Capítulo 7: FANTASIAS LITERÁRIAS
Antes de dormir os personagens do meu conto ganharam estórias, viveram aventuras, enfim, minha criatividade literária que parecia adormecida despertou de uma inércia que por muito tempo apagou minha real motivação pela qual optei pela faculdade de jornalismo. Caí no sono, e num fato raro, acordei na hora certa, a fim de chegar cedo ao jornal para fechar nossa segunda edição a tempo de cumprir o prazo que o Dan me solicitara.
Organizei a reunião com calma, enquanto minha equipe chegava, e tudo ocorreu como o esperado, até Luiza perguntar:
- Você viu a transcrição da entrevista com o Dr. Ernani?
- Não, por quê?
- Para complementar algo, já que foi você a entrevistá-lo.
- Deixe-me dar uma olhada então.
Passei os olhos pela transcrição que Luiza fizera e conferi que estava tudo de acordo com o desejado, e autorizei a diagramação final da edição, determinando o prazo final para o final da manhã. Imediatamente, iniciei a pauta da próxima edição, adiantando o trabalho de todos. Esforcei-me para trabalhar no editorial e no levantamento de matérias para a próxima edição do jornal, mas as horas sem notícias de Marisa me tiravam a concentração. Ao meio-dia, conforme prometi, entreguei a matriz da nossa segunda edição ao Dan, que mais uma vez parabenizou nosso primor em cada detalhe.
- Então, vamos comemorar? – Convidou o Dan.
- Comemorar o que?
- O fechamento da segunda edição do jornal sardenta! Estava pensando nisso ontem, devíamos promover uma festinha com a equipe do jornal e alguns amigos, para comemorar o sucesso das nossas primeiras edições do jornal, o que acha?
- Acho uma ótima idéia Dandan.
- Vou providenciar tudo então para amanhã a noite, pode ser lá em casa. Chame a sua equipe e a sua namorada também...
- Namorada?
- Não é isso que a Dra. Marisa é?
- Não viaja Dandan! Marisa sequer me deu o número do telefone dela, nem pediu o meu...
- Alex, estou brincando com você, ainda bem que você está indo com calma com ela, por que há anos conheço Marisa, sei que ela é entendida, por que nesse mundinho gay, todo mundo se conhece... E desde que a conheço sei de casos dela, mas nunca soube dela se prendendo a alguém...
- Sério?
- Sim... Então amiga, já que ela não é a primeira mulher com que você se relaciona, nem preciso te dizer pra você não se apaixonar não é?
Balancei a cabeça positivamente, disfarçando um misto de decepção, frustração e medo pelo fato de que, tinha quase certeza que seria inevitável me apaixonar por Marisa.
- Vamos almoçar? Hoje é quinta, dia de rodízio de massas na Cantina.- Convidou Dan.
- Ótimo, vamos.
E assim seguimos para a tal Cantina que eu já conhecia, afinal foi lá que comprei o almoço para Marisa no dia anterior. Recusei de cara o primeiro prato oferecido: lasanha ao molho funghi. Ri muito com as histórias do Dan, narrando suas aventuras amorosas. Tudo transcorria de maneira tranqüila para mim, nenhum grande acidente, até ver adentrando pelo saguão a protagonista das minhas fantasias e dona absoluta dos meus pensamentos nos últimos dias: Marisa.
Ao me ver, abriu aquele sorriso que me desestruturava completamente, o tremor das mãos já começou e deixei cair os talheres no chão. Abaixei-me a fim de pegá-los e ao ouvir a voz de Marisa já bem próxima nos cumprimentando, levantei a cabeça abruptamente acertando a quina da mesa.
- Alex? Ai meu Deus... Você está bem? – Perguntou Dan.
- Sim...
Levantei a cabeça esfregando minha mão pela nuca, olhei para Marisa que esfregava a mão na testa como se quisesse me mostrar o galo provocado por mim no dia anterior.
- Nossa sorte, é que mulher tem cabeça dura Dan. – Comentou Marisa, piscando o olho para mim.
- Pois é... Sente-se conosco Marisa, chegamos a pouco tempo, Alex já recusou a lasanha ao molho funghi, mas estava deliciosa.
- Não duvido, o molho é realmente delicioso... – Respondeu Marisa. – Mas tenho que recusar o seu gentil convite Daniel, estou esperando alguém, que, aliás, acabou de chegar.
Nem disfarcei, virei a cabeça imediatamente para a porta para ver o tal alguém que Marisa esperava. Uma morena estonteante entrava no restaurante, trajando um jeans claro apertado, camiseta colada e um casaco de couro elegante, grandes óculos de sol no rosto que ela retirou posicionando-os entre os cabelos longos ao se aproximar de Marisa que estava junto a nossa mesa.
A tal morena cumprimentou Marisa secamente, nos deu boa tarde e apressou Marisa para sentar-se em outra mesa. Um pouco tímida Marisa se despediu e sentou-se com a morena em uma mesa nos fundos do saguão sob meu olhar descaradamente fixo nelas.
- Alex! Pelo amor né mona! Disfarça pelo menos! – Dan me chamou minha atenção.
- Quem é essa mulher Dan?
- Não faço a menor idéia, nunca a vi pela cidade antes.
Continuei observando-as, e todo meu apetite perdeu-se, e só conseguia formular hipóteses acerca do teor da relação das duas, será que era ela ligando para Marisa no dia anterior? Cheguei a comentar isso com o Dan, que tentava me distrair da cena no final do saguão. Não notei qualquer manifestação de carinho entre as duas, mas havia intimidade evidentemente. Quase não comiam, mas a conversa não cessava, infelizmente, Marisa ficou de costas para mim e não pude observar as expressões do seu rosto. Não era só curiosidade que eu sentia, eu estava tomada de ciúme.
Todas as tentativas do Dan desviar minha atenção foram inúteis, e quando vi Marisa levantar-se da mesa e caminhar em direção ao banheiro, num impulso fiz o mesmo. E no banheiro, como se eu estivesse possuída por um espírito corajoso e me comportando como uma caminhoneira aproximei-me de Marisa interrogando-a:
- Quem é essa mulher?
Marisa me olhava assustada, arqueando as sombracelhas gesticulando com as mãos sua surpresa com minha abordagem.
- Responde Marisa.
Eu nem ligava para as mulheres que entravam e saíam do banheiro, fato que surpreendeu ainda mais Marisa, além de deixá-la visivelmente desconfortável.
- Alexandra, conversamos outra hora, passo na sua casa a noite.
- Eu quero saber agora Marisa!
Marisa arregalou os olhos, e enquanto tentava me acalmar, fomos interrompidas pela própria: a morena entrou no banheiro dizendo:
- Marisa, tenho hora... Vamos?
Para minha irritação e mais ainda para minha fúria descabida, Marisa me deixou no banheiro seguindo a morena. Chutei a porta do box do banheiro assustando uma senhora que lavava as mãos. Voltei para a mesa apressando Dan para irmos embora, meu humor não permitiu questionamentos do meu amigo, voltamos para o jornal sem trocar uma palavra, depois de tentativas inúteis do meu chefe e amigo de instituir um diálogo.
De volta à secretaria de cultura, não escapei de conversar com o Dan, que me puxou pela mão até seu escritório indagando:
- Agora você só sai daqui quando me falar, o que você foi fazer naquele banheiro e o que aconteceu lá?
- Nada Dan, vou para a minha sala trabalhar, com licença.
- Alexandra! Não me diga que você foi cobrar explicações da Marisa sobre a companhia dela no almoço! Elogiei sua postura de não impor cobranças a ela e você faz isso?
- Não pedi explicações, apenas perguntei quem era aquela mulher!
- E voltou com essa tromba? Ela te respondeu?
- Não...
- Alex... Amiga, cuidado, apaixonar-se por uma mulher como Marisa pode ser muito arriscado para você...
- Quem falou em paixão? Foi apenas curiosidade jornalística...
Fiquei tímida diante do conselho do Dan, deduzindo que meu encantamento e ciúme estava mais que evidente no meu rosto. Voltei para minha sala e mergulhei no trabalho a fim de esquecer meu encontro com Marisa e controlar minha ansiedade para a visita dela logo mais.
Segui para casa no final da tarde, depois de programar com Luiza nosso dia seguinte de trabalho. Ansiosa, coloquei meu guarda-roupa abaixo procurando a melhor roupa, logicamente para estar em casa não podia exagerar no visual, mas como fiquei insegura sobre agradar Marisa... Como meu forte não era e nem podia ser a culinária, tratei de caprichar nos petiscos frios, para acompanhar o vinho que escolhi. Um verdadeiro perigo eu manuseando facas... O corte dos queijos, salame e palmito foram suficientes para decorar meus dedos com acessórios nada fashions: band-aids.
Sentada no sofá, ensaiei mil posições para parecer mais descontraída e sedutora para Marisa. Não só posições ensaiei também um discurso para justificar meu ciúme de mais cedo. A ansiedade deu lugar à irritação pela demora de Marisa, a última vez que olhei para o relógio, passava das dez... Andei de um lado para o outro na sala e quando me dei conta, já havia tomado quase uma garrafa de vinho inteira, talvez por isso, caí no sono ali mesmo no sofá.
Nem sei ao certo que horas ouvi batidas na porta, completamente zonza, e sem o glamour que passei horas para montar, levantei assustada limpando a saliva que escorria pelo canto dos meus lábios e corri para a porta:
- Quem é?
- Sou eu Alexandra, Marisa.
Abri rapidamente, e Marisa entrou tímida, eu tentei melhorar minha aparência passando a mão pelos cabelos e perguntei:
- Nossa, que horas são?
- Quase meia-noite, desculpe-me a hora, entrei para auxiliar em uma cirurgia, e houveram algumas complicações, como eu não tinha seu telefone, ficou impossível te avisar... Por isso vim mesmo assim, para que você não pensasse que te dei um bolo...
- Ah... Deu tudo certo na cirurgia?
- Agora sim...
- Venha, sente-se... Quer me acompanhar em um vinho?
- Obrigada Alexandra, mas não acho boa idéia, amanhã trabalho cedo.
- Tudo bem... Marisa, eu gostaria de pedir desculpas pelo meu comportamento de mais cedo, fui ridícula.
- Eu não esperava, você me pegou de surpresa.
-Eu não sei o que deu em mim...
- Ciúmes?
Arregalei os olhos, e não soube o que responder.
- Marisa, eu...
- Ah... O que aconteceu com o Mah? Achei tão fofo...
Sorri tímida, relaxando com o expressão leve no rosto de Marisa.
- Tudo bem... Mah, você me desculpa?
- Desculpada... Mas com uma condição: quero beijo...
Como se fosse algum sacrifício, beijei delicadamente os lábios de Marisa, me derretendo com seu sorriso. Apesar da boa vontade em se manter acordada, o cansaço era visível, acariciei o rosto dela como se oferecesse meu corpo para que ela se recostasse. Marisa deitou a cabeça no meu colo, enquanto eu afagava seus cabelos, e mesmo exausta, não deixou de notar meus dedos envolvidos em curativos:
- Onde você meteu essa mão Alex?
Sorri, e beijei sua testa respondendo:
- Isso é resultado do meu esforço de te preparar algo para comer?
- Jura? Mas nem precisava... O que quero comer, não precisa de preparo.
A malícia nas palavras de Marisa, contrastava com a sua pouca disposição de cumprir aquilo que seu comentário ditava. Antes que ela adormecesse, a conduzi pela mão até o meu quarto, com muita calma, mas ainda esbanjando minha pouca coordenação motora, a despi com dificuldade, deitei-a na minha cama, e massageei seu corpo, e acariciei seus cabelos até que ela enfim adormecesse nos meus braços.
Se era sonho ainda não sabia, mas minhas fantasias ainda me fizeram companhia aquela noite, sentindo Marisa nos meus braços eu fantasiava com as mãos de Marisa passeando por mim, seus dedos me penetrando, ela me dominando com seu corpo... Devo ter suspirado e gemido o nome dela, senti seus lábios nos meus seios, e suas mãos subindo pelas minhas coxas, molhada eu já preparava meu corpo para receber os dedos de Marisa no meu sex*, não duvidava que aquela mulher incrível tomasse posse até mesmo das minhas fantasias e estivesse comigo naquele sonho.
Marisa já estava em cima de mim com seus movimentos sincronizados de quadris, e sua exploração digital surreal me inundando de prazer, até enfim eu gritar seu nome na expressão do meu gozo. Arqueei meu corpo subitamente tomada pelo orgasmo, e acordei com o barulho, procurei Marisa na cama, não a encontrei, era dia já e sentada na cama, conclui que foi tudo um sonho... Até o momento que ouvi:
- Au...
Marisa no chão, esfregando as mãos nos quadris, não podia acreditar, eu derrubei Marisa da minha própria cama, pela fantasia que estava tendo com ela mesma!
- Mah! Minha linda, desculpe-me... Meu Deus você está bem?
- Alex... Você até sonhando é perigosa...
Ajudei Marisa a levantar, tomada de vergonha.
- Alex, o que você estava sonhando afinal? Ouvi meu nome...
- Você entendeu mal Mah! Nem sei o que estava sonhando... Não lembro.
Obviamente Marisa não acreditou, mas certamente o que ela ouviu enquanto eu sonhava, deu-lhe a certeza de todo meu desejo por ela, como se houvesse espaço para dúvidas... Marisa puxou-me pela cintura, encostou-me contra a parede, rapidamente retirou minha calcinha, levantou uma de minhas pernas, e como no meu sonho, introduziu seus dedos habilidosos no meu sex* que pulsava de tesão por ela. Suspendendo-me do chão me levou até a cama continuando a dar vazão a todo desejo óbvio entre nós, Marisa deslizou sua língua por minha barriga, posicionou sua boca entre minhas pernas e sugou meus pequenos lábios, e com os movimentos da sua língua massageou meu clit*ris enquanto alternava as estocadas num vai e vem alucinante me dando o orgasmo ainda mais pleno do que já havia me dado.
Joguei-me na cama sem forças, sentindo meu corpo tremer, enquanto Marisa passeava com o dorso de sua mão pela minha pele, ainda me provocando arrepios, acelerando meu coração ainda mais.
Eu me perguntava como poderia ter chegado até minha idade sem conhecer o prazer de verdade entre duas pessoas. O que senti nas mãos de Marisa era surreal de tão indescritível... Não era só o sex* em si, o que era incrível, por que ao contrário do que eu sabia, o sex* entre mim e Marisa não era só penetração, cada pedaço do meu corpo estava envolvido, eu sentia que não era só corpo naquele ato, havia uma conexão bem mais real e plena. Minha pele ardia de desejo, nos comunicávamos sem palavras, não era só a sensualidade que me deixava dominada por Marisa, mas também o carinho, a ternura, que se misturavam numa entrega intensa absolutamente inédita.
- Está com fome Alex?
- Faminta... Você acabou comigo...
- Então venha, me apresente sua cozinha, vou te preparar um café da manhã pra te refazer.
Envolvi-me no lençol e desci de mãos dadas com Marisa. Não desgrudei dela por um só momento, abraçando-a por trás pela cintura, eu me redobrava em carícias pela pele macia dela. Ela me preparou a melhor omelete de toda minha vida, como tudo que ela fazia, estava perfeita. Eu queria mais dela, e assim tratei de mostrar isso, e foi minha vez de encostá-la contra a parede sugando sua língua com uma volúpia que eu mesma desconhecia.
- Alex... O que foi isso?
- Desejo Mah...
Continuei beijando-a com toda voracidade que meu corpo pedia, descendo minhas mãos por suas pernas, facilmente alcancei o que eu queria:
- Marisa... Dá pra mim...
- Já é seu...
Sorri deixando evidente minha satisfação em ouvir aquilo, e arranquei a calcinha de Marisa, explorando a umidade do seu sex* massageando o clit*ris antes de penetrar dois dedos em movimentos fortes, mas lentos, experimentando a sensação de goz*r com o gozo dela. Para a minha própria surpresa, desejei sugar aquele líquido quente com minha língua, mas a velha reprimida sexual Alex deu as caras e fiquei constrangida em tentar tal prática, mas meu desejo era maior.
Na tentativa de erguer Marisa para cima da pia, a fim de facilitar a concretização do meu desejo, acabei derrubando o escorredor de pratos, que bateu na frigideira sobre o fogão, espalhando o resto da omelete pelo chão da minha cozinha, além de causar o estardalhaço, que obviamente provocou as gargalhadas de Marisa que tentava descer da pia com dificuldade por conta do machucado da queda de mais cedo.
- Alex, já te disseram que estar com você é uma aventura constante?
Eu já devia estar acostumada com minhas trapalhadas, mas naquela situação, fiquei sem graça. Marisa percebendo meu constrangimento se aproximou de mim, beijando minhas bochechas e queixo, e cochichou ao meu ouvido:
- E pra nossa sorte, eu adoro viver no perigo...
Beijou-me delicadamente sentando-me no seu colo, e pude ver nos seus olhos um carinho tão sincero que me emocionou. Diante daquela situação que se desenhava, não esqueci a tal morena que almoçou com ela, mas não ousaria estragar o momento com cobranças descabidas.
- Mah, o Dan está organizando uma comemoração pelo segundo número do nosso jornal, para poucos amigos, hoje a noite na casa dele, gostaria de ir comigo?
- Está me chamando para sair Alex?
Ruborizei imediatamente.
- Que fofa! Ficou vermelhinha!
Se houvesse a possibilidade, depois do comentário de Marisa, ficaria roxa de vergonha, gaguejei algo enquanto ela se divertia com minha timidez.
- Eu aceito o convite, antes que você mude de cor de novo...
Meio que num gesto de agradecimento, enchi Marisa de pequenos beijos, arrancando um sorriso largo dela. Antes que ficasse mais tarde e a saída dela chamasse a atenção dos vizinhos, Marisa foi embora, prometendo me encontrar para irmos juntas à casa do Dan a noite. O fato dela não me dar o número de seu celular, mesmo após eu lhe dar o meu me deixou intrigada, mas disfarcei minha frustração, esperava que ela tomasse a iniciativa.
O início do meu dia não podia ser mais perfeito, nada poderia tirar meu bom humor, disso eu tinha certeza. A reunião de pauta foi tranqüila, descontraída, especialmente pela animação por nossa festinha de logo mais. E quando eu menos esperava, Berta entra na minha sala com uma orquídea dentro de uma caixinha de acrílico.
- Que coisa linda Berta! De quem é?
- Sua Alex, o entregador acabou de deixar aqui.
Imaginando quem teria me enviado, saltei da cadeira com um enorme sorriso, quase tomando das mãos de Berta o mimo.
- Tem um cartão aí em baixo preso na caixinha. – Comentou Berta.
Abri ansiosa sob o olhar curioso da experiente secretária.
“Perdoe-me a distração, estou concluindo que até mesmo perna quebrada pega, estou absorvendo seu jeitinho distraído, abaixo o número do meu celular, espero sua ligação, beijo, Mah.”
Praticamente expulsei Berta da minha sala no intuito de ligar imediatamente para Marisa. Estava parecendo uma criança diante de sua primeira bicicleta com aquela orquídea sobre minha mesa. Teclei os números no meu celular nervosa, na expectativa de ouvir a voz de Marisa:
- Alô?
- Mah?
- Alex? Então recebeu a minha mensagem...
- Sua mensagem foi linda, está aqui enfeitando minha mesa, adoro orquídeas.
- Que bom que gostou. Então, o que você está fazendo?
- Nesse momento contemplando minha orquídea e você?
- Teoricamente estou consultando pacientes com os internos, mas os deixei sozinhos no consultório e vim atender seu telefonema, estava ansiosa para ouvir sua voz.
Meu coração só faltou sair pela boca ao ouvir isso, não só acelerou, mas o ar pareceu faltar e nenhuma palavra saía.
- Alex? Você está aí?
- Sim, estou. Então que horas você vai me pegar? Ou prefere que eu te pegue?
- Nossa, quanta pegação... Para mim tanto faz, te pegar, ou você me pegar, o importante é que a gente se pegue.
O comentário de Marisa se viesse da boca de qualquer outra pessoa, para mim soaria como canalhice, mas nada do que ela dissesse naquela manhã mudaria em nada meu encantamento por ela. Acabei deixando escapar um riso e disse:
- Então... A que horas a pegação começa?
- Minha casa é muito longe, melhor que eu te pegue, pode ser as oito?
- Está ótimo às oito. Espero você.
- Beijos até mais tarde.
Desliguei o telefone quase flutuando, girei na cadeira como se quisesse alçar vôo, com um sorriso bobo no rosto, quase patético. Acertei os últimos detalhes da festa com o Dan, que obviamente notou todo meu entusiasmo com a noite.
De repente meu guarda-roupas lotado de roupas ficou pequeno, por que nenhuma roupa era boa o suficiente para mim ou pelo menos para meu momento efusivo e apaixonado. Para aumentar mais ainda o meu dia perfeito, aquelas roupas que há muito tempo não cabia em mim caíram como luvas no meu corpo sem os quilos em excesso que ganhei depois do término do meu noivado. Escolhi um tubinho com um decote discreto, investi no salto agulha, me sentindo a própria Vitoria Beckhan nos tempos de Spice Girl.
Pontualmente Marisa chegou, e perdi o fôlego ao vê-la tamanha era sua beleza. Arrasando numa saia acima do joelho exibindo suas pernas torneadas e alongadas pelo salto, e uma blusa de alças finas por baixo de um bolero delicado. Maquiagem perfeita e os cabelos soltos davam o charme mais que especial com as pontas cacheadas.
- Uau! Que mulher é essa?
Pensei alto e num momento raro vi Marisa ruborizar.
- Você está maravilhosa Alex... Linda... Vamos?
Balancei a cabeça positivamente e entrei no carro de Marisa, completamente encantada com aquela imagem, e embriagada pelo perfume doce que ela usava naquela noite. Trocamos sorrisos, e me senti a adolescente mais boba quando minha mão estremeceu no momento que Marisa segurou nela, apertando-a e piscando o olho para mim.
Chegamos a casa do Dan, afastada do centro da cidade, por fora não era muito diferente das casas de Nova Esperança, já escutávamos o som de longe, alguma coisa dance, lembrava as baladas que a Renatinha sempre me arrastava.
Dentro da casa, grande parte do pessoal já havia chegado, e a animação não deixava a desejar a nenhuma boate da capital. Dan e Diego nos receberam com um cumprimento nada discreto, um selinho, parece que o clima da festa junto com o álcool liberaram a Isabelita dos Patins que vivia nos meus amigos gays.
Marisa muito a vontade, distribuía sua simpatia entre os convidados, mas não me deixou sozinha um só instante. Eu percebia os cochichos e olhares dos meus novos amigos que estiveram comigo nos outros eventos em Nova Esperança, mas eu não me importei, a companhia de Marisa me tornava mais segura, mais confiante, o suficiente para ficar à vontade também com qualquer tipo de comentário.
Dan caprichou, o bar estava repleto de todo tipo de bebida, contratou um barman que diga-se de passagem mais parecia um go go boy do que um garçom como ele me descreveu, uma mesa rica de frios, e outra com petiscos mais quentes.
Contive todo tempo meu ímpeto de beijar Marisa em público, mas toda sensualidade naquele corpo pelo qual eu estava alucinada não colaborava com meu sacrifício, mesmo com toda bebida que ingeri, minha atenção era para cada gesto, sorriso, olhar e palavra de Marisa, que olhava para mim com o olhar radiante que não passou despercebido pelos amigos mais próximos dela presentes ali.
Fui até o banheiro na esperança que Marisa me seguisse, entretanto, esqueci de avisá-la sobre meu destino. Trancada no banheiro, esperei cinco, dez, quinze minutos e nada de batidas na porta do banheiro. Percebi que meu celular não estava na bolsa, e não havia como me comunicar com Marisa. Desisti frustrada de esperar, ao tentar abrir a porta do banheiro, surpresa desagradável: não abriu! E forçando a maçaneta, acabei com ela na minha mão.
Iniciou-se então minha epopéia na prisão do banheiro, pedi socorro, bati, gritei, mas supus que algo de estranho estava acontecendo, banheiro de festa sempre tem movimento, e há quase meia hora eu estava ali e ninguém bateu na porta. Cansei de tanto gritar por ajuda, olhei para a janela minúscula acima do vaso sanitário e concluí que era minha única saída.
E aí me senti o McGayver, procurando alguma ferramenta que me ajudasse a destravar a janela. Baixei a tampa de plástico do vaso e subi nele, a força que coloquei para abrir a tal janelinha, teve um efeito inesperado, a tampa na qual me apoiava quebrou e afundei meu pé no vaso sanitário. Ficou ainda mais complicado subir até a altura da janela com a tampa quebrada presa no meu tornozelo.
Depois de muitas tentativas, consegui enfim destravar o ferrolho da janela, abri e tomei impulso para passar por ela, calculei mal a largura do espaço, e fiquei presa na altura dos quadris e não conseguia sequer voltar para dentro do banheiro...
Não me restou alternativa que não fosse gritar por socorro, na esperança que alguém saísse da festa para curtir um “escurinho” e me ouvisse, já que a tal janela do banheiro dava acesso à garagem dos fundos da casa. A imagem e a situação eram surreais e dignas de uma comédia pastelão. Sentia o frio e o desconforto da posição, e a demora em aparecer alguém foi aumentando meu desespero.
Finalmente ouvi passos se aproximando e uma voz conhecida, parecia uma conversa ao telefone:
- Não estou me arriscando, estou vivendo minha vida, acha que não tenho esse direito? Ela não tem nada a ver com isso, não é um perigo, não a envolva, por favor! Tenho que desligar estou procurando-a, ela sumiu e isso já está me preocupando. Mantenho contato.
Era a voz de Marisa, sem dúvida, o teor estranho da conversa me chamou a atenção, mas sinceramente minha alegria ao ouvir uma voz conhecida perto de mim era mais importante do que minhas suposições para a outra pessoa que falava com ela ao telefone. Usei o restante de minhas forças para soltar um berro desesperado:
- Marisaaaaaaaaaaaaaaaa
Posso imaginar o susto de Marisa ao escutar isso, ouvi os passos apressados e em seguida a cara de espanto dela ao ver metade do meu corpo pendurado e preso naquele pequeno espaço da janela.
- Alexandra que diabos você está fazendo aí? Como você foi parar aí?
Primeiro o choque depois uma crise de risos incontrolável tomou de conta de Marisa, para minha fúria.
- Escuta aqui Marisa, deixa as explicações para outra hora, estou com frio, com dores, você pode me ajudar a sair daqui, por favor?
Segurando o riso mais atiçado pela minha irritação evidente, Marisa segurou o riso enxugando as lágrimas e anunciou:
- Claro, desculpe-me... Vou buscar ajuda.
- Peraí, chamar ajuda? Mais gente vai me ver nessa situação?
- O que você quer que eu faça? Sou sua salvadora, mas não tenho super poderes...
Em poucos minutos Marisa voltou com o Dan e Diego, que caíram na gargalhada depois de alguns segundos de silêncio e espanto diante da cena.
- Sardenta como você conseguiu essa façanha? – Perguntou Daniel espantado e contendo o riso.
- Ah Daniel! Pára de fazer perguntas e me tira daqui!
Diego foi se aproximando com uma escada, mas o que eu temia aconteceu, mais gente me achou ali, para minha infelicidade, Artur, o fotógrafo do jornal e Fernanda deram o furo jornalístico, registrando tudo em meio a gargalhadas. Marisa já controlava o riso, pedindo a ajuda dos demais telespectadores para me tirar dali. Diego subiu na escada para analisar como poderia me tirar dali, sem apelar para o corpo de bombeiros.
- Vai ser mais fácil te empurrar para dentro Alex, está preparada?
Encolhi a barriga, respirei fundo e balancei a cabeça, a essa altura, Luiza, Mario, Beto e Leandro já compunham a platéia. Diego me empurrou e finalmente consegui literalmente desentalar da janela, caindo no chão do banheiro com tampa do vaso sanitário ainda enganchada em meu tornozelo.
Em minutos, Daniel e Marisa estavam arrombaram a porta do banheiro, e ainda conseguiram gargalhar me vendo sentada no chão do banheiro com o acessório indesejável na minha perna. Com dificuldades para controlar os risos, Marisa se aproximou de mim, eu obviamente a olhava furiosa, tirou a tampa do vaso quebrada envolta em meu tornozelo, enquanto os demais estavam a porta curiosos acerca do acontecido.
- Dá pra parar de rir Marisa?
- Desculpa linda, deixe-me examinar você...
Daniel continuava rindo e perguntando:
- Como isso aconteceu sardenta?
- Vim usar o banheiro, fiquei trancada e como ninguém me ouvia, resolvi tentar sair pela janela...
- Mas você não viu o aviso que coloquei na porta? Esse banheiro não podia ser usado, está com problema na porta e no encanamento...
- Percebi que você havia sumido da festa, não me avisou nada, liguei para seu celular diversas vezes... Estava preocupada, andei pela casa sem te encontrar... – Disse Marisa.
- Se eu estivesse com o celular isso não teria acontecido...
- Como você consegue se manter em tanta confusão heim? Quanto talento!
O comentário até ingênuo de Marisa me incomodou profundamente, lembrei-me do que ouvi no telefonema misterioso e disse num tom magoado, me levantando do chão.
- Vai ver que sou um perigo mesmo Marisa e é um risco você estar comigo.
Saí do banheiro apressada, ignorando a cara de interrogação de todos, sem pensar saí da casa do Dan sem ligar para as perguntas e chamados de todos que indagavam aonde eu ia. Não sabia direito como fazer para chegar em casa, mas saí andando pela rua sozinha, com os olhos marejados.
- Alexandra espere, você vai embora assim?
Marisa gritava enquanto andava apressada tentando me alcançar na calçada.
- Vou embora sim, cansei de servir de palhaça...
- Alexandra espera, está tarde,sua casa é longe daqui, deixa eu te levar...
- Não Dra. Marisa, não vou mais representar perigo para você. Pelo menos te fiz rir não é?
- Alex que bobagem é essa?
- É o que eu sou, uma boba desastrada... A boba da corte! Uma idiota que foi parar naquele banheiro na esperança que você entendesse que eu estava saindo para ficar a sós com você. Mas você sequer notou minha ausência não é?
Marisa parou e me olhou séria, enquanto eu deixava correr uma lágrima pelo rosto.
- Como você pode falar isso Alexandra? Eu fiquei meia hora rodando na festa preocupada com seu sumiço, saí da casa justamente para procurar você...
- Não, mentira! Você saiu para atender o telefonema da morena fatal, que deve ser a sua namorada super sensual! Você é uma mentirosa.
- O quê? Mas do que você está falando sua maluca?
- Você sabe muito bem do que estou falando... E a maluca aqui, a boba da corte cansou desse papo, vou para casa. Vá atrás de sua namorada misteriosa e me deixa em paz, cansei de ser motivo de piadas para você.
Marisa ficou atônita, parada com as mãos na cintura me olhando incrédula. Não me seguiu, imaginei que consegui irritá-la. Andei pelas ruas desertas por alguns minutos, e consegui um feito numa cidade pequena: me perder nas poucas ruas de Nova Esperança. As ruas escuras e vazias começaram a me apavorar, era uma cidade pacata, mas vai saber né... Um bêbado se aproximou de mim falando algo incompreensível, fato suficiente para despertar meu pânico, que me fez sair em disparada, mancando por causa do tornozelo que agora dava sinais do machucado pelo episódio da tampa do vaso sanitário.
Caí na calçada sentindo dor no tornozelo, quando ouvi o barulho de um carro se aproximando, e os faróis me iluminarem e vi Marisa descer apressada do carro, me ajudou a levantar e me conduziu até a porta do carro, pedindo que eu entrasse.
Marisa não disse uma só palavra no percurso depois que me perguntou sobre o tornozelo e eu afirmar que não estava mais doendo, manteve-se com uma aparência séria, e eu disfarçava meu olhar fixo na expressão dela. Parou o carro na frente de minha casa e disse secamente:
- Eu te peguei em casa, é minha obrigação te deixar em casa também. Boa noite Alexandra.
Baixei os olhos, já caindo em mim sobre o quanto fui desagradável mais uma vez com Marisa, entretanto, meu orgulho não permitiu que eu tentasse remediar aquele clima, saí do carro e antes que desse tempo eu me despedir, Marisa arrancou com o carro me deixando com a consciência pesada e o coração partido.
Não suportei ficar em casa por dez minutos imaginando o tamanho da raiva que Marisa estava sentindo de mim. Corri para a garagem e dirigi até a casa de Marisa ansiosa para vê-la e dissipar aquele clima desagradável com um beijo em sua boca deliciosa.
Marisa abriu a porta de casa assustada:
- Alexandra? O que você está fazendo aqui?
- Vim fazer isso...
Avancei na boca de Marisa roubando-lhe um beijo urgente, intenso, que foi acompanhado de carícias ardentes pelo corpo quente de Marisa, sem demora e sem pudor apressei-me em tirar as peças de roupa que ela vestia, jogando-a no sofá disposta a dominá-la completamente.
A cena saiu perfeita na minha cabeça enquanto eu a criava no caminho até a casa de Marisa. Mas tornar a minha fantasia real eram outros quinhentos... Bati à porta da casa dela nervosa, ensaiando meu discurso “vim fazer isso”. Quando Marisa abriu a porta, não se surpreendeu ao me ver, logicamente a chegada do barulho do carro já antecipava minha chegada.
- Alexandra, não esperava te ver tão cedo.
Deu-me as costas sem me convidar para entrar, já destruindo meu discurso inicial, já que ela não me deu a deixa “o que você veio fazer aqui?”. Sem graça perguntei:
- Posso entrar?
Marisa fez apenas um gesto acenando que sim. Não me olhava nos olhos, fato que me desconcertou completamente. Cruzou os braços e perguntou:
- Então, esqueceu de me dizer mais alguma grosseria?
O tom chateado de Marisa pareceu puxar meu tapete, fiquei sem chão, olhando para ela eu vi a indignação dela com meu comportamento e respondi constrangida:
- Na verdade vim aqui fazer outra coisa...
- Ah é? O quê?
Era a hora de tomar a boca de Marisa e por um fim aquela chateação dela, assim caminhei em sua direção no intuito de executar o que fantasiei, mas fui surpreendida por suas mãos afastando meu corpo do seu... Definitivamente isso eu não ensaiei:
- Você acha que as coisas se resolvem assim? Você me acusa, me ofende, me magoa e aparece na minha casa com essa cara de cão arrependido me beija e fica tudo bem?
Se falar coisas concatenadas para Marisa normalmente era difícil, imagine enfrentando esse ar de mágoa dela... Não tive argumentos, afastei-me dela e baixei minha cabeça buscando alguma palavra mais forte do que uma simples “desculpa”.
- Você tem razão em estar chateada Marisa... Eu exagerei.
- Exagerou? Alexandra você teve um ataque! E mais uma vez eu fui alvo do seu disparate. Quando te fiz de palhaça? Em que momento menti para você para que você me acusasse de mentirosa? E de onde você tirou essa tal morena fatal ser minha namorada? Você me julga uma conquistadora barata que está com você tendo namorada?
- É que...
- É que o quê Alexandra? Você sai dando o resultado de seu julgamento das pessoas sem pensar, já parou pra analisar o quanto isso pode ferir?
Marisa estava coberta de razão, e sem argumentos, eu caminhei em direção a porta no intuito de ir embora, já que meus planos de dissipar o clima desagradável com um beijo foram por água abaixo, só me restava sair dali com o rabinho entre as pernas.
- Aonde você vai agora?
- Para casa... Vim me desculpar, mas vejo que hoje será inútil...
- Então é assim? Você foge quando não quer escutar a verdade?
Marisa mais uma vez tinha razão, em todas as situações de crise de minha vida eu preferia fugir a enfrentar a verdade, uma prova disso, foi que depois que soube do escândalo acerca da sexualidade de Fernando, eu sequer o procurei para esclarecer as coisas, nem ao menos o atendi quando me ligou dias depois.
- O que você espera? Eu errei, e vim pedir desculpas, mas não sei como me redimir das besteiras que eu disse, está doendo ver seu olhar de mágoa para mim, nunca senti isso... Normalmente não ligaria, mas de você... Isso está me matando por dentro!
Minhas palavras pareceram calar Marisa, o silêncio se instalou e conclui que o melhor a fazer era mesmo ir embora. Abri a porta e saí de cabeça baixa em direção ao carro, e antes de entrar no carro Marisa se aproximou prendendo a porta com a mão impedindo que eu a abrisse, e falou:
- Você esqueceu uma coisa...
- O quê?
- De me dar o beijo que você veio dar...
Marisa mordeu os lábios segurando um sorriso, e eu segurei seu rosto finalmente beijando-lhe com todo desejo de encerrar a discussão caindo nos braços dela novamente.
- Vamos entrar, aqui está frio... – Convidou-me Marisa.
Entramos em casa trocando beijos e sorrisos, caímos no sofá abraçadas, tirando nossas peças de roupas em meio a olhares maliciosos e um passeio tórrido de nossas mãos. O sofá ficou pequeno e fomos ao chão em movimentos mais quentes e intensos do que o fogo que saía da lareira.
Marisa tinha o poder de me acender só com o toque em minha pele, ficava encharcada antes mesmo de qualquer contato no meu sex*. Os movimentos de Marisa ditavam o prazer iminente, goz*r com ela estava se tornando uma rotina deliciosa. Sentia uma obrigação desafiadora de proporcionar a Marisa um prazer a altura do que ele me dava, e nessa noite esforcei-me ao máximo mexendo meus quadris sobre seu clit*ris me deliciando com a expressão de satisfação desenhada em sua face. A umidade do seu sex* era mais que um convite, era imperativo introduzir meus dedos naquela cavidade intensificando nosso momento de paixão.
Não que eu estivesse preocupada com a hora, mas não pude deixar de ver que todo meu esforço homérico que me tirou as energias durou nada mais do que dez minutos, pensei alto decepcionada com minha perfomance, como um homem de ereç*o rápida:
- Putz, esse remexido todo só durou dez minutos?
Só depois que deixei escapar esse comentário tosco me dei conta da besteira que falei, e Marisa não acreditando no que acabara de ouvir, gargalhou puxando meu corpo para perto dela abraçando-me forte de uma forma absolutamente carinhosa.
- Você deveria lançar um livro: TUDO QUE VOCÊ NÃO DEVE DIZER NA CAMA.
- É que me esforcei tanto, você é tão perfeita... Queria retribuir o prazer que você me dá...
- Alex... Minha trapalhona predileta... Você não calcula o prazer que me dá...
As palavras de Marisa tinham um ar de sedução irresistível, e como ela sabia me dominar completamente, eu já amolecia com o simples olhar dela, quando ela me tocava então, uma enxurrada de excitação se concretizava num calor e gozo inevitáveis, arqueei meu tronco jogando minha cabeça para trás enquanto Marisa sugava meus mamilos e massageava meu clit*ris ao mesmo tempo.
- Alex! Meu Deus está pegando fogo!
- Eu sei, é você que me deixa assim... Não pára!
- Alex seu cabelo! Está pegando fogo!
O momento que arqueei meu corpo e joguei minha cabeça para trás, uma faísca da lareira pegou no meu cabelo, ainda bem que Marisa foi mais ágil que eu, e rapidamente pegou algumas almofadas no sofá abafando o fogo na ponta de meus cabelos.
Minha cara assustada chegou a ser cômica e desfez a aparência igualmente assustada de Marisa, que sorriu cobrindo o rosto incrédula pelo que acabara de acontecer.
- Alex... Só uma coisa a dizer: ninguém pode dizer que sua companhia é monótona... A emoção está sempre em alta! Venha para o quarto, aqui ficou perigoso de repente.
Procurei nossas roupas espalhadas, e segui Marisa até seu quarto, ela me emprestou um moletom e ficamos agarradas debaixo do edredom, e espontaneamente Marisa me disse:
- A propósito, a morena fatal que você se referiu, não é minha namorada, disso você pode ter certeza.
Não sei por que fiquei sem graça com a declaração de Marisa, mas ao mesmo tempo, respirei aliviada. Controlei minha vontade de saber mais sobre o tal telefonema que ouvi e o misterioso encontro no restaurante com a morena fatal, um dos poucos momentos de sensatez da minha vida, aquela não era a hora de iniciar uma DR, era hora de me deleitar naquela sensação celestial de dormir abraçada a Marisa.
Acordei mais cedo que Marisa, tendo o cuidado de até mesmo ao me espreguiçar, evitando novos acidentes. Olhar para aquela linda mulher dormindo chegava a me emocionar, seria possível eu estar tão apaixonada assim por uma mulher? Levantei-me com calma a fim de não acordar Marisa e com o propósito de lhe preparar um café-da-manhã de rainha.
Tudo bem que culinária não era um dos meus talentos, mas boa vontade não me faltava. Lembrei-me das panquecas que o Dan fez pra mim e pensei, se ele consegue não deve ser difícil eu conseguir também. Fui misturando farinha, leite, ovos, me apossando da cozinha bem organizada de Marisa. Em minutos eu mais parecia uma personagem de filme pastelão, meu rosto e cabelos assanhados sujos com farinha, a cozinha impecável de Marisa parecia ter sofrido um ataque de vândalos, e as panquecas, bem, estas nem de longe lembravam as que meu amigo fez para mim...
Pelo menos o café eu tinha que acertar, e assim, montei uma bandeja com o que eu consegui reunir: suco, café, mamão, ameixa, e um amontoado horroroso de massa que cobri com uma geléia de morango e levei para Marisa na cama. Com um cuidado extremado coloquei a bandeja ao lado de Marisa, e beijei seus lábios delicadamente, deslizando minhas mãos por sua pele, e tive uma visão simplesmente fantástica, o sorriso de Marisa se desenhando para mim ainda de olhos fechados, guardo essa imagem até hoje em minha mente.
- Bom dia minha doutora...
- Bom dia...
Marisa se espreguiçou, esticando os braços em volta do meu pescoço, abraçando-me.
- Preparei seu café...
- Você o quê?
Marisa arregalou os olhos segurando o riso e eu apertei os olhos numa expressão indignada.
- Você está bem? Nenhuma queimadura de terceiro grau? Nenhuma amputação de dedos?
- Não... Estou inteira!
- Ai meu Deus! Minha casa! Deixa eu ver se o caminhão do corpo de bombeiros está aqui na minha porta...
- Marisa!
Estapeei o braço de Marisa fingindo insatisfação com as piadas dela. Devia ter poupado minhas forças para me defender da crise de risos dela ao ver minhas panquecas fake. Mesmo que eu quisesse, não conseguiria me irritar com Marisa, que provou do meu novo prato, se esforçando para descobrir qualidades:
- A geléia está ótima Alex...
Fiz uma careta para ela, mas ao provar acabei concordando com ela, estavam de fato, horrorosas, só se aproveitava mesmo, a geléia de morango. Choque maior Marisa teve ao ver o estado que deixei a cozinha dela, percebi que ela procurou as melhores palavras para me dar a entender que nunca mais me metesse ali... Não gostou nem um pouco do estado de sítio provocado por minha passagem.
- Depois arrumo isso com calma, costumo jogar tênis no clube aos sábados, topa?
- Você tem certeza que está me convidando para praticar um esporte no qual vou me armar com uma raquete na mão e várias bolas para arremessar contra você? Acha mesmo uma combinação segura eu e o tênis?
Marisa gargalhou e respondeu:
- É... Você tem razão... Mas vamos mesmo assim, você me assiste jogando...
- Ver você de saia plissada curtinha e de camiseta pólo... Adorei! Vamos sim.
Marisa sorriu tímida e disse:
- Então vou preparar minha mochila.
- Mas preciso passar em casa para trocar de roupa.
- Tudo bem, é no caminho.
Seguimos para o clube depois que troquei de roupas, achei mais seguro ficar na platéia, jogar tênis definitivamente era o mesmo de dirigir embriagada, tragédia em potencial! Sentei-me na arquibancada na expectativa de ver o lado atleta de Marisa em prática. E ela surgiu na quadra, abrindo aquele sorriso largo que me desequilibrava, sainha branca plissada curta, camiseta rosa gola pólo, cabelos amarrados em rabo de cavalo, e os óculos de sol dando um toque elegante naquele estilo esportivo.
- E então, não quer mesmo se arriscar na raquete? – Perguntou-me Marisa.
- Acho uma maluquice você me perguntar isso, não tem medo de ser vítima da minha excelente coordenação motora?
Marisa sorriu, brincou com a raquete e ao ver um casal se aproximando acenou e comunicou:
- Meus parceiros de jogo chegaram, vamos nos aquecer.
- Boa sorte.
Pisquei o olho para Marisa enquanto o homem alto e magro entrava na quadra e a jovem que o acompanhava se aproximava de Marisa a cumprimentando com um abraço, notei que ela apontou para mim e em seguida a mulher sentou ao meu lado na arquibancada.
- Elaine, amiga de Marisa, muito prazer.
- Alexandra, amiga de Marisa, o prazer é meu.
- Está só de expectadora? Não gosta de jogar tênis?
- Não tenho muita habilidade com essas atividades que exigem mais de um movimento do corpo simultaneamente...
A jovem ruiva de olhos verdes, magra, com todo estereótipo de patricinha, sorriu, colocou o óculos de sol e disse:
- Então te faço companhia, por que a manhã será longa, aqueles dois não terminam a partida rápido não...
- Você vem sempre assistir o jogo deles?
- Sim, mas também dou minhas raquetadas, mas hoje, estou indisposta.
A jovem ruiva não demonstrava aquela simpatia típica efusiva, mas era atenciosa, vibrava com os acertos do rapaz que supus que fosse seu namorado. Marisa parecia sem graça quando perdia um serviço dando game para o adversário até despertar o comentário de Elaine:
- Está muito fácil para Fábio hoje, Marisa está desconcentrada... Se não a conhecesse diria que ela está distraída por estar apaixonada, mas...
Devo ter ficado muito vermelha, atestando minha “culpa” no cartório. Mesmo assim perguntei:
- Mas?
- Ela teria me dito se estivesse apaixonada...
- Vocês são muito amigas?
- Sim, chegamos à cidade na mesma época para trabalhar no hospital universitário, desde então, nos tornamos amigas.
Aquela Elaine devia saber muito da vida de Marisa... Não sabia se isso me intimidava ou se era motivo para eu conquistar a simpatia dela.
- E você o que faz Alexandra?
- Sou jornalista, sou editora-chefe do jornal da cidade, vim a convite do secretário de cultura.
- Ah! Então é você a jornalista forasteira...
- Nossa, ainda se usa esse título: forasteira?
Elaine gargalhou e respondeu:
- Você tem razão, essa palavra está mesmo fora de moda, estou me sentindo uma das minhas pacientes idosas daqui da cidade...
Sorri e perguntei:
- Mas é assim que estou conhecida na cidade?
- Não ligue para isso, o que estão falando mesmo é da qualidade do jornal, eu li as duas edições, a segunda li hoje de manhã mesmo... Você escreve muito bem garota! Seu editorial é excelente, o primeiro sobre sua impressão da cidade, e este agora sobre o sentido de uma cidade se chamar Nova Esperança... Até me emocionou, como não sou daqui, essa cidade representou bem aquilo que você escreveu.
- Nossa, quem ficou emocionada agora fui eu... Obrigada Elaine.
A manhã até que não demorou a passar, confesso que ver Marisa ali linda, limpando o suor da sua testa, e aparentemente irritada pela sequência de seus erros e a zuação do seu adversário, me deu uma vontade de abraçá-la, colocá-la no meu colo e enchê-la de beijos. Meu desejo se desfez quando vi Marisa arremessar a raquete na quadra depois de errar feio a jogada lançando a bola na rede.
- Calma Marisa! É só um jogo, você não pode ganhar sempre! – Berrou Elaine da arquibancada.
Marisa colocou as mãos na cintura, baixou a cabeça, recolheu a raquete e anunciou:
- Chega de jogo por hoje Fábio.
O jovem alto, gargalhava da cara emburrada de sua adversária, caminhou até a arquibancada, beijou os lábios de Elaine que enxugou o suor do seu rosto e se apresentou:
- Fábio, e você quem é?
- Alexandra, parabéns pelo jogo.
Apertou minha mão, enquanto Marisa se aproximava.
- Até sua amiga me parabenizou pelo jogo Marisa...
- Vai se ferrar Fábio!
A irritação de Marisa arrancou muitas gargalhadas do casal, eu continha meu riso para não desagradá-la.
- Então, vamos almoçar por aqui mesmo? – Perguntou Elaine.
- Vou tomar banho... Encontro vocês no restaurante. – Avisou Marisa.
Observei-a se afastar e segui para o restaurante com Elaine e Fábio, sentei por menos de cinco minutos, e senti um desejo incontrolável de ir ao encontro de Marisa, dei uma desculpa qualquer e corri para o vestiário da quadra de tênis, disfarcei lavando minhas mãos enquanto uma garota saía e bati à porta do box:
- Mah, sou eu... Abre.
Rapidamente Marisa abriu, assustando-se com minha presença ali. Com a porta entreaberta perguntou-me:
- O que você está fazendo aqui Alex?
- Vim cuidar de você... Consolar você...
Não dei tempo para Marisa pensar, empurrei a porta, e a beijei ardentemente aproveitando o chuveiro desligado, encostei-a na parede, deslizando minhas mãos pelo seu corpo nu, arrancando suspiros dela, calei-a com outro beijo intenso, impedindo que ela fizesse mais sons.
Encaixei minha perna entre as coxas de Marisa, movimentando-a enquanto beijava seus seios túrgidos e eriçados. Suspendi uma das pernas dela e penetrei dois dedos no seu sex*, encarando-a para me deliciar com sua face de prazer. Senti seu corpo estremecer, e o líquido quente inundar meus dedos que se movimentavam livres por aquela cavidade e como se pudesse, engoli o gemido de Marisa num beijo cheio de volúpia.
- Acho que agora você tem motivos para desamarrar essa cara... Apresse-se, estou com fome.
Não sei de onde saiu tanta segurança. Abri a porta do box,deixando Marisa praticamente pregada na parede de azulejos com um olhar atônito. A única coisa que não percebi no meio de toda minha segurança foi que minha roupa estava ensopada, lógico, depois de me atracar com Marisa toda molhada do banho, obviamente eu estava molhada também.
Minha blusa de cambraia branca ficou completamente transparente, e minha excitação ainda estava óbvia pelos meus mamilos eriçados, e minha cara, bem, essa não negava que eu tinha aprontado... Só percebi que tinha algo estranho, quando notei os olhares sobre mim quando entrei no restaurante.
Sentei à mesa desconfiada e Elaine usando de toda sua discrição me perguntou:
- Está tudo bem Alexandra?
- Eu acho que sim...
Muito educada Elaine pegou sua jaqueta que estava no seu colo e pediu que eu vestisse, indicando com os olhos o estado de minha blusa. Ruborizei imediatamente, e sem graça vesti a jaqueta, agradecendo a Elaine seu gesto.
Tentando minimizar meu constrangimento, Fabio emendou um assunto banal, até Marisa entrar no restaurante com aquele sorriso, semblante leve bem diferente do que vimos há meia hora atrás. Sentou-se à mesa e depois de sorrir para mim, estranhou o clima estranho instalado:
- Aconteceu alguma coisa gente?
- Conosco nada Marisa, mas já com você... Não tem nada para nos contar? – Perguntou Elaine quase apontando para as marcas vermelhas no seu pescoço.
- Comigo? Nada, só tomei banho...
- O banho fez muito bem pro seu humor também... Esqueceu até a surra que te dei no jogo? – Comentou Fábio.
Marisa sorriu, balançou a cabeça negativamente respondeu:
- Fábio você é tão curioso quanto as velhas fofoqueiras da cidade... Só por isso, vou te dar meu silêncio.
O almoço transcorreu num clima agradável, eu e Marisa não conseguimos evitar trocar olhares carinhosos, depois de almoçarmos, nos despedimos de Fabio e Elaine, devolvi sua jaqueta e saímos do clube:
- Você me deixou sem fôlego heim dona Alexandra!
- Senti-me na obrigação de te consolar pela derrota.
- Eu nunca joguei tão mal, você acredita?
- Dei azar a você então?
- Não, mas acho que tirou minha concentração...
- Eu pelo contrário estava muito concentrada em você...
- Você está muito sedutora hoje... O que deu em você heim?
Sorri tímida e perguntei:
- Onde estamos indo?
- Estou indo deixar você em casa.
- Já está me dispensando?
Marisa sorriu, e respondeu:
- Não enjoou de mim ainda?
- Não mesmo...
- Que bom... Mas tenho que dar uma passada no hospital, os residentes estão sem preceptor hoje, enfim, preciso averiguar se está tudo bem.
Minha expressão de decepção ficou evidente, à porta de minha casa ainda insisti:
- Então... Até qualquer dia... Bom trabalho.
- Ei... Que carinha é essa? Eu te ligo mais tarde... Tudo bem?
Concordei e saí do carro contendo a vontade de beijá-la. Depois de um banho, minha inspiração para dar vida aos meus personagens do romance estava a todo gás, viajei naquela fantasia que se misturava a memória do meu corpo completamente sensível a cada toque de Marisa. Em pouco tempo eu escrevi páginas e mais páginas motivada pela lembrança que só ficava mais forte unida ao desejo de que meus momentos com Marisa não cessassem nunca.
Fim do capítulo
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