O sol estava judiando as meninas, que por morarem perto, resolveram ir andando para a praia. A ruiva e a morena usavam óculos escuros e chapéu, a ressaca ainda estava presente mas ambas sabiam que água salgada melhorava qualquer coisa. Cecília e Júlia conversavam animadas sobre a faculdade que ambas tinham em comum, Júlia cursava medicina e se encontrava já fazendo residencia, ela lhe dizia que era uma loucura e cansou de virar noites no hospital atendendo emergências, faltava pouco pra especialização da ruiva e os olhos brilhavam só de falar.

  - E então, Cecília, e suas amigas? - A morena se pronunciou chamando a atenção

  - Bem nessa reta - disse a loira, já pondo os pés na areia

  Manuela observava atenta quando Cecília chegou perto de um grupo de quatro meninas, uma tinha descendência asiática, outras duas tinham os cabelos castanhos quase loiros, a aparência de ambas era tão semelhante que logo notou que eram irmãs, sendo uma mais baixa, com cabelos curtos e olhos extramente claros, a última era negra com olhos cor de mel e foi a primeira a levantar e ir abraçar a loira que sorria no ato, seguido das outras três.

  - Meninas, essa é a Manuela e a Júlia - sorriu ao apontar respectivamente - E essas são, Ana - apontou para a de olhos puxados, que sorriu e estendeu a mão - essa é a Melina - apontou pra mais baixa de olhos claros, que logou estendeu a mão pra ambas - essa é a Rafaela, irmã da Mel - a outra sorriu e deu espaço para a última - e por fim, essa é Catarina - soltou o ar como se estivesse cansada de falar e todas riram e terminaram de se cumprimentar.

  - Eu te conheço de algum lugar - Melina, a mais baixa, virou para a ruiva que estendia a canga na areia 

  - Eu também acho que te conheço em algum lugar, só não sei da onde - Júlia sorriu analisando Melinda, que agora se distraia com algum assunto entre ela, Manuela e Catarina

  - Fico feliz que a Lia tenha arrumado uma nova garota, ainda mais sendo educada e gentil como você Manu - Ana disse sem reparar nas bochechas que ganharam tonalidade de tomate

  - Ana, fica quieta! - Cecília repreendeu a outra - Ela é apenas uma amiga

  - Mas olha a carinha dela ficando vermelha - Rafaela ria enquanto chamava a atenção de todas para Manu

  - Quem diria, Manuela, - Júlia acompanhava as outras quatro meninas rindo - eu nem me lembro qual foi a última vez que ela ficou desse jeito. Esse é o efeito da Cecília?

  - Vamos dizer que ela tem uma certa facilidade com as mulheres - foi a vez de Catarina alfinetar a amiga, fazendo a mesma ficar tão vermelha quanto a morena.

  - Eu vou pro mar, alguém me acompanha? - Manu se levantou sem jeito, tentando desviar do assunto.

  - Eu vou! - Catarina se levantou e tratou de tirar o short que ainda vestia mostrando as belas curvas que possuía.

  E lembrando que ainda estava de roupa, Manuela começou a tirar a blusa, revelando seios fartos e em pé presos no biquíni preto, na costela havia uma rosa vermelha tatuada bem detalhada e ao lado uma rosa rosa, a barriga era lisa e mostrava resquícios de gominhos, Cecília já se encontrava babando junto com Rafaela e o resto da praia, na hora de tirar o short, a loira tinha certeza que a garota queria matar ela do coração pois virou pro mar e começou a descer o short folgado mostrando a fartura que ela tinha ali, reparou em outra tatuagem, um pequeno e delicado coração, quem tivesse mais 30 centímetros longe acharia que era uma pinta quase coberta pela parte debaixo do biquíni, virou de frente para as meninas e abaixou para dobrar o short. 

  - Vamos Cecília, a água deve estar uma delicia - Manu falou enquanto ainda estava abaixada, mas olhava para o short e não reparou na menina que faltava babar.

  - N-não obri-brigada, Manu! - a loira falou o nome com mais convicção, como se tivesse despertando .

  - Fecha a boca - Júlia sussurrou pra ela num tom divertido e ambas viram a mulher ir em direção ao mar junto com Catarina.

- Que mulher é essa meus amigos? – Rafaela falou enquanto ainda babava.

- Sai Rafa, a Cecília viu primeiro – Melinda falou rindo e como num estalo, lembrou da onde conhecia a ruiva – VOCÊ! – Disse alto olhando pra Júlia.

- O que? – Júlia disse com a testa franzida.

- Você que quase me atropelou, foi ela Rafa – Melinda começava a ficar vermelha de raiva.

- Ah, você é a doida que atravessou no sinal verde – Júlia provocou a baixinha.

- Doida? Você viu a velocidade que estava indo? É muita irresponsabilidade mesmo – Falou se levantando.

- Calma, Mel – Rafa disse tentando acalmar a irmã, tinha a voz serena – Certeza que a Júlia não fez por mal.

- Não mesmo, sua irmã que é maluca, ninguém nunca ensinou ela a atravessar não? – A ruiva que tinha se levantado olhava debochada pra menor, Cecília segurava o riso junto com Rafaela e Ana

- MALUCA? VOCÊ É MALUCA – Mel gritou e logo respirou fundo – Eu vou embora, não quero ficar perto de doidas!

- Vai mesmo e olha pros lados para atravessar, mas levanta os braços pra conseguirem te enxergar – A ruiva pegava fogo de raiva.

- Sua...

- Chega, Melinda! – Rafaela disse controlando sua irmã – Você sabe que é desatenta, tem relevar, senta aí.

- Vou embora, Rafaela, tchau! – A menor disse enquanto saia batendo o pé.

- Esse é um dever para... – Cecília anunciou em meio a risadas.

- SUPER ANA! – A mesma levantou com as mãos na cintura e a blusa nas costas imitando uma capa – Vou lá acalmar a fera!

Ana foi atrás da menor e deixou as três na areia, logo Manuela e Catarina voltaram e Maria Cecília logo voltou a babar, só acordou do transe quando perguntaram sobre Ana e Melinda, contaram aos risos o que aconteceu enquanto a ruiva ainda se encontrava vermelha de raiva.

(...)

Já em casa, Cecília fazia seu trabalho da faculdade e revisava o resumo que o professor tinha pedido, era sábado e queria adiantar as obrigações. Sua casa tinha dois quartos e um deles ela havia feito um escritório, uma mesa de madeira escura ficava no canto com um notbook e folhas espalhadas pela mesa, um porta caneta cheio, um tapete vermelho e um sofá preto de couro no outro canto, uma mesa de vidro ficava a frente, cortinas brancas e grandes. A loira lia o resumo de óculos quando sentiu seu celular vibrar.

Ana (19:03): Festa ás 23hrs, fique pronta, sem reclamações e chama a Manu e a Júlia.

Cecília: (19:03): Preciso estudar doida!

Depois de fechar a tela, o celular vibrou mais uma vez e ela cedeu a tentação de olhar.

Catarina (19:05): VOCÊ VAI!

Ela riu e nem respondeu, ela ia ficar em casa de qualquer jeito e estudar, precisava disso e ficou sentada naquele escritório por mais duas horas, ela presava demais seus estudos e queria ser a melhor naquilo que amava, mas já tinha estudado bastante e queria descansar, foi em direção da sala que tinha um ambiente totalmente diferente do escritório, um sofá grande em L branco contava com almofadas pretas e amarelas, o tapete era macio e branco, uma mesa de design moderno ficava entre o sofá e a televisão, que era grande, abaixo da tv, havia um DVD, Xbox e vários filmes e jogos. A loira se tacou no sofá e em 5 minutos havia adormecido.

Cecília não sabia quanto tempo tinha dormido, mas não prosseguiu com o descanso porque o barulho da campainha tinha preenchido a casa. Ela levantou grogue de sono e coçou os olhos indo direto para a porta, abriu com tudo e achou mesmo que estava sonhando.

Manuela havia tocado a campainha e estava tão linda, um vestido preto de manga cobria uma parte do corpo, um decote até generoso se encontrava ali, nos pés um salto também preto verniz, os cabelos estavam soltos como sempre, com ondulações leves, os lábios estavam vermelhos e o sorriso tímido acompanhava a moça. Cecília estava boquiaberta, sem falar nenhuma palavra, deu espaço para a outra passar e assim que passou, sentiu o cheiro doce e leve, conseguiu ver que o vestido era aberto nas costas, uma pequena corrente do cordão ficava caído no começo da coluna, dava um charme há mais com o coração na ponta.

- Com essa cara de sono, tenho que dar razão a Ana quando me ligou pedindo pra verificar. – riu abafado – Você não vai?

- Eu-eu... – Cecília respirou fundo e fechou os olhos enquanto fechava a porta – Eu estava estudando, acabei dormindo – disse se recompondo.

- Vamos, por favor, eu só me arrumei porque a Ana disse que você iria – Admitiu, mas quando notou o que tinha dito corou – Quer dizer, eu me sinto mais confortável se você for.

Cecília olhou para a morena e pediu ajuda, essa mulher era demais e muita areia pro caminhãozinho dela, mas não me importo de fazer 10 viagens, pensou. Estava tentada demais a ir antes, agora então, estava quase lá.

- Tudo bem, eu vou – sorriu e se deu por vencida – Cadê a Júlia?

- Tá se arrumando, ela teve que sair e comprar algo, ela deixou as roupas dela na casa dela, agora tá demorando – explicou ainda em pé, Cecília sentou no sofá e fez movimento para que a outra sentasse também.

- Você tá bem? – Cecília a olhou com carinho.

- Estou sim, ainda abalada, mas você e Júlia estão me distraindo, eu... eu preciso te agradecer muito ainda – suspirou a mais velha.

- Não tem que me agradecer – a loira sorriu – mas se quiser agradecer, eu sei como – sorriu ainda mais.

- C-como? – Manuela não conseguiu não pensar em besteira, sentia a bochecha queimando. Ela não sabia o que era encontro de verdade a anos, cliente era cliente, não ousava misturar as coisas, era quase um personagem o que os homens e mulheres levavam pra sair, mas ali estava a Manuela de verdade, tímida e sem saber como reagir com os pensamentos sugestivos.

- Fique e escolha a minha roupa, sou um desastre nisso e se eu aparecer de short, Melinda e Catarina vão me matar – riu e se levantou puxando a morena, indo em direção a suíte – Fica a vontade pra escolher, vou pro banho.

Cecília adentrou no banheiro e resolveu nem encher a banheira pra não demorar, olhou para o relógio e na sua cabeça conseguia ver e ouvir Ana e Catarina reclamando da demora. 

Fim do capítulo