ir para outro local.

 

Elas estavam escutando músicas pelo spotify, enquanto decidiam o que seria feito naquela noite de sábado.

 

- Dança comigo? (Jeannine pediu).

- Não sou tão boa nisso quanto você (foi a única desculpa que surgiu em sua mente).

- É sim e quero dançar contigo.

- Sossega (tentou se esquivar).

- Por favor!

- Ok (resignada acabou concordando).

 

As duas se levantaram do sofá e se posicionaram abraçadas num canto da sala. Uma das mãos de Yanna, ficou posicionada próximo do quadril de Jeannine e a outra mão ficou espalmada no meio das costas da amiga. Enquanto Jeannine enlaçou os ombros da outra.

Elas começaram a dançar devagar, fecharam os olhos e se encantaram com aquele doce momento. Quando a música acabou, as duas continuaram abraçadas e logo outra canção voltou a ecoar. Já na terceira música, os lábios de Jeannine começaram a percorrer o pescoço de Yanna, que em resposta suspirou e aproximou ainda mais os corpos delas.

A iniciativa novamente partiu de Jeannine, as duas se beijaram com muito afeto e foi com grande dificuldade que Yanna se afastou, sentou num canto no chão da sala e atordoada começou a chorar.

 

- Yanna, o que foi? Não chora!

 

Ela nada disse, abaixou a cabeça e chorou muito.

 

- Amiga, converse comigo.

 

Para o desespero de Jeannine, Yanna não conseguia falar nada.

 

- Calma, por favor, não chore assim. Você não gostou? Desculpa!

- Eu gostei e a muito tempo ansiava por isso (revelou).

- Então porque você está chorando?

- Eu não podia ter te beijado.

- Fui eu que comecei, você só correspondeu.

- Nine, eu te amo! Mas nunca tive coragem de falar, com medo de acabar prejudicando a nossa amizade (confessou).

- Como assim?

- Eu te amo, desde sempre e foi quando fiz quinze anos, que tive certeza do que sinto por ti (declarou-se).

- Yanna, você tinha que ter me contado (Jeannine falou perplexa).

- Tive medo.

 

Jeannine abraçou Yanna e confortou a amiga.

 

- Não precisa chorar, pronto agora você falou e em nada vai estragar a nossa amizade. Você pode ficar tranquila!

 

Elas ficaram alguns minutos em silêncio e Jeannine depositou um beijo na testa de Yanna.

 

- Se acalme. Está tudo bem. Vou pegar água para nós.

 

Ela levantou, foi até a cozinha e voltou com dois copos cheios de água. As duas beberam em silêncio.

 

- Que tal um barzinho, com música ao vivo? Podemos papear um pouco, ouvir música boa, comer algum petisco e beber algo.

- Pode ser (Yanna concordou).

 

As duas se arrumaram e foram para um barzinho alternativo próximo dali.

 

- Quando decidi ir para o Canadá, não foi só pela gastronomia, eu queria fugir de todo este sentimento.

- Não precisava ter feito isso, deveria ter me contado.

- Na época você namorava.

- E por qual razão não falou antes do meu namoro começar?

- Eu não tive coragem e naquela época eu ainda nem entendia direito tudo o que eu sinto.

- Entendi. Deve ter sido complicado para ti.

- Foi sim.

- Deixa eu te contar, ontem senti ciúmes da Paula.

- Sério?

- Sim, ela me disse que se sentiu atraída por ti e gosta do seu estilo dyke.

- Não precisa sentir ciúmes.

- Também você é toda estilosa. Chama a atenção.

- Não tanto quanto você, que arranca olhares das mulheres e dos homens também.

- Vou querer comer fritas (falou para mudar de assunto).

 

Elas pediram porções e bebidas. Um grupo se apresentou e elas gostaram bastante.

 

- Você acha que a gente pode dar certo? (Yanna questionou com os olhos brilhantes e segurando na mão da amiga).

- Acho que sim, nós nos damos tão bem.

- Mas você está gostando tanto da sua vida de solteira.

- Já curti bastante. Estou querendo sossegar.

- Vai ficar só comigo?

- Vou e não fique insegura, pois sou fiel.

- Nine, eu não quero sofrer (falou abaixando a cabeça).

- Olhe para mim, eu não vou te fazer sofrer. Jamais faria isso contigo.

- Eu te amo!

- Eu também.

 

Após algumas horas deixaram o barzinho e retornaram para o apartamento de Yanna.

 

- Eu sempre sonhei com nós duas juntas (Yanna falou quando deitaram naquela noite).

- Você é incrível.

- Quero acordar com você ao meu lado, quero compartilhar minha vida contigo e te amar mais a cada novo amanhecer.

- Yanna, você é apaixonante!

- Você é a minha melhor amiga e eu não me imagino sem você.

 

Jeannine a puxou e a beijou. Junto dos beijos começaram as carícias, que aos poucos ficaram mais ousadas e pela primeira vez escutaram os gemidos desejosos uma da outra.

 

- Nine, podemos ir mais devagar? (Yanna pediu controlando sua respiração).

- Eu te quero (Jeannine sussurrou com volúpia).

- Vamos com calma! (Voltou a pedir).

- Não me peça isso. Quero te sentir (falou próximo do ouvido da outra).

- Nós não precisamos ter pressa.

- Eu tenho.

- Jeannine, espero que para você não seja só mais uma noite e que entenda os meus sentimentos (salientou com muita seriedade).

- Ei, não é só mais uma noite não e respeito muito seus sentimentos (explicou compreensiva).

- Quero um relacionamento contigo.

- Eu sei, conheço-te bem, és madura e séria.

- Por favor, vamos devagar.

- Tudo bem (Jeannine respirou fundo e voltou a depositar um beijo na testa de Yanna).

- Obrigada!

 

Naquela noite, elas dormiram abraçadas e no dia seguinte pedalaram pela cidade.

 

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|21º aniversário da Jeannine| Comemorado em terras cariocas durante uma viagem ao RJ

“Quem tem uma mulher do seu lado acaba descobrindo o melhor de si mesmo”!

 

 

 

 

Fim do capítulo